Este conto foi feito para o desafio "Relações Internacionais". Parte única.
A tarde em São Paulo estava abafada. O céu carregado de nuvens cinzentas parecia anunciar o fim de um ciclo. Enquanto fechava a porta do nosso apartamento pela última vez, me senti aliviado. Havia uma ansiedade positiva também.
Não era fácil deixar tudo para trás, mas eu sabia que era a decisão certa. Beatriz, minha esposa, estava ao meu lado, segurando firme a alça da mala. O olhar dela, ainda que sereno, carregava um brilho de excitação que só ela conseguia expressar nessas situações.
— Parece um sonho, não é? — Comentei, mais para mim do que para ela.
— Um sonho que a gente escolheu viver, amor. — Ela respondeu, com aquele sorriso que sempre me desarmava.
Somos médicos formados na mesma universidade e, após o casamento, construímos uma vida estável: empregos estatais concursados, fora o consultório próprio, um apartamento espaçoso em um bairro nobre de São Paulo, viagens esporádicas para destinos exóticos e noites regadas a bons vinhos. Era o tipo de vida que muitos considerariam perfeita. Mas, como descobrimos nos últimos meses, perfeição nem sempre significa realização.
Beatriz carrega em sua essência o charme típico de sua descendência, a beleza da mulher italiana. Seu rosto é marcado por traços fortes e bem definidos, com maçãs do rosto ligeiramente salientes que acentuam sua expressão calorosa. A pele é clara, com um leve tom dourado que parece guardar os reflexos do sol. Seus olhos, castanhos claros e brilhantes, transmitem uma sedução natural, como se cada olhar carregasse uma promessa não dita. A boca, carnuda e bem desenhada, é seu ponto mais marcante. Quando sorri, o movimento parece tão espontâneo quanto um convite.
Seu cabelo, longo e cheio, cai em cachos naturais pelos ombros, com um balanço que prende a atenção. É escuro, mas reflete tons mais claros quando banhado pela luz do sol.
Beatriz é uma rata de academia, malhando, no mínimo, cinco vezes por semana. Apesar da rotina de exercícios, ela tem um corpo que exala feminilidade e força em medidas perfeitas: seios médios, empinados, e uma cintura bem delineada que destaca ainda mais os quadris arredondados e a bunda naturalmente avantajada, algo que ela carrega com uma confiança discreta. O jeito como ela se movimenta é envolvente, sempre gesticulando enquanto fala, como se cada palavra precisasse de um toque visual para ganhar vida. Típico dos italianos.
Eu sou o Arthur, a personificação do homem brasileiro. Moreno claro, e minha pele carrega aquele bronzeado natural que só anos sob o sol da praia poderiam oferecer. Apesar de morar em São Paulo, sou carioca. Meu cabelo é grosso, negro, naturalmente encaracolado e ligeiramente bagunçado, com fios que teimam em cair sobre a testa. Minha barba é bem aparada, cobrindo a linha do maxilar de forma que acentua ainda mais meus traços masculinos.
Meus ombros são largos e o peito firme, revelam anos de atividades físicas, mesmo que eu não seja obcecado por academia. É um físico natural, esculpido mais pela vida ativa do que pela busca intencional de perfeição. As mãos grandes e marcadas por pequenos calos carregam o peso da minha profissão, mas também uma delicadeza inesperada, como se soubessem alternar entre força e suavidade com facilidade.
Beatriz diz que meus olhos castanhos escuros são profundos e expressivos, com um olhar que parece sempre observar além do óbvio. Ela diz também que há algo de hipnotizante na forma como eu encaro as pessoas, uma confiança tranquila que transborda sem esforço. Meu sorriso destaca um pequeno dente, levemente torto, na parte inferior que só o torna mais interessante, palavras dela, quebrando qualquer traço de perfeição e me deixando ainda mais humano e acessível.
Beatriz é pediatra, já eu, clínico geral e otorrinolaringologista.
Eu e Beatriz nunca seguimos os moldes tradicionais que muitos esperam de um casal. Desde os tempos da faculdade, vivemos uma relação poligâmica que, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, nos aproximou ainda mais. Compartilhamos uma visão comum sobre a vida, uma liberdade descomplicada, sem as amarras impostas por convenções sociais. Para nós, o desejo por outras pessoas nunca foi um inimigo do amor que construímos, mas uma parte natural da experiência humana, algo que não precisa ser escondido ou reprimido.
Essa honestidade, essa coragem de encarar nossos próprios anseios e compartilhar tudo abertamente, foi o que nos uniu de forma definitiva. Não há espaço para mentiras ou culpa entre nós. Pelo contrário, a transparência fortalece nossa conexão. Nosso amor é sólido como uma rocha, mas nunca sufocante. Há uma leveza em viver assim, em permitir que o outro seja quem realmente é, sem medos ou máscaras. Para nós, o amor e o desejo não competem entre si; eles coexistem, cada um em seu lugar, sem ameaçar a base que construímos juntos.
A única regra absoluta na nossa vida liberal é nunca mentir. Podemos sair com quem quisermos, juntos ou separados, tendo apenas que ser honestos e avisar, para que o outro não fique preocupado ou se sinta deixado de lado.
Temos, ou tínhamos, já que estamos prestes a ir embora, uma vida social e sexual intensa e agitada, mas sempre nos colocando como prioridade absoluta um do outro. Acho que por isso somos felizes e realizados.
A mudança começou com uma notícia inesperada. O avô de Beatriz, um homem de origens humildes que havia se tornado um bem-sucedido empresário no setor agrícola, faleceu deixando para ela uma herança significativa. Não foi apenas uma casa ou uma pequena quantia, mas sim, um patrimônio milionário, acumulado ao longo de décadas e cuidadosamente investido. Quando os advogados nos apresentaram os detalhes, ficamos atordoados. Era mais dinheiro do que poderíamos gastar em uma vida inteira, mesmo mantendo o padrão confortável que já tínhamos.
A princípio, não sabíamos o que fazer com tudo aquilo. Continuar nossas vidas como estava, parecia uma opção sensata. Mas, com o passar dos dias, percebemos que a herança representava mais do que segurança financeira. Era uma oportunidade de recomeçar, de fazer algo significativo.
Foi Beatriz quem sugeriu a ideia que mudaria tudo:
— E se a gente largasse tudo e fosse para a África? Sempre sonhamos, assim que estivéssemos formados, passar um ou dois anos servindo nos “Médicos sem Fronteiras”. Lembra? — Ela perguntou, enquanto tomávamos café em uma manhã de sábado.
— Para a África? — Repeti, surpreso.
— Sim. Médicos Sem Fronteiras. Era um sonho nosso. Você ainda pensa nisso?
E era verdade. Durante a faculdade, muitas noites foram gastas discutindo o desejo de levar nossos conhecimentos médicos para lugares onde realmente fossem necessários. Mas, como a vida adulta costuma fazer, as prioridades mudaram, os compromissos aumentaram, e aquele sonho foi ficando para trás. Até aquele momento.
Nos meses seguintes, nossas vidas entraram em um frenesi de mudanças. Pedimos exoneração dos nossos cargos, alugamos o apartamento, vendemos a clínica, e doamos grande parte dos nossos pertences. Algumas pessoas acharam que estávamos loucos. “Vocês têm tudo e vão abandonar? Por quê?”, perguntaram. Mas, para nós, não era abandono. Era busca, recomeço.
Escolhemos a Nigéria porque sabíamos que o país precisava de ajuda. Além de lidar com doenças tropicais, a população enfrentava crises humanitárias causadas por conflitos e pobreza extrema. Parecia o lugar onde poderíamos fazer a maior diferença.
O caminho até o aeroporto foi silencioso. Acho que estávamos absorvendo tudo: os últimos meses, a decisão de largar os empregos, e, claro, o salto no escuro que estávamos prestes a dar. No check-in, as despedidas ficaram para trás de vez. Tudo o que importava agora estava ali, nas malas e na promessa de uma vida nova.
