Primeira parte disponível em: https://www.casadoscontos.com.br/texto/Ainda eram 7 horas da manhã. Sai do banho e coloquei uma sunga, uma camiseta e peguei meus óculos escuros. Decidir que iria me sentar em uma cadeira da piscina sob o sol, enquanto esperaria as pessoas da casa acordarem e pudesse descobrir o que aconteceu comigo durante a noite. Os óculos escuros – naquele momento – funcionavam mais como um aparato de segurança para me ajudar enxergar sem ter que precisar olhar no fundo dos olhos das demais pessoas da casa.
Escolhi uma cadeira, acendi um cigarro e imediatamente fui novamente atormentado pelos mesmos pensamentos que me invadiam pouco tempo atrás no meu quarto.
Era um turbilhão de sentimentos: vergonha e curiosidade; revolta e tesão; inconformismo e prazer...sentimentos antagônicos e opostos entre si mas que, quando sopesados em um balança, despontavam o tesão e a curiosidade.
Não disse para vocês antes. Mas aquela havia sido a minha primeira experiência homossexual. Sempre senti curiosidade em ter uma relação com outro homem, porém, imediatamente, eu buscava reprimir aquele pensamento e aqueles desejos que tomavam conta de mim.
Não acredito que se fosse de outra forma eu tivesse tido a experiência de ter tido uma relação com outro homem. Isso me confortava! Porém, eu só lamentava não ter vivido a experiência por completo.
Cerca de vinte minutos depois o primeiro cara a acordar na casa foi o Caio. Meu coração disparou de pronto quando o vi vindo até a minha direção e me cumprimentar. Estava feliz por estar com meus óculos escuros.
Ele chegou e me deu bom dia, o qual imediatamente retribui. Em seguida me perguntou:
_E aí, foi dormir cedo ontem! Não te vi a noite?
_ Pois é! Bebi demais e quando fui ver estava passando super mal. Acho que misturei muita coisa e antes que eu fizesse merda, resolvi ir pra cama mais cedo!, respondi.
_ Porra! Tinha muita coisa mesmo! Fiquei acordado até umas duas horas! Eu, o Parra e o Fernando!
Pronto! Já tinha eliminado três pessoas da minha lista de suspeito. Faltavam outros quatro!
Logo, as demais pessoas da casa foram, aos poucos, acordando e se juntando ao redor da piscina. Logo iríamos ter que arrumar as nossas coisas e voltar para nossas coisas. O combinado era que almoçaríamos e voltaríamos para casa na Van.
Um dos últimos a acordar foi o Patrício. Ele chegou na piscina cumprimentando todo mundo e, para tirar um sarro de mim, voltou-se para mim para me cumprimentar e falou bem alto para todos que estavam à nossa volta:
_Caraca Marcelinho! Você, heim? Da próxima vez que vier vai ter que ficar só no leitinho...já que não deu conta das outras bebidas mais fortes.
Todos começaram a rir, inclusive eu, meio envergonhado. Só achei engraçado ele falar em leitinho, porque se ele soubesse o quanto de “leitinho” eu achei dentro de mim, teria escolhido outra figura de linguagem.
E ele continuou:
_Só vi o Marcelinho deitado no sofá, de boca aberta, jogadaço! Pensei que a gente ia ter que te levar pro pronto socorro. Sorte que o Dr. Manoel tava com a gente e te acudiu!
Fiquei espantado! Imediatamente olhei para o Manoel que, a propósito era médico, e ficou responsável por me dar os “primeiros socorros”.
Manoel imediatamente respondeu:
_ Eu e o Alisson! Eu não ia conseguir levar o Marcelinho sozinho e pedi para o Alisson me ajudar. Demos um café bem forte e te colocamos no chuveiro frio. Nada mais!
Nada mais o caralho!
Mas na hora eu pensei: puta que pariu...os dois me comeram! Comecei a ficar com muita vergonha. Eu precisava conversar com os dois mas apenas o Manoel estava acordado.
Nesse momento eu estava muito confuso e logo procurei uma oportunidade de conversar com o “Doutor” Manoel. Na primeira oportunidade que tive eu chamei-o de canto e lhe perguntei:
_ Manoel, o que aconteceu ontem? Eu juro, eu não me lembro de nada! Tive um apagão geral!
_Como assim, não se lembra de nada...
_Deveria me lembrar de algo? – perguntei eu, na defensiva. Aconteceu algo que eu deveria me lembrar, continuei eu, com o objetivo de saber mais.
Reparei que ele ficou meio sem graça e quis desconversar, respondendo-me: _Nada não...
_Por favor, eu preciso saber o que aconteceu. Só me lembro de ter deitado no sofá da sala auxiliar e não me lembro de mais nada...
Manoel respondeu:
_Você estava completamente apagado. Sem reação! Antes que entrasse em coma alcoólica eu pedi ao Alisson, que estava ali perto, para me ajudar a te levar pra dentro do seu quarto e me ajudar a te colocar debaixo do chuveiro. Te colocamos debaixo da ducha fria e você reclamava muito. Mas tava falando muito enrolado pra gente entender. Ai eu desci e fui preparar um café preto bem forte pra você, enquanto o Alisson ficou contigo.
_Só isso? Perguntei eu...não aconteceu nada mais?
Vi que ele ficou meio sem graça e ia desconversar...
_Fala logo! Sei que você está me escondendo algo e eu preciso saber.
_Enquanto te colocamos debaixo do chuveiro, você começou com umas atitudes estranhas...
_Estranhas? Como?
_Você ficou pegando no meu pau e no do Alisson e dizia que queria nos chupar...foi isso!
Tomei um susto! Fiquei com muita vergonha e quase senti vontade de chorar. Manoel percebeu e pediu para que eu me acalmasse, que sabia que eu estava bêbado e inconsciente e que aquilo ficaria apenas entre nós!
Pedi desculpas mais de uma vez. E, ao final, perguntei:
_Aconteceu alguma outra coisa depois disso?
Fenando me disse!
_Não, foi só isso!
Pedi mais uma vez desculpas pelo ocorrido. Eu precisaria falar com Alisson imediatamente. Mas ele estava dormindo.
Não pensei duas vezes! Fui até o quarto dele!