O carro do meu sogro quebrou, e, como boa nora puxa saco, me ofereci imediatamente para ir buscá-los. O casamento de Lorenzo e Sarah seria no domingo, e, para não perder tempo, eu e Júlia decidimos ir na sexta-feira à noite. A ideia era passar a noite por lá e voltar bem cedo no sábado, antes que o dia realmente começasse.
Assim que chegamos, Juh correu para o banho, enquanto eu fiquei conversando com o Sr. Zé e Dona Jacira. A conversa fluía bem, mas logo meu celular tocou, era Loren. Ela me queixou que Lorenzo estava insuportável, nervoso e ansioso com os preparativos. Eu ri baixinho, pois sabia exatamente o estado que ele se encontrava. Nos últimos dias, a felicidade do meu irmão era perceptível, mas a ansiedade o estava consumindo de tal forma que ele mal conseguia se controlar. Sabia que ele precisava relaxar um pouco, então sugeri que saíssem para beber algo. Minha irmã estava impaciente, mas no fundo queria ajudá-lo, eu sabia que isso também faria bem até para ela naquele momento.
Quando minha muié saiu do banho, toda cheirosinha e fresquinha, chegou a minha vez. Antes de me retirar, me despedi do Sr. Zé e Dona Jacira, avisando que estava cansada e que iria direto para a cama. Eles estavam enchendo a filhinha deles de dengo, mas eu sabia que logo ela também viria se deitar. A coitada também estava exausta.
Só o ar daquele lugar me relaxa, porém o banho também me ajudou bastante, me joguei na cama e fiquei esperando meu amor enquanto mexia no celular. Ela apareceu e se encaixou em cima de mim, deu vários cheirinhos no meu pescoço e passava a mão bem de leve, da minha nuca até o meu ombro. Meu corpo começou a esquentar, minha pele a arrepiar... Júlia estava querendo e sabendo pedir!
Só que não seria nada adequado, a casa dos meus sogros era pequena e um "A" iria ecoar pelos quatro cantos, embora eu já estivesse muito afim, ali não ia dar, não.
Eu estava prestes a falar isso para ela, mas minha gatinha foi me enchendo de selinho, com um risinho frouxo nos lábios, nossos corpos cada vez mais juntinho, aquela movimentação mínima, contudo, existente, o clima criado por ela... Tudo estava me excitando. Segurei com firmeza sua cintura sobre a minha e tomei com vontade sua boca em um beijo lento, foi alucinante. Todos os meus sentidos estavam aflorados com aquela situação, a pressão dos nossos corpos, a explosão de calor, a troca de respiração cortada e descompassada, a sensação de urgência uma pela outra, o toque firme e carinhoso das nossas bocas e o desejo só crescia dentro de mim, tudo era tão envolvente e caloroso, sentia nossos corações acelerados e nossos suspiros começaram a se tornar um pouco mais audíveis. Estávamos entregues ao ardor da paixão, cada carícia só nos envolvia cada vez mais me dando a impressão de que estávamos adiando o inadiável.
Júlia entrelaçou nossas mãos e suspendeu seu tronco enquanto sorria intercalando o olhar entre meus olhos e minha boca, eu sorri de volta, tentando ainda restabelecer minha respiração que estava ofegante. Ela novamente encaixou nossos e passou a língua no meu pescoço, começou a morder e a chupar. Eu simplesmente não ia aguentar toda aquela tentação.
— Amor... Se você continuar assim, vai ser aqui mesmo... — Sussurrei em seu ouvido, enquanto abraçava seu corpo, passando a mão milimetricamente por onde eu conseguisse.
— Eu sei... — Sussurrou de volta, Juh deu um beijo na minha bochecha e se aconchegou no meu pescoço, quietinha.
— Agora veja, você inventa uma greve de sexo, podendo se esbaldar em casa e resolve ceder bem quando a gente não pode fazer nada, não te entendo, gatinha! — Falei baixo, com um ar de riso.