O voo foi longo. Longo demais. Cochilei algumas vezes, mas minha mente insistia em vagar, imaginando como seria nossa chegada, nosso trabalho, as pessoas que encontraríamos. Beatriz, como sempre, estava tranquila. Em algum momento, entre uma conexão e outra, ela me disse que nunca tinha se sentido tão viva. Eu sabia exatamente o que ela queria dizer.
Chegamos ao nosso destino final no início da tarde. O calor seco bateu no meu rosto assim que descemos do avião. Era um calor diferente do que estávamos acostumados no Brasil, quase reconfortante. O aeroporto, localizado em uma cidade de médio porte, era pequeno e modesto, mas eficiente. Logo fomos levados a uma área reservada para a recepção dos médicos recém-chegados ao programa.
Enquanto esperávamos nossas malas, Beatriz olhou para mim, segurando minha mão com firmeza.
— Estamos prontos para isso, Arthur. — Disse ela, com a certeza de quem sabia exatamente onde queria estar.
E eu sabia que ela estava certa.
Ali, encontramos Ayo e Akin. Ayo, pronuncia-se Ayô, como ela nos ensinou, é de origem iorubá, comum na Nigéria, e significa “alegria” ou “felicidade”. Akin também é um nome de origem iorubá, e significa “corajoso”, “guerreiro” ou “herói”.
Ayo era uma mulher deslumbrante, de uma beleza que parecia transcender qualquer descrição. Alta e de porte elegante, ela carregava uma presença que imediatamente chamava atenção. Sua pele escura e radiante contrastava de forma encantadora com as cores vibrantes de sua roupa típica nigeriana: um buba ajustado, de tecido estampado em tons de amarelo e laranja, que realçava sua silhueta, combinado com um gele, um turbante amarrado com perfeição ao redor da cabeça, que lhe conferia ainda mais graça e sofisticação.
Seu sorriso era amplo e caloroso, iluminando qualquer ambiente em que estivesse, enquanto seus olhos brilhavam com uma mistura de gentileza e sagacidade. Seu português era impecável, mas carregava um leve sotaque de Portugal, cada palavra saindo de sua boca com uma melodia própria, tornando suas conversas ainda mais fascinantes.
Ao lado dela estava Akin, o marido, e ele era igualmente impressionante. Alto e musculoso, tinha a postura serena de quem carregava uma confiança inabalável. Vestia um traje típico de guias de safári: uma camisa cáqui de mangas curtas, calças em tom bege e botas robustas, que pareciam feitas para enfrentar qualquer terreno. A faixa de couro que atravessava seu peito sustentava uma pequena bolsa de utilidades, e um chapéu de abas largas descansava em uma de suas mãos.
Sua pele escura brilhava sob a luz do sol, refletindo um tom quente e uniforme, e havia algo no olhar firme e penetrante que me fez perceber que ele era um homem que já tinha visto o mundo de perto. Sua presença era calma, mas emanava uma força latente, como se ele estivesse sempre pronto para agir, caso fosse necessário.
Pude ver os olhos de Beatriz brilharem. A safada adora um preto pirocudo. Sei que não é uma coisa inerente, mas a julgar pelo tamanho do Akin, se tudo for proporcional…
— Bem-vindos ao nosso país. Obrigada por virem ajudar nosso povo tão sofrido. — Disse Ayo, com um sorriso que parecia conter todo o calor daquele lugar. — Será um prazer ajudá-los a se adaptar.
Ayo era uma enfermeira do programa, nosso contato local e a responsável por administrar nossas atividades. Ela nos guiaria por essa nova jornada fascinante. Akin, antes guia de safári, era agora o nosso guia pessoal e segurança. Além de ser nossa porta de entrada e contato com aquele mundo que conhecia, como a palma da mão.
O trajeto até a casa deles foi uma espécie de introdução ao novo mundo que estávamos prestes a conhecer. Ayo era gentil, fazia perguntas sobre o Brasil e nos dava informações práticas sobre a região. Akin, por outro lado, falava pouco, mas quando o fazia, era para nos ensinar algo. Em um momento, ele apontou para um grupo de árvores que eu nunca tinha visto antes. Ele era ajudado pela esposa, que traduzia para nós tudo o que ele dizia.
— São baobás. — Ele explicou. — Chamamos de árvores da vida.
Não sei por que, mas aquela frase ficou comigo. Talvez fosse a maneira como ele falou, ou talvez o simbolismo por trás das árvores, que pareciam carregar décadas – ou séculos – de história nos troncos.
A casa deles era simples, mas incrivelmente acolhedora. De tijolos alaranjados, com detalhes coloridos e artesanatos pendurados nas paredes, parecia um pedaço vivo da cultura local. O cheiro de especiarias, misturado ao da terra quente me fez lembrar de como o mundo pode ser tão diverso e, ao mesmo tempo, tão familiar. Eles moravam numa reserva natural, distante da cidade.
Akin ajudou com as malas enquanto Ayo nos mostrava os quartos e explicava como seria nossa rotina. Ela falava com uma naturalidade que deixava tudo menos assustador. Mesmo com tantos detalhes novos, senti que estávamos sendo guiados por alguém que realmente sabia o que estava fazendo.
Mais tarde, enquanto tomávamos um chá feito por Ayo, ela sorriu e disse:
— Vocês precisam descansar. Amanhã será um dia intenso, mas, antes disso, Akin pode levá-los para conhecer a região.
Eu e Beatriz trocamos olhares, agradecidos pela gentileza do casal, que nos recebeu de braços abertos. Sem precisar dizer nada, sabíamos que estávamos onde deveríamos estar.
À noite, enquanto o som de tambores ecoava à distância e eu observava um céu que parecia mais estrelado do que qualquer outro que já tinha visto, me dei conta de que a vida nunca mais seria a mesma.
Na manhã seguinte, acordamos com o canto de pássaros que eu nunca tinha ouvido antes. O sol entrava pelas janelas da casa de Ayo e Akin, pintando tudo com um tom dourado. Apesar de estarmos em um lugar completamente novo, dormi melhor do que imaginava. Talvez fosse o cansaço da viagem ou, quem sabe, a sensação de que estávamos em boas mãos.
Depois do café, Akin nos convidou para um safári. Beatriz ficou animada de imediato. Eu, confesso, hesitei por um segundo. Não sabia o que esperar. Até então, safári era algo que só tinha visto em documentários.
— Vai ser bom para vocês conhecerem a região. — Disse Akin com seu jeito tranquilo, sempre traduzido pela esposa. — Além disso, a natureza aqui, ensina lições que os livros nunca poderiam.
Ayo sorriu enquanto terminava de organizar a mochila dele com água e suprimentos.
— Akin conhece cada canto desse lugar. — Ela comentou. — Ele é guia há mais de dez anos. Quando nos conhecemos, ele já fazia isso, e posso garantir que vocês vão se impressionar.
Perguntei como ela havia escolhido a enfermagem, e ela me contou sua história, orgulhosa.
— Eu cresci em uma vila onde o acesso à saúde era escasso, quase nulo. Isso me motivou a estudar. Minha educação foi paga pelo programa e como forma de retribuição, atualmente, além de coordenar os novos médicos no programa, eu também faço plantões em postos de saúde improvisados em comunidades mais isoladas.
— Ayo é a pessoa mais organizada que eu conheço. — Akin brincou, falando um inglês sofrível, mas que permitia a comunicação direta, enquanto carregava o jipe. — Se deixar, ela transforma até o caos em uma fila ordenada.
Beatriz riu, e Ayo apenas deu de ombros, sorrindo de lado.
O jipe avançava pela savana em um ritmo constante. Akin dirigia com uma destreza impressionante, desviando de buracos e pedras como se já soubesse onde estavam, antes de vê-los. Ele nos explicava cada detalhe ao longo do caminho, com seu inglês claudicante: as árvores que serviam de abrigo para pássaros raros, os arbustos que os elefantes arrancavam para comer e até como interpretar rastros na terra.
