Capítulo 02

Um conto erótico de Sargento Pimenta
Categoria: Heterossexual
Contém 1719 palavras
Data: 07/01/2025 10:08:25

Tiago observou o número, mas não lembrou-se de ter visto anteriormente. E sua vida pregressa não facilitava muito. Talvez, se tivesse tido poucas parceiras durante a sua juventude, poderia identificar prontamente. Mas não, ele aprontava bastante quando jovem. Não tinha como adivinhar.

Finalizou a sua refeição, e trocou-se. Saiu de casa meio disperso, pensativo, e mal ouviu Janaína e Cínthia chamarem-lhe logo atrás.

– Professooooor! Jurava que não ia vê-lo nas férias! – berrou Cínthia, uma morena com cabelos encaracolados, olhos amendoados e corpo esbelto, conhecida na escola por ser extrovertida e “desenrolada” com as palavras.

– Oi, Cínthia. Oi, Jana! Acordadas tão cedo nas férias? – respondeu, olhando também para a amiga, mais baixinha, de pele branca e cabelos ondulados. Os olhos, escuros, contrastavam com o tom róseo da pele da menina.

– É, professor. Vamos no rio. Meu pai vai colocar o jet na água. Aproveitar as férias, né? – adiantou-se Cínthia.

A morena era filha do ex-político influente na região, que ainda jurava haver resquícios do coronelismo de outrora. O Seu Thécio, como era conhecido, foi deputado estadual por muitos anos, garantindo o sustento e a boa vida da família. Também era dono de uma das maiores fazendas de gado leiteiro da região. Pouquíssima gente entendia como mantinha a filha na escola pública, mas dizia ser escolha dela, ainda mais sendo filha bastarda. Os filhos com sua finada esposa, já crescidos, estabeleceram-se em Maceió, e tocavam suas vidas. Ficara só o velho e a menina de 17 anos, cuja guarda passou a ser sua desde seus 8.

– E o senhor? Tá indo na escola? – perguntou Jana, naturalmente com sua voz mais recatada.

– Pois é… As férias são de vocês, não minhas. – falou o professor, entre risos.

– Ai, professor, arruma um tempinho para se divertir também. Olha, o jet vai ficar com a gente o dia todo hoje. O senhor tá convidado. Ainda mais sabendo que vai dar aula pra gente esse ano… Já serve como nota, né? – brincou Cinthia.

Tiago havia passado um tempo afastado das aulas do ensino médio, enquanto cuidava da coordenação pedagógica. Porém, houve remanejamento dos professores, e ele precisou assumir novamente a disciplina de Física nas últimas séries escolares. Acumularia as funções, o que seria um baita desafio.

– Quem me dera. E deixe de ser tão espertinha, que nessa lábia sua, já fui vacinado. Aproveitem o dia, meninas. Vou cuidar na vida e talvez no fim da tarde eu apareça no rio. Um mergulho não fará mal.

– A gente lhe espera, professor. Até mais tarde – respondeu alegre a morena, acompanhada de Jana, que acenou sem jeito.

Era curioso como as duas eram amigas, tendo personalidades e modos de vida tão diferentes, andavam juntas o tempo todo. Mesmo com Cínthia tendo notas tão ruins, Janaína continuava sendo a primeira da sala, tendo 1 ano a menos. A amizade não parecia influenciá-la negativamente.

O dia passou sem grandes alterações. Discussões sobre o calendário letivo, trocas de corpo docente e matrículas o dia inteiro. No horário de almoço, num dos restaurantes populares próximos à escola, Tiago reconheceu um antigo colega de escola, que passava as férias no município, famoso pelos passeios de catamarã nos canyons. Bruno havia engordado, mas foi fácil de reconhecer

– Brunão! Quanto tempo, cara! Te encontrar logo aqui? Conhecendo o sertão?

– Fala, Tiagão! Caraca, faz o quê? Uns 10 anos? Talvez mais? Porra, saudades de ti, mano! Vim com a família aproveitar uma semaninha de recesso. Vou pegar um passeio nos canyons. E você? O que faz por aqui?

