Meu príncipe, meu irmão - Capítulo 18: Camp Rock

Um conto erótico de Th1ago-
Categoria: Gay
Contém 3424 palavras
Data: 15/01/2025 09:44:51

Os meses que se seguiram foram como um sonho bom, aquele tipo de sonho que você não quer acordar de jeito nenhum. Gustavo e eu vivíamos em uma bolha perfeita, onde nada nem ninguém parecia capaz de nos atingir. Mas, no fundo, eu sabia que o mundo lá fora era cruel, e que essa paz era apenas temporária. O preconceito e a intolerância ainda eram sombras ameaçadoras, sempre à espreita, prontas para nos arrancar dessa felicidade.

Meu padrasto havia percebido nossa proximidade e às vezes era possível perceber que ele nos tratava de maneira mais fria, e fora isso, resolveu colocar Gustavo em esportes como lutas, diminuindo o tempo que ele passava em casa.

Com a chegada das férias de julho, nossos planos começaram a tomar forma. Não apenas o descanso se aproximava, mas também os aniversários que compartilhávamos em agosto. Gustavo faria 18 anos, um marco que, em nossas cabeças, simbolizava liberdade. Ele se tornaria maior de idade, e isso parecia a chave para abrirmos a porta da nossa independência. Falávamos sobre isso o tempo todo, sonhando em ir embora, construir uma vida juntos, longe de tudo e todos que poderiam nos julgar.

Enquanto esse momento não chegava, mantínhamos nosso relacionamento em segredo. Aprendemos a disfarçar, a trocar olhares rápidos em público e a ser discretos quando estávamos com nossos pais. Mesmo assim, as noites juntos eram um refúgio inestimável. Dormir ao lado de Gustavo, sentir seu cheiro pela manhã e acordar com suas mãos explorando meu corpo eram momentos que eu guardava como um tesouro.

Uma semana antes das férias, nossa escola anunciou o tradicional passeio ao acampamento, algo que nós dois aguardávamos com ansiedade. Finalmente, teríamos alguns dias longe das pressões de casa, sem precisar olhar por cima do ombro a cada segundo. O fato de podermos dividir uma barraca era um bônus enorme. Era a oportunidade perfeita para vivermos nosso amor sem medo.

Convencer nossos pais a nos deixar ir foi um desafio. Minha mãe, sempre cautelosa, relutou no início, mas acabou cedendo ao ver como Gustavo tinha mudado nos últimos meses. Desde que começamos a namorar, ele se tornara mais dedicado nos estudos, com notas melhores, e ainda brilhava no esporte. "Ele cuida bem de você", minha mãe disse, quase como uma piada, mas eu sabia que ela acreditava nisso.

O acampamento duraria três dias, e a ideia de passá-los ao lado de Gustavo me enchia de expectativa. Não seria apenas uma aventura comum, mas a chance de criar memórias que, eu esperava, seriam algumas das melhores de nossas vidas. O que eu não sabia, no entanto, era que aqueles dias marcariam o começo de mudanças que, para sempre, alterariam o curso da nossa história.

Naquela noite, estávamos deitados na cama de Gustavo, a luz do abajur iluminando suavemente o quarto enquanto conversávamos sobre o tão esperado acampamento. Eu estava com a cabeça apoiada no peito dele, sentindo os movimentos ritmados da sua respiração. Era um daqueles momentos em que tudo parecia estar no lugar certo, e mesmo a ideia de algo dar errado parecia distante.

— Você já pensou no que vai levar? — perguntei, brincando com os dedos em sua mão, que repousava sobre meu ombro.

— Ainda não sei direito — ele respondeu, sua voz baixa e rouca, como se cada palavra fosse um segredo só nosso. — Acho que umas roupas leves, meu casaco... e você, o que vai levar?

— Além de roupas e os itens básicos? — sorri, levantando o rosto para olhá-lo. — Vou levar meu travesseiro, porque eu sei que os da escola vão ser horríveis.

Ele riu, e o som foi como uma melodia suave que ecoou pelo quarto.

— Você acha mesmo que vai precisar de travesseiro? — perguntou, provocando.

— Claro que sim! — retruquei, fingindo indignação. — Ou você acha que vai ser confortável dormir no chão?

