"Sêmen" - Capítulo 8: Sede de traição

Um conto erótico de anauergs
Categoria: Heterossexual
Contém 3893 palavras
Data: 24/01/2025 10:25:49

Na penumbra da madrugada, a poucos quilômetros da cidade, a resistência se preparava para a emboscada. As mulheres e homens, seus rostos cobertos por máscaras de pano preto, moviam-se com precisão e urgência, o silêncio amplificando a tensão no ar. Os membros da resistência, usando roupas escuras e equipamentos improvisados, preparavam-se para a ação. As mãos de Zara, embora firmes e seguras, tremiam levemente enquanto ela revisava o mapa, a preocupação e a incerteza transparecendo em sua expressão tensa. Rico, ao seu lado, ajustava os equipamentos, o silêncio do seu trabalho contrastando com a tensão que permeava o ambiente. Lia, mais distante, teclava freneticamente em seu tablet, o brilho da tela iluminando seu rosto magro e pálido, o cansaço evidente nas olheiras escuras ao redor dos olhos. O ar estava carregado com o cheiro de terra úmida, pólvora e suor, uma mistura pungente de medo e determinação.

— Preparem-se — Zara sussurrou, sua voz tensa e carregada de urgência, cada sílaba cortando o silêncio da noite como uma lâmina afiada. — Os comboios estão se aproximando. Lembrem-se, o objetivo é o sêmen, não as vidas. Mas não hesitem em se defender, caso necessário. Sejam rápidas e precisas. Não deixem nada para trás. Não façam prisioneiros, apenas os derrubem e sigam em frente, o tempo é fundamental. Cada segundo que perdemos é um segundo a mais para Anya agir e desmantelar a nossa operação.

Os membros da resistência se posicionaram ao longo da estrada, escondidos na vegetação rasteira, cada um preso à iminência da ação, a escuridão da madrugada amplificando seus medos e sua determinação. A tensão aumentava com cada segundo que passava, o silêncio da noite se tornando quase insuportável. Finalmente, os faróis de um caminhão surgiram à distância, cortando a escuridão como um rasgo de navalha, revelando as sombras de mais dois veículos que o seguiam. As mulheres da resistência se prepararam, seus olhos fixos nos alvos, seus corpos tensos e prontos para a ação.

O silêncio foi quebrado por explosões, tiros e gritos. A ação foi rápida, brutal e eficiente, uma dança caótica de destruição onde o tempo e a ordem se perdiam. O primeiro caminhão, atingido na dianteira por um explosivo de baixo impacto, capotou, tombando violentamente na beira da estrada, enquanto seus pneus ainda giravam em falso. As guardiãs da casta executora, uniformizadas com seus trajes de couro negro, foram pegas de surpresa, mas a ação da resistência não permitiu muita reação, já que seus membros estavam dispostos em toda a extensão da estrada, um exército invisível, derrubando e rendendo cada uma delas. Outro grupo da resistência, com suas máscaras de pano preto e seus olhos frios, se lançaram sobre o segundo e o terceiro veículo, enquanto que o restante se movia como uma máquina bem azeitada, agindo rapidamente e com precisão. As motoristas, foram derrubadas com golpes certeiros, seus corpos caindo ao chão sem vida, mas sem que a equipe perdesse mais tempo do que o necessário para executar a missão, como um grupo de predadores implacáveis. Algumas, por instinto, tentavam reagir com pistolas de choque que mal conseguiam usar antes de serem derrubadas. Elas foram retiradas dos veículos, enquanto outros se concentravam em destruir o carregamento de sêmen, utilizando explosivos que rasgavam as embalagens de sêmen, deixando-as inutilizáveis. Os recipientes refrigerados, onde o sêmen estava cuidadosamente armazenado, foram destruídos, seus conteúdos se esvaindo pela terra, se perdendo para sempre, uma imagem de desolação. O cheiro acre de óleo queimado e esperma inundava o local, misturando-se ao odor metálico do sangue. A destruição era total, um símbolo da rebelião que se iniciava e que nenhuma força seria capaz de deter.

