Aventuras na Universidade - Capítulo 18 - Conversas dificeis, 2ª conversa, Mamãe!
Bissexual, Universidade, Transição, Transex, Crossdresser
(Esta série é uma continuação de Sendo Livre, muitos fatos aqui relatados tem relação com ela, recomendo ler, mas pode ser lida separadamente)
As 10hs toca o interfone e Vanessa desceu pra receber a menina, eu fiquei ali no sofá, vestia um vestido solto, calcinha e sutiã floral nada abusado, mas havia algo diferente, havia colocado os implantes de silicone, então não era apenas um menino que se passava facilmente por menina, era um menina trans, ou que queria ser assim, eu estava digamos uma linda travesti, se fosse olhar nos detalhes.
Assim que a menina entrou, já levantei e a abracei e beijei no rosto, algo bem de meninas, ela deixou a sacola enorme e uma maleta ao lado e já foi me perguntando.
– Bom Valentine, a Vanessa já me disse o motivo que me trouxe aqui, fique tranquila e quer saber, juraria por tudo que você não é Trans, pra mim olhando é uma mulher CIS completa, mas isto não muda nada, me conte que estilo quer e com que intensidade, digo, quer que dure horas, um dia, dois. tudo é reversivel, apenas a intensidade da duração amorzinho.
– Acho que 1 dia.
A Vanessa interveio.
– Como é reversível, Val, que tal dois dias, se algo der errado amanhã que imagino não ser o caso, retiramos, mas se der tudo certo, vamos ter um sábado e domingo lindos com sua mãe, o que me diz?
– Ia sugerir isso amiga, Valentine é até mais fácil e prático, o preço não muda, ficaria feliz se tirassem inúmeras fotos pra depois quando for possível eu divulgar, estou tão empolgada com isso, já tenho uns 30 clientes trans, inclusive uns 5 na universidade.
– Bom, vamos então, mas agora me conta, quem são os UniTrans, fiquei curiosa.
E assim começou, a Júlia, a Maquiadora, que era também depiladora, cabeleireira, ou seja era um faz tudo em se tratando de mulher, ela atendia a um grupo de teatro e sempre tinha uma ou outra transformação destas em suas semanas.
Ela não contou quem eram, mas deixou escapar que no curso de Agrárias, tinha 3 meninas trans e 2 meninos trans, eu fiquei impressionada, acho que isso vinha de encontro ao que o grupo de apoio havia mencionado, mas eles tinham dado algo em torno de 170 universitários em transição de gênero e já transacionados em toda a Universidade. Alguns até já egressos, mas nunca foi dito a identidade, se isso acontecesse seria por que a pessoa assim preferiu identificar-se.
Já eram umas 15 horas quanto Júlia encerrou seu trabalho, nossa, quando me vi, desde a depilação, até uma tatuagem de rena que ela mesma fez, eu estava completamente diferente, se havia impressionado Vanessa, agora eram nós duas que não economizamos em elogiar o trabalho e é lógico a modelo, neste caso eu, que ali estava.
A previsão de mamãe chegar no aeroporto era de 16hs, havíamos falado em buscar mamãe, neste caso Vanessa, mas mamãe antecipou a ideia dizendo que Uber resolvida o assunto de uma forma mais prática e assim evitaria esperar e gastos com estacionamento, etc. No fim ficou melhor.
Às 16h08, mamãe mandou recado dizendo que já havia chego, feito check in e estava aguardando o Uber, eu aflita não parava quieta, então Vanessa tomou o rumo.
– Meu anjo, vai pro Quarto, acalme-se, daqui uns 30 minutos sua mãe chega, vou receber ela aqui, te mando um sinal no celular e você aparece, como combinamos ok.
Ela me chamar de anjo, foi acalentador, já não nos chamávamos por amor a algum tempo, desde que assumi Robson, foi um pedido dela, pois se sentia constrangida em ouvir eu chamar ela assim, mesmo namorando outro (virtualmente), já não nos relacionamos sexualmente, apenas trocamos confidências e até então Vanessa não havia saído com mais ninguém, tamanho era seu empenho em minha transição.
Tocou o interfone, Vanessa autorizou subir, na verdade uma formalidade pois o Zelador e o porteiro sabiam quem era minha mãe, ela que havia visitado o apartamento nos dias que antecederam o fechamento do contrato de locação.
Ouvi mamãe chegar, ouvi uma conversa inicial delas e uns 10 minutos depois quando ouvi que Vanessa ia buscar uma água gelada recebi a mensagem, dê-me 1 minuto.
