*Bonzinho só se fode!?!??? Parte 6.1 Reflexões, decisões e arrependimentos. *

Um conto erótico de Manfi82
Categoria: Heterossexual
Contém 3879 palavras
Data: 07/01/2025 15:02:30
Última revisão: 07/01/2025 15:56:47

Bonzinho só se fode!?!???

Parte 6.1 - Reflexões, decisões e arrependimentos*

(É a última parte um pouco estendida)

Pessoal, primeiramente, agradeço a todos pelos comentários e críticas referentes ao conto anterior.

Na ânsia de tentar deixar o texto mais conciso, acabei deixando a desejar em alguns pontos. Vou retomar o que tinha escrito e acrescentar mudanças que, acredito, ajudarão a diminuir as dúvidas em relação às ações dos personagens, tornando essas ações mais compreensíveis (ou não).

Tenho apenas que agradecer a todos que me ajudaram com suas críticas e sugestões. Peço desculpas caso, novamente, o texto não corresponda às expectativas. Não haverá mudanças no enredo e, consequentemente, no final da história, mas melhorar o desenvolvimento é algo que considero obrigatório.

Por isso, mais uma vez, só tenho a agradecer a todos que contribuem e contribuíram.

Sem mais enrolação…

Boa Diversão.

…,Sergio)

Após Thais deixar o quarto onde eu estava internado, algo forte e inexplicável começou a tomar conta de mim. Era como se um turbilhão de sentimentos me esmagasse, me deixando à deriva em meus próprios pensamentos. Eu tinha feito algo que nunca imaginei ser capaz. Guiado pela raiva e pelo ressentimento, usei qualquer resquício de sentimento que ela pudesse nutrir por mim — culpa, remorso ou até o desejo de salvar o que restava do nosso relacionamento.

Mas agora, sozinho naquele quarto, eu não conseguia sequer entender o que tinha acabado de acontecer. Pela primeira vez, sentia vergonha de mim mesmo. E olha que já tinha motivos suficientes para isso, segundo muitos. No entanto, até então, eu não sentia vergonha — apenas arrependimento, tristeza, mágoa... mas vergonha? Nunca.

Ver aquela mulher que eu um dia amei tanto — alguém que sempre admirei e respeitei, que irradiava confiança e uma soberba quase arrogante, como uma perfeita narcisista — se deixar levar daquele jeito… Era quase inacreditável. Aceitar coisas como as que poderiam ter acontecido com a privada, por exemplo.

Ela não era mais ela mesma. Tinha se entregado a algo que, para mim, era simplesmente incompreensível. E eu… eu me aproveitei disso. Rebaixei-a a um mero objeto de prazer, uma sombra do que ela um dia representou para mim.

Agradeço a Deus pelo momento de lucidez que me atingiu, como um raio partindo a névoa de impulsos irracionais que dominavam minha mente. Não podia permitir que ela saísse daquele banheiro humilhada, reduzida a algo que nem ela nem eu merecíamos presenciar. Se uma vingança tem que acontecer, não será me colocando no mesmo nível de Sandro ou dos outros que ela virá.

Decidi, então, demonstrar o mínimo de respeito que me restava. Limpei-a com cuidado, como quem tenta recolher os cacos de algo valioso. Era uma tentativa de trazê-la de volta à realidade — uma em que ela ainda era uma pessoa, alguém que merecia ser tratada com dignidade, mesmo no seu estado mais fragilizado.

Quando ela finalmente se vestiu e saiu daquele quarto, eu fiquei ali, paralisado por sentimentos que pareciam travar uma guerra na minha cabeça. Raiva, desprezo, culpa e um resquício de humanidade que insistia em não morrer.

Eu não menti quando disse que só sentia raiva dela. Não menti. E, honestamente, acho que ela e os outros precisam pagar pelo que fizeram. Mas como? E até onde essa dívida deve ir? A verdade é que, naquele momento, eu estava longe de chegar a qualquer conclusão.

…….

(Thais)

Apesar das palavras duras que ouvi depois de tudo o que aconteceu, eu estava em êxtase. É difícil explicar a sensação que tive ao me entregar daquela forma ao Sérgio.