— O que vocês estão fazendo? Sabem quem nós somos? — Uma das guardiãs gritou, a voz trêmula pelo medo, seu rosto contorcido pela dor, mas ainda com a prepotência que emanava do poder que a sua função lhe conferia. — A Suprema irá destruí-los por essa ousadia. Anya é implacável. Vocês vão pagar caro por isso!

— Isso é por todas as vezes que vocês, e a Anya, nos trataram como lixo — um membro da resistência respondeu, com um tapa forte no rosto da guardiã, o ódio transparecendo em sua voz. — Por todas as vezes que vocês se deitaram em nossas camas, apenas para nos usar como objetos. Hoje, vamos mostrar a vocês o que significa ter o poder.

Os membros da resistência, com a adrenalina correndo em suas veias, se retiraram rapidamente do local, deixando para trás os destroços fumegantes e o cheiro pungente de queimado, mas também o corpo das guardiãs, agora marcados pelo símbolo da resistência. Com tinta vermelha, um membro desenhou na testa, nos braços e nas pernas de cada uma delas, a marca do leão rugindo, um símbolo que significava a liberdade, a quebra das correntes e o despertar da esperança, uma mensagem clara para todos que viviam sob o jugo de Anya.

Dentro da Instalação de Produção de Sêmen Nº 7, a atmosfera era ainda mais opressiva. As sirenes ecoavam sem parar, e os corredores estavam repletos de guardas, seus rostos impassíveis e seus olhos frios como os de um predador, prontos para punir qualquer um que se desviasse de suas ordens. Os prisioneiros se moviam em silêncio, seus olhos cheios de apreensão e medo, suas mãos tremendo, enquanto suas peles empalideciam mais a cada dia, a fraqueza se instalando, sua força vital se esvaecendo, cada passo era uma tortura, cada toque, uma promessa de morte.

Homens começavam a gritar e a bater nas grades de suas celas, o barulho logo tornou-se ensurdecedor. A agitação era visível, existiam enfim esperança.

— As coisas estão ficando perigosas — 388 disse, com a voz baixa e tensa, seus olhos fixos em um ponto distante, como se procurasse por alguma saída que não existia. — É melhor manter a cabeça baixa e evitar problemas. Não devemos fazer nada que possa nos colocar em perigo. Aqui dentro, nossa única chance é sobreviver. Um dia de cada vez, na esperança de que tudo isso acabe, mas eu sei que não vai.

— Eu sei — 112 respondeu, um brilho de esperança em seu olhar, mesmo que suas pernas tremessem e o medo tomasse conta de cada fibra de seu ser. — Mas não posso ignorar o que está acontecendo. A resistência está lutando por nós. É como se uma fagulha tivesse reacendido em nosso interior, uma chama que nos impede de perder a esperança. Eu sinto algo diferente no ar, algo que me impede de aceitar essa realidade. Um dia vamos ser livres.

— Não se iluda, garoto — 388 suspirou, seu tom carregado de pessimismo e desilusão, o peso de sua experiência pesando sobre seus ombros. — A resistência não pode nos ajudar aqui dentro. Não importa o que eles façam lá fora. Aqui, somos apenas uma engrenagem na máquina de Anya. E não há escapatória. O que podemos esperar? Que a morte nos encontre aqui. E nada mais.

No entanto, apesar das palavras de 388, 112 não conseguia conter a sensação de que algo estava mudando, de que o sistema estava começando a ruir, e que mesmo naquela opressão, uma pequena esperança havia nascido, e que talvez, apenas talvez, a liberdade fosse uma possibilidade real e palpável.

Três dias se passaram, e as paredes opulentes da sala de reuniões do Palácio pareciam se encolher sob o peso da fúria contida que emanava de Anya. A luz das velas tremeluzia sobre os ricos tecidos, transformando os objetos de arte em figuras grotescas, um contraste com a fúria fria que pairava no ar. Anya, sentada no centro da mesa, segurava os relatórios como se fossem serpentes peçonhentas, seus dedos se crispando a cada página, os nós dos seus dedos esbranquiçados de tanta força. O tédio que a consumia havia se transformado em uma fúria fria, um ódio silencioso e implacável que ameaçava engolfar tudo ao seu redor. Seus olhos azuis estavam ainda mais escuros, as pupilas quase engolindo a íris, e suas narinas respiravam com força, a boca trêmula, enquanto sua expressão se tornava cada vez mais contorcida pela raiva. A sala estava em silêncio, os conselheiros congelados pelo terror que emanava de Anya, todos sabendo que sua crueldade não tinha limites.