A certa altura, paramos para observar um grupo de girafas pastando ao longe. Era surreal. Beatriz, ao meu lado, estava fascinada, e eu entendi, naquele momento, por que Akin fazia aquilo. Ele não era só um guia. Ele tinha uma conexão com aquele lugar que era quase espiritual.
— Quando era criança, costumava vir aqui com meu avô. — Ele contou, enquanto olhávamos para as girafas. — Ele dizia que a savana tem suas próprias regras, e que, se você prestar atenção, pode aprender mais aqui do que em qualquer sala de aula. Acho que é por isso que gosto de trazer pessoas. Quero que elas vejam o que eu vi.
O silêncio que se seguiu foi interrompido pelo som distante de tambores. Akin explicou que era uma celebração em uma aldeia próxima. Ayo, que tinha insistido em vir conosco, mesmo depois de uma noite de plantão, se virou para mim e disse:
— Sempre brinco que Akin guia mais do que turistas. Ele guia pessoas para enxergar o mundo de outra forma.
Naquele momento, percebi que Ayo e Akin eram o equilíbrio perfeito. Ela tinha uma mente prática e uma dedicação implacável ao trabalho, enquanto ele carregava uma calma que parecia emanar diretamente do ambiente ao seu redor. Eram como dois lados de uma mesma moeda, unidos por algo maior do que eles mesmos.
Antes de voltarmos, Akin nos levou até um mirante natural, de onde podíamos ver quilômetros de savana se estendendo até o horizonte. O céu estava pintado com tons alaranjados e roxos, e, por um instante, eu me esqueci de tudo: do Brasil, do hospital, da herança. Tudo parecia tão pequeno diante daquela imensidão.
Voltamos para casa, e o calor daquela tarde parecia envolver tudo em um manto pesado e abafado. O ar estava parado, e o único som que se destacava era o canto dos pássaros e o tilintar suave de um balde sendo puxado do poço. Eu estava sentado à sombra de uma árvore próxima à casa, descansando após a longa conversa com Ayo sobre os preparativos para nossa viagem ao interior.
Foi então que percebi Beatriz um pouco afastada, na direção do poço, na quina da parede, meio escondida. Ela estava de pé, parada. Só não estava imóvel, porque esfregava uma coxa na outra, olhando fixamente. Segui seu olhar e entendi o motivo. Akin estava se banhando.
A água escorria pelo corpo musculoso dele, refletindo o sol. Como se cada gota fosse um pequeno diamante. Ele se movia com uma tranquilidade que parecia quase coreografada, os músculos tensionando suavemente enquanto passava as mãos pela pele para espalhar a água. Havia algo hipnotizante na cena, um equilíbrio perfeito entre força e serenidade.
Beatriz observava em silêncio, sem fazer nenhum esforço para disfarçar. Eu conhecia aquele olhar. Havia nele algo que ia além da simples admiração. Era um desejo genuíno, um interesse que eu conhecia bem, mas que parecia amplificado naquele instante.
Beatriz adora um preto roludo. Está mais para uma tara do que um simples fetiche. O volume frontal no short curto de Akin não deixava dúvidas: aquela piroca, mesmo mole, já era longa e volumosa. Dura, passaria facilmente dos vinte centímetros.
Não disse nada. Apenas fiquei onde estava, assistindo à cena como um espectador distante de um momento que, de alguma forma, pertencia somente a ela. Entre nós, sempre houve espaço para essas liberdades. Não era ciúme o que eu sentia. Era curiosidade, talvez até um certo fascínio por ver como a conexão entre as pessoas pode se expressar de maneiras tão inesperadas.
Quando Akin terminou, jogou o último balde d’água sobre os ombros, deixando escapar um sorriso para Beatriz. Ela correspondeu, tímida, mas com um brilho no olhar que não podia ser ignorado. Eu sorri de leve, sacudindo a cabeça. Era fascinante como ela sempre encontrava beleza nas coisas – e, claramente, nas pessoas.
Foi naquele momento que percebi um movimento atrás de mim. Virei ligeiramente a cabeça e vi Ayo parada ali, com os braços cruzados e um leve sorriso nos lábios. Ela observava a cena com um olhar que parecia misturar diversão e entendimento.
— Ele sempre atrai olhares. — Comentou ela, em um tom baixo e despreocupado, mas que carregava um peso significativo.
Senti meu corpo ficar tenso por um instante, sem saber exatamente como reagir. Mas Ayo continuava tranquila, seus olhos agora fixos em Beatriz, que ainda não havia notado nossa presença.
— É quase inevitável. — Continuou ela, agora me olhando diretamente. — Akin tem algo ... especial. Acho que sempre soube disso, desde o dia em que o conheci.
Não havia nenhum traço de ciúme ou desconforto em sua voz. Pelo contrário, ela parecia orgulhosa, quase como se o que estivesse acontecendo ali fosse algo natural. Fiquei sem palavras por um momento, mas, antes que pudesse pensar em dizer algo, ela acrescentou:
— Não se preocupe. Eu sei reconhecer quando alguém admira o que é belo.
Havia algo nas palavras dela que ia além da simplicidade do que dizia. Um subtexto que sugeria que ela entendia mais sobre a dinâmica entre mim e Beatriz, do que eu imaginava. A ideia passou pela minha mente como um relâmpago: talvez Ayo e Akin compartilhassem uma visão de mundo parecida com a nossa.
Ela deu um último olhar na direção de Akin, que já estava guardando os baldes perto do poço, antes de virar-se para mim novamente, com um sorriso que parecia ter mais intenções do que palavras.
— Bom, vou deixar vocês continuarem apreciando o espetáculo. — Ela disse, com uma piscadela rápida, antes de se afastar em direção à casa.
Eu a observei partir, ainda processando o que havia acabado de acontecer. Ayo era tão enigmática quanto fascinante. Quando voltei a olhar para Beatriz, percebi que ela havia, finalmente, se dado conta de que eu estava ali.
Ela, enfim, se virou para mim, percebendo que eu estava a observando. Seu rosto corou levemente, mas ela manteve o sorriso. Sem dizer nada, caminhou até onde eu estava, sentando-se ao meu lado sob a sombra.
— Você viu? — Ela perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.
— Vi. — Respondi, com um meio sorriso. — Como não veria?
Ela riu suavemente, e ficamos ali, em silêncio, enquanto o sol começava a descer no horizonte. À distância, Akin recolhia os baldes e se afastava em direção à casa, bem ciente de que havia proporcionado mais do que um simples banho naquela tarde.
Naquela noite, Ayo e Akin nos prepararam uma refeição simples, mas deliciosa. A mesa estava posta com tigelas de “jollof rice”, um prato típico feito de arroz cozido com tomates, cebolas, pimentões e especiarias que exalavam um aroma reconfortante. Ao lado, havia porções generosas de carne de caça grelhada, temperada com uma mistura de ervas e pimenta que davam um sabor marcante e ligeiramente picante. Para acompanhar, um ensopado de vegetais locais, vibrante em cores e rico em texturas, além de pedaços de yam, um tubérculo similar ao inhame, assado até ficar levemente crocante por fora e macio por dentro.
Sentados à mesa, sob o céu estrelado, enquanto o calor da comida se misturava ao frescor da noite, percebi que aquele dia tinha sido muito mais do que uma introdução à savana. Tinha sido uma lição sobre simplicidade, equilíbrio e o quanto ainda tínhamos para aprender.
Na manhã seguinte, nos sentamos ao redor da mesa para o café da manhã. A mesa simples, coberta por uma toalha estampada com motivos africanos, estava repleta de frutas frescas, pão artesanal e um chá aromático que Ayo havia preparado. O sol já entrava pela janela da cozinha, e o calor começava a se espalhar pela casa.
— Hoje vamos conversar sobre o trabalho de vocês. — Disse Ayo, enquanto cortava uma fatia de pão. — Quero que saibam exatamente o que esperar antes de começarmos.
Beatriz e eu trocamos um olhar atento. Eu sentia um nervosismo crescente, mas também curiosidade. Não fazíamos ideia de como seria a prática médica em um lugar tão distante do que conhecíamos.