— Não vai ser tão ruim. — Ele deu de ombros, com aquele sorriso confiante que só ele tinha. — E, de qualquer forma, você pode dormir no meu peito.

Minhas bochechas esquentaram, e eu bati de leve no braço dele, rindo.

— Gustavo! Você fala como se fosse algo normal!

— E não é? — Ele arqueou uma sobrancelha. — Estamos juntos, Léo. Quem vai saber o que acontece dentro da nossa barraca?

Aquilo me fez pensar. Era verdade. Por três dias, poderíamos finalmente estar juntos, sem a necessidade de esconder nosso amor. Dormiríamos lado a lado, acordaríamos juntos... Talvez fosse a primeira vez que teríamos um gostinho real de como seria viver nossa vida juntos.

— O que você acha que vai acontecer? — perguntei, voltando a deitar minha cabeça no peito dele. — Quero dizer, passar três dias assim, só nós dois...

— Acho que vai ser incrível. — Ele passou os dedos pelo meu cabelo, o toque gentil e reconfortante. — Vai ser como um teste, sabe? Para o futuro.

— Um teste? — ri, levantando o rosto novamente. — Gustavo, não precisa testar nada. Eu já sei que quero passar o resto da minha vida com você.

Ele ficou em silêncio por um momento, apenas me olhando com aqueles olhos que sempre pareciam saber mais do que diziam.

— E se fosse agora? — ele perguntou, sério de repente. — E se amanhã a gente pegasse nossas coisas e fosse embora? Só nós dois.

— Você tá falando sério? — perguntei, surpreso.

— Totalmente. — Ele segurou meu rosto com as duas mãos. — Só você e eu, Léo. Ninguém mais.

Suspirei, dividido entre o impulso de dizer sim e a realidade que nos cercava.

— Gustavo, eu faria qualquer coisa por você. Mas a gente precisa ser inteligente. Só mais um pouco... só até agosto.

Ele assentiu, entendendo. Mas havia algo nos olhos dele, uma faísca de determinação que eu sabia que nunca apagaria.

Passamos o restante da noite discutindo os detalhes do que levaríamos, como seria dividir a barraca e até como esconderíamos as provas do nosso relacionamento. Gustavo sugeriu que colocássemos as malas lado a lado para parecer natural, enquanto eu insistia que precisávamos nos revezar na hora de trocar de roupa.

— Você é muito preocupado — ele brincou, me puxando para mais perto.

— E você é muito despreocupado — retruquei, sorrindo.

Adormecemos assim, com nossos corpos juntos e nossas mentes cheias de expectativas. O acampamento ainda não havia começado, mas a ideia de viver aqueles três dias com Gustavo já era o suficiente para me encher de felicidade. E, por um momento, eu me permiti acreditar que nada poderia dar errado.

Na manhã seguinte, acordei com o barulho do despertador de Gustavo tocando baixinho. Ele sempre colocava uma música suave para não assustar ninguém ao acordar, mas, para mim, era sempre ele que me despertava primeiro, com seus braços ainda me envolvendo e sua respiração quente no meu pescoço.

— Bom dia, dorminhoco — ele murmurou, a voz rouca, típica de quem acabou de acordar.

— Bom dia, Gus — respondi, me espreguiçando sem vontade de sair daquela cama.

— Pensei em a gente passar na loja de esportes hoje — ele disse, ainda de olhos fechados. — Quero ver umas lanternas pra barraca.

— Lanterna? Sério? — brinquei. — Você tá mesmo preocupado com a iluminação?

— Ué, a gente precisa, né? Ou você quer ficar no escuro? — Ele abriu os olhos, me encarando com um sorriso travesso.

— Se for pra ficar com você, eu fico até no escuro mais profundo. — Sorri, provocando.

Ele riu e me puxou para um beijo rápido.

Levantamos preguiçosos e nos preparamos para sair. Quando chegamos à loja de esportes, Gustavo parecia uma criança em um parque de diversões, analisando barracas, mochilas e equipamentos. Eu ficava observando ele de longe, admirando como ele parecia sempre tão confiante em tudo o que fazia.

— Essa aqui! — ele exclamou, segurando uma lanterna com múltiplas funções. — Tem luz forte, média e até um modo pisca-pisca.

— Você tá comprando uma lanterna ou uma discoteca portátil? — perguntei, rindo.