Muitos de vocês, leitores, e praticamente todos que conhecem nossa história, não acreditam ou não aceitam o fato de eu amar tanto o Sérgio, mesmo depois de todas as coisas cruéis que fiz com ele.

Eu nunca tinha traído o Sérgio antes do nosso primeiro término. Já expliquei que pedi aquele tempo de afastamento porque não conseguia entender como ele podia ignorar as brincadeiras, cada vez mais inapropriadas, de alguns amigos da faculdade (eu tinha acabado de começar) e como aquilo estava nos afastando.

Meu maior erro foi ouvir seus irmãos, principalmente Laura, minha melhor amiga desde sempre e Sandro, que, na época, parecia ser o único amigo de verdade que ele tinha.

Foi para Laurinha que desabafei depois de uma primeira conversa com Sandro, que me fez acreditar que Sérgio ou era gay ou, pior, estava me traindo.

Quando percebi que, naquele momento, ambos tínhamos sido enganados e manipulados, um buraco enorme se abriu no meu coração.

Eu me senti a pessoa mais burra do mundo ao ouvir tudo o que Sérgio me falou. Ele sempre esteve incomodado, mas se sentiu intimidado a reagir. Recorreu a Laurinha, principalmente, e ela o orientou a não reagir.

Como não percebi o modo como Sandro começou a me visitar com mais frequência? Ele certamente ouvia todas as lamentações do lado de Sérgio, inclusive como eu não conseguia me concentrar durante o sexo, por conta da dor que senti nas nossas primeiras vezes. Ele usou isso contra mim. E, ao final daquela viagem, a dor e a humilhação se tornaram aliados dele.

A parte mais difícil de explicar, e que me custou anos de terapia para entender, é como me deixei envolver daquela forma. Como fui, aos poucos, perdendo totalmente minha dignidade, meu amor-próprio, até não ter mais controle das minhas vontades.

Naquele momento da história, porém, eu não tinha condições de entender ou responder a essas questões. Para ser honesta, isso nem estava na minha cabeça. Voltando para casa, a única coisa que preenchia minha mente era o momento maravilhoso que vivi com o amor da minha vida.

Quando cheguei, corri para abraçar Vitinho! Confesso que estava um pouco dolorida, mas meu humor tinha mudado completamente. Eu sabia o que precisava para, enfim, ser plenamente feliz. E estava disposta a fazer qualquer coisa para alcançar isso.

……

(Sergio)

A visita médica, que normalmente ocorria de manhã, só aconteceu no meio da tarde. O Dr. Fabrício, assistente da equipe, percebeu rapidamente que havia algo de errado comigo. Ele foi atencioso, me ouviu e prometeu conversar com a Dra. Juliana, chefe da equipe e responsável pelo ambulatório de traumas relacionados a relacionamentos abusivos.

Agradeci sem muita convicção e, tentando fugir dos meus próprios pensamentos, chequei o celular. Havia duas mensagens do meu advogado sobre assuntos irrelevantes e uma de Thais. Uma mensagem longa que irei compartilhar com vocês:

“Meu amorzinho.

Eu te agradeço imensamente por ter me dado a chance de conversar com você. Não tenho palavras para tentar amenizar a dor que te causei, e nem acho que seria justo tentar impedir você de sentir o que sente agora.

Olhando para trás, percebendo toda a nossa história, é impossível ignorar o quanto você foi privado de mostrar o que sentia. Posso apenas imaginar a confusão e a mágoa que estão tomando conta de você, e, sinceramente, sei que seria desumano esperar que você sinta algo além de raiva neste momento.

Eu também sinto raiva. Muita raiva de mim mesma. Raiva por ter sido tão ingênua, por me deixar manipular de uma forma tão absurda. Mas, acima de tudo, sinto raiva pela minha inconsequência. Como eu pude permitir que qualquer sentimento fosse grande o suficiente para me fazer esquecer de cuidar de você? Você deveria ter sido minha prioridade. Sempre. Você e o Vitinho são as pessoas que eu mais amo neste mundo. Não existe justificativa para o que fiz.