Ouvi ela colocar o copo na mesa de centro e era o sinal, abri a porta, e lentamente me coloquei à frente de mamãe, ela parou, ficou ali mais me admirando do que me medindo, mas me olhando do que me julgando, levantou-se e me abraçou dizendo:
– Agora entendo a insistência de eu vir sozinha, o que está acontecendo FILHA!
Mamãe era muito mais esperta e compreensiva do que qualquer outra pessoa das famílias, a Vanessa como num passe de mágica, saiu da sala quando nos abraçamos, e quando vimos éramos apenas nós duas, mãe e filha ali saindo de um longo abraço.
– Então mamãe, é isso, desde o casamento que vivi experiências e momentos realmente intensos como mulher, eu me sinto mulher, quero ser mulher, não consigo mais me ver no meu antigo Eu, Vic…
Mamãe me interrompeu colocando um dedo em meus lábios, singelamente disse.
– Filha, lá no passado eu já imaginava este dia acontecer, mesmo distante, mesmo com o relacionamento seu com Vanessa, eu sabia, como mãe, que teria um nova filha, não estava distante e distraída de tudo, muito pelo contrário, já há algum tempo sem você perceber em nossos áudios, você cometeu alguns deslizes na voz, no uso de adjetivos femininos, houve uma chamada de vídeo que apareceu seu guarda roupa aberto, com roupas femininas, eu apenas aguardei você se abrir comigo, não iria lhe forçar a nada filha.
– Ai mãe, puxa, devia ter me perguntado.
– Não seria o momento, tinha que haver um amadurecimento disso em você, sua tia comentou que Vanessa havia terminado o namoro, mas pra nós você não falou nada, seu pai achou que você havia traido Vanessa, tadinho.
– Papai sabe?
– Não de Valentine, como vejo agora, ele sabe que Vicente, tem outros gostos e tendências, quando ele se afastou de seu tio, eu pude com o tempo moldar seus pensamentos, digamos que ele analisou os vídeos do casamento, perguntou muitas vezes para mim o que eu achava e eu na medida do possível fui lhe iniciando na possibilidade de que você poderia ser uma transexual.
– E ele mamãe, o que realmente disse, me acha uma aberração.
– Não filha, jamais, ficou decepcionado no inicio, mas uma certa vez, vendo uma menina no shopping ele falou algo como, nossa parecida com nossa filha, mas depois se perdeu todo tentando explicar e eu apenas lhe acalmei.
– Ele me aceita?
– Não sei, terá que ver isso você mesma, mas ele sabe que seu antigo eu não volta, acho que sim, ele te ama mais que tudo filha, como eu te amo, mas me conta, como está sua vida na Universidade, como é isso, tem sofrido preconceito?
– Não mamãe, Vicente, não fique com melindre, é Vicente que vai pra aula, pro estágio, pra monitoria, pra vida, eu estou assim agora para exatamente ser a senhora a primeira, tirando Vanessa e minha maquiadora a me verem como eu me vejo.
Houve um silêncio, então mamãe falou?
– Você se produziu assim para mim? Não precisava.
– Mamãe eu não sabia como lhe contar, talvez a imagem fale mais, então eu e Vanessa analisamos inúmeras coisas, já fazem mais de 30 dias que frequento um grupo de transgeneros da Universidade, com acompanhamento psicológico, não fiz ainda uso de hormônios, a ideia inicial é conversar com meus pais, expor meus sentimentos, falar meus planos e juntos caminharmos para um final feliz.
– Entendi, mas cadê Vanessa, bobinha, não precisava ter saído.
– Vany, vem aqui!
Vanessa apareceu mais rápido do que o vento, com uma cara de aflita, mas pegou eu e mamãe sorrindo de mãos dadas, então mamãe agradeceu o apoio e iniciamos as conversas sobre planos. Em certo momento, mamãe não se aguentou e perguntou.
– Vanessa, desculpe, mas sabemos de suas preferências por meninas, me diga afinal, aconteceu algo que não está namorando Valentine, acharia normal, houve algum problemas com sua família ou Valentine fez algo.
– Eh, não, imagina! Vanessa não esperava isso então eu intervi.
– Mamãe, adiantando, era um assunto para amanhã, mas vamos lá, eu estou namorando um menino, virtualmente é claro, que tem me apoiado.
– Virtualmente filha, está enganando ele, se for pare com isso agora, virtual é meio complicado filha, não existe o calor da pele, do beijo, não acho certo.
– Credo mamãe, tá é atualmente virtual, pois ele, quer dizer a senhora já viu ele, inclusive já me viu beijando ele, lembra daquele lance no casamento, meu namorado é o irmão do Álvaro, esposo da Isabele, lembra?
