— Limpa sua barba, dá pra ver que tem porra nela. — Diz ele quase sussurrando.
Acredito que nessa hora eu devo ter ficado mais branco que a parede em neve que estava atrás de mim. Passei a mão em meu rosto, especificamente onde tenho barba e olhei para meus dedos. Havia alguns “gruminhos” brancos e gelatinosos, mas pensei em como ele chegaria nessa conclusão, de que seria porra. Como se ele pudesse ler meus pensamentos, logo ele continuou.
— Sei que é porra pelo cheiro e bem, o fato de tu ter passando a mão no rosto para checar apenas confirmou o que cogitei. — Ele falava ainda enrolando o português em sua língua.
Acho que nunca em toda minha vida me senti um otário que nem nesse momento. Sentia o frio ainda em meu corpo pela surpresa da situação.
— Não é o que tá pensando, Luca. — Comecei falar, sem saber ainda o que dizer. — Devo ter comido algo e acabei me sujando, você também tem barba, sabe como é. — Tentei desfocar o assunto.
— Eu conheço meu pai o suficiente para saber que ele não perde uma oportunidade quando encontra alguém do teu jeito. — Luca disse, apontando em direção do meu corpo. — Só não sabia que ele iria tão longe. Não perdoou nem o próprio sobrinho.
As palavras saiam da boca de Luca com uma naturalidade que chegavam me assombrar. Não conhecia meu tio de perto, então jamais pensaria que ele seria esse tipo de homem. Ele sempre se demonstrara responsável, comprometido com a família e seu trabalho.
— Eu… desculpa, não foi algo que planejei… — Disse meio arredio, mas sabendo que não conseguiria converter a situação. — Seu pai e eu estávamos sozinhos em casa e…
— Meu pai começou se exibir, certo? — Luca me cortava, complementando o que estava pensando, mas relutando em dizer. — Ele sempre faz isso e entendo de você também cair.
Luca deixava cada vez mais claro que aquela era uma atitude comum para ele advindo de seu pai. Ele não falou, mas comecei a pensar que, na empresa onde meu tio trabalha, ele acaba tendo contato com vários jovens. Jovens bonitos, com corpos tão estruturais como o dele e com o tesão a flor da pele, uma vez de que treinar acaba aumento da libido e melhoria do desempenho sexual.
— Não comenta com ninguém, por favor. — Disse com um olhar de medo.
— Fique tranquilo. Só tome cuidado quando se pegarem novamente.
Luca se virou e me deixou ali, com a exposição sobre meu tio latejando em meus pensamentos. Extintivamente, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Rodrigo.
“Luca veio conversar comigo”
“Ele sabe sobre o que aconteceu hoje”
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Voltei à mesa, juntando-me à minha família. Rodrigo me lançava olhares estranhos; provavelmente já havia lido as mensagens que enviei. Fora isso, tudo parecia seguir normalmente. Comemos, interagimos, e, dentro do possível, tentei me manter tranquilo diante de toda a situação.
O almoço chegou ao fim, e a família começou a se dispersar pela casa da minha avó, que era bem grande. Alguns foram para a parte da frente, onde havia uma piscina pequena, mas sempre útil para aliviar o calor. Outros preferiram os fundos, onde algumas árvores frutíferas ofereciam sombras perfeitas para passar a tarde conversando.
Eu, por outro lado, escolhi ficar um pouco sozinho, remoendo o que havia acontecido com meu tio e a abordagem de Luca. Não demorou muito até ser encontrado por alguém.
— Que solidão é essa, moleque? — disse Timóteo.
Timóteo era filho de uma das minhas tias, irmã do meu pai. Sempre o admirei. Tirando o tio Rodrigo, acredito que ele seja o mais bonito da família. Mais velho, talvez uns cinco anos a mais que eu, Timóteo mantinha uma presença agradável. Às vezes, jogávamos online, e esse era o máximo da nossa aproximação até então.
— Preferi dar um tempo no lado social — respondi ao meu primo.
— Sei, sei... O que achou do teu primo, o Luca? — perguntou Timóteo.
— Hmm, não sei... Ele é mais calado, né? Acho que por conta da cultura dele e do português também.