Tudo o que me resta é rezar pelo seu perdão. Rezar para que você me dê uma chance de te fazer feliz novamente. Eu faria — e farei — qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo.

Por favor, me deixe transformar toda essa raiva em algo bom, algo que valha a pena novamente.

Te amo. “

Não respondi. Não sabia como. Apesar do prazer momentâneo, aquilo tinha me corroído por dentro.

Já estava com fome, esperando que a janta fosse servida, quando Dra. Juliana apareceu. Era uma mulher de aparência serena, por volta dos 60 anos, com um olhar que parecia atravessar a alma. Ela me cumprimentou formalmente, fechou a porta do quarto e pediu que eu me sentasse ao seu lado, no pequeno sofá de dois lugares.

A tensão crescia no ar.

— Sérgio, o Dr. Fabrício me contou sobre sua manhã. Podemos conversar?

Engoli em seco, tentando fugir daquela conversa.

— Eu... eu não sei se tenho algo a dizer agora...

Ela segurou minha mão, seu olhar penetrante me prendendo.

— Sérgio, você já me contou mais do que imagina quando nos encontramos no pronto-socorro. Agora é o momento de falar a verdade. Você precisa desabafar.

E foi como se algo em mim rompesse. Desviei o olhar, as lágrimas escorrendo antes que eu pudesse contê-las. Comecei a falar, sem pausas, detalhando tudo o que tinha acontecido com Thais naquela manhã. Minhas palavras saíam aos soluços, e eu não conseguia encará-la. Meu rosto ardia de vergonha.

Ela esperou pacientemente até que eu terminasse e, então, fez um gesto tranquilizador, acariciando meu cabelo.

— Sérgio, você está seguro aqui. Não estou aqui para julgá-lo, mas para ouvir e ajudá-lo a encontrar as respostas que procura.

Aquele gesto simples trouxe um alívio inesperado. Finalmente consegui encará-la de novo.

— O que você sentiu naquele momento com sua esposa? — perguntou, com uma delicadeza que me desarmou.

Respirei fundo, buscando coragem para ser honesto, ao menos comigo mesmo.

— Senti prazer, sim... mas foi momentâneo. O que realmente me dominava era a raiva. O rancor.

Desviei o olhar novamente, minhas mãos apertando os joelhos.

— Só conseguia lembrar da cena daquela madrugada, de como me senti humilhado. E, mesmo assim, não era sobre o prazer ou a satisfação dela. Era algo relacionado com instinto, ou algo assim... e eu odiei o que aquilo me transformou.

Minha voz tremia, meu corpo reagindo à tensão. Levei as mãos aos cabelos, um hábito de ansiedade que conhecia bem.

— Por que você acha que se sentiu tão mal? Ela não merecia? — a pergunta dela veio como um golpe.

Levantei os olhos, surpreso, mas logo voltei a cobrir o rosto com as mãos.

— Não sou uma pessoa má... sempre fui considerado “bonzinho”, e, apesar de odiar o tom debochado com que dizem isso, sempre tive orgulho de ser assim. Mas agora...

Minha voz falhou, e lágrimas caíram de novo.

— Eu errei. Não há outra maneira de dizer isso. Desde o início, eu sabia que algo estava errado, mas preferi ignorar os sinais. Permiti que tudo isso acontecesse, que invadissem minha vida, minha mente, minhas escolhas. Poderia ter saído dessa relação em tantas oportunidades... tantas! Mas me faltou coragem. Me faltou amor próprio.

-Pior ainda, quando tudo desmoronou, a primeira coisa que fiz foi buscar culpados. Apontei o dedo para todos ao meu redor — com alguma razão, talvez — mas nunca olhei para mim mesma. Qual foi a minha parcela nisso? Por que eu nunca revidei? Por que, em todos esses momentos, escolhi a inércia? Permiti que outros guiassem, decidissem, controlassem o que deveria ser só meu. Minha vida pessoal. Meu futuro.

- Agora, olhando para trás, vejo que a culpa não é só deles, nem só minha. É de cada escolha que deixei de fazer. De cada silêncio que gritou mais alto do que qualquer palavra que eu jamais disse.