— Quero os responsáveis por trás disso identificados e punidos! — sua voz ecoava pelo quarto, fria e cortante como aço. — Quero uma resposta rápida e eficaz. A segurança deve ser reforçada. A produção não pode parar. Quero resultados, quero saber como essa resistência teve a audácia de me desafiar. Como deixaram que eles se aproximassem? Isso é uma humilhação!

— Suprema — disse Lena, a voz tremendo, seu corpo reagindo a fúria de Anya. — A perda de sêmen é significativa. Isso afetará a distribuição de Fator A nas próximas semanas e talvez meses. A população está começando a questionar a nossa capacidade de protegê-los. O desespero nas ruas está se intensificando, eles estão pedindo por respostas e soluções imediatas. Os suprimentos de Fator A estão se esgotando e a paciência de todos já chegou ao limite, uma revolta está por vir. As castas superiores temem por sua segurança, e a casta intelectual nos culpa por não termos previsto essa ação da resistência, e por não termos conseguido manter o controle do povo.

— Suprema, a população está começando a se rebelar — disse uma conselheira, com o medo transparecendo em sua voz. — Há protestos e tumultos em frente ao Palácio. Eles exigem respostas. Eles exigem mais sêmen. A situação está fora de controle. Eles estão sedentos, não apenas de sêmen, mas de respostas. Eles estão com medo. E o medo sempre foi o nosso melhor aliado, mas agora, ele se tornou a nossa maior ameaça. Eles querem seu sangue.

Anya se levantou abruptamente, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e determinação. Ela caminhou até a janela, observando a multidão que se reunia diante do Palácio, seus protestos se intensificando a cada instante.

— Não haverá mais tolerância — disse Anya, sua voz agora carregada de um ódio frio e calculista, sua expressão demonstrando a perversidade de seus planos. — Quero que a segurança seja reforçada. Quero todos os líderes das manifestações capturados. Quero que eles sejam exemplos para o resto da população. Quero a pena máxima para todos eles. Quero que o Fator A chegue a cada mulher desse mundo, mesmo que eu tenha que fazer isso pela força. Não medirei esforços. E quero que as Instalações tenham produção máxima, mesmo que isso custe a vida de cada homem lá dentro. Vamos fazer um trabalho completo! Que todos saibam que o poder é meu e que não há quem possa me deter! A cada grito, a cada protesto, a minha vontade será ainda maior, e os que se oporem a mim aprenderão a não questionar meu poder.

Anya se virou para seus conselheiros, seus olhos frios como aço, o sorriso em seus lábios se tornando quase imperceptível.

— E quanto aos Progenitores — disse Anya, sua voz agora carregada de uma frieza aterradora. — Quero a produção máxima de todas as Instalações. Quero que cada um deles seja estimulado até o limite. E aqueles que se recusarem, quero que sejam punidos, e que as punições sirvam de exemplo para que não haja mais casos de insubordinação, mesmo que para isso tenhamos que torturá-los até a morte. E eu mesma me encarregarei de usar cada um deles, até a última gota de seu precioso sêmen. E, se eles se recusarem novamente, quero que cortem o pau de cada um e traga-os para mim, vou exibir em praça pública o pau daqueles que ousaram não doar seu sêmen para a Suprema. Eles aprenderão a lição. E todos verão o que acontece com quem se opõe a mim. E mandem fechar e queimar todas as emissoras de tv que estão divulgando as imagens daquelas guardiãs mortas com o símbolo da resistência. Isso é um ato de afronta à minha liderança. Que toda a memória desses vermes sejam apagadas, que elas se tornem apenas cinzas e poeira para sempre.

