O Refúgio era um oásis de esperança em meio à desolação. Escondido em uma área remota e de difícil acesso, o antigo complexo industrial abandonado havia se tornado o quartel-general da resistência. Ali, homens e mulheres que ousavam desafiar o regime de Anya lutavam por um futuro diferente, um futuro onde a liberdade não fosse apenas uma lembrança distante.
Zara, uma ex-Guardiã, caminhava a passos firmes pela sala de reuniões improvisada. Seu rosto, marcado por uma cicatriz que ia da testa ao queixo, refletia a dureza de sua vida, mas seus olhos brilhavam com uma determinação inabalável. Ela havia trocado a opressão do uniforme negro pela liberdade incerta da resistência, e não se arrependia.
Alguma notícia de 047? - perguntou ela, dirigindo-se a Rico, um homem mais velho, cujos cabelos grisalhos e olhar sábio denotavam sua experiência.
Rico balançou a cabeça.
Nada ainda. Nossos contatos na Instalação Nº 7 confirmaram que ele foi levado para o Palácio, mas depois disso... silêncio.
Droga! - Zara socou a mesa, frustrada. - Ele pode estar sendo torturado nesse exato momento. Precisamos tirá-lo de lá.
Um resgate seria arriscado demais - ponderou Rico, sua voz calma e ponderada. - Não sabemos como o Palácio está protegido. E se ele já falou? Se revelou nossas identidades ou localização?
Não acredito que ele faria isso - retrucou Zaraé forte. Ele aguentaria.
Talvez - disse Rico, com um suspiro. - Mas não podemos nos dar ao luxo de sermos imprudentes. Temos que pensar no quadro geral.
Nesse momento, Lia, uma jovem de cabelos escuros e olhos vibrantes, entrou na sala, seu rosto magro iluminado pela tela de um tablet improvisado.
Tenho novidades - anunciou ela. - Consegui interceptar uma mensagem codificada. Parece vir de dentro do Palácio.
Todos se inclinaram para frente, ansiosos. Lia conectou o tablet a um projetor improvisado, e uma série de símbolos e números apareceu na parede.
Ainda estou decifrando - explicou ela. - Mas consegui extrair algumas palavras.
Ela apontou para uma sequência de caracteres.
Aqui diz: "Subject 047". E aqui: "Aguardem instruções".
Um murmúrio percorreu a sala.
É dele! - exclamou Zaraestá vivo e conseguiu nos enviar uma mensagem!
Ou é uma armadilha - ponderou Rico, cauteloso. - Como ele teria acesso a um canal de comunicação dentro do Palácio?
A mensagem é criptografada - disse Lia. - Com um código que nunca vimos antes. É complexo, muito além das capacidades das Guardiãs ou das Sacerdotisas.
Então, temos um espião lá dentro? - perguntou Zara, surpresa.
É o que parece - respondeu Lia. - Alguém com conhecimento avançado de criptografia e acesso a canais de comunicação restritos.
Um silêncio tenso se instalou na sala. A possibilidade de um aliado dentro do próprio covil da Suprema era ao mesmo tempo animadora e aterrorizante.
Precisamos descobrir quem é essa pessoa - disse Zara, finalmente quebrando o silêncio. - E se a mensagem for verdadeira, precisamos decidir o que fazer em relação a 047.
Eu ainda acho que um resgate é arriscado demais - insistiu Rico. - Mas se ele realmente estiver em uma posição de nos passar informações... isso pode mudar tudo.
Concordo - disse Zara. - Precisamos de mais informações. Lia, continue trabalhando na mensagem. Tente descobrir a origem e a identidade do remetente. Enquanto isso, vamos discutir nossas opções em relação a 047.
A reunião se estendeu por horas, com os membros da resistência debatendo os prós e contras de um possível resgate, os riscos envolvidos e as possíveis vantagens de ter um homem dentro do Palácio. A decisão era difícil, e as opiniões estavam divididas. Mas uma coisa era certa: a resistência havia ganhado um novo e misterioso elemento em seu jogo contra a Suprema Anya.
Enquanto isso, na Instalação de Produção de Sêmen Nº 7, o início da manhã trazia consigo a rotina opressiva de mais um dia. Os 53 homens cativos se preparavam para a primeira extração de sêmen do dia. O clima era de resignação e cansaço.