Ele deu de ombros, com aquele sorriso que fazia meu coração acelerar.

Depois de comprarmos o essencial, voltamos para casa e passamos o restante do dia planejando. Nossa viagem já seria na manhã seguinte, e ali, finalmente, estaríamos só nos dois longe da adrenalina de esconder de nossa família que estávamos juntos. Óbvio que teríamos que esconder de toda a escola, mas um bando de adolescentes não seria tão difícil de enganar, não é mesmo?

Na manhã seguinte, acordei com o sol entrando pela janela do meu quarto e o som suave do alarme de Gustavo tocando no quarto ao lado. Eu estava tão ansioso que quase não dormi à noite. O dia do acampamento finalmente havia chegado. A ideia de passar três dias com Gustavo, longe de casa e da vigilância constante de nossos pais, me dava um frio na barriga, misto de alegria e expectativa.

Levantei rápido, tomei um banho para despertar e fui direto para o meu guarda-roupa pegar as últimas coisas. A mochila já estava quase pronta, mas Gustavo tinha insistido que eu verificasse tudo de novo.

— Léo, você colocou a lanterna? — perguntou ele quando apareceu na porta do meu quarto, já pronto, com um sorriso malandro no rosto.

— Sim, Gus. Coloquei. — Respondi, revirando os olhos, mas sorrindo de volta.

— E o casaco? Porque você sabe que à noite esfria...

— Também está lá, senhor responsável.

Ele riu e veio até mim, bagunçando meu cabelo antes de me puxar para um abraço rápido.

Chegamos à escola, onde o estacionamento estava cheio de adolescentes animados, mochilas e malas por toda parte. O cheiro de café e pão fresco vindo da cantina misturava-se à agitação do local. Gustavo e eu nos entreolhamos e, por um momento, parecia que éramos os únicos ali, cercados por aquele caos organizado.

— Sabe o que isso me lembra? — ele disse, enquanto olhava para os alunos entrando no ônibus.

— O quê?

— Aquele filme da Disney, Camp Rock. Acha que vai ser tão legal quanto?

— Duvido que alguém aqui vá cantar do nada no meio de uma fogueira. — Ri, mas Gustavo deu de ombros.

— Nunca se sabe. Eu, pelo menos, sei que seria o seu Joe Jonas.

Subimos no ônibus e nos acomodamos nos bancos do fundo. Gustavo fez questão de pegar a janela, dizendo que queria me proteger do sol. Eu sabia que era só uma desculpa para ficar me olhando mais de perto.

O ônibus estava lotado de conversas altas, risadas e até música saindo de algum celular mais próximo do meio. Gustavo segurava minha mão discretamente entre nossos assentos enquanto conversávamos sobre as trilhas que faríamos e como dividiríamos as tarefas na barraca.

No entanto, minha tranquilidade foi quebrada quando percebi Miguel, sentado algumas fileiras à frente, me olhando insistentemente. Ele não fazia questão de disfarçar. Seu olhar era direto, quase desconfortável. Tentei ignorar, mas Gustavo também percebeu.

— O que aquele cara tá encarando? — ele sussurrou, inclinando-se para mim.

— Não sei... Melhor não dar atenção.

Depois de algumas horas de viagem, o ônibus parou em um posto à beira da estrada. Todos desceram animados, esticando as pernas e correndo para o banheiro ou para comprar algo na lanchonete. Gustavo e eu ficamos próximos, dividindo um pacote de biscoitos enquanto observávamos o movimento.

Quando todos começaram a voltar ao ônibus, Miguel aproveitou para se aproximar. Eu estava subindo os degraus quando ele tocou meu ombro.

— Léo, posso sentar com você agora? — perguntou, com um sorriso estranho. Antes que eu pudesse responder, Gustavo se colocou entre nós.

— Na verdade, não pode, não. Esse lugar já tá ocupado. — A voz dele era firme, mas calma.

Miguel cruzou os braços, olhando de Gustavo para mim.

— Eu só queria conversar com o Léo. Não vejo problema nisso.

— E eu vejo. — Gustavo deu um passo à frente, bloqueando completamente Miguel.

Eu sabia que a situação podia sair do controle. Coloquei uma mão no braço de Gustavo.