Após a reunião, Anya ordenou que 047 fosse trazido para seus aposentos. Quando o Progenitor chegou, acompanhado por Elara, a Suprema ordenou que a sacerdotisa o despojasse de sua túnica e o amarrasse à cama. Elara, obedecendo sem hesitar, amarrou as mãos e os pés de 047, prendendo-o na cama com correntes de ferro.

— Prepare-se, 047 — disse Anya, enquanto se aproximava do homem amarrado, uma sombra de prazer perverso em seu olhar. — Você se tornou uma peça fundamental no meu jogo. E hoje, você irá me contar tudo o que sabe sobre essa resistência. Acha que não sei da sua participação 047, não é atoa que você está aqui nesse palácio debaixo dos meus olhos.

E você, Elara, irá cuidar de suas reações, mantenha-o no limite, me diga quando ele estiver prestes a gozar, mas não deixe que isso aconteça. Você será os meus olhos, os meus ouvidos, e minhas mãos sobre esse corpo. E também, sua própria punição, quando você descobrir o que significa sentir o prazer e ter ele arrancado de você.

Anya se aproximou de 047, seu corpo quase tocando o dele, seus olhos fixos em seus olhos.

— Você não acha que eu sinto o seu cheiro? Que eu não sinto a sua vontade de se juntar à eles? De me derrubar? Mas eu vou te mostrar que não há escapatória, e a sua traição será punida com requintes de sofrimento. E que toda a resistência entenderá que o meu poder é absoluto e que nada, nem ninguém, pode me deter. E que a liberdade é apenas uma ilusão, um sonho tolo que vocês não deveriam ter ousado sonhar. E você servirá de exemplo para todos.

Ela ordenou que Elara o estimulasse, e com um olhar de remorso, a sacerdotisa se ajoelhou e começou a estimular o membro de 047.

No início, o pênis de 047 se recusou a reagir, sua recusa a qualquer forma de prazer se tornando uma afronta para Anya. Que, irritada, ordenou que Elara parasse e caminhou até 047.

— Eu não tenho tempo para isso — disse Anya, com a voz fria e cortante, enquanto pegava um dos comprimidos e colocava-o na boca de 047 — Engula.

E ele obedeceu. Quase instantaneamente, seu membro começou a reagir, crescendo e enrijecendo sob o toque da sacerdotisa.

— Elara — disse Anya, sua voz quase doce, enquanto observava o membro de 047 se tornar rígido e pulsante. — Agora segure-o esse pau, aperte com força, e não deixe que ele escape do meu controle. Sinta o poder que reside nesse corpo, e como esse poder me pertence. Quero que você aprenda como explorar o prazer de um homem, e como utilizá-lo a meu favor, quero que você seja uma extensão de meu poder. E não se esqueça que o seu corpo e a sua vida me pertencem, e que a sua desobediência será punida tão fortemente quanto a de 047.

Enquanto Elara segurava o pau de 047 com força, com seus 21cm completamente duro, as veias saltando. O homem se contorcia a cada leve toque de Elara, era uma mistura de prazer intenso gerado pela pílula, mas também de incapacidade de manter o auto controle. Anya se aproximou do rosto dele, seus olhos fixos nos dele, que demonstravam o medo e a raiva que tentava esconder.

— Diga-me, 047 — disse Anya, sua voz suave como veneno. — Quem está na frente da resistência? Onde eles se escondem? Diga-me tudo. E se você mentir, eu prometo que a dor será insuportável. E que todos sentirão o seu sofrimento, e se o meu poder vacilar, todos irão padecer com a mesma intensidade. Eu serei implacável, pois essa é a forma correta de exercer o meu poder.

— Eu não sei de nada, Suprema — 047 respondeu, sua voz tremendo, enquanto tentava manter o controle sobre o medo que o consumia, mas no fundo ele sabia que ela não acreditaria. — Eu sempre te obedeci. Eu nunca me envolvi com a resistência.

— Mentiroso — Anya respondeu, com um sorriso cruel que a deformava, sentindo-se eufórica com a sua própria maldade.