— Vocês trabalharão em uma região ao Sul daqui, mais interior. — Começou ela, enquanto Akin, encostado na parede, ouvia em silêncio. — É uma área remota, composta por várias pequenas vilas. Naquele local, o acesso à saúde é muito limitado, e grande parte do trabalho será de campo, visitando as comunidades diretamente.
— Como eles recebem os médicos? — Perguntei, tentando não soar inseguro.
Ayo fez uma pausa, bebendo um gole de chá antes de responder.
— No início, com desconfiança. É natural. Muitos deles têm pouca ou nenhuma experiência com a medicina ocidental. Para algumas comunidades, o contato com médicos estrangeiros ainda é algo novo, e há barreiras culturais que precisamos respeitar. Eles confiam mais nos curandeiros locais, que têm um papel muito importante na sociedade deles.
— E como lidaremos com isso? — Beatriz perguntou, sempre prática e direta.
Ayo sorriu, como se já estivesse acostumada com essas perguntas.
— Vocês não estarão sozinhos. Eu estarei com vocês o tempo todo, não apenas como enfermeira, mas também como intérprete e mediadora cultural. Além disso, Akin será a salvaguarda de vocês.
Olhei para Akin, que até então estava quieto. Ele cruzou os braços e respondeu ao meu olhar com uma tranquilidade que parecia inabalável.
— Conheço bem a região — Ele disse, sempre tendo suas palavras traduzidas por Ayo. — Cresci em uma das vilas que vocês vão atender. Sei onde é seguro, onde precisamos ter mais cuidado e como nos aproximar das pessoas sem assustá-las.
— Você cresceu lá? — Perguntei, surpreso.
Ele assentiu.
— Sim. Meu pai era caçador e minha mãe coletava ervas medicinais. Passei minha infância correndo pela savana e aprendendo os costumes. Quando saí para trabalhar como guia, mantive o contato com a minha comunidade. Ainda tenho parentes lá, e isso ajuda a quebrar o gelo com as pessoas.
Ayo continuou:
— Akin é fundamental para o trabalho. Sem ele, seria muito mais difícil conseguir acesso a algumas vilas. Em muitos casos, as pessoas só aceitam nossa presença porque ele está conosco.
— Vocês vão perceber que, na prática, cada vila é única. — Ayo complementou. — Algumas são mais abertas e receptivas, outras mais reservadas. A chave é a paciência. E, claro, respeitar as tradições.
Ayo fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Isso é crucial. Vocês vão ver coisas que podem parecer antiquadas ou até perigosas para os padrões médicos, mas não estamos lá para impor nada. Estamos lá para ajudar. E, com o tempo, eles aprendem a confiar em nós. Quando isso acontece, as coisas fluem.
Eu sentia um peso crescente, mas também uma determinação que não sabia que tinha. O que ela descrevia parecia desafiador, até intimidante, mas também incrivelmente necessário. Beatriz, por outro lado, parecia absorver tudo com aquela calma impressionante que ela sempre demonstrava.
— Como serão nossas condições de trabalho? — Perguntei, tentando antecipar os desafios logísticos.
— O básico. Vamos levar medicamentos e equipamentos portáteis, mas não esperem laboratórios ou grandes estruturas. — Explicou Ayo. — A maior parte do nosso trabalho será diagnóstico e tratamento básico, além de campanhas de vacinação e orientação de saúde. O resto é improviso.
Ela deu uma risada curta, mas não de deboche. Era o riso de quem já enfrentara situações impossíveis e saíra delas mais forte.
Akin se inclinou para frente, cruzando os braços sobre a mesa.
— Mas saibam disso: as pessoas podem ser desconfiadas, mas também são generosas. Quando percebem que vocês estão ali para ajudar, elas vão abrir as portas, compartilhar comida, histórias e, mais importante, sua confiança.
Eu absorvi cada palavra. Estávamos prestes a entrar em um mundo completamente novo, onde nossas habilidades médicas seriam tão importantes quanto nossa capacidade de ouvir e aprender. E, de alguma forma, saber que Ayo e Akin estariam ao nosso lado tornava tudo mais suportável.
— Então — Ayo concluiu, com um sorriso sereno — estão prontos para começar?
Olhei para Beatriz, e ela sorriu de volta.
— Prontos. — Respondi, mesmo sabendo que, no fundo, não fazia ideia do que nos esperava.
Nos primeiros dias trabalhando nas vilas, tudo parecia um desafio novo. O calor era intenso, a distância entre as comunidades parecia maior do que imaginávamos, e os recursos eram sempre limitados. Ayo era incansável, guiando-nos com firmeza e paciência, enquanto Akin conduzia o jipe por estradas de terra que pareciam impossíveis de atravessar.
Nosso trabalho começava cedo, quase sempre ao amanhecer. Organizávamos uma pequena estrutura improvisada em uma cabana ou sob uma árvore grande, que servia de abrigo contra o sol. Beatriz e eu atendíamos filas de pessoas com as mais diversas queixas: infecções, febres, ferimentos que não cicatrizavam … Havia também muitas crianças, magras e de olhos curiosos, cujas mães as traziam para consultas ou para as campanhas de vacinação que organizávamos.
Ayo era nossa ponte. Sempre ao nosso lado, como tradutora, mas também explicava gestos, expressões e até silêncios. Ela parecia entender a dinâmica das vilas de forma completa. Já Akin ficava mais afastado, mas atento. Ele conversava com os anciãos e observava tudo ao redor, como se sempre soubesse o que estava por vir antes que qualquer um.
Foi em uma dessas vilas, mais ao Sudeste, que algo inusitado aconteceu.
Beatriz estava a alguns metros de distância de mim, organizando uma fila para medir a temperatura das crianças. O calor parecia mais sufocante naquele dia, e eu tinha acabado de terminar uma consulta quando percebi uma movimentação estranha. Alguns homens começaram a se reunir ao redor dela, surgindo como sombras entre as árvores e cabanas.
Meu primeiro instinto foi largar tudo e correr até lá, mas Akin e Ayo, que estavam ao meu lado, colocaram as mãos no meu ombro.
— Calma, Arthur. — Disse Ayo, com aquele tom tranquilo que parecia nunca a abandonar. — Isso faz parte da tradição deles.
— Tradição? — Perguntei, sem tirar os olhos de Beatriz.
Os homens estavam seminus, com os torsos cobertos de pinturas tribais feitas de argila e carvão. Começaram a bater os pés no chão em um ritmo constante, quase hipnótico, enquanto emitiam sons guturais que ecoavam pela vila. Beatriz olhava ao redor, surpresa, mas não parecia assustada. Os paus acabavam escapando da proteção das vestimentas de palha, se batendo contra as coxas e virilhas.
— É uma dança cerimonial. — Akin explicou. — Quando uma mulher é vista como uma visitante importante ou de grande beleza, eles fazem isso para honrá-la.
— Mas por que cercá-la assim? — Perguntei, ainda desconfiado.
— Porque ela é o centro. Não se preocupe. Eles nunca a tocarão. É apenas uma celebração, um ritual de admiração. Essa é uma vila matriarcal, onde as mulheres detém o poder.
Tentei relaxar, mas era difícil. Ver aqueles homens tão próximos dela, com seus movimentos intensos e olhares fixos, ainda mexia comigo. Cada pau enorme balançando a centímetros dela. No entanto, conforme a dança continuava, percebi que não havia nenhuma ameaça real. Era como se Beatriz estivesse no centro de um espetáculo cuidadosamente coreografado. E ela estava adorando aquilo. Olhava meio vidrada para cada piroca preta que se mostrava.
Ela parecia intrigada, mas feliz, olhando de um lado para o outro, de pau em pau, mas aos poucos um sorriso tímido surgiu em seu rosto.
Uma das anciãs, parada ao lado de Akin, deu uma risada baixa e falou algo em sua língua nativa. Ayo traduziu:
— Ela disse que sua esposa está sendo abençoada pela dança. Que é uma forma de desejar boa sorte, prosperidade e fertilidade para ela e para vocês.
Respirei fundo, finalmente me permitindo relaxar. Os movimentos dos homens continuaram por mais alguns minutos, até que, de repente, tudo cessou. Eles se afastaram em silêncio, deixando Beatriz naquele mesmo local, parada, com um misto de surpresa e encantamento no rosto.
Quando ela voltou para perto de mim, o sorriso ainda estava lá.
— Isso foi ... inesperado — Disse ela, ainda um pouco sem fôlego.
— E impressionante. — Respondi, sorrindo.
Ayo aproximou-se e lançou um olhar divertido para Beatriz.
— Bem-vinda às tradições — Ela piscou para minha esposa.
Naquele momento, percebi que trabalhar ali não seria apenas um desafio médico. Seria também uma jornada para entender e respeitar um mundo completamente diferente do nosso.
No caminho de volta, no jipe, Ayo e Akin trocaram algumas palavras e risadas no idioma nativo deles. Só então, eu me lembrei de desligar a câmera que sempre me acompanhava no dia a dia, registrando nossa jornada naquela terra carente, mas impressionante e maravilhosa.
Voltamos para a casa e enquanto Ayo e Beatriz preparavam o jantar e Akin cuidava de outras coisas, eu estava no quarto, num momento a sós, revisando minha gravação daquele dia, e me lembrei da conversa entre Akin e Ayo no carro. Curioso, separei aquele áudio no programa de edição e traduzi as falas usando o aplicativo do programa dos médicos sem fronteiras.
O que descobri, me deu ainda mais certeza de que Ayo e Akin viviam o mesmo estilo de vida liberal, igual ao nosso. A tradução não deixava dúvidas:
— Você viu? A safada não sabia para qual cacete olhar. — Ayo disse para Akin.
— Claro que vi. Ela já vem me secando desde o dia em que chegaram. Tenho certeza de que aquela ali é tarada numa piroca preta. — Akin respondeu.
Ayo foi mais direta:
— Será que ela ia aguentar? Não é qualquer uma que consegue dar conta de você.
Akin respondeu, mas também provocou:
— Claro que aguenta. Estica um pouco, mas tudo se ajeita. E você? Acha que eu não percebi suas olhadas pro branquelo? Tá doida pra sentar na rola branca também, não é? Eu te conheço, safada. Conheço minha puta.
Ayo voltou a falar:
— Acho que eles são, de longe, o melhor casal que já recebemos. Brasileiros são sempre os melhores. Será que eles topariam uma brincadeira? Ele viu a esposa olhando para você naquele dia do banho e parecia se divertir. Eu realmente acho, na verdade, estou quase tendo certeza, de que eles são dos nossos.
— Vamos observar mais um pouco, deixá-los bastante à vontade, mas eu acho também. Estou contigo nessa. E sempre que tem a oportunidade, a branquela não para de olhar para mim. Até quando estamos no meio do trabalho. — Akin falou por último, finalizando a conversa.
Ayo concordou, e os dois riram animados.
Confesso que aquela descoberta me deixou bastante animado. Se Beatriz e eu já não estávamos transando nos últimos dias, desde que saímos do Brasil, justamente por estarmos num ambiente novo, na casa dos outros, aquela descoberta era mais importante do que uma mina de diamantes. Talvez, nossa abstinência estivesse com os dias contados. E, o mais importante, nosso estilo de vida, nossas brincadeiras, poderiam acontecer mesmo em outro continente.
Naquela noite, depois do jantar, Akin se afastou para cuidar de alguns preparativos do dia seguinte, deixando Ayo, Beatriz e eu na varanda da casa, sob um céu limpo e estrelado que parecia maior do que qualquer coisa que eu já havia visto. Beatriz estava sentada ao meu lado, mas logo se levantou para buscar algo na cozinha. Fiquei ali com Ayo, enquanto o silêncio confortável entre nós era pontuado pelo som dos grilos e o farfalhar das árvores ao vento.
Ela se inclinou contra a mureta da varanda, segurando uma xícara de chá. Olhou para mim por alguns instantes, como se estudasse algo que não sabia se deveria dizer. Por fim, quebrou o silêncio.
— Sabe, Arthur ... você é um homem fascinante.
Virei o rosto para ela, surpreso com o comentário, mas seu tom era tão natural que me senti desarmado.
— Fascinante? — Perguntei, rindo baixinho, tentando não soar desconfortável. — Não sei se sou tudo isso, Ayo.
Ela sorriu de lado e inclinou ligeiramente a cabeça.
— Talvez você não perceba. Alguns homens têm essa ... energia. Não é só sobre aparência, embora isso ajude. — Ela acrescentou, com um olhar rápido e avaliador que me fez sentir o calor subir ao rosto. — É sobre presença, a forma como você ocupa o espaço ao seu redor, como se estivesse sempre no controle, mesmo quando não tenta estar.
— Bom, obrigado, eu acho. — Respondi, tentando soar casual, mas me sentindo um pouco exposto sob aquele olhar penetrante.
Ela deu uma risada suave, o tipo de risada que parecia tanto uma provocação quanto um elogio.
— Não precisa ficar sem graça, Arthur. Estou apenas observando algo que é evidente. Akin tem isso também, você percebeu? Quando ele estava no poço, aquele dia, como Beatriz o observava... eu reconheço aquele olhar. Sinto o mesmo.
Se ela quis me desestabilizar, conseguiu. Engoli em seco, mas Ayo continuou, tranquila, quase como se estivesse falando sobre algo trivial.
— Mas sabe o que é curioso? Eu percebi algo parecido em você. Não sou cega, Arthur. Vejo como Beatriz olha para Akin também, mesmo quando ela acha que ninguém está vendo. É a mesma admiração. A mesma ... fome, talvez.
Houve um momento de silêncio tenso, mas não desconfortável. Ayo parecia medir minha reação, e eu estava tentando encontrar palavras para responder, mas ela falou antes que eu pudesse.
— O que quero dizer é que você tem algo raro. Uma mistura de força e gentileza. Não é fácil encontrar isso em um homem. É uma qualidade que não passa despercebida.
Ela sustentou seu olhar por um instante mais longo do que o necessário, e eu senti o peso daquela troca. Não havia pressa, nem urgência. Era apenas uma presença marcante, sólida no que queria transmitir.
Eu não tinha por que me segurar, a conversa que eu traduzi entre Ayo e Akin me deu a certeza de que poderia ser direito e honesto.
— Então, Ayo … eu e Beatriz somos pessoas que escolhemos viver a vida, dar vazão àquilo que sentimos sem a necessidade das restrições sociais tradicionais. — Comecei a falar confiante.
Ela me encarou surpresa, parecendo entender onde eu queria chegar.
— Eu fico lisonjeado pelas suas palavras, pois também te acho uma mulher incrível. Além de linda, percebo que, assim como nós, você e o Akin também não têm problemas em viver e deixar viver. — Eu dei um gole no meu chá, fazendo uma pausa calculada. — E o Akin, é o tipo de homem que mexe com a cabeça da Beatriz. Tudo nele a atrai.
Ayo sorria, olhando por cima do meu ombro. Só então eu me dei conta que tanto minha esposa, quanto Akin, tinham ouvido tudo o que eu falei.
Beatriz estava tensa, talvez não entendendo o rumo da minha conversa com Ayo, já que eu ainda não tinha contado sobre a tradução da conversa dos dois que havia feito. Já Akin, pelo problema do idioma, apenas parecia curioso.
Ayo explicou para o marido, no dialeto característico deles, o que tínhamos conversado. Akin me encarou sorrindo. Um sorriso que estampava ansiedade e expectativa. Um sorriso positivo, de quem pensava no que estava por vir.
Fiz o mesmo, explicando para Beatriz o mais importante. A expressão no rosto da safada me disse tudo o que eu precisava saber. Ela já corava, o rosto rubro, e eu podia sentir a energia única que ela emanava. Tínhamos nossa frequência própria e conseguíamos, só de nos olharmos, saber o que o outro estava sentindo.