Essa revelação parecia ter sido arrancada do fundo da minha alma. E com ela, uma sensação avassaladora de clareza.

— Se eu continuar nesse caminho, fazendo coisas que vão contra quem eu sou, só para manter algo que já está quebrado, vou destruir o pouco que resta de mim.

Dra. Juliana esperou que eu terminasse, segurou minha mão e perguntou:

— O que te impede de sair desse relacionamento?

Hesitei, mas encontrei as palavras:

— Eu sei que ela foi cruel comigo. Mas acredito que ela também está perdida. Se meu filho se perdesse após se tornar dependente de alguma substância, e começasse a fazer maldades com nossa família, eu não culparia só ele. Culparia principalmente quem o levou até lá. Com Thais, sinto que não posso simplesmente deixá-la assim.

Juliana assentiu, com um sorriso contido. Ficamos em silêncio por alguns momentos antes de ela dizer:

— E sobre a vingança? Ela é realmente tão importante para você?

Aquela pergunta me pegou desprevenido. Permaneci calado, a resposta presa na garganta. Ela olhou o relógio, deu dois tapinhas nas coxas e se levantou.

— Amanhã você terá alta. Neste momento senão receitarei nenhum medicamento, porém, quero que considere sessões de terapia. E, se quiser, posso indicar alguém para Thais.

Sem esperar minha resposta, ela saiu, me deixando só com meus pensamentos. E ali, no silêncio do quarto, as perguntas dela continuavam ecoando.

Após o jantar, tomei coragem para responder à mensagem de Thais. Fui direto, deixando claro que, naquele momento, a raiva e o ressentimento eram mais fortes do que qualquer outro sentimento. Expliquei que precisava de um tempo para pensar e mencionei o compromisso dela de comparecer à delegacia para realizar o teste de paternidade. Fui honesto ao dizer que o resultado seria anexado ao processo judicial em curso. Lembrei também do áudio que gravei de nossa conversa e que iria encaminhar para meu advogado.

Exausto física e emocionalmente, adormeci cedo. As últimas 48 horas haviam sido desgastantes em todos os sentidos.

No dia seguinte, recebi alta e iniciei minha terapia, com sessões duas vezes por semana. Era um passo difícil, mas necessário.

Decisões práticas começaram a tomar forma. Notifiquei judicialmente Sandro, informando sobre a necessidade de ele deixar nossa antiga casa. A notificação incluía a proposta de venda oficial que recebi pelo terreno, o que ativava uma cláusula no contrato de locação que exigia a desocupação em caso de proposta formal. Paralelamente, decidi aguardar o relatório do investigador contratado pelo meu advogado antes de tomar qualquer atitude em relação ao emprego dele.

A pergunta da Dra. Juliana sobre o valor da vingança ainda ecoava em minha mente. Eu não era alguém capaz de destruir a vida de outra pessoa sem carregar o peso disso, e essa certeza me dava um certo orgulho. Não arrependimento.

A verdade é que o que eu buscava era justiça. Justiça inclusive para minha esposa. Tanto que orientei meu advogado a manter tudo que já havíamos feito. Eu não iria agir ativamente contra ninguém, mas levar o caso à justiça era uma obrigação, e isso incluiria todos os envolvidos.

O CRM de São Paulo nos informou que Gabi recebeu um prazo para apresentar sua defesa. Além disso, fizeram uma notificação extraoficial ao conselho de psiquiatria do Estado. No entanto, nós já havíamos protocolado uma denúncia nesse órgão também. Pedi ao meu advogado que, por ora, não fizéssemos mais nada de forma ativa. Ela já teria que responder à justiça e aos conselhos responsáveis pela sua profissão.

Laura também ocupava meus pensamentos. Eu não soube mais nada sobre ela, o que me deixava preocupado. Certo dia, acabei encontrando seu noivo por acaso. Ele parecia radiante, animado com a proximidade do casamento, como se não soubesse de nada que pudesse abalar aquela felicidade.

Sobre Mari, noiva de Sandro, tomei uma decisão firme: não iria usá-la como peça em qualquer plano de vingança. A ideia de destruir outra vida por conta do meu rancor era repulsiva. Ainda assim, fiquei dividido. Deveria avisá-la sobre o tipo de homem que Sandro realmente era? Essa dúvida me corroía, mas resolvi deixá-la de lado por enquanto.