Subject 112, ainda relativamente novo na Instalação, se aproximou de Subject 388, que já estava lá há mais tempo. 112 parecia nervoso e assustado.
Ei, novato - chamou 388, aproximando-se deVocê parece meio perdido.
Eu... eu sógaguejou, sem saber o que dizer.
Não se preocupe - disse 388, com um sorriso cansado. - Todos nós nos sentimos assim no começo. Mas você se acostuma.
Como? - perguntou 112, incrédulo. - Como você pode se acostumar com isso?
388 deu de ombros.
Você aprende a não pensar muito - respondeu ele. - Apenas faça o que eles mandam, e você vai sobreviver.
Mas... e quanto à resistência? - sussurrou 112, lembrando-se dos rumores que ouvira. - Você disse que havia homens queinterrompeu-o, olhando ao redor, certificando-se de que ninguém estava ouvindo.
Esqueça essas histórias - disse ele, em voz baixa. - Aqui dentro, ninguém escapa. O que acontece é que, quando a gente fica velho e o sêmen não presta mais, eles descartam a gente.
Descartam? - perguntou 112, confuso.
É. Ou jogam a gente pra fora dos muros pra morrer, ou mandam pra trabalhos forçados até a gente cair duro - respondeu 388, com um olhar sombrio. - Não tem escapatória.
112 engoliu em seco, sentindo as pernas tremerem.
Mas eles falaram de uma resistência... - insistiu ele.
388 suspirou.
Olha, garoto, eu já vi muita coisa por aqui. E aprendi uma coisa: não acredite em tudo que ouve. Sim, existem rumores. Mas isso não muda o fato de que estamos presos aqui.
Mas e as mulheres? - perguntouElas não são todas iguais, são?
388 riu, um riso seco e sem humor.
Claro que não. Elas têm suas castas, suas divisões. Olha só - ele apontou discretamente para um grupo de Sacerdotisas que se aproximavam, vestindo suas túnicas brancas. - Aquelas são as Sacerdotisas. Elas são da Casta Intelectual, eu acho. Veja os colares que elas usam, com aqueles números? É assim que você pode identificá-las.
112 observou as Sacerdotisas, fascinado. Ele nunca tinha prestado atenção nos colares antes.
E as Guardiãs? - perguntou ele.
Elas são da Casta Executora - respondeuElas usam uniformes pretos e têm insígnias diferentes. E, claro, há a Casta Ápice, as que estão no topo, as que mandam em tudo. Essas você não vê por aqui.
E como você sabe de tudo isso? - perguntou 112, desconfiado.
388 sorriu enigmaticamente.
O tempo faz a gente aprender algumas coisas - respondeu ele.
Nesse momento, as Sacerdotisas chegaram ao alojamento. Eram dez, todas jovens e bonitas, com corpos esculturais que contrastavam com a aparência abatida dos homens. Elas se despiram de suas túnicas, ficando completamente nuas, e caminharam entre os homens, que também já haviam sido despidos. A nudez das Sacerdotisas, contrastando com a dos homens, já mostrava quem tinha poder ali.
Em grupos de dez! - ordenou uma das Guardiãs, sua voz ressoando pelo alojamento.
Os homens obedeceram, formando grupos e seguindo as Sacerdotisas para a ala de extração. 112 e 388 ficaram no mesmo grupo.
Na sala de extração, dez macas estavam dispostas em fileiras. Os homens foram instruídos a deitar-se, um em cada maca. As Sacerdotisas, agora totalmente nuas, se posicionaram ao lado de cada homem, seu olhar profissional e desprovido de qualquer emoção que não fosse a mera obrigação. Seus corpos eram belos e bem cuidados, um lembrete constante da desigualdade entre as castas.
Uma das Sacerdotisas se aproximou de 112 e, sem dizer uma palavra, começou a manipulá-lo. Seus dedos eram ágeis e experientes, e 112 sentiu seu membro endurecer sob seu toque. Ela se inclinou sobre ele, seu corpo nu roçando levemente no dele, e começou a trabalhar com um ritmo constante e eficiente. O cheiro do perfume dela, uma fragrância doce e floral, encheu suas narinas, e ele teve que se esforçar para não fechar os olhos e aproveitar a sensação.
