Raylan está no quarto, deitado na cama todo encolhido, isso me faz lembrar de quando éramos menores, logo quando o pai dele foi embora, foi muito difícil pro meu moleque se levantar e agora que ele está bem isso voltou para assombrá-lo, não é justo ele ter que passar por isso, quero ajudar ele, mas tudo que consigo fazer agora é deitar com ele e puxar sua cabeça pro meu peito como fazia naquele tempo.
Foi só deitar na meu peito que ele começa a chorar, estou fazendo um afago em suas costas, ele pode chorar o tanto que precisar, quando estiver pronto vou está aqui para conversarmos, Raylan cresceu, mas ainda é meu moleque perdido, depois de um tempo consigo acalmá-lo.
— Desculpa ter estragado sua noite — depois de uma fungada ele continua — você não sai dessa casa que não seja para trabalhar.
— Relaxa, deu para me divertir, agora me fala o que rolou.
— Ela jogou a homofobia dela na minha cara — as lágrimas começam de novo — minha mãe quer que eu me mude para casa do meu pai, quando falei que não faria isso ela me expulsou de casa.
— O que? Como assim expulsou? — Não tô acreditando que a tia fez isso.
— Ela disse que não quer ter um filho gay em casa e que já que quero ser viado devo ir morar com o viado do meu pai — nossa isso é muito cruel de se dizer, ele tem um pesar forte na voz só de repetir tal sentença.
— Calma, vamos dar um jeito, vou resolver isso — não sei como ainda, mas vou resolver, vou ajudar meu moleque.
— O Guigo me falou para ir para lá, mas não posso fazer isso, você é meu brother, não vou me mudar para casa dele e te deixar na mão — mesmo assim ele ainda pensar em mim.
— Raylan eu me viro velho, vai para casa dele, vai ser melhor para ti — não posso deixar ele passando por essas coisas assim.
— E você?
— Eu estou trabalhando e sempre te disse que não iria ficar aqui para sempre, minha estadia aqui é temporária — pretendia guardar um pouco mais de dinheiro, mas fazer o que né, tem coisas que não saem como a gente quer.
Estou cansado e ele também então acabamos dormindo, mas somos acordados bem cedo pela sua mãe batendo na porta, cobrando que ele tome uma decisão, se ele vai para casa do pai ou para rua — ela está decidida, ainda bem que a porta do quarto está trancada, se ela entra e nos pega dormindo abraçados a coisa iria piorar com certeza.
Raylan está mau, então o ajudo a fazer sua mala, ele diz que não quer ter que voltar então estamos dando um jeito de colocar todas as suas coisas na mala de uma forma que dê para levar tudo, ele manda mensagem para o Guilherme e ele já se prontificou também de vir buscá lo de carro assim eles vão conseguir levar tudo.
Conheço meu amigo, ele está preocupado comigo, mas a tia não me expulsou, ela me disse que o ultimato só vale para o filho, isso me dá pelo menos uma semana para arrumar um cantinho para mim pelo menos, Raylan quer que eu vá com ele, mas o apartamento é do namorado dele — e o cara não me suporta então não é a melhor opção — e por falar no Guilherme ele parece ter vindo voando pois não demorou nem uma hora para parar o carro em frente de casa.
Tia Marta odeia o Guilherme pelo fato dele ser sobrinho do amante do seu ex marido, ela está completamente cega pelo preconceito e pela raiva que nutre por anos do pai de Raylan, mas pelo menos ela vai para o quarto ao invés de piorar as coisas discutindo ainda mais com o filho, meu cunhado por sua vez também entrou mudo em casas, beijou o Raylan e já se prontificou para ajudar a pôr as coisas no carