Júlia e eu sentamos na primeira fileira. Milena e Kaique estavam logo à nossa frente, na maioria do tempo concentrados, mas diversas vezes os vimos cochichando e rindo. É muito engraçado, para mim, observá-los sem que eles percebam. Não precisam estar fazendo nada demais, mas gosto de ver o jeito que se expressam e gesticulam, a entonação e também a cumplicidade que têm.
— São lindinhos e são nossos — Juh disse no meu ouvido, ao perceber.
— Perfeitos... — Falei, e dei um cheiro no rosto dela.
Tudo corria bem, até a bendita consagração. Eu sabia que ali iria acontecer algo fora do previsto; seria muita coincidência todos os risonhos e cochichos. Eu conheço os filhos que tenho, alguma coisa de diferente ia ter.
— Agooora eu quero chamar a tia Sarah e o tio Lorenzo porque eles vão ser meus padrinhos de consagração — disse Kaká.
— E eu quero chamar o tio Victor e a tia Sarah porque eles serão os meus — disse Mih.
Eu olhei para Juh, e ela estava com a mesma expressão confusa que a minha.
— Dois? — Ela me perguntou.
— Sabia que iam aprontar... — Falei.
O pobre do Padre João nem disse nada, só deu prosseguimento ao rito, cantou uma música, nós estávamos abraçados e, quando pensei que o momento ia ser finalizado, os meus filhos começaram uma música. Depois ficamos sabendo que o nome é "Sou Teu Anjo".
Foi um momento muito fofo, principalmente por ter partido deles e por terem planejado a surpresa. Quando olhei para trás, a maioria das pessoas estava chorando, minha mãe então, nem vou comentar. Demos um abraço demorado e retornamos aos nossos lugares. Kaique se direcionou para o fundo da igreja porque entrou com as alianças.
Achei que ia ser um casamento bem demorado por conta do batismo e pelo padre conhecer a fundo o casal, mas não foi. Cerimônia breve, bonita e cheia de emoções.
Na saída, a gente não encontrava Milena e Kaique. Eles precisavam aparecer nas fotos e, claro, sair com a gente. Quando ouvimos um badalar desgovernado do sino, soubemos exatamente onde aquelas criaturas estavam. Juh ia subir as escadas quando se bateu com eles, rindo descaradamente e pedindo para que a gente não brigasse com eles, pois só sentiram muita vontade por nunca terem chegado perto de um.
— Vão tirar as fotos, seus relaxados! — Falei, e eles saíram rindo depois de muitos beijinhos em agradecimento.
Na comemoração foi tranquilo, os recém-casados aproveitaram bastante, ficaram até o horário do voo para a lua de mel. O clima estava bem gostosinho, tanto que Kaique e Milena dormiram e nós duas permanecemos por bastante tempo ali.
Eu estava bebendo uma cerveja e Júlia queria vinho. Avistou um garçom e foi até ele, fui verificar se estava tudo bem com Mih e Kaká, e tudo permanecia bem, pareciam estar em sono profundo. Retornei e Juh ainda não tinha voltado, olhei na direção que havia ido e notei Sarah a acompanhando e acariciando a cabeça dela, a minha gatinha estava com uma cara de brava, e minha cunhada ria disfarçadamente.
— O que houve? — Perguntei.
— O garçom foi implicante. — Ela me respondeu, mas não entendi.
— Ele só perguntou se ela tinha idade para beber e não queria liberar, mas aí eu cheguei e a salvei — Sarah explicou, e eu fui rindo junto com ela.
— Aaaah, não fica assim... Isso é até um elogio, amor... — Tentei inverter a situação, mas sei que é algo que a bichinha não gosta.
— Não pira, é só porque você é uma fofa — disse Sarah, dando um beijo em sua bochecha e se dirigiu a outra mesa porque a chamaram.
Acho que Juh falaria por horas sobre a situação, mas eu não queria vê-la estressada.
Segurei-a pela cintura e a sentei de lado no meu colo, ela veio sem resistência, mas estava séria ainda.
— Que muié braba eu tenho, meu Deus... — Falei, segurando a taça dela e colocando na mesa.