— Ele me passa uma "vibe" diferente. Acho que esse garoto esconde alguma coisa.
Aquele papo estava meio estranho. Timóteo nunca foi de conversar fiado, ainda mais comigo. Mas a curiosidade começou a me consumir; queria saber onde ele queria chegar. Enquanto pensava, fui novamente surpreendido.
— E eu vi ele te abordando ali perto do banheiro. Tu ficou com a maior cara de assustado do mundo. Ele te falou alguma coisa?
— Eu, bem… — mexi-me na cama, tentando ganhar tempo para formular uma resposta. — Ele disse que estava se sentindo meio isolado e…
— Ah, nem vem! — Timóteo me cortou. — Você não sabe mentir, nem parece que joga comigo online quase todo dia. Tu é péssimo no blefe.
Tentei mudar de assunto mais algumas vezes, mas ele estava insistente. Questionei por que ele estava tão curioso; sua abordagem começava a parecer quase grosseira. Cogitei levantar da cama no quarto onde estava "escondido" e sair pela porta, mas fui novamente surpreendido.
Timóteo se colocou à minha frente, trancou a porta e retirou a chave do trinco, guardando-a no bolso.
— Poxa, mano! Destranca essa porta! Imagina o que vão pensar se pegarem a gente aqui! — disse, quase gritando, mas em um alto sussurro.
— Olha, deixa eu te contar uma coisa. Você precisa me prometer que não vai espalhar ou falar nada pra ninguém — falou Timóteo, enquanto apoiava as duas mãos em meus ombros e me fazia sentar à beira da cama.
Sem pensar duas vezes, ele começou a falar.
— A gente nunca tocou no assunto aqui em casa juntos e tal, mas todo mundo sabe que você curte homem. Então… — aqui ele pensou em como falar. — Então, primo… toma cuidado com meu tio Rodrigo.
Quando eu pensava que o dia não me ofertaria mais surpresas, surge meu primo com mais uma bomba para minha cabeça ficar remoendo.
— O que você quer dizer, primo? Eu não entendo. — disse, tentando soar natural, escondendo no meu mais profundo o fato de já ter feito um oral no meu tio e de saber, da boca de seu próprio filho que, não fui o primeiro homem dele.
— O que quero dizer é que, meu tio pode parecer muito gente boa e sei o quanto ele é bonito, tipo… todo mundo pira nele.
A resposta de Timóteo estava muito superficial, mas parecia querer dizer mais do que havia sido dito.
— Primo — disse colocando uma de minhas mãos na coxa de Timóteo. — Você e meu tio já se… — respirei. — Vocês já se pegaram?
Aquela pergunta parece ter pego na alma de Timóteo. Seus olhos ficaram mais distantes e vergonhosos. Pude sentir no ar que toquei em um assunto que talvez não deveria ter surgido naquele momento. Meu primo abaixou a cabeça e confirmou, a balançando em sinal de sim.
Nunca passaria na minha cabeça que meu primo seria gay, ou pelo menos bi. Não entendia naquele momento se sua vergonha seria pelo fato dele já ter ficado com homens ou se ele ter ficado especificamente com meu tio. Talvez a soma dos dois. Tentei não mais cruzar a linha. Continuei ali do seu lado, sem falar nada. Apenas esperando qual seria a próxima ação do meu primo.
Ele levanta seus olhos a minha direção, seu rosto estava neutro.
— Marcelo, não conta pra ninguém. Por favor. E toma cuidado, tá?
— Porque você me pede tanto pra ter cuidado? E não se preocupa. Jamais vou te julgar, até porque… — aqui eu abaixei o tom de fala. — Eu também já fiquei com ele. — Completei, achando que contar da minha parte tiraria um pouco o peso das costas do meu primo.
— Eu sabia! Vocês demoraram voltar da sua casa! Eu sabia que meu tio iria tentar com você também.
— Mas Timóteo, como aconteceu com você? Tipo… desculpa perguntar, mas você não é hétero?
Meu primo me olhou, sabia que ouviria algo bem profundo da parte dele. Algo que ele guardava a sete chaves.
