Voltando depois de um longo tempo.
A Perspectiva do Talarico.
Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Eu, um cara que sempre estive ao lado de Lucas, meu melhor amigo, e, agora, aqui estava eu, prestes a cruzar uma linha que não poderia mais ser desfeita. O jogo de olhares já estava acontecendo há algum tempo, mas nunca imaginei que ela, a esposa dele, fosse tão... tentadora. Ela sempre foi bonita, claro, mas havia algo ali, algo que eu não conseguia ignorar. E quando, de repente, ela se aproximou de mim naquela noite, sozinha, com uma expressão nos olhos que eu não conseguia ler direito, eu soube que as coisas nunca mais seriam as mesmas.
Ela me tocou de maneira tão sutil, quase como se estivesse se perguntando se era certo. E eu? Eu não consegui resistir. O desejo explodiu dentro de mim, quente, feroz. Aquelas mãos delicadas deslizando por meu corpo, o cheiro dela se infiltrando nas minhas narinas, era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, restando apenas nós dois. Eu sabia que era errado, sabia que era loucura, mas, naquele momento, nada mais parecia importar.
O prazer tomou conta de nós, sem palavras, sem explicações. Ela parecia tão... diferente da mulher que Lucas via. Cada toque dela me dizia algo que eu não conseguia definir. Era como se ela me quisesse, mas não fosse só sobre o corpo. Era algo a mais, uma necessidade que eu não podia entender. Eu a queria, e ela me queria. Eu estava me tornando um estranho para mim mesmo, mas não podia parar. O que fizemos ali foi puro instinto, uma necessidade que explodiu de forma imprevista.
A cada encontro, a cada beijo roubado, a cada toque furtivo, me sentia mais imerso nesse jogo perigoso. Ela parecia se distanciar mais de Lucas, e se aproximar de mim de formas que eu não sabia explicar. Eu, que sempre estive ao lado dele, agora era o cara com quem ela se encontrava nas sombras, o amigo que se tornava amante.
Mas a cada vez que a gente se via, a sensação de culpa aumentava. Como eu podia estar fazendo isso com ele? Meu melhor amigo. Era o que ele sempre foi, o cara em quem confiei todas as vezes que precisei. E agora, eu estava na cama dele, com a esposa dele ao meu lado. A cada toque, a cada momento, a culpa era como uma sombra, mas o prazer era mais forte. Eu não sabia o que estava fazendo, nem por que estava fazendo, mas não podia negar que algo em mim se alimentava desse segredo. Talvez fosse o poder. Ou talvez fosse o fato de que eu nunca imaginaria que alguém como ela, casada com ele, me desejaria.
Eu não queria que aquilo fosse mais do que o desejo momentâneo. Não queria me perder nisso. Mas o que começou como uma simples atração, algo impensado, logo se tornou uma necessidade. Eu estava me apaixonando, mas não por ela. Eu estava apaixonado pelo jogo, pela adrenalina, pelo poder de ser o segredo entre eles, o cara que ela encontrava quando queria algo mais, algo que Lucas não conseguia lhe dar.
Ela parecia cada vez mais distante dele e cada vez mais próxima de mim. E, por mais que tentasse não pensar no que estava acontecendo, as perguntas começavam a surgir. Até onde isso iria? O que aconteceria quando Lucas descobrisse? Ou será que ele já sabia? Será que ele sentia a tensão entre nós e estava apenas esperando o momento certo para confrontar tudo? Eu não sabia. Só sabia que, quando a tocava, o mundo desaparecia. Só existíamos nós dois.
Eu, o talarico. O amigo traidor. O amante no escuro. E talvez, só talvez, eu gostasse disso mais do que deveria.
A Perspectiva de Lucas.
Sempre amei Carla, mais do que tudo. Quando nos casamos, acreditei que seria para sempre. Ela era minha vida, minha parceira, minha melhor amiga. Mas, com o tempo, começaram a surgir coisas que eu preferia ignorar. Pequenos detalhes, mudanças sutis que, à medida que o tempo passava, se tornaram mais evidentes. Algo em mim sabia que estava acontecendo algo. Algo estava errado, e a sensação de que eu estava sendo enganado foi crescendo, até se tornar impossível de ignorar.