– Nossa, lembro sim, foi um pouco antes da confusão com seu pai e tio na festa, como não lembrar de toda aquela confusão, por sinal, desculpem a vocês duas pelos acontecimentos, não falamos no assunto desde então, perdoem nossos maridos.
– Ex-maridos né titia, mamãe se separou daquele nojento!
Nisso ficamos assustados, com o tom e a forma que Vanessa falou de seu pai, meio que não esperávamos uma reação tão forte, na verdade não tocar no assunto era algo delicado, sabíamos que algo havia de errado com a família de Vanessa, mas era segredo, eu acho que mamãe sabia, mas nunca falou, então apenas nos olhando e abraçamos ela com mamãe falando.
– Desculpe, esqueçamos isso, mas lembro do menino sim e de sua mãe toda escandalosa no casamento com os arranjos do casamento de seu filho, mas entender e contrariar uma mãe nessas horas é um perigo rsrs.
Foi mamãe tentando tirar o ar pesado do momento.
– Sim, um assunto por vez, mas e vocês duas, mãe e filha, alguém está com fome?
Vanessa era rápida em sair de situações indelicadas, então já havíamos planejado sairmos as tres comer fora, até para que mamãe visse sua filha em femme e como eu me sairia.
– Mas é seguro, tudo bem, pedimos algo aqui, uma pizza meninas.
– Calma mãe, é seguro e totalmente natural sairmos, ou está com vergonha de sua filha hein?
– Imagine, linda e educada como você está jamais filha, vamos sim, mas posso me trocar, creio que nem eu nem Vanessa estamos aos pés de Valentine ou estou errada Vanessa?
– Está certíssima titia, essa aí entrou 3 vezes na fila de beleza, fica a vontade, vou deixar a porta aberta, pode usar qualquer quarto tia, inclusive o meu, eu ficarei com Valentine no quarto dela dormindo.
– Dormindo, hum sei, olha lá hein, minha filha não fica exibindo por aí hein.
Rimos e assim mamãe e Vanessa forma pro outro quarto se arrumarem, e de lá Vanessa ia pedindo pra mim levar algumas coisas suas pro quarto, pra dormir, mamãe já estava se trocando, seminua em minha frente, que me fez recuar num grito.
– Mamãe !!!!!!!!
– Não seja boba, nós mulheres não temos segredos, nem de nossos corpos, vai se acostumando menina.
– Tá né, mas é mãe!
– E é Filha e Sobrinha!!!
Realmente eu entendi, não havíamos colocado estes pontos nos nossos planejamentos mas eu e Vanessa nos olhamos e uma transmitiu exatamente isso, relacionamentos femininos, tínhamos que focar nisso, pois eu e ela dado o relacionamento amoroso, esquecemos do relacionamento entre mulheres, amigas e confidentes.
Deu que 40 minutos depois, já passados das 21hs, fomos de Uber até uma lanchonete famosa para fazermos nosso lanche.
A noite transcorreu excelente, entre risadas, paqueras, pois vieram tentar algo com nós três, mas mamãe em seu jeito delicado, pois todos a correr chamando o garçom e dizendo do constrangimento, deu que no final não pagamos a comida, de cortesia e apenas as bebidas, que era justo.
Em casa, mamãe pediu para nos trocarmos pra dormir, mas ainda queria conversar mais um pouco pois a bebida e a comida lhe tinham tirado o sono e como ela mesmo dizia, ainda estava enfastiada pela orgia estomacal.
Quando apareci de babydoll, mamãe não deixou de me elogiar, e espantada ainda falou.
– Mas filha, como tá fazendo com esses seios, sendo Vicente?
– Mamãe, obra sua e da titia, são as mesmas do casamento, não jogamos fora.
– Nossa, parecem maiores?
– Seios quanto menos roupa maiores ficam, igual a calcinha, quanto menor maior fica a bunda né mãe!
Caímos na gargalhada e voltamos a falar do casamento, ponto de partida que mamãe escolheu para me perguntar coisas e Vanessa não ficou fora do festival de perguntas.
Certo momento recebi uma mensagem, de um amigo do grupo de apoio, era exatamente uma foto de nós 3 na lanchonete, eu mostrei a todas e demos algumas risadas, agradeci a foto, mandei coraçõezinhos e depois falei pra minha amiga trans que conversariamos na terapia, pois mamãe iria ficar pouco tempo em Curitiba e iria curtir este momento com ela, pois no grupo sabiam que hoje seria o dia D, de me assumir pra minha mãe.