Capítulo 8: A Prima
Assim que me recuperei da aura devastadora de Marcia, Marcela surgiu logo atrás dela, segurando um embrulho pequeno e delicado. Ela era como uma sombra mais jovem e tímida da mãe, uma espécie de versão contida do furacão que era Marcia. Ainda assim, Marcela tinha seu próprio encanto, algo mais doce e sutil, como o calor de um dia ensolarado no inverno.
Ela era praticamente da minha idade, apenas alguns meses mais nova, o que sempre fez com que nossas interações fossem mais naturais – ou pelo menos, quase. Apesar disso, estar ao lado dela sempre me causava um nervosismo latente, aquele tipo de tensão que nasce de um desejo escondido demais para ser confessado.
Marcela tinha um rosto tão semelhante ao de Marcia que era impossível não fazer a conexão. O mesmo formato, o mesmo olhar castanho profundo que parecia carregar segredos. Mas enquanto Marcia exibia sua sensualidade sem esforço, Marcela era mais reservada. Seus lábios eram naturalmente rosados e estavam sempre franzidos, como se estivesse eternamente hesitando entre um sorriso e um suspiro.
Naquele dia, ela vestia um vestido de tecido leve, com um decote discreto que revelava o suficiente para deixar a imaginação inquieta. A cintura era marcada, realçando sua silhueta, enquanto a saia terminava pouco acima dos joelhos, deixando suas pernas torneadas à mostra. Ela ainda tinha aquele ar de inocência – ou talvez fosse algo que ela queria passar –, mas havia algo nos seus movimentos, na maneira como ela evitava meu olhar por muito tempo, que me fazia questionar se toda essa inocência era realmente genuína.
Quando ela se aproximou, sua hesitação era visível. O que sempre me fascinava em Marcela era esse contraste: a aparência confiante herdada de Marcia e, ao mesmo tempo, uma timidez que parecia tão intrínseca a ela. Quando ela abriu os braços para me abraçar, eu senti meu coração acelerar, mas mantive a compostura.
O abraço foi diferente do de Marcia, mais contido, mais hesitante, mas isso só fez com que cada segundo parecesse mais longo. O corpo dela era quente contra o meu, e mesmo que houvesse uma leve distância, a proximidade fazia meu sangue ferver. Seus braços ao redor do meu pescoço eram leves, quase como se ela tivesse medo de cruzar uma linha invisível.
– Feliz aniversário, primo – ela disse, a voz baixa e suave, como uma brisa que mal tocava os ouvidos.
– Obrigado, Marcela – respondi, tentando manter o tom casual, mas sentindo meu rosto esquentar.
Quando nos afastamos, ela me entregou o pequeno pacote que carregava.
– Espero que goste – disse, evitando meu olhar por um momento antes de finalmente me encarar.
Havia algo nos olhos dela, uma espécie de hesitação misturada com curiosidade. E eu sabia o que aquilo significava, porque sentia a mesma coisa. Não era apenas proximidade familiar que nos unia; havia algo mais, algo que nenhum de nós ousava colocar em palavras.
Eu sempre soube, no fundo, que se algum dia eu fosse perder a virgindade com alguém da família – e admito, essa ideia era mais presente na minha mente do que deveria –, seria com Marcela. Não porque Marcia não fosse uma fantasia constante, mas porque Marcela era acessível de uma maneira que sua mãe nunca seria. Estávamos próximos em idade, dividíamos risadas e segredos, e havia uma tensão que, embora não fosse discutida, estava sempre presente.
Enquanto ela se afastava um pouco para dar espaço para os outros, não pude deixar de observá-la. Seus gestos eram delicados, seus dedos brincavam com a barra do vestido como se ela tentasse disfarçar o nervosismo. Nossos olhares se encontraram por um breve momento, e foi o suficiente para que um arrepio me percorresse.
O tempo parecia desacelerar quando ela sorriu para mim, um sorriso tímido, mas carregado de algo mais. Era como se cada movimento dela, cada toque e olhar, fosse um jogo silencioso que apenas nós entendíamos. E naquele momento, tive a certeza de que não era só minha imaginação. Havia algo ali, algo que talvez estivéssemos apenas esperando o momento certo para explorar.
Seja como for, Marcela continuava sendo a minha aposta mais realista. Por mais que minha mente insistisse em criar cenários impossíveis com Marcia, eu sabia que, se algo fosse acontecer, seria com Marcela. Afinal, a hesitação que pairava entre nós não era apenas incerteza; era atração pura e mútua, esperando pela fagulha certa para se transformar em algo mais.
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