Eu não sei exatamente a quanto tempo eles estavam tendo um caso, mas acho que, conforme o tempo passou, eles ficaram mais relaxados, mais seguros de si, achando que nunca seriam descobertos. Por que eu acho isso? Bom, um dia, Carla e eu resolvemos dar uma festinha em casa. Churrasco, bebida, aquele tipo de evento que sempre fazemos quando queremos reunir as pessoas. No meio da festa, quando já estávamos todos um pouco mais soltos, percebi algo que me deixou com a pulga atrás da orelha.
Carla estava indo para a cozinha e, antes de sair, ela olhou para Augusto e sorriu para ele. Sabe, aquele sorriso que é só para ele. Eu vi, e a sensação na hora foi de um frio na espinha, mas tentei disfarçar. Afinal, era só uma festa, certo? Havia muitas pessoas aqui, vizinhos, colegas de trabalho, ninguém que pudesse perceber nada de errado. Então, eu continuei agindo como se nada estivesse acontecendo, mas não consegui ignorar o fato de que Augusto estava mais distante, conversando com outros, mas me observando de vez em quando. Ele estava me observando, e aquilo não era normal.
Fiquei alerta. Fiquei atento a tudo ao meu redor, como se estivesse em um jogo, tentando perceber qualquer coisa fora do lugar. Foi então que vi Augusto se afastando um pouco, indo para dentro de casa. Sem falar nada, sem chamar atenção. Eu continuei ali, mas minha mente já estava em outro lugar. Então, precisei sair, dar uma desculpa para os outros e entrei discretamente também. Fui em direção à cozinha, movendo-me de forma silenciosa. Eu não sabia exatamente o que esperava encontrar, mas sabia que precisava descobrir.
Quando cheguei perto da cozinha, vi o que jamais pensei que veria. Carla e Augusto estavam se beijando, de forma desesperada, como se estivessem se entregando àquela cena sem nenhuma preocupação. Meu corpo ficou em choque. Naquele momento, minha mão, instintivamente, segurou a garrafa de bebida que eu tinha levado até ali, e por um segundo, me senti como se fosse explodir. Minha vontade era de quebrar a garrafa na cabeça do Augusto, de fazer ele pagar por aquilo. Mas eu respirei fundo, contei até dez, e saí dali.
Eu não sei como, mas eu não podia deixar isso passar. Era impossível. Como eles tiveram coragem de fazer isso na minha própria casa, no meu próprio espaço, sem nem ao menos se preocupar? A sensação de traição, de revolta, foi avassaladora, mas eu sabia que não podia agir no calor do momento. Mas, uma coisa eu sabia com certeza: isso não vai ficar assim.
A Perspectiva de Carla.
Eu sempre fui fiel, sempre me orgulhei disso. Mas com o tempo, algo mudou. O que antes era uma relação cheia de paixão, agora parecia... morno. Eu sabia que Lucas me amava, mas, no fundo, algo estava faltando. Não era que ele fosse menos interessante ou que eu não o quisesse mais, mas a rotina, a segurança, acabaram tirando o brilho que um dia havia existido entre nós. Eu comecei a perceber que ele parecia tão envolvido com o trabalho, com tudo ao redor, e eu... bem, eu comecei a me perguntar se isso era o suficiente.
Foi então que Augusto, sempre ali, como um amigo próximo de Lucas, começou a se tornar mais presente. Eu nunca pensei que ele fosse uma opção, mas comecei a notar o jeito dele de olhar para mim. Não era um olhar qualquer, eu sabia disso. Havia algo mais. Algo que eu não via antes. Ele, por mais que tentasse disfarçar, olhava para mim de um jeito diferente. Era como se ele estivesse me analisando, me desejando em silêncio. Mas ele nunca deu um passo. Nunca foi ousado.