— Oxe, mas eu nem fiz nada demais e que eu saiba a greve está de pé, você ainda está de castigoooo — Disse-me, convencida, jogando-se para o lado e rindo de mim.
— Mentindo descaradamente, estava toda molinha aqui agora, se botando inteira para mim... Era pra eu ter aproveitado todo esse seu fogo, sua safada! — Disse-lhe, enquanto a gente ria e formava uma conchinha.
Só que eu fui atiçada ao máximo, minha cabeça entendia o contexto, mas meu corpo não. Fiquei dando vários beijinhos, sentindo o cheirinho do pescoço, roçando na bundinha dela, abraçando forte e logo minhas mãos encontraram o caminho para seus peitos, Juh não esperava pelo toque e acabou soltando um gemidinho, ela tentou abafar com o travesseiro, mas não conseguiu por completo, com isso eu resolvi sabiamente tomar mais um banho, e dessa vez frio, o mais gelado possível.
— Quer ir comigo? — Perguntei para ela rindo maliciosamente enquanto me dirigia até a porta.
— Não, né, amor?! — Juh me respondeu, porque era óbvio.
Quando abri a porta, meus sogros olharam para mim, se olharam e encararam a televisão como se não houvesse amanhã. Pelo nosso quarto, dava para ver que eles continuavam na sala por causa da iluminação e do som, mas ter certeza que eles muito provavelmente ouviram pelo menos aquele último gemido... Juh ia morrer de vergonha, com certeza.
Voltei para o quarto depois de um longo tempo, deitei e contei para ela o que aconteceu.
— Aiiiii, culpa sua, amor. Vamos dormir! — Ela exclamou virando para o lado contrário ao meu.
— Minha??? Quem foi que pulou em cima de mim??? — Perguntei, dando um beijo nas costas dela.
— Mas eu já tinha parado de brincar. — Respondeu, brava.
— Pare com isso, vá... Me dê um beijinho para a gente dormir em paz! — Falei, séria.
Ela riu da maneira que eu disse e veio, demos vários beijinhos bem controlados e finalmente dormimos.
No outro dia cedo, nós saímos. Deixei meus sogros em casa, Mih e Kaká ainda estavam dormindo na casa de Loren. Victor estava por lá e disse que depois iria ver os tios e os levaria. Juh saiu com Sarah para ajudá-la nos últimos detalhes que faltavam e eu saí com meus irmãos.
Lorenzo foi cortar o cabelo. Geralmente, ele mesmo corta, mas quando precisa ir a um profissional, só vai no mesmo. Ele diz que seria traição ir a outro. Loren pediu para passar em um shopping perto, e a acompanhei. Ela entrou em uma loja de maquiagem e eu fui olhando ao redor. Uma loja de lingerie me chamou a atenção. Fui lá e comprei só uma lembrancinha para minha muié. É um investimento que gosto muito de fazer, embora não dê para ser reutilizado quase nunca por aqui.
— Eu vi onde você foi... — Disse-me minha irmã com um sorriso sacana.
— Sempre bom ter em casa... — Respondi, sorrindo também.
Quando retornamos à barbearia, nosso irmão estava finalizando o corte e todo mundo já sabia que era para o casamento dele. Lorenzo se despediu agradecendo e dizendo que era o corte de cabelo mais importante da vida dele.
Estava chatinho pelo nervoso? Sim, estava um porre! Mas era algo bem compreensível. A versão mais bonita dele é essa de homem apaixonado que ele é até hoje.
Fomos para minha casa e ficamos por lá. Kaique e Milena quiseram ensaiar com os padrinhos, e eu até achei bom. O curso é uma falação que só, porém não ensinaram o que responder. Sorte que eu tenho a melhor esposa do mundo, que imprimiu e deixou várias cópias para a gente não passar vergonha. E também tinha meus sogros para nos auxiliar no que fazer.