Anya se virou, caminhando até a lareira, que brilhava com chamas intensas, e de lá trouxe um instrumento de tortura feito de ferro. Com movimentos cuidadosos e lentos, voltou para a beira da cama. Com um toque leve, ela triscou o metal quente na glande de 047, o som da carne queimando misturado ao grito de agonia do homem, o cheiro de sua carne queimada enchendo o quarto.

— Diga-me, 047 — perguntou Anya novamente, com um tom de voz suave, mas sua expressão cruel e sádica. — Quem está na frente da resistência? Onde eles se escondem? Quem ousou desafiar o meu poder? Quem ousou desafiar a mim? Responda!

— Eu não sei — 047 gritou, a dor tomando conta de todo seu corpo. — Eu juro que não sei. Por favor, Suprema, pare com isso. Eu não sei quem são essas pessoas, e só quero que isso acabe. E por favor, não me torture mais.

Anya, sem demonstrar nenhuma emoção, triscou novamente o ferro quente em seu membro, mantendo-o por mais tempo, o cheiro de carne queimada se misturando ao odor metálico de sangue. 047 gritou, a agonia o consumindo, cada célula de seu corpo pulsando de dor, sua voz quase inaudível, como se cada palavra fosse um esforço impossível de se realizar.

— Diga-me — Anya exigiu, sua voz fria como gelo. — Onde eles estão? Me conte o que esse espião está planejando. E quem ousa fazer parte disso? Você é um verme e eu vou te esmagar até virar pó, até que o mundo se esqueça que você existiu. Diga, ou sofrerá ainda mais! Você será um exemplo para todo homem. E eu serei uma lição para cada mulher.

— Eu não sei — 047 gritou, a agonia o consumindo, seu corpo se contorcendo sob as amarras, e sua voz se tornando cada vez mais baixa, seus olhos perdendo a cor, a lucidez da mente se esvaindo com a dor. — Eu juro que não sei, por favor, por favor... pare...

Anya fez um sinal com a cabeça, e Elara pegou uma foice, entregando-a à Anya com a mesma obediência com que ela havia cumprido as demais ordens. Anya aproximou a foice do pênis de 047, o metal afiado brilhando sob a luz das chamas, a sombra da foice projetada na parede como uma sentença de morte, uma sentença que Anya parecia ansiosa para executar, para descarregar todo o seu ódio e frustração.

047 sabia que naquele mundo um homem não tinha qualquer valor se não tinha pênis e capacidade de produzir sêmen.

— Diga-me, 047 — perguntou Anya, aproximando a lâmina afiada da base do membro de 047, mas sem realmente tocá-lo, por hora. — Ou eu vou acabar com a sua fonte de prazer, com sua vida, e todos saberão que você não foi capaz de manter a sua boca fechada. E depois disso, todos saberão o que acontece com aqueles que ousam me desafiar. Mas antes disso, eu vou me deleitar com o seu sofrimento, e todos vão conhecer a extensão do meu poder. E eu também quero a sua rendição e a sua obediência.

Anya sentiu um prazer doentio ao ver o medo nos olhos de 047, sua resistência se esvaindo à medida que sua dor aumentava. 047, com o corpo tremendo de dor e medo, começou a falar, sua voz entrecortada por gemidos e soluços, revelando tudo o que sabia sobre a resistência, seus líderes e seus planos. Quando ele estava prestes a revelar o local exato onde o Refúgio estava localizado, Elara agiu. Aproveitando-se da desatenção de Anya, a sacerdotisa pegou o instrumento de tortura de ferro, e com um golpe forte e preciso, acertou a cabeça de Anya, que caiu desacordada sobre a cama, o sangue escorrendo em sua testa, tingindo a seda de um vermelho carmesim, a promessa de seu poder se tornando cada vez mais frágil.

Elara, agindo rapidamente, desamarrou 047, vestindo novamente a túnica sobre o corpo do homem.

— Precisamos sair daqui — sussurrou Elara, sua voz tensa, mas firme. — Rápido! Não podemos nos demorar.