As Sacerdotisas eram instruídas a realizar a extração de forma rápida e eficiente. Elas podiam usar seus corpos e a estimulação oral para acelerar o processo, mas eram estritamente proibidas de permitir que o sêmen dos homens entrasse em contato com suas bocas. Qualquer uma que fosse pega infringindo essa regra era severamente punida. A nudez, o toque, e até mesmo o sexo oral, eram apenas ferramentas para atingir o objetivo final: a coleta do sêmen.
112 fechou os olhos, tentando se concentrar apenas nas sensações físicas, tentando ignorar o fato de que estava sendo usado como um mero objeto, uma fonte de sêmen para uma sociedade que o desprezava. Ele podia ouvir os sons dos outros homens ao seu redor, os gemidos baixos, não sabia diferenciar a dor ou o prazer, a respiração ofegante, o ruído úmido da extração.
A Sacerdotisa que o atendia era jovem e bonita, com seios fartos e um corpo esguio. Seus cabelos eram castanhos claros, cortados curtos, e seus olhos eram de um azul penetrante. Enquanto trabalhava, ela o observava com um olhar clínico, como se ele fosse apenas mais um espécime em um laboratório.
112 tentou não olhar para ela, mas era difícil. A nudez dela, a proximidade de seu corpo, o cheiro de seu perfume, tudo isso contribuía para uma atmosfera carregada de uma sensualidade forçada e perturbadora. Ele sabia que o objetivo era estimulá-los, acelerar o processo de extração, mas ele se recusava a sentir qualquer coisa além de repulsa. Quando se está alí a pouco tempo é possível desfrutar daquilo, porém com o passar dos dias, meses, anos, as sacerdotisas já não são capazes de gerar tanto estímulo assim, a extração fica extremamente dolorosa e difícil.
Em dado momento, a Sacerdotisa se inclinou e começou a usar a boca para estimulá-lo, alternando entre sucções e lambidas, sua língua ágil e experiente provocando-o, levando-o cada vez mais perto do clímax. 112 se contorceu na maca, tentando lutar contra as sensações que o invadiam, mas era inútil. Seu corpo, faminto por qualquer tipo de contato, respondia involuntariamente ao toque dela.
Ao seu lado, 112 podia ouvir 388 gemendo baixinho, certeza que era dor. Estava na instalação há mais de 10 anos, sofrendo com 4 extrações por dia, já estava cansado. Ele sabia que o homem mais velho estava tentando manter a compostura, mas a extração era um processo desgastante, tanto física quanto emocionalmente. 388 já havia passado por aquilo inúmeras vezes, e 112 se perguntava como ele conseguia suportar.
De repente, 112 sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo. Seu membro latejava, e ele sabia que o clímax estava próximo. A Sacerdotisa, percebendo isso, intensificou seus movimentos, sua boca e mãos trabalhando em perfeita sincronia. E então gozou, seu pau estava no ápice dos 20cm. Conseguia encher toda a taça de coleta, isso era um alívio, sabia que não iria ser descartado para a morte, ainda era produtivo. Após o gozo, a sacerdotisa limpou seu membro com uma toalha em embedada em um líquido amarelo. Assim que terminou, a Sacerdotisa se afastou, sem dizer uma palavra, e foi para o próximo homem. 112 permaneceu deitado na maca, exausto e vazio, sentindo o suor frio escorrer por sua testa.
Ele olhou ao redor, observando as outras Sacerdotisas trabalhando. Elas se moviam com eficiência e precisão, seus corpos nus brilhando sob as luzes frias da sala de extração. Era uma visão ao mesmo tempo bela e grotesca, uma representação da distorcida sociedade em que ele vivia.
Após a coleta, os homens foram levados de volta para o alojamento. As Sacerdotisas, já vestidas com suas túnicas, se retiraram, levando consigo os recipientes com o sêmen recém coletado. O ciclo recomeçaria em algumas horas, e 112 sabia que precisava descansar e se preparar para a próxima extração.
Enquanto caminhava de volta para sua cela, 112 trocou um último olhar com 388. O homem mais velho parecia ainda mais cansado do que o habitual, mas havia um brilho estranho em seus olhos.
Você está bem, garoto? - perguntou 388, sua voz rouca.
Estou - respondeu 112, embora não tivesse certeza se era verdade.
É assim mesmo - disseA gente se acostuma. Mas nunca esquece.