Quando ela se preparava para responder, puxei seu rosto e a beijei. Meus lábios frios se aqueceram na boca quente dela, o leve gosto da bebida deixou mais gostoso.
— Vem aqui comigo, vou arrancar essa braveza toda agora mesmo. — A chamei, e ela veio logo após esvaziar a taça de vinho, me deu a mão com um olhar interessante e muito sexy.
Abri a sala interditada, tranquei a porta e encostei Juh nela, ela cruzou os braços no meu pescoço e sorriu enquanto eu me aproximava.
— Você planejou isso? — Perguntou-me.
— Não mesmo, mas você sabe... Não costumo desperdiçar oportunidades... Ainda mais quando... — Suguei o seu lábio superior — ... Quando eu estou queimando de desejo... — E sorri sinuosamente.
Ela segurou meu rosto, minhas mãos já se encontravam agarradas em sua cintura, nossos lábios se tocaram e nesse momento, para mim, tudo muda. O tempo para, eu esqueço o mundo ao redor. A única coisa que importa é aquela linda mulher em meus braços, a minha linda mulher.
Nosso beijo foi quente, lento, cheio de vontade, nós duas estávamos muito afim de fazer acontecer e ficou perceptível. Arrepiou até a minha alma quando senti a língua dela dançando na minha boca, a movimentação perfeita e sincronizada dos nossos lábios, nossos corpos quase que quebrando a lei do princípio da impenetrabilidade da matéria e provando que dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço.
A gente não tinha pressa, estava delicioso degustar aquele beijo saboroso. Eu ficaria por muito mais tempo nele, mas no auge da conexão, com a excitação transbordando pelos nossos poros, lentamente Juh se afastou depois de alguns selinhos, abri os olhos e ela suavemente levou as mãos ao meu rosto novamente, encostou nossas testas e disse em um sussurro: - Fecha os olhos, môh - atendi seu pedido sorrindo e ela me deu um último beijo antes de me soltar.
Ouvi o o barulho de como se ela estivesse se despindo.
— Não queria que você tirasse a roupa, gatinha... — Disse-lhe.
— Eu imaginei que não, por isso, não estou tirando... — Me respondeu, rindo.
Depois escutei um barulho de bolsa abrindo e fechando. Pelo visto não dava para adivinha e ela não me daria dicas, então resolvi esperar ansiosamente.
Juh me deu alguns selinhos e logo já estávamos em um novo beijo gostoso e envolvente.
Abri os olhos, fiz questão de examinar cada pedacinho dela, mas não notei diferença alguma. Perguntei em seu ouvido: — O que você fez, gatinha? — E depositei alguns beijos demorados e molhados no seu pescoço.
— Você vai descobrir... — Ela me respondeu, com um tom de voz sexy, enquanto sentia os efeitos da minha boca em sua pele.
Fui passando uma das mãos levemente sobre seu corpo e ouvindo seus suspiros se intensificarem junto com sua respiração pesada. Subi bem devagar tateando o seio esquerdo dela e livrando do vestido com certa facilidade. Abocanhei-o, encarando seus belos olhos, eles estavam mais vibrantes e intensos que nunca, mas logo se fecharam. Júlia gemeu bem manhosa, quase encostando em mim e apertando com bastante força a minha cabeça contra ela. Ela não estava aguentando ficar em pé, então, sem tirar a boca, pelo contrário, chupando com mais fervor, a envolvi em meus braços e a coloquei em cima da bancada. Dei algumas mordidas e beijos ao redor do mamilo e repeti todo esse carinho no outro seio.
— Aaaaaannnnn, amor... Eu... Eu não estou aguentando... — Ela gemeu bem ofegante. — Me chupa logo, por favor!
— Hoje eu não estou com pressa... — Falei, rindo maliciosamente e a atacando com um novo beijo.
— Estou com medo... — Juh confessou.
— Medo de mim? — Perguntei, ao chupar o seu pescoço bem suavemente.
Enquanto gemia ela balançou a cabeça negativamente.
— Medo do lugar? — Perguntei, chupando o outro lado do pescoço, finalizando com um beijo.