– Cara, eu fui lotado aqui depois do concurso. No começo, achei ruim, mas já me acostumei e agora nem quero sair. Gostei demais do sertão. Veio com os pais?

– Não, vim com a mulher, mas ela tá no hotel. Preferiu ficar com a filha por lá.Eu nem te disse que casei, né? Uma médica que conheci em Brasília. Rafaela, o nome dela. Acho que encontrei a minha metade, man. Deixa eu mostrar uma foto… Poxa, esqueci que deixei o celular com ela… Mas depois te apresento. Então, eu gosto de conhecer as cidades que visito, aí tô dando um rolê e vendo os locais. Mas me conta, o que tem feito da vida nesse tempo todo?

– Então, nada demais. Faculdade, concurso… Tô noivo, mas moramos juntos, praticamente, embora ela esteja em Maceió, e eu aqui. Sempre que dá, tiro uns fins de semana para ir pra lá. Trabalha numa construtora. É arquiteta.

– Pô, bacana, Tiago! Saudades de você, cara. Vamos marcar de noite qualquer dia dessa semana para tomar uma e nos atualizarmos.

– Vamos sim, meu querido. Com certeza.

Tiago olhou para o relógio, que já apontava o horário de retorno. Despediu-se do amigo de adolescência, e voltou para a escola. Finalizou as obrigações de curto prazo, e adiantou algumas dos dias seguintes. Planejava retornar à Maceió no fim de semana para passar uns dois dias com sua noiva. Fazia quase duas semanas que não a encontrava.

Já eram quase 17h, e Tiago decidiu sair mais cedo, para ver se aproveitava um pouco do resto do sol para um mergulho no rio. Acostumado com a praia, sempre usufruía do mar, sempre disponível. A água do rio, mais confortável, era convidativa e irresistível.

Passou em sua casa, trocou de roupa, arrumou uma necessaire, pôs uma sunga, e rumou para a prainha, o point de banhistas da cidade. Encontrou uma mesa vazia, e ainda havia algumas pessoas aproveitando o rio, embora o clima já estivesse começando a esfriar.

Mergulhou nas águas quase gélidas. De início, era torturante, mas rapidamente o corpo acostumou-se com a temperatura que passou a ser agradável. À pouca profundidade, os piaus rebolavam, fugindo do movimento que ele e outros banhistas causavam. Esses momentos eram verdadeiras dádivas de se estar no sertão.

Deixou-se permanecer na água por uns minutos, sentado na areia no fundo. Pediu uma cerveja a uns dos garçons que transitavam na prainha. Bebeu-a por lá mesmo, admirando a correnteza eterna do Velho Chico. Algumas belas mulheres passeavam, com as canelas na água, exibindo biquínis novos, e corpos curvilíneos. Olhava para uma ou outra, reparando na suculência das carnes balançantes.

Um jet-ski subiu o rio com velocidade. O condutor, ou melhor, a condutora, deixava um curto véu negro de cabelos encaracolados acompanhar-lhe o trajeto. O biquíni branco era parcamente escondido pelo justo colete salva-vidas laranja, e as pernas, delicadas e juvenis, abraçavam a embarcação conforme o sacolejar das marolas a tentava derrubar.

Cínthia aproveitava as mordomias que a vida lhe dera. Pelo pouco que soubera, por conta do bafafá da equipe da escola, ela fora concebida num dos casos do pai, na época em que ele estava na assembleia legislativa. Conta a história que, aos 8 anos, a menina fora descoberta com anemia grave, e a mãe, envolvida com drogas. O pai, que pagava uma gorda pensão, tomou a criança para si, e desde então ninguém nunca mais ouviu falar da genitora. Suspeitavam que o político havia mandado dar cabo à vida dela.

Quase 10 anos depois, Cínthia agora detinha a alcunha de princesa da cidade. Sendo filha do manda-chuva local, usava o poder que tinha a seu bel prazer.

– P… Professor? – uma voz baixa chamou-o.