Uma semana depois, resolvi que era hora de conversar com Thais. Após algumas sessões de terapia, achei que estava pronto para enfrentá-la e, finalmente, encerrar aquele ciclo.

Quando Thais chegou com Vitinho, percebi que algo havia mudado. Ela estava com um semblante mais feliz. Parecia outra pessoa. Não sei explicar, mas uma energia positiva a envolvia de uma forma maravilhosa. Eu não sentia essa energia desde o início do nosso namoro.

O feriado havia acabado, e ela voltará a morar em casa. Dormíamos em quartos separados – ela na suíte principal, e eu no quarto de hóspedes –, mas sua presença ainda era marcante.

Ela estava linda, como sempre. Sua dedicação como mãe e esposa parecia ter se intensificado, o que me confundia ainda mais. Mesmo assim, sabia que precisava ter aquela conversa.

Esperei até meu filho adormecer. Caminhei até a suíte, onde Thais estava. Ela vestia uma camisola curta que a deixava deslumbrante. Era impossível não notar o quanto ela sabia usar sua aparência para mexer comigo. No entanto, eu estava decidido.

Quando entrei, minha expressão séria foi suficiente para mudar a fisionomia dela. O sorriso que estampava seu rosto desapareceu, e, sem dizer nada, ela se sentou na beirada da cama. Fiz o mesmo, respirando fundo antes de começar a falar.

— Thais... eu preciso ser honesto com você. Eu não consigo ignorar a raiva que sinto por tudo o que aconteceu. E, pra ser sincero, acho que vai ser muito difícil voltar a sentir algo bom por você.

Ela me olhou com os olhos marejados, tentando desesperadamente encontrar as palavras certas.

— Por favor, Sérgio... eu sei que errei muito com você. Eu entendo sua raiva. Eu também sinto isso por mim mesma. Mas me dá uma chance. Eu sei que posso te fazer feliz... faço o que você quiser.

Meu olhar se tornou mais firme, minha voz carregava uma seriedade que parecia cortá-la.

— Esse é o problema, Thais. Eu não gostei do que fiz com você naquele hospital.

Ela arregalou os olhos, surpresa. Antes que pudesse responder, continuei:

— Quando vi sua reação por causa daquela privada, percebi o quanto você mudou. Você não é mais a mesma pessoa. Antes, nunca deixaria ninguém te tratar daquele jeito.

Thais desviou o olhar, visivelmente desconcertada. Finalmente tentou responder, com a voz baixa:

— Mas... mas eu gosto. Não daquilo especificamente. Mas do que me fazia sentir. Só que eu perdi o controle, Sérgio. Não coloquei limites, e isso me levou a fazer coisas absurdas como as que fiz a você.

Aproveitei o momento de vulnerabilidade dela, segurei sua mão e falei com a mesma determinação que uso no trabalho.

— Talvez eu seja bonzinho demais para esse tipo de coisa. Mas não vou mudar quem eu sou pra me adequar ao que você acha que gosta.

Ela pareceu atordoada com aquelas palavras, como se não soubesse como reagir. Quando abriu a boca para falar, levantei a mão pedindo silêncio.

— Eu quero que você se trate. O ambulatório que a Dra. Juliana mencionou pode te ajudar com os traumas que surgiram desse…desse relacionamento abusivo com o Sandro. Promete que vai fazer esse tratamento, Thais? Cuide de você. Talvez, um dia, a gente consiga tentar de novo. Mas eu não quero que você se prenda a isso, porque eu não vou. Não tem ninguém no meu horizonte agora, mas não vou abrir mão da minha felicidade por você.

Ela começou a chorar, apertando minha mão com mais força.

— Eu prometo, Sérgio. Eu prometo que vou me tratar. Mas, por favor, só te peço uma coisa: podemos sair, de vez em quando? Jantar, ir ao cinema... coisas simples, como amigos. Eu só quero isso. Por favor.