Acontece que eu também comecei a mudar. Eu, que sempre fui reservada, comecei a perceber os próprios sentimentos. Por que não dar um passo? Por que não experimentar esse desejo, essa tensão que eu sentia crescendo dentro de mim? Ele nunca se atreveu a fazer o primeiro movimento, então fui eu quem tomou a iniciativa. Como algo que não podia mais ser contido, a sensação foi mais forte que eu.
Comecei a flertar com ele, eu o provocava sutilmente, deixava escapar alguns comentários mais ousados. E cada vez que ele me olhava, via-se uma pequena faísca de surpresa nos olhos dele. Aquele jogo estava apenas começando, e eu sabia exatamente o que estava fazendo. Eu era quem estava no controle, e ele parecia não perceber o quanto aquilo o estava afetando. Eu percebia como ele tentava não ceder, tentando manter a distância, mas havia algo no meu olhar que não o deixava indiferente.
O tempo foi passando, e as conversas começaram a ter outro tom. Ele, que antes era só um amigo, agora estava sendo atraído para esse jogo que eu havia começado. A cada palavra, a cada olhar, a tensão entre nós se intensificava. Eu não me sentia culpada. Pelo contrário, estava me sentindo viva novamente. A atração que eu sentia por ele era intensa, e, quando nossos corpos se aproximavam, a química era inegável.
E então, aconteceu. Eu sabia que a cada toque, a cada provocação, eu estava cruzando uma linha, mas não me importei. Quando estávamos sozinhos, não resisti mais. Foi eu quem fui até ele, quem o puxou para perto de mim. Era como se o desejo tivesse finalmente tomado conta de mim, e eu não consegui mais lutar contra isso. A tensão, que já estava insustentável, explodiu em um beijo ardente, como se finalmente tudo tivesse se encaixado no lugar.
Após aquilo, a relação entre nós mudou de forma irreversível. Não era mais uma questão de acaso ou de erro. Eu sabia o que estava fazendo. Sabia que havia quebrado uma barreira. Eu não estava mais flertando; estava me entregando ao desejo. A cada novo encontro, a excitação só aumentava. Já não havia mais volta, e eu sabia que o que quer que acontecesse a partir dali seria consequência do passo que eu dei.
Certa noite, meu marido Augusto e eu estávamos em casa conversando. Tínhamos ido para uma festa de um amigo em comum, e Lucas e eu chamamos o Augusto para vir para nossa casa. Aí, conversa vai, conversa vem, Lucas bebendo muito, chegou uma hora que ele se aconchegou no sofá até cair em sono profundo. Ele normalmente bebe de forma moderada, mas às vezes gosta de beber até cair. Nesse dia em específico foi assim. Depois que ele dormiu, por alguns segundos, Augusto e eu nos olhamos, e ele falou baixinho, quando se aproximou de mim: "Porra, estou com um tesão do caralho". Aquelas palavras me arrepiaram, pois eu também estava, sem pensar, o beijei, e ele, é claro, correspondeu. O nosso beijo foi bem quente, como sempre era. Nos empolgamos, o calor subindo pelos nossos corpos, e Lucas acabou fazendo um barulho e se mexendo. Nos assustamos, mas ele permanecia dormindo pesado. Eu falei baixinho: "Acho melhor irmos para o quarto". Lucas ficou receoso e falou, também baixinho: "Está doida? E se ele acorda? Já pensou na merda que ia dar?" Eu respondi: "Ele bebeu tanto que só acorda amanhã, relaxa. Amanhã é domingão, ele pode dormir e nós podemos aproveitar". Lucas ainda estava na dúvida. Peguei no seu pau e percebi o quão excitado ele estava, e o puxei, falando: "Vamos lá". Subimos as escadas. Nem preciso dizer o que aconteceu, né? Kkk. Mais uma trepada gostosa. Nossa, sei que isso foi o cúmulo do absurdo, mas foi bom demais.
Continua...