112 assentiu, sem saber o que dizer. Ele não tinha certeza se queria se acostumar com aquilo. Talvez fosse melhor esquecer, apagar tudo da memória. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que as palavras de 388 sobre a resistência haviam plantado uma semente em sua mente. Uma semente de esperança, por mais tênue que fosse.
Naquela noite, enquanto os outros homens dormiam, 112 permaneceu acordado, perdido em pensamentos. Ele olhou para o teto escuro de sua cela, imaginando como seria a vida fora da Instalação. Será que um dia ele voltaria a ser livre? Será que a resistência era real, ou apenas um boato, uma ilusão para manter os homens esperançosos?
Enquanto isso, no Palácio da Suprema, Kaleb se encontrava em seus aposentos, inquieto. Ele havia cumprido seu dever, como sempre, mas a imagem de 047 nu e vulnerável diante de Anya o perturbava. Ele se pegou pensando no olhar do homem, uma mistura de medo e desafio, e na maneira como ele havia reagido ao toque da Suprema. Havia algo naquele homem, algo que havia despertado a curiosidade de Anya, e isso o preocupava.
Ele se perguntou o que Anya pretendia fazer com 047. Será que ela o estava testando? Ou será que ela via nele algo mais, algo que ele próprio, Kaleb, não conseguia ver? Sabia que seu lugar ao lado de Anya era um privilégio, mas também sabia que era perigoso. Ele era o favorito dela, seu amante, seu confidente, mas também era, de certa forma, tão prisioneiro quanto os homens nas Instalações.
Ele se virou e olhou para a porta fechada de seus aposentos, imaginando o que estaria acontecendo do outro lado. Será que Anya estava com 047 agora? Será que ela estava fazendo com ele o que fazia com Kaleb?
Um sentimento estranho, uma mistura de ciúmes e raiva, tomou conta dele. Kaleb balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Ele não tinha o direito de sentir ciúmes. Ele era apenas um instrumento nas mãos de Anya, assim como 047.
Mas, ainda assim, ele não conseguia afastar a sensação de que algo havia mudado. A chegada de 047 ao Palácio havia perturbado o delicado equilíbrio de poder, e Kaleb temia que isso pudesse trazer consequências imprevisíveis.
Ele sabia que precisava ser cauteloso. Ele precisava observar, esperar e, acima de tudo, proteger sua posição. Sua sobrevivência, e talvez a de outros, dependia disso.
Em outro lugar do Palácio, em um corredor isolado, uma figura se movia nas sombras. Era impossível determinar sua casta ou função, pois suas vestes eram escuras e discretas. A figura parou diante de uma porta, certificou-se de que não havia ninguém por perto e bateu de leve, três vezes, em um ritmo específico.
A porta se abriu, revelando um quarto simples. Um homem jovem, vestido com uma túnica de Progenitor, estava sentado na cama, com uma expressão ansiosa no rosto.
A figura entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. O homem se levantou, seus olhos brilhando com uma mistura de medo e expectativa.
Você tem a mensagem? - perguntou ele, em um sussurro.
A figura assentiu e tirou um pequeno pedaço de papel do bolso, entregando-o ao homem.
Tome cuidado - disse a figura, sua voz abafada. - Isso é perigoso.
Eu sei - respondeu o homem, pegando o papel com mãos trêmulas. - Mas eu preciso fazer isso. Eu preciso tentar.
Ele desdobrou o papel e leu a mensagem, seus olhos se arregalando de surpresa.
Eles querem que eu faça o que? - perguntou ele, incrédulo.
Você tem uma escolha - disse a figura. - Confie em nós e siga as instruções, ou entregue isso e a mim para as Guardiãs.
O homem hesitou por um momento, dividido entre o medo e a esperança. Então, com uma respiração profunda, ele assentiu.
Eu farei isso - disse ele, sua voz firme. - Diga a eles que eu farei isso.
A figura assentiu novamente e se virou para sair.
Espere - chamou o homem. - Quem é você?
A figura parou na porta, mas não se virou.
Apenas alguém que acredita em um futuro melhor - respondeu, e então desapareceu no corredor, deixando o homem sozinho com seus pensamentos e a mensagem codificada que poderia mudar seu destino, e talvez o destino de muitos outros.
Continua....