Na hora dos padrinhos de consagração, meus filhos cochichavam e começavam a rir. Se eu suspeitei que eles iam aprontar, vê-los daquela maneira só me confirmava.
Depois do almoço, a maioria foi embora e eu chamei os pestinhas.
— O que vocês estão tramando, hein? — Perguntei.
— Naaaada, mãe... — Milena se adiantou, de forma não convincente.
— Sei, sei... Até parece que não conheço vocês... Só não estraguem o casamento dos seus tios, tá bom? Por favor! — Pedi.
— A gente nuuuunca ia fazer isso! — Disse Kaique, mas ele ria.
Fui até o espaço onde ia acontecer a festa após a cerimônia e estava cheio de gente. Juh e Sarah estavam andando de um lado para o outro, e fui até elas. Elas tinham muitas chaves em mãos, e minha muié tentava etiquetar enquanto um rapaz explicava cada uma. Sentei com ela em uma mesa e a ajudei. Nós fomos até minha cunhada e ela me entregou mais duas.
— Essas são dessas duas salas que nós vamos isolar. A iluminação não está boa. Fica com você ou Juh, e eu ficarei louca. — Ela me explicou, rindo.
Até que estava funcionando, mas realmente as luzes estavam fracas. A noite poderia ser um problema.
Já frequentei muitas festas, cerimônias e solenidades de certa importância, mas nunca liguei para aprender nem o nome de certos espaços. Era uma parte que eu definitivamente não gostava. Fiquei ali olhando aquelas salas amplas, com muitos espelhos, algumas bancadas e um imenso estofado, sem saber a funcionalidade daquilo, até ri um pouco. Tranquei e joguei as chaves no bolso.
A mãe de Sarah chegou falando que ela deveria ter passado essa responsabilidade para outra pessoa, que poderia estar resolvendo outras coisas ou descansando. Porém, minha cunhada disse que queria que tivesse as mãos dela nos mínimos detalhes. Juh me chamou de canto e pediu que eu tirasse a sogra do meu irmão dali. Ela é uma ótima pessoa, mas parecia nervosa. Acredito que minha gatinha quis evitar uma briga, e ela estava certa. Falei que as crianças estavam morrendo de saudade, não era uma mentira, e a levei para minha casa. Lá, eles mataram a saudade, e ela acabou até se juntando à minha sogra para fazer um bolo.
Com os nervos menos aflorados, ela seguiu para casa à noite e, depois de uns instantes, Júlia chegou. O cansaço era visível. Ela se jogou no sofá por cima de Kaique e Milena, e eles começaram a rir.
Ficamos um tempinho ali na sala. Acho que estávamos todos com saudade um do outro porque não fizemos nada, apenas aproveitamos a presença em silêncio até o horário dos meninos dormirem.
Assim que Juh saiu do banho, mostrei para ela o que comprei e disse que era para o outro dia, depois que a gente chegasse do casamento, pois daríamos fim à greve. Ela sorriu e negou com a cabeça. Pedi que ela deitasse para eu fazer uma massagem. Meu amô nem disse mais nada, só me deu um beijo, atendeu meu pedido e logo dormiu. A respiração da bichinha até estava pesada. Ela adora ajudar a organizar eventos e, como quase sempre é para a família, ela se joga de cabeça.
O outro dia foi bem corrido. Fiquei com as crianças e mal vi minha mulher. Quando ela chegou, eu já estava pronta e todos já tinham saído. Só fiquei esperando-a para partirmos para a igreja.
Nós éramos madrinhas e o vestido na cor verde bem escuro. Júlia estava extremamente linda. A roupa justa, sob medida, realçava o corpo dela de uma forma elegante, mas também sensual. Cada movimento dela, em que a perna saía pela fenda lateral, me deixava fascinada. Juh estava ali colocando um par de brincos e eu não conseguia piscar ou desviar o olhar. Ela é deslumbrante e estava mais ainda naquele dia.
A abracei por trás e dei um beijinho em seu pescoço. Com o cabelo preso, sua nuca descoberta se tornou um charme extra. Ela me olhou através do espelho e nós duas falamos ao mesmo tempo.