Era Jana, que encontrara-o ali, divagando, e decidiu juntar-se a ele. Ostentava uma canga de crochê dourado, e por baixo, como que escondido dos olhares masculinos de cobiça, um biquini verde claro, comportado, mas que falhava em esconder a volúpia da mulher que residia ali.

– Ora, Dona Jana… Ainda por aqui? Passaram o dia inteiro na água?

– Mais ou menos. Eu já queria ter ido, mas Cínthia ficou pedindo para que eu ficasse. E ela encontrou uns amigos dela, ficaram por ali bebendo… Eu não bebo, então preferi sair de perto.

– Essa Cínthia, tem jeito não mesmo. Mas aproveitou o dia? Pilotou o jet?

– Andei um pouquinho, mas não levo jeito pra coisa.

Ela olhava sempre para o fundo das águas, como que por vergonha de estar trajada de forma tão reveladora. A face corada dava um toque mais angelical à moça, que sentara comportadamente, de pernas cruzadas, e mãos repousadas gentilmente, cobrindo-lhe a púbis, como se o biquíni não estivesse cumprindo o seu papel.

Tiago nunca havia olhado Jana de tão perto. Realmente, era uma menina ímpar. Nos seus 16 anos, era um exemplo de responsabilidade e comportamento. E agora, era um ícone de beleza singular. Felizardo seria aquele que roubasse o coração de tão belo anjo.

O barulho crescente do motor despertou o professor de sua admiração. Cínthia reconhecera os dois, e decidiu achegar-se.

– E não é que o senhor veio mesmo? Estou surpresa. – falou a morena, manobrando o veículo para visualizá-los melhor.

– É, arrumei um tempinho na agenda. Mereço, né?

– Sem dúvidas… Quer pilotar um pouco, professor? Um ponto na primeira prova, e é todo seu.

– Não, pode estudar mesmo.

– Tô brincando, você sabe, né? – riu-se a menina – Jana, saiu da mesa por quê? Não me diga que já vai…

– Cínthia, tá tarde já… Eu tô com frio. Acho que vou aproveitar a carona com o professor – respondeu Jana, olhando de soslaio ao se oferecer para pegar uma carona com o vizinho.

– Aff, esse povo matuto. Tá bom, mas eu vou demorar mais um pouco. Vou me despedir do pessoal. Eu chamo meu pai para vir me buscar.

– Esse pessoal, você conhece? É de confiança? – interpelou Tiago, preocupado em deixar uma aluna sozinha com desconhecidos.

– Ah, que fofo… Como ele é protetor… São sim, conheço todos. Pode ficar tranquilo, prof.

Organizaram-se os dois para irem para casa. Tiago foi pagar a conta, enquanto Jana foi a um banheiro trocar de roupa, embora o professor afirmasse que não havia problema, já que os bancos do carro eram impermeáveis.

Entraram no veículo, a garota desviando o olhar. Exalando timidez. Tiago ria-se por dentro, olhando as reações da menina mulher. Ao destravar o freio manual, o dorso de sua mão resvalou no dorso da delicada mão de Janaína, que agarrava o banco como se o próprio fosse sair correndo. Rapidamente ela corou e pôs ambas as mãos nas coxas, fazendo Tiago soltar uma gargalhada.

– Tá com medo de quê, menina? Parece que não me conhece e não me vê todo dia. Deixe de coisa.

Ele a viu soltar um riso corado, curto. Algo aconteceu para essa mudança de comportamento. E ele gostaria de saber o que causou tudo isso.

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Foto de perfil genéricaSargento PimentaContos: 2Seguidores: 1Seguindo: 5Mensagem Alagoano, de 31 anos. Já enveredei muitas vezes no mundo da literatura erótica, mas algumas delas acabei dando um passo atrás e desistindo. Escrevi algumas séries que por medo ou tabu, acabei apagando. Retornando aos poucos ao mundo da prosa erótica.

Comentários

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Gostei do início da história. Aguardando a continuação.

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A história promete ser boa

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