A noite africana estava quente, densa com o perfume do jasmim em flor e o zumbido distante das cigarras. Eu e Beatriz estávamos sentados na varanda, encarando Ayo e Akin, tomando chá doce de hibisco enquanto as estrelas brilhavam no alto.
Enquanto a conversa se acalmava, o ar parecia ficar mais pesado, havia uma tensão não dita, uma corrente elétrica que crepitava entre nós.
Os olhos de Beatriz permaneceram em Akin, seu corpo alto e musculoso relaxado na cadeira. Ela o notou desde o momento em que chegamos. Sua voz profunda e ressonante, a maneira como sua pele escura parecia brilhar na luz prateada da lua. Akin era tudo o que ela sempre imaginou. Seu coração disparou quando ela encontrou seu olhar, e por um momento, ela pensou ter visto algo brilhar em seus olhos — algo primitivo, sexual.
Ayo se inclinou para frente, sua blusa decotada revelando a curva de seus seios firmes.
— Poderíamos continuar conversando? Aproveitar a noite um pouco mais. — Ayo quebrou a tensão e confessou. — Nós também somos, Arthur … digo, iguais a vocês.
Eu pigarreei, limpando a garganta, minhas mãos se mexendo levemente. Observei Ayo a noite toda, atraído por sua confiança e pela maneira como ela se portava. Uma rainha de ébano, que sabia exatamente o que queria.
— Não estamos tão cansados. — Eu disse, olhando para Beatriz. — Estamos, querida?
Beatriz balançou a cabeça, suas bochechas corando.
— Não! — Ela exclamou apressada. — Nem um pouco cansada.
Akin sorriu, um sorriso lento e sensual, que causou um arrepio na coluna de Beatriz.
— Bom. — Ele disse, arriscando em português com sua voz baixa e deliberada.
— Acho que temos mais em comum do que pensávamos. — Completou Ayo.
A varanda ficou em silêncio, o peso das palavras pairando no ar. Os olhos de Ayo encontraram os meus, e houve uma faísca. Uma compreensão silenciosa que fez meu coração disparar. Ela se levantou, seus movimentos graciosos, e caminhou até mim.
— Venha comigo. — Ela disse, estendendo a mão.
Eu hesitei por um ínfimo momento antes de pegá-la, deixando que ela me levasse para dentro da casa. Antes de entrar, ainda olhei para Beatriz. Sua expressão era uma mistura de excitação e nervosismo e ela logo olhou para o Akin, que já estava de pé, com sua presença imponente, quase avassaladora.
— Beatriz. — Ele disse seu nome, rolando de sua língua como uma melodia. — Vem com eu também.
Ela engoliu em seco, seu pulso acelerando.
— Sim. — Ela sussurrou, sua voz quase inaudível.
Ele se aproximou, sua mão roçando contra sua bochecha.
— Bom. — Ele disse novamente, seu tom suave, mas autoritário. — Você ser minha essa noite.
Antes que ela pudesse responder, os lábios dele se colaram nos dela, firmes e insistentes, e ela se derreteu no beijo, suas mãos instintivamente alcançando seus ombros largos.
As mãos dele percorreram seu corpo, explorando cada curva como se ele a estivesse memorizando. Quando ele finalmente se afastou, ela estava sem fôlego, seu coração batendo forte em seu peito.
— Juntos, Ayo e Arthur. — Ele disse, pegando sua mão e a trazendo para a sala.
Lá dentro, o ar estava quente e perfumado, o brilho suave das velas lançando sombras bruxuleantes nas paredes. Ele se virou para Beatriz, seus olhos escuros de desejo.
— Você querer isso? — Ele perguntou, sua voz em um estrondo baixo.
Beatriz assentiu, seu corpo tremendo de excitação.
— Sim. — Ela disse firmemente, sua voz mais forte agora. — Eu quero isso.
Akin sorriu, um sorriso lento e predatório que fez meu estômago revirar. Suas mãos se moveram rápidas para a bainha do vestido de Beatriz.
— Nós estávamos imaginando isso desde o momento em que vimos vocês. — Ayo confessou ao meu ouvido, mordendo o lóbulo da minha orelha.
Quando o tecido escorregou do corpo de Beatriz, senti uma onda de excitação, minha pele formigando. Akin se ajoelhou diante dela, suas mãos acariciando suas coxas, sua respiração quente contra sua pele.
— Beautiful … — ele murmurou em inglês, uma língua universal para qualquer membro do programa em que estávamos. Sua voz cheia de admiração.
Ayo me guiou para o sofá ao lado dos dois, me fazendo voltar à realidade. Assistir minha esposa ter prazer, é o mesmo que um orgasmo para mim e, por algum tempo, eu esqueci da Ayo e apenas via a enorme química entre Akin e Beatriz. Ela deveria estar no paraíso naquele momento.
O cheiro de sândalo e especiarias enchia o ar. Ayo se virou para mim, seus olhos brilhando com malícia.
— Eu estava esperando por isso. — Ela disse, sua voz sensual e baixa.
Meu coração disparou enquanto ela pressionava seu corpo contra o meu. Nossos lábios se encontrando com uma urgência que nos deixou sem fôlego. Minhas mãos se moveram para sua cintura, puxando-a para mais perto enquanto nosso beijo se aprofundava. Quando finalmente nos separamos, ela olhou para mim com um sorriso malicioso.
— Espero que você esteja pronto. — Seu tom era brincalhão, mas muito safado.
— Eu nunca estive tão pronto. — Concordei, minha voz falhando pela excitação.
Eu já conhecia bem como Beatriz reagia, como ela se entregava sem ressalvas para um preto pauzudo. Minha obrigação era tentar esquecer que eles estavam ao lado e me concentrar na Ayo. O que não era nem um pouco difícil.
O silêncio na sala era cortado apenas pelos suspiros roucos que escapavam dos nossos lábios. A tensão sexual escalava rapidamente, como um fio elástico prestes a arrebentar. Eu estava no sofá, ao lado de Ayo, enquanto Akin e Beatriz se acomodaram em almofadas no chão. Ninguém precisava dizer nada, os olhares já haviam trocado todas as palavras necessárias.
Ayo me encarou com um olhar que era uma mistura de ousadia e curiosidade. Seus lábios cheios e úmidos se abriram levemente, como se estivessem prestes a pronunciar algo, mas em vez disso, ela simplesmente se inclinou para frente, estreitando a distância entre nós. Eu senti o calor do seu corpo antes mesmo de nos tocarmos. Um calor que parecia emanar de dentro dela, como se seu desejo já estivesse fervilhando sob a pele.
— Arthur … — Ela sussurrou, sua voz doce. — Você é um tesão.
Eu não resisti. Minha mão se moveu por vontade própria, deslizando pela curva do pescoço dela, sentindo a textura macia da pele. Ayo fechou os olhos, deixando escapar um leve gemido que parecia ecoar no silêncio da sala. Era o sinal que eu precisava. Meus lábios encontraram os dela em um beijo que começou suave, exploratório, mas que rapidamente se transformou em algo mais intenso, mais urgente.
Minha língua deslizou entre seus lábios, encontrando a dela em uma dança lenta e sensual. Ela respondeu com igual fervor, suas mãos se agarrando ao meu peito, como se estivesse tentando se aproximar ainda mais. Eu senti seu corpo pressionado contra o meu, a curva dos seios se encaixando perfeitamente contra o meu torso. Era impossível ignorar o calor que emanava de nós dois, uma conexão que parecia ter sido criada apenas para aquele momento.
Subi com as mãos por dentro da blusa, beijando seu pescoço, segurando delicadamente naqueles seios firmes e empinados. Deixei a alça da blusa escorrer pelos braços, revelando as aréolas escuras, maiores, que eu acariciei levemente com a língua, abocanhando em seguida.
— Hum … gostoso … — Ayo gemeu manhosa.