— Não... — Júlia me respondeu.
— Medo de quê, minha gatinha? — Sussurei, enquanto passava o meu nariz no seu rosto e sentia o cheiro da sua pele.
— Medo de mim, amor... De me descontrolar... Você nem imagina como eu estou aqui... — Ela disse, saltando sobre mim e prendendo suas pernas em minhas cintura.
— Não tenha medo de você, se descontrole! — Eu Exclamei, e sentei no estofado.
Juh segurou meu queixo, mordeu a minha mandíbula e devorou meus lábios enquanto apertava meus seios. O beijo variava de velocidade, horas lento, horas fugaz, mas sempre excitante, com anseio, necessidade e disposição.
Aproveitei a fenda lateral do vestido para acessar sua bunda, apertei e dei um tapa, então notei o que ela tinha feito ao pedir que eu fechasse os olhos. Júlia havia trocado de calcinha, ela usava o fio dental que eu havia comprado no dia anterior.
— Sua safada! — Exclamei, dando outro tapa, e ela sorriu.
— Sua! — Ela revidou.
— Minha! — Me corrigi.
— Issssso, amor... — Concordou em um gemido, quando começou a esfregar sua pepeca na minha coxa, aproveitando também a fenda lateralizada.
Ê muié desgraçadinha, quase me desmonto ali mesmo.
— Você sim planejou isso, SA-FA-DA! — Continuei instigando.
— O plano inicial não era esse, porém aprendi com você que... Não... — me deu um selinho - Devo... — Outro — Desperdiçar... — Mais um - Oportunidades! — E voltamos a nos beijar.
Ela rebolava, subia e descia em cima de mim, eu sentia Júlia toda molhadinha em cima de mim, seus fluídos escorria sobre minha pele e eu não estava diferente, completamente consumida pelo tesão que só aquela mulher me faz sentir.
Inseri minha a outra mão entre suas pernas e brinquei um pouco fazendo movimentos circulares próximo à sua entrada, e novamente escutei seu manhoso gemido, dessa vez ela desconfigurou de verdade nos meus braços e pediu com todas as letras: — Vai, amor, faz o que você quiser comigo! Mas, por favor, vai logo!
Dois dos meus dedos a penetraram bem devagarinho inicialmente, e Júlia, por sua vez, fazia questão de rebolar, ela também gemia gostoso no meu ouvido, não dava para entender as coisas que ela queria dizer, mas estava deliciosa a sensação de tê-la inteiramente e tão cedida a mim.
É o que mais me dá prazer, ver os efeitos que posso causar, as reações que provoco, saber que ela está se contorcendo inteira em cima de mim por uma sensação que eu estou gerando nela. Naquele dia ela chamava o meu nome, dizia que precisava de mim e que ela era toda e somente minha. Esse combo me leva à loucura, só o que importa são os toques, os olhares, os sons emitidos sem controle, o gosto dela na minha boca, a nossa conexão e a pura entrega de corpo e de alma.
Eu tinha tudo, e naquele vai e vem gostoso, eu comecei a sentir os sinais de que meu orgasmo também estava a caminho. Cravei meus dedos curvados nela e senti o seu melzinho escorrer nos meus dedos enquanto um rouco gemido, cheio de manha, soava e, sem intenção (ou não, rs), me fez desaguar à medida que eu apertava nossos corpos.
Me joguei no estofado e Juh veio junto por cima de mim, mesmo ofegante e sem forças, levei os dedos até a boca, enquanto ela sorria olhando para mim. Ficamos um bom tempo assim até que, minha gatinha desceu a boca até minha pepeca e limpou com a língua e subia beijando meu corpo, chegando na minha boca.
— Qual era o seu plano inicial? — Perguntei, quando ela se aconchegou em mim.
— Na hora de ir embora, eu ia trocar e te surpreender assim que a gente chegasse em casa — se explicou.
— Ahhhh, eu ia gostar muito... Estraguei... — Falei, de forma dramática.
— Estragou? Tá maluca? Com certeza foi muito melhor! — Exclamou, como se eu tivesse a ofendido.