Elara abriu a porta e disse às guardiãs que vigiavam o lado de fora:

— A Suprema ordenou que não fosse incomodada por ninguém. E que eu levaria o progenitor para seus aposentos, onde ele receberá outros cuidados. Siga, as ordens da Suprema.

Elara e 047 caminharam apressadamente pelos corredores do Palácio, guiados por um conhecimento secreto que era a chave para sua sobrevivência, com a urgência da fuga e a promessa da liberdade guiando seus passos.

- Onde você está me levando, indagou 047. Estou com dor, vamos ser mortos em breve.

- Cale-se homem, venha depressa.

Chegando aos fundos do Palácio, e através de uma saída que somente Elara conhecia conseguiram escapar para as ruas escuras e lotadas de protestantes, se tornando imperceptíveis em meio a multidão.

Algum tempo depois, Kaleb, inquieto, caminhava em direção ao quarto de Anya. A ausência de sua Suprema era um sinal de alerta. Ele bateu na porta, mas as duas Guardiãs que faziam a vigilância ali, afirmaram que a Suprema havia dado ordens para não ser interrompida. Kaleb, sentindo que algo estava errado, se desvencilhou das guardiãs e invadiu o quarto.

O que ele viu o paralisou. O sangue escorria pela cama, e Anya estava desacordada no chão, em meio a uma poça de sangue, a imagem de uma deusa caída, sua frieza, sua beleza e seu poder destruídos pela traição de uma de suas servas mais leais. Kaleb gritou por socorro, seus gritos de desespero ecoando pelos corredores do Palácio, a sua voz carregada de desespero e terror. Ele pegou Anya em seus braços, carregando-a com delicadeza, sentindo que a vida de sua Suprema esvaía entre seus braços, e correu para a enfermaria mais próxima, seu olhar desesperado revelando o terror que sentia com a possibilidade de perder aquela mulher que era tudo para ele, sua amada, sua tirana, sua deusa, o seu mundo em ruínas.

No Refúgio da Resistência, a tensão era palpável. Lia, finalmente, conseguiu estabelecer um novo canal de comunicação com o espião, o tablet vibrando na palma de sua mão. A tela se iluminou com uma única frase, que ecoava a promessa de ação e de liberdade:

“Está consumado. O caminho está aberto. Sejam firmes no propósito.”

Os membros da resistência trocaram olhares de expectativa e apreensão, ponderando o significado daquelas palavras enigmáticas.

— O que ele quis dizer com isso? — um membro perguntou, sua voz tremendo levemente, sentindo a esperança misturada ao medo. — O que foi consumado?

— E que caminho ele está se referindo? — outro membro indagou, sua expressão revelando a apreensão que tomava conta de todos. — Será que ele está nos dizendo que é a hora de agir? De atacar o Palácio?

— O caminho está aberto — Rico afirmou, com o olhar fixo na tela do tablet, suas palavras carregadas de uma determinação quase fria, e uma urgência que contagiava a todos.

Nesse momento, a entrada do Refúgio se abriu, revelando 047, ainda vestindo a túnica branca, o corpo tenso e exausto. Seu olhar, antes distante e vazio, agora estava fixo nos olhos dos membros da resistência, mas não havia receio, e sim um reconhecimento, uma certeza de que ali não havia opressores. A chegada inesperada de 047 silenciou todos os presentes, uma mistura de surpresa, incredulidade, tensão, esperança e admiração tomando conta do Refúgio da Resistência, naquele momento que prometia transformar tudo o que eles haviam conhecido até então.

— Filho! — Zara gritou, correndo em direção a 047, seus olhos marejados de lágrimas, seu corpo tremendo de emoção.

Continua....

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Comentários

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Simplesmente nota 10000 👏🏽👏🏽

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Olha... estou começando a ficar sem adjetivos para elogiar a sua obra... cada episódio me prende e me fascina!!! Sou um viciado em consumir o que vc com tanta maestria escreve e compartilha... Quero deseperadamente saber como a história seguirá, mas com medo que a trama, em algum momento chegue ao fim.

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Como escrevi num comentário no conto passado, eu estava tentando adivinhar quem poderia estar ao lado da resistência e contra. Elara em momento algum passou pela minha mente.

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