— Tá tudo bem, Guga. Eu resolvo.

Miguel me olhou, como se esperasse uma resposta que o beneficiasse, mas apenas balancei a cabeça.

— Miguel, eu agradeço, mas já tô bem aqui com o Gustavo. A gente pode conversar outra hora.

Ele suspirou, claramente irritado, mas deu de ombros e foi para seu lugar. Gustavo esperou até que ele estivesse longe antes de me olhar.

— Você não vai me deixar sozinho nem por um segundo lá, tá ouvindo?

Eu ri, tentando aliviar o clima.

— Não se preocupa, Guga. Você é o único Joe Jonas que eu quero.

Ele me puxou para o banco de volta, segurando minha mão com mais firmeza dessa vez. A viagem continuou, mas agora com o coração de Gustavo acelerado, misto de ciúme e amor que ele não fazia questão de esconder.

O ônibus seguia pela estrada, o barulho de conversas e risadas preenchendo o ambiente enquanto os alunos estavam animados com o acampamento. Gustavo estava sentado ao meu lado, a mão repousando casualmente sobre a minha coxa, um gesto que só nós dois percebíamos. A paisagem lá fora era um borrão de verde e azul, mas tudo o que eu conseguia focar era a presença dele ali, tão perto de mim.

De repente, a voz do professor se sobressaiu ao microfone.

— Gustavo, preciso de você aqui na frente, por favor. – gritou ele – já que está em seu último ano, bora trabalhar.

Gustavo levantou os olhos com uma expressão de dúvida, mas rapidamente se levantou do assento, dando-me um sorriso antes de se dirigir ao professor.

— Já volto, fica bem aí.

Assim que ele se afastou, o espaço ao meu lado pareceu mais frio, vazio. Eu acompanhei seus passos até ele chegar ao professor, que o estava orientando sobre alguns papéis e uma lista de atividades. Foi nesse momento que Miguel, que estava sentado algumas fileiras atrás, aproveitou a oportunidade.

Senti o assento ao meu lado afundar e, ao virar a cabeça, lá estava Miguel, com um sorriso que não era tão casual quanto ele queria que parecesse. Ele olhou para mim, ajustando-se no banco.

— Oi, Léo.

Eu o encarei, surpreso com a ousadia dele, mas tentando manter a calma.

— Oi, Miguel.

Ele respirou fundo, como se estivesse preparando o que dizer.

— Olha... Eu sei que a gente se desentendeu, e eu queria começar pedindo desculpas por tudo aquilo.

— Tudo o quê? — perguntei, cruzando os braços.

— Por ser grosso com você, por te tratar mal depois daquelas vezes que... bem, você sabe.

Miguel desviou os olhos, um traço de arrependimento pintando seu rosto. Era a primeira vez que eu via essa vulnerabilidade nele.

— Eu só queria... começar do zero com você, sabe? — continuou ele, agora olhando diretamente para mim. — Eu agi como um idiota porque eu não sabia lidar com... com o que eu sentia.

— E o que exatamente você sentia, Miguel? — perguntei, minha voz carregada de uma mistura de ceticismo e curiosidade.

Ele passou a mão pelo cabelo, claramente desconfortável.

— Eu gostava de você, Léo. Gostava muito. Quando você quis se afastar de mim, sei que fui babaca, mas eu não queria demonstrar o quanto aquilo me fez mal. Eu não parei de pensar em você um dia se quer.

Houve um momento de silêncio. O barulho dos outros alunos parecia distante agora, como se estivéssemos em uma bolha onde só nós dois existíamos.

Eu respirei fundo, sentindo uma mistura de pena e irritação.

— Miguel, eu não sei o que você esperava, mas eu estou querendo fugir de problemas agora. Você sabe disso.

Ele assentiu, um sorriso triste surgindo em seus lábios.

— Eu sei. Eu só... precisava dizer isso. Precisava que você soubesse que eu me arrependo.

Antes que eu pudesse responder, senti uma presença familiar atrás de mim. Olhei para cima e vi Gustavo parado ali, os olhos fixos em Miguel.

— Miguel — disse Gustavo, o tom sério e direto. — Meu lugar, por favor.