Parei para pensar. Havia deixado claro o que eu sentia e o que queria para mim, mas ao mesmo tempo, não podia ignorar que nossa ligação era mais forte por causa do Vitinho.

— Tá bom, Thais. Podemos sair, mas com uma condição: você vai às terapias, sem falta. E essas saídas serão como amigos. Nada além disso, sem compromisso de voltar a ser o que éramos.

Ela assentiu, ainda soluçando, e o alívio em sua expressão me fez acreditar que, talvez, isso fosse o melhor para ambos.

Essa dinâmica se tornou mais fácil e suportável depois da confirmação de que Vitinho era meu filho.

Mesmo com essa informação, entretanto, ainda havia uma infinidade de sentimentos ruins, como mágoa, raiva, rancor, em relação a Thais. Nunca deixei de deixar isso claro.

Com incentivo colegas do trabalho, eu tentei me abrir para novos relacionamentos nesse período, todos com o conhecimento dela, mas nenhum evoluiu. Thais também conheceu alguém, um homem mais velho que frequentava as terapias em grupo, mas, como no meu caso, também não progrediu.

Com o tempo, tudo parecia se encaminhar. Tivemos alguns momentos de intimidade, sempre dentro dos limites que definimos juntos. Havia respeito agora, algo que nunca tínhamos antes. Mas nunca cogitei e nunca me expus a qualquer tipo de relacionamento mais sério ou algo que pudesse confundir as coisas entre nós.

Enquanto isso, o casamento da minha irmã, Laura, se aproximava. Mas esse momento de felicidade foi antecedido por uma batalha: meses depois da conversa que tivemos no hospital, ela tentou tirar a própria vida. Foi um período difícil, mas, com a ajuda da Dra. Juliana e do apoio do noivo, Laura começou a reencontrar o gosto pela vida.

Nós fizemos um novo pacto de união e proteção como irmãos. Desde então, nunca estivemos tão próximos.

Por falar nisso, cabe aqui uma pequena interrupção para que possa tentar explicar um pouco sobre nossa relação:

Thais e muitos outros sempre me perguntavam sobre o meu relacionamento com Laura. Por mais inacreditável que fosse, um sentimento muito maior do que tudo, algo que eu não conseguia explicar, me fez perdoar minha irmã. Ela me mandou tudo que tinha: prints de conversas, fotos, vídeos.

O desgraçado do Sandro sempre teve uma influência maldita sobre ela. Desde o começo, ele foi quem começou a ferrar a cabeça dela. Ele sempre me descrevia como um cara fraco, inseguro, e dizia que a única maneira de eu ser feliz era se eles me "ajudassem".

Por ter a mesma idade que ela, ele sempre esteve mais presente na vida dela. Ele começou a se impor e a mostrar pra ela o quanto a influência dele seria benéfica para todos, principalmente para mim.

Mas, o pior, é que ele a convenceu de que ela deveria confiar nele e deixar que ele conduzisse nossas vidas. A minha vida e a dela.

Ele determinava tudo dentro de nossa casa. Desde o que jantávamos, até escolha de destino de viagens.

Quando eles já eram adolescentes, ele passou a escolher as roupas que ela tinha que usar e até o garoto com que teria que perder a virgindade. Ela não conseguia negar nada a ele e isso se estendia a mim, que sempre confiei em Laura para diversas coisas dentro de casa, para focar minha atenção para a minha vida profissional.

Quando você tem um sentimento tão forte por sua irmã, um laço que você acredita inquebrável, ouvir tudo isso durante sessões de terapia — seja a dois ou em grupo, onde ela se expunha na frente de todos — começa a te fazer perceber o quanto tudo na sua vida deu errado.

Principalmente por causa da separação dos nossos pais. E como… eu realmente falhei como irmão mais velho. Me mantive tão distante (física e emocionalmente), que não percebi o que estava acontecendo bem debaixo do meu nariz, dentro da minha própria casa.

Por conta de todas essas revelações e do sentimento de culpa que estava me sufocando, eu não pensei duas vezes em tentar trazer minha irmãzinha de volta para a minha vida.