— Aconteceu alguns anos atrás, em sua última visita aqui no Brasil. Reunimos igual estamos agora. Todos estavam conversando, rindo e decidi tirar um sono leve depois do almoço, então vim pra esse quarto que estamos agora, inclusive. — Timóteo olha para o teto do quarto. — Eu estava mexendo no celular quando o tio Rodrigo entrou. Perguntou o que estava fazendo e depois veio elogiar meu corpo, dizendo que estava bonito, que estava tal qual seus alunos olímpicos. Nessa, papo vai e vem, começamos a falar sobre minhas coxas, que era uma parte que tinha mais desenvolvido, dizendo ele.
Meu primo fez uma pausa maior na fala. Senti que ele estava próximo a contar como foi seduzido pelo nosso tio.
— Ele pediu para que ficasse em pé em sua frente, que iria me avaliar melhor e bem, eu confiei. Afinal, ele faz isso para ganhar a vida e pelo que sabemos, ele é muito bem valorizado pelo seu serviço. Então assim eu fiz, levantei e fiquei próximo a cama. Ele fechou a porta, trancou e se sentou frente a mim. Ele, sem pedir ou avisar, simplesmente abaixou minha bermuda, me deixando de cueca. Começou a passar suas mãos na minha panturrilha e foi subindo, com toques leves e enquanto fazia isso, me intrertia com assuntos sobre o corpo, questões de grupos musculares e tudo mais. Senti suas mãos já nas minhas coxas e logo mais ele já estava na minha bunda.
Sabia que o relato do meu primo era uma vergonha para ele, pois talvez ele tenha sentido sua masculinidade ser ferida e também por estar prestes a me contar um caso sexual de incesto. Mas não pude me conter, quando percebi estava ficando excitado enquanto ele desabafava. Enquanto ele contava com detalhes, construía na minha mente a visão que foi ver meu tio e meu primo juntos. Dois corpos perfeitamente desenhados por puro esforço de academia.
— Quando ele pegou na minha bunda, esquivei. — continuava meu primo. — Mas ele disse que tava só avaliando e que era normal. Como eu poderia desconfiar? Era meu tio ali. Suas mãos se voltaram novamente para frente da minha coxa e seus dedos foram deslizando um pouco acima da minha cueca, por dentro do tecido. Eu estava sentindo algo com aquilo e me mantive no mesmo lugar, parecia que meu corpo queria muito aquele toque. Foi quando eu comecei ficar exitado e ele continuava fingindo naturalidade, conversando sobre academia. Eu tentava pensar em outra coisa ou até mesmo buscar uma forma de fugir, mas fui domado, primo.
Meu pau a essa altura já devia ter babado em toda minha cueca. Eu não tirava os olhos de Timóteo e torcia para que ele não olhasse rumo a minha bermuda.
— Ele levantou um pouco minha camiseta pra ver meu abdome e comentou sobre meus pelos. Eu comentei que preferia manter, que achava mais bonito. Foi quando ele lentamente foi abaixando minha cueca, dizendo que também preferia manter os pelos mais aparados, tal qual os meus estavam. Meu pau saltou pra fora, duro. Eu não tinha o que comentar naquele momento. Estava com vergonha, com medo e com tesão. Ele segurou meu pau, fez uns dois, três movimentos de punheta, o que fez meu pau soltar uma baba densa e sem muito ensaio colocou meu pau na boca. Ele não me forçou, ele não me fez chantagem, ele simplesmente fez pois eu havia deixado. Então, primo, se isso responde sua pergunta se talvez eu seja bi ou gay, tá aí o que aconteceu.
Mal sabia meu primo que tudo que eu queria naquele momento era fazer o mesmo que meu tio fez com ele. Não consegui soltar nenhuma palavra de conforto ou algo similar, mas senti que precisava ajudá-lo com sua questão sexual e quem sabe conseguir proveito da situação.
— Primo, você já teve novas experiências com outros caras depois do nosso tio? — perguntei de forma ingênua.
— Não, foi minha primeira e única vez. — completou meu primo.
— Então só tem uma maneira de saber se de fato você tem interesse em outros homens ou se você apenas se sentiu pressionado e acabou acontecendo o que me contou. — disse decidido.
— Ficando com outros caras? — Timóteo me olhou.
— Ficando comigo, aqui e agora.
…
Continua.