Miguel hesitou, mas não parecia disposto a criar uma cena. Ele se levantou lentamente, me lançando um último olhar antes de voltar para o seu assento original. Gustavo sentou-se ao meu lado, a tensão em seu rosto evidente.

— O que ele queria? — perguntou ele, sem olhar diretamente para mim.

— Só pediu desculpas, disse que queria recomeçar do zero.

Gustavo finalmente olhou para mim, sua expressão suavizando um pouco. Ele segurou minha mão sob o assento, apertando-a levemente.

— Ele não vai mais incomodar você.

Eu dei um sorriso pequeno, mas reconfortante.

— Eu sei. Porque eu tenho você.

Depois que Miguel voltou para o lugar dele, Gustavo permaneceu ao meu lado, mas algo na maneira como ele me olhava deixava claro que ele não estava tranquilo. O silêncio entre nós era carregado, e eu sabia que ele estava lutando contra os próprios pensamentos.

De repente, ele se inclinou para mais perto, a voz baixa, mas cheia de emoção.

— Léo, eu preciso falar uma coisa.

Eu me virei para ele, preocupado.

— O que foi?

Ele passou a mão pelos cabelos, visivelmente desconfortável.

— Eu... eu tô morrendo de ciúme, tá? — disse ele, a voz carregada de frustração. — Eu sei que você não deu bola pra ele, mas só de ver aquele cara sentando ao seu lado, olhando pra você como se tivesse alguma chance...

Eu arregalei os olhos, surpreso com a intensidade e honestidade dele.

— Gustavo, calma. Eu não fiz nada.

— Eu sei! — ele respondeu rapidamente, antes de abaixar o tom. — Eu sei que você não fez. Mas isso não muda o fato de que eu odeio quando ele chega perto de você. Ele não tinha que ficar te pedindo desculpa ou tentando 'recomeçar do zero'. É que você é meu, Léo.

O jeito possessivo de Gustavo me deixou dividido entre achar fofo e querer acalmá-lo. Coloquei a mão no braço dele, apertando suavemente.

— Ei, olha pra mim. Eu estou com você. Só com você. Não tem ninguém mais.

Ele respirou fundo, como se estivesse tentando processar minhas palavras.

— Eu sei disso, mas não consigo evitar. Eu não quero que ninguém pense que pode roubar você de mim.

Sorri, tentando aliviar o clima.

— Roubar? Gustavo, eu não sou um prêmio, sabe? E mesmo que fosse, já estaria com o dono.

Ele olhou para mim, e o brilho no olhar dele finalmente suavizou. A mão dele encontrou a minha, entrelaçando nossos dedos debaixo da mochila que estava sobre nossas pernas.

— Só... promete que nunca vai me deixar.

— Eu prometo — respondi com sinceridade, apertando a mão dele. — Agora, para de pensar besteira. Miguel não significa nada pra mim. E eu nunca vou desistir da gente, e você sabe que quando eu prometo, eu tô falando sério.

— Tá bom — ele respondeu, mas o tom de voz deixava claro que o ciúme ainda ardia, como uma brasa que recusava apagar. — Mas se ele tentar qualquer coisa de novo, Léo, juro que eu não vou deixar barato.

Eu ri suavemente, tentando aliviar a tensão, e balancei a cabeça.

— E você? Promete nunca desistir de mim?

Gustavo olhou para mim, os olhos castanhos refletindo algo mais profundo do que qualquer palavra poderia descrever. Ele suspirou, como se estivesse selando uma promessa com a própria alma, e sorriu com uma ternura que quase me fez esquecer do mundo ao redor.

— Eu prometo, Léo. Nunca vou desistir de você.

Naquele momento, eu acreditei nele com toda a força do meu coração. A maneira como ele segurava minha mão, como se eu fosse o único ponto de luz no universo dele, me dava uma certeza reconfortante. Gustavo era meu porto seguro, meu mundo inteiro, e eu sentia que, juntos, podíamos enfrentar qualquer coisa.

Mas a vida, com sua crueldade irônica, tinha outros planos.

Hoje, escrevo esse relato com lágrimas nos olhos, porque sei, sem sombra de dúvidas, que Gustavo me amava com toda a força que cabia em seu ser. Ele me amava como nunca imaginei ser possível, como alguém que encontra um lar em outro coração. Mas, infelizmente, ele fez algo muito pior do que desistir de mim. Ele desistiu dele mesmo.