Voltando a história:

Nos dias que antecederam o casamento, Laura passou a não responder às minhas mensagens. Duas noites sem notícias. Meu coração ficou apertado.

O golpe veio quando o noivo dela me ligou.

— Sérgio... Laura desapareceu.

Meu mundo desabou…

Continua…

Obs: FICA PROIBIDO A COPIA, EXIBIÇÃO OU REPRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO FORA DESTE SITE SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AUTOR.

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Comentários

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Vc repetiu novidades com algo que já tinha relatado. E finalizou com o mesmo desfecho do anterior. Encheu linguiça legal.

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A intenção não foi essa.

Confesso que não mudei o contexto, eu só quis claro, o que para mim estava nas entrelinhas.

Mas causou um pouco de desconforto na maioria dos que comentaram. Só consigo saber o que pensam de falarem kkkk

Mas TB achei que faltou contexto, na relação do casal e escolhi adiantar um pouco e falar sobre a irmã.

O próximo vai sair hj a tarde. Não sei onde vc mora, mas aqui em São Paulo vou uma baita tempestade. Não consegui usar o notebook e a internet. Escrever um conto no celular é meio difícil para quem tem dislexia.

Fique atento prós próximos. Mas realmente a intenção não foi encher linguiça.

Obrigado pelo comentário

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Se poder depois do último capítulo nesse mesmo dá um resumo dos outros personagens .. e aguardando

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O que aconteceu clou vai acontecer com cada um?? Se for isso fica tranquilo.

Obrigado

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Estamos aguardando na turma do gargarejo viuuuu... kkk

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Olá, como explique acima, uma força maior me impediu de terminar de escrever o próximo.

Mas de hj não passa.

Obrigado pelo comentário

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Mafi estou lendo e amando seu conto mas estava quietinha e vou te confessar por quê estava com medo de você desistir mas como vi que você já disse que vai entregar o final então fiquei super animada estou dando pulinhos, vou em cada capítulo desta saga fazer meu comentário e deixar meus beijinhos.

Estou amando você escreve para muito.

Beijinhos da titia Sueli Brodyaga 😘😘😘😘😘😘😘

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Obrigado!!!

Eu estou escrevendo o final ainda!!! Acho que será só mais um mesmo!!

Fico feliz que esteja gostando!!!

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Bom como sempre!

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Obrigado!!!

Sempre bom saber que caras talentosos como vc TB acompanham minha história.

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Rapaz to muito curioso com o fim dessa história...até estou me recriminando por estar tendo um pouco mais de compreensão com a Thais...termina logo homem!kkk

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Pois é...

Mas vai piorar, ou melhorar!!!

Fica tranquilo!!! Kkkk

Acho que amanhã deve sair o final!!! Senão de quinta não passa!!!

Tive que resolver uns problemas aqui por conta da falta de luz... é so chover e essa merda de cidade fica sem luz.

Isso pq moro perto do centro.

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Ficou melhor que o outro espero, esclareceu muita duvidas

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Obrigado amigo!!!

A intenção era essa!!!

Obrigado pelo comentário

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Muito bom, melhor até que o anterior, mas ansioso pela continuação

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Quando comecei a ler, percebi que estava lendo novamente, mas como a história é boa não me importei. Acho que notei uns adendos. Parabéns Manfi

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A ideia era essa...apenas melhorar o último!!!

Mas tive trabalho para postar. Vou mudar o título. Parte 6.1, sei lá!!!

É basicamente o outro mas acho que com mais profundidade. Como faltam apenas 1 para terminar, ficaria com muitas pontas soltas.

Muita coisa estava implícita no texto!!! Por isso num primeiro momento não coloquei. Achei que seria meio redundante, mas, realmente acabou ficando um pouco solto do jeito que estava.

Desse jeito estou literalmente conduzindo a história, o que seu não ser o Ideal...mas espero que fique do agrado de todos.

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Sei como é. Isso é de cada um. Tem gente que gosta de uma história mais mastigada e outros gostam mais soltas pra ter interpretação. Realmente depende muito mais do que voce deseja.

Abraços

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Caramba que difícil postar um conto neste negócio!!

Turin, agradeço toda a sua ajuda!

Espero que gostem.

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