— Eu te amo, amor... — Falei, segurando-a pelo queixo e depositando inúmeros selinhos.
— Eu te amo mais! — Respondeu, me abraçando.
— Impossível! — Disse, encarando-a e fazendo cócegas, pois poderia virar uma longa discussão, no bom sentido.
Depois disso, nós fomos ver o estrago visual que causamos uma na outra e como íamos disfarçar para ir embora. Foi engraçado, a gente se olhando e rindo, tentando ajeitar o cabelo, a roupa, as bocas manchadas de batom misturado, várias marcas no corpo e no vestido... Um verdadeiro caos!
— São as consequências de atender aos pedidos da carne onde dá vontade... — falei, agarrando-a por trás e dando um beijinho.
— Nunca mais a gente faz isso — ela disse, rindo.
Eu só fiquei encarando o rostinho dela, que morreu de rir logo após a sua afirmação. Não acho que a gente consiga resistir a certas situações e, estando em um canto seguro assim, não vejo problemas.
Conseguimos ficar mais apresentáveis e saímos juntas. Pareceu cena de filme. No primeiro passo para fora do espaço, literalmente, me bati com Loren. O olhar dela me fuzilou. No mesmo momento, ela entendeu tudo.
— No meu, não se preocupe, eu vou reservar uma salinha pra vocês se comerem também — ela disse e saiu rindo.
— Agradeço! — Respondi, rindo também.
— Meu Deus, como ela soube? — Juh perguntou, após trancar a porta e me devolver a chave.
— Acho que tá na nossa cara e sumimos por bastante tempo, né... — Falei.
— Vamos pegar as crianças e cair fora! — Ela exclamou, correndo para a casinha onde dormiam.
Eles estavam bem fofinhos, no décimo sono, completamente apagados.
— Vamos acordá-los, né? — Perguntei.
— Ahhhh, não, amor! Isso é maldade! — Ela disse, fazendo carinho no cabelo deles.
— Estão grandes... Pesados... — Lamentei, me jogando na cama. Eu estava cansada.
— Eu levo um de cada vez, então... — Juh finalizou.
— Não, não... Vamos, eu pego Mih que está maior... — Falei.
E assim partimos, cada uma com um 'mininu' no lombo.
Chegando em casa, tiramos a roupa das crianças e demos um banho de gato, com lenços umedecidos, e colocamos o pijama. Se eles acordaram em algum momento, não deram sinais, mas eu acho que realmente permaneceram em sono profundo.
Meus sogros já estavam em casa, fizemos o mínimo de barulho possível e fomos tomar nosso banho, cheio de carinho, de carícias e de beijinhos. Doeu colocar o despertador para às cinco horas, só teríamos duas horas de sono. Juh disse que as crianças não iam ter nada importante no colégio, eles até que dormiram bastante, mas resolvemos deixá-los descansar.
No outro dia, a gente levantou no ritmo de uma tartaruga, morrendo de sono, porém com uma alegria fora do comum. As lembranças daquela noite estavam frescas na nossa memória e, a todo momento, a gente observava uma na outra o risinho frouxo.
Tomei um café purinho preparado pela melhor sogra do mundo e Juh bebeu um suco contra a vontade. Partimos, dei um beijo bem demorado antes de deixá-la na escola e fui para a clínica.
Próximo ao horário do almoço, recebi uma mensagem dela:
"Amor, já que você está na clínica, a gente poderia almoçar juntas, né? Estou com tanta saudade..."
E claro que eu concordei.
Fomos em um próximo para não perder tanto tempo. No final das contas, foi só para ficar de amorzinho, porque ela só degustou umas duas garfadas que consegui colocar na boca dela.
— Queria poder ficar nos seus braços o resto do dia — Juh lamentou, quando conferiu o horário.
— Eu também... — Concordei, cheirando o pescocinho do meu amô.
Contudo, nós tínhamos muito o que fazer ainda. Retornamos para nossos postos e só nos reencontramos no final do dia, quando fomos para casa descansar, desfrutando da companhia da nossa família, que ainda estava em peso na cidade.