Enquanto escrevo essas palavras, revivo cada sorriso, cada promessa, cada momento que compartilhamos. E me pergunto onde foi que o perdi, em que ponto a escuridão o engoliu tão completamente que nem meu amor conseguiu alcançá-lo.

Sei que ele lutou. Gustavo era um lutador, sempre foi. Mas até os mais fortes têm seus limites, e a batalha que ele travava dentro de si era maior do que qualquer uma que eu pudesse enfrentar ao lado dele.

Agora, tudo o que resta são essas palavras, meu grito silencioso para um amor que ainda vive em mim, mas que foi arrancado do meu lado. Se eu pudesse voltar no tempo, talvez dissesse algo diferente naquele momento, algo que o impedisse de se perder. Mas tudo o que tenho é a memória do garoto que prometeu nunca desistir de mim, enquanto eu prometo que nunca desistirei dele, mesmo que seja apenas em minhas lembranças.

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Fica ai a meta de 27 estrelas pra motivar o autor a acelerar a postagem de capítulos ♥️

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Comentários

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AINDA NÃO ESTÁ CLARO O QUE ACONTECEU COM GUSTAVO. COMPLICADO ISSO. QUANTO A MIGUEL, ACHO MAIS QUE ELE TEM QUE SE FERAR ATÉ O FIM DA VIDA.

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Aguenta a curiosidade que agora falta pouco.

No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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Simplesmente irrepreensível.

Tenho sempre presente que o conto é uma obra de autor. Léo, Gustavo e Miguel não têm vida nem sentimentos próprios. O Th1ago é que nos molda estas personagens e a interação entre elas. O brilho do autor está precisamente na consistência do perfil psicológico de cada personagem e no desenrolar do relacionamento entre seres humanos construído pelo autor. É por isto que achei este capítulo um dos melhores do presente conto. Os meus parabéns.

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Muito obrigado!!

Sou psicanalista também né amorzinho.

No próximo capítulo vou falar um pouco sobre mim pra vocês ♥️

Aliás, No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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Acho que o Gustavo virou viciado,ansioso pra próximo capítulo

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também pensei a mesma coisa,a morte do pai dele,o afastamento do casal,acho que o conjunto de fatos contribuiram para ele entrar nas drogas.

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Amo quando vocês começam a criar teorias ♥️

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Segura a ansiedade que já está chegando a hora de descobrir. No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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Gente toda hora muda o nosso pensamento do que possa ter acontecido ao Gustavo. Ansioso pelos próximos capítulos.

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E fique mesmo, pois o próximo capítulo vai ser um dos mais fortes.

No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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Acho que agora entendo mais de Léo do que de Gustavo... E não consigo acreditar que seja apenas um devaneio, uma vontade passageira, ou um simples verão desbotado no horizonte. Não! Não pode ser só uma estação efêmera; é como um pêndulo que revela o movimento essencial da vida, desenhando com precisão conexões raras e profundas. Se for um devaneio, então Léo deve ser um lunático, rs... Recuso-me a aceitar que sejam apenas fantasias da mente; é uma necessidade muito mais real e intensa, algo que talvez só eles compreendam. E espero que seja plenamente satisfeita até o fim da história!

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Claro que não é devaneio, um amor desses? É super real

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A curiosidade sobre o que aconteceu e que causou a ruptura e afastamento entre Gustavo e Léo está me consumindo. Que história foda de linda, Th1ago !!!!!!!!!

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Calma que agora falta menos de 2 horas

No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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Thiago, esse acampamento promete hein...muito tesão e tensão haha. E um momento definidor vem por aí então? Acho que o ciúme do Gustavo vai dar problema ..

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Claro, finalmente as coisas vão começar a ser compreendidas por vocês leitores!

No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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As coisas vão clareando aos poucos nesses lapsos da história. Ainda curioso para saber o que realmente os separou. E Miguel deve aprontar nesse acampamento. Conte-nos mais.

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No próximo capítulo já vamos saber o que aconteceu com Gustavo. Estamos entrando na segunda fase do conto, onde conheceremos o dia da grande merda, e no presente já teremos o Gustavo adulto. Preparado?

00:01 já saiu o capítulo que dá início a nova parte da nossa história.

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