Enquanto isso, no canto da sala, Akin e Beatriz já haviam começado seu próprio jogo. Os suspiros dela eram mais audíveis agora, misturados com os grunhidos suaves dele. Eu podia ouvir o som de mãos correndo por corpos, de roupas sendo tiradas, beijos estalados, mas minha atenção estava completamente voltada para Ayo. Ela era minha prioridade, meu foco, minha obsessão naquele momento.
Minhas mãos desceram por seu corpo, explorando cada curva, cada músculo tenso sob a pele suave. Ela arqueou as costas quando meus dedos encontraram sua cintura, os nós dos dedos pressionando levemente contra a carne macia.
Ayo soltou um gemido mais alto, um som que parecia ecoar na sala, como uma música que só nós entendíamos.
— Ahhhh … assim, que gostoso, Arthur ... — Ela murmurou novamente, mas desta vez havia uma urgência no tom, um pedido silencioso por mais.
Eu entendi imediatamente. Minhas mãos se moveram para suas coxas, puxando-a para mais perto de mim. Ela se ajustou, abrindo as pernas para que eu pudesse me posicionar entre elas.
Meus dedos encontraram o tecido fino da calcinha, sentindo a umidade que já estava acumulando. Ayo soltou um gemido rouco quando meus dedos deslizaram por sua fenda, explorando cada dobra, cada parte úmida e quente.
— Hummm … seu safado … assim você acaba comigo …
Ela estava completamente aberta para mim, uma oferta que eu não podia recusar.
— Arthur, por favor ... — Ela sussurrou no meu ouvido, sua voz tremendo de desejo. — Bem aí … não para …
Eu não precisei de mais incentivo. Meus dedos mergulharam dentro dela, sentindo as paredes internas se contraindo ao redor deles. Ayo arqueou as costas novamente, seu corpo se contorcendo de prazer.
Eu movia os dedos dentro dela, acariciando o ponto “G”. Devagar no começo, mas aumentando o ritmo conforme ela respondia com mais gemidos, mais movimentos, mais desejo.
— Ahhh … seu safado … que covardia … quem diria, essa carinha de santo …
Enquanto isso, os sons vindos do chão, entre Beatriz e Akin, tentavam chamar minha atenção. Beatriz estava gemendo cada vez mais alto, os sons de corpos se batendo. Era evidente que eles estavam completamente imersos no próprio prazer, mas eu mal conseguia pensar naquilo. Toda minha atenção estava voltada para Ayo, para a mulher que estava me levando ao limite.
Eu chupava os seios, mordiscando levemente os biquinhos, sentindo sua pele macia, enquanto meus dedos continuavam a trabalhar dentro dela. Ela estava quase lá, eu podia sentir, suas pernas tremendo ao redor de mim, seu corpo se contorcendo de prazer.
— Arthur ... estou quase ... — Ela gemia, sua boca próxima ao meu ouvido, me deixando arrepiado.
Eu aumentei o ritmo, meus dedos se movendo mais rápido, mais profundamente dentro dela. Ayo gritou, seu corpo arqueando completamente quando o orgasmo a atingiu. Eu senti as paredes internas dela se contraírem ao redor dos meus dedos, sua umidade inundando minha mão.
— É isso … é assim … como é bom … que delícia … Ahhhhh …
Ela caiu de volta no sofá, ofegante, seu corpo ainda tremendo de prazer. Eu olhei para ela, sentindo uma onda de orgulho e satisfação. Ela era completamente minha, pelo menos naquele momento.
Mas o jogo estava longe de acabar. Ayo abriu os olhos, me olhando com um brilho de desafio.
— Sua vez agora — Ela sussurrou, sua voz baixa, mas cheia de promessas.
Meu coração acelerou, antecipando o que estava por vir. Meus dedos ainda estavam molhados do seu orgasmo, e eu estava pronto para mais. Muito mais.
— Me mostre o que você pode fazer. — Eu a desafiei, minha voz saindo mais rouca do que eu esperava.
Ayo sorriu, me encarando de volta, aceitando o desafio. Ela se levantou do sofá, posicionando-se de joelhos na minha frente. Suas mãos deslizaram pela minha calça, encontrando o volume, já óbvio, sob o tecido. Eu soltei um gemido baixo quando ela desabotoou minha calça, puxando-a para baixo junto com minha cueca.
Meu pau saltou, duro e pronto. Ayo olhou para ele, seus olhos brilhando de desejo. Ela envolveu minha rola com sua mão, sentindo o calor e a rigidez. Eu soltei um gemido rouco, meu corpo tremendo de antecipação.
— Vamos, não me enrola. — Eu a desafiei novamente.
— Nossa! Para um homem branco, até que você é abençoado. — Ele brincou comigo, afagando meu ego.
É claro que, perto do Akin, eu parecia um adolescente. De qualquer forma, estava satisfeito comigo mesmo e não tinha motivos para me sentir diminuído, mesmo que a realidade dissesse o contrário.
Ayo olhou para mim, seus olhos brilhando, incentivada pelo meu desafio, antes de envolver a cabeça do meu pau com seus lábios carnudos. O calor da sua boca me fez soltar um gemido rouco, meu corpo inundado de prazer.
— Puta que pariu … Ahhhh, caralho … que boquinha é essa …
Ela começou a me chupar devagar, explorando cada centímetro com a língua, saboreando o sabor do meu desejo.
Eu me encostei no sofá, permitindo que ela me levasse ao limite. Ayo era uma mestra no que fazia, e eu estava completamente à mercê dela. Meu pau pulsava em sua boca, cada movimento dela me levando mais perto do orgasmo.
— Chupa, gostosa. Chupa esse pau … Ahhhh …
Mas eu não queria que acabasse tão cedo e pedi:
— Quero te sentir de verdade. Me deixa foder essa buceta.
Ayo olhou para mim, seus olhos brilhando de entendimento, antes de se posicionar sobre mim. Ela guiou meu pau até a entrada de sua xoxota, já molhada e pronta. Eu soltei um gemido alucinado quando ela desceu sobre mim, sentindo as paredes internas dela se contraírem ao redor do meu pau.
— Ahhhh … tu é gostosa demais, mulher …
Ela começou a se mover devagar, explorando cada centímetro de prazer que nosso encontro podia oferecer. Eu permiti que ela controlasse o ritmo.
Meu pau pulsava dentro dela, cada movimento me levando mais perto do orgasmo. Eu podia sentir o calor do corpo dela ao redor de mim, nossos fluidos escorrendo pelas pernas. Era uma sensação indescritível, conhecer alguém novo e conseguir uma química tão intensa.
— Mais rápido, mete … — Ela pediu.
— É você que está por cima … mulher gostosa do caralho. Mexe essa bunda, rebola nesse pau.
Ayo obedeceu, aumentando o ritmo de seus movimentos, gemendo cada vez mais alto. meu corpo estremecia de prazer. Ela estava quase lá novamente, eu podia sentir, suas pernas tremendo ao redor de mim, seu corpo se contorcendo inteiro.
— Ahhhhhh … gozei … — Ayo gritou.
Não resisti mais e gozei junto com ela, inundando sua buceta com minha porra farta, de mais de uma semana sem ser liberada.
Nós nos deixamos cair no sofá, Ayo sobre mim, enquanto o pau amolecia e ia sendo expulso de dentro dela. Trocamos beijos, carícias, até que o som de um tapa estalado, e um gemido alto de Beatriz, chamou nossa atenção.
— Devagar, caralho! É grande demais.
Eu estava sentado na poltrona, o coração acelerando novamente, enquanto assistia a cena que se desenrolava na minha frente. A pele clara da Beatriz, suada, brilhava sob a luz suave das velas, contrastando com o tom escuro do Akin. Ele estava atrás dela, as mãos firmes em seus quadris, segurando-a com uma mistura de domínio e cuidado.
Beatriz estava de quatro sobre as almofadas, o rosto enterrado entre elas, os gemidos abafados escapando pelos lábios enquanto Akin a preparava para o que viria a seguir.