— Você está tão linda! — E rimos.
Nos apressamos ou íamos atrasar e fomos para o carro. No caminho, ela queria saber sobre a roupa dos meninos, se deu tudo certo. Mas eu estava perdida na beleza daquela criatura, exageradamente perfeita.
— Não consigo prestar atenção em nada, a não ser no tanto que você é gostosa. — Falei e sorri para ela, que retribuiu o riso.
— Eu te amo muito, sabia? — Juh disse e tocou a minha coxa.
— Eu também te amo muito, gatinha... — Falei e me estiquei para um beijo.
— E o batom? — Ela perguntou.
— Esqueci... Por falar nisso, tem uma marquinha no seu pescoço. — Falei.
Ela foi conferir e sorriu.
— Não vou tirar, gostei! — Exclamou em resposta.
Ao chegar, troquei as chaves de bolsa, fomos tirar todas as fotos com o restante da família e dos padrinhos. Depois, como houve um atraso, fomos tirar algumas só nós duas. Todos os registros saíram impecáveis.
— Se verde tá assim, eu nem espero amadurecer, tiro do pé e chupo com sal. — Brinquei no ouvido dela, fazendo-a rir.
— Amooor, para com isso! — Ela pediu, mas ria.
— Vou pôr de legenda quando postar. — Zoei.
— Não, você vai colocar uma coisa bem bonitinha, que eu sei... — Ela disse, de forma certeira.
— Com certeza vou... — Confirmei.
— Tô com vontade de te beijar. — Juh disse, me encarando bem de pertinho.
— Um selinho não vai borrar o batom, amor. — Sugeri.
— Não queria um selinho, queria um beeeijo, beijo, sabe? — Falou, virando de costas para mim, mas se encaixando em meu abraço.
— Te entendi perfeitamente, um beijão de língua, né? — Perguntei e passei, de leve, a minha língua da sua nuca ao pescoço e dei um beijinho bem suave.
— Amor, vamos ver as crianças, porque você não está me ajudando... — Ela disse pausadamente e me puxou pela mão.
Era para eles estarem dentro da igreja, sentados onde foram orientados e com o Padre João, mas não estavam. Fomos até a frente pela porta lateral. Avistei Léo conversando com o Padre. Os dois são pessoas calmas, mas pareciam exaltados naquele momento. Olhei, rindo, para Juh, mas ela não observava o mesmo que eu. Apontou para o alto e, quando acompanhei o seu dedo, vi Milena e Kaique no côro, próximos a uma corda bem grossa, que imaginei que fosse de um sino.
— Saíam daí agora! — Falei, sem paciência, porém, sem querer fazer tanto barulho.
— Aaaah, mãe! A gente não pode tocar nenhuma vez? — Perguntou Kaique.
— Não, não, não... Desçam! — Disse Juh.
Eles desceram desanimados e, quando questionamos por que não estavam nos lugares indicados, disseram que o tio Léo falou que eles podiam olhar a igreja enquanto se aconselhavam com o padre.
— DR — Brinquei, rindo.
— Não é, amor... Ele não tem muitos amigos, deve estar conversando normal mesmo... — Disse Juh.
— Huuuunruuuum, naquele tom ali... — Brinquei novamente e fomos saindo.
Conseguimos falar com Lorenzo e depois com Sarah. Os dois estavam lindos, explodindo de felicidade e doidos para se encontrarem. O atraso foi devido a um ensaio fotográfico às cegas entre eles dois. Porém, já havia sido encerrado e a cerimônia estava prestes a começar.
Na fila que se formou, por sorte, Juh ficou logo em minha frente com seu par, e eu pude continuar a apreciá-la. A muié estava linda demais.
A música se iniciou, pude ver o Padre João se posicionando no centro do altar. O dia mais lindo da vida dos noivinhos estava prestes a começar.
CONTINUA... 🔥