— Vai devagar, seu cavalo. — Ela pediu.
Akin parecia não entender nada e numa atitude rápida, entendendo o que estava prestes a acontecer, Ayo correu ao socorro de Beatriz, sentando-se à sua frente, e deitando sua cabeça em seu colo.
Eu já tinha feito Ayo gozar, e agora era a vez da minha esposa. “Minha esposa”. As palavras ecoaram na minha mente, mas de alguma forma, pareciam distantes, como se o momento presente tivesse roubado toda a minha capacidade de pensar em qualquer outra coisa. Eu estava hipnotizado.
Eu já tinha visto minha esposa encarar picas de tamanho avantajado, mas aquele cara era um absurdo. Parecia mesmo um cavalo. Aquele pau, duro, parecia ter uns vinte quatro centímetros, chutando baixo. E era grosso, robusto.
Akin curvou-se sobre Beatriz, os lábios perto da sua orelha, falando no seu idioma natal. Ayo traduziu:
— Você está pronta, querida? — A voz dela era grave, mas empática.
Beatriz balançou a cabeça, os fios escuros do cabelo deslizando sobre os ombros.
— Sim. — Ela sussurrou, a voz tremendo levemente. — Eu … eu estou pronta.
Mesmo tendo dito sim, ela apertava a mão da Ayo, ansiosa.
Akin sorriu, os dentes brancos destacando-se contra a pele negra, e então, com um movimento lento, começou a empurrar. Os músculos das costas dele se tensionaram, e eu pude ver o esforço que ele estava fazendo para não avançar de uma vez. Beatriz apertou os olhos, os dedos se agarrando ao braço da Ayo, enquanto ela tentava se acostumar com a sensação.
— Relaxa … — Ayo murmurou, uma mão descendo pelas costas de Beatriz, acariciando levemente. — Só relaxa, Beatriz.
Eu observei, completamente incapaz de desviar o olhar. O corpo de Beatriz estava tenso, mas aos poucos, ela começou a ceder, entregando-se à pressão imposta por Akin. A cabeça, perecendo mais um cogumelo portobello, abriu caminho, se enterrando no cu da minha esposa. Logo, metade daquela piroca monstruosa já estava dentro dela. Eu podia ver o reflexo da dor misturada com prazer no rosto da minha esposa.
— Assim … — Ele disse, sendo traduzido por Ayo, os dedos apertando levemente a carne macia da bunda da minha esposa. — Você é tão apertada, putinha. Apertadinha pra mim.
Beatriz gemeu, o som vibrante e cheio de desejo, e meu próprio corpo reagiu, o sangue correndo para áreas que ainda se recuperavam do orgasmo recente. Tudo o que eu conseguia sentir era uma excitação avassaladora.
Akin empurrou mais um pouco, e Beatriz soltou um grito abafado, o corpo dela arqueando levemente.
— Vai devagar, caralho. — Ela suplicou novamente, a voz quase quebrada. — Por favor, Akin, vai devagar.
Ele parou, após o aviso da Ayo, os olhos fechados por um momento enquanto se concentrava em controlar o próprio desejo.
— Está bem, putinha. — Ele concordou, os dedos acariciando a pele dela. — Vamos devagar.
E assim ele fez, avançando com uma paciência que eu nunca teria sido capaz de ter. Cada centímetro que ele entrava era acompanhado por um gemido de Beatriz, um grito ou um suspiro, e eu estava completamente cativado por aquilo.
Finalmente, ele estava inteiro dentro dela, o corpo parado, enquanto deixava ela se acostumar com a sensação.
— Como está? — Ele perguntou, a voz suave, quase carinhosa, sendo ajudado sempre por Ayo na tradução.
— Está … está bom. — Beatriz respondeu, a voz tremendo. — Você é … você é tão grande, Akin.
Ele riu, o som baixo e rico, e então, começou a se mover. Devagar no começo, testando os limites, mas logo, aumentou o ritmo, os quadris batendo contra a bunda de Beatriz, com uma força que fez a carne dela tremer.
Eu podia sentir o calor subindo no meu rosto, a excitação me deixando envergonhado e, ao mesmo tempo, incapaz de parar de assistir. Beatriz estava gemendo, os sons escapando dela em ondas. Akin estava completamente focado nela, os olhos fixos no corpo contorcido da minha esposa.
— Você gosta disso, não é? — Ele perguntou, mas em inglês, a voz cheia de confiança. — Você gosta de mim te fodendo assim, Beatriz?
Ela balançou a cabeça, mas não respondeu, o que fez Akin sorrir. Ele parou de repente, determinado, fazendo Beatriz soltar um gemido de frustração.
— Responde, putinha. — Ele disse, a voz firme, novamente em inglês. — Você gosta?
— Sim. — Ela sussurrou, o rosto enterrado entre as coxas da Ayo. — Eu … eu gosto, Akin … pauzudo gostoso, filho da puta … tá me arrombando.
— Então diz isso com um pouco mais de convicção. — Ele ordenou, e começou a se mover novamente.
— Eu gosto, porra! — Beatriz gritou, a voz quase quebrada. — Eu gosto demais, seu pirocudo safado.
Ele sorriu, satisfeito, e aumentou o ritmo, movendo-se com uma velocidade e força que me deixou sem fôlego só de assistir. Beatriz estava gemendo alto, quase gritando, e Akin parecia estar completamente perdido no prazer dela.
— Você é tão apertada. — Ele murmurou, dando tapas mais fortes em sua bunda. — Que cuzinho rosa apertadinho.
Beatriz não respondeu, completamente perdida no que estava sentindo, e Akin continuou, os quadris batendo contra ela sem parar.
Eu estava completamente imerso, incapaz de desviar o olhar, e o meu próprio corpo estava reagindo de uma forma que eu não esperava.
Ele parou de repente, o que fez Beatriz soltar um novo gemido de frustração.
— Akin … — Ela suplicou. — Por favor, não para.
Ele sorriu satisfeito, os olhos brilhando com prazer, e então, começou a se mover novamente, mas desta vez, mais devagar.
— Você vai me deixar gozar … — Ele fez uma pausa, preparando o clima. — Você vai me deixar gozar dentro de você, Beatriz?
Ela balançou a cabeça positivamente, enquanto trocava beijos intensos com a Ayo.
— Então, goza … enche meu cu de porra, seu puto … Ahhhhh …
Akin voltou a sorrir. Ele aumentava e diminuía o ritmo, levando Beatriz a picos intensos de prazer, com movimentos precisos e calculados. Cada estocada era dada para tirar o máximo de prazer dela.
— Eu vou gozar … — Beatriz anunciou.
— Eu também, putinha … dentro de você.
Beatriz não respondeu, só gemia, e Akin continuou, cada vez mais forte, mais intenso, a dominando por completo. Eu estava vidrado, incapaz de desviar o olhar.
— Eu estou quase lá … — Ele murmurou, a voz rouca de prazer. — Eu estou quase lá, branquela rabuda.
Beatriz gozou aos berros, tendo os seios chupados por Ayo, aos beijos com a nova amiga e parceira profissional. Eu gozei só de encostar no pau e Ayo gozou enquanto se masturbava e aproveitava do corpo da minha esposa.
Akin, diferente do que dissera, tirou o pau do cu da Beatriz e gozou para as duas, um chafariz de porra lambuzado rosto, cabelos e seios daquelas duas beldades ...
Aquela noite foi intensa, terminando quase na manhã do dia seguinte.
Passamos dois anos no programa Médicos sem Fronteiras. Dois anos maravilhosos, de muito trabalho humanitário, mas também, de muito prazer com Ayo e Akin. Por questões familiares, fomos obrigados a voltar ao Brasil.
Já nos inscrevemos para um novo ciclo e esperamos ansiosos o chamado.
Akin e Ayo se tornaram amigos importantes e não vemos a hora de nos reunirmos novamente.
Eu fico por aqui. Quem sabe, num futuro não muito distante, tenhamos novas histórias para dividir com vocês.
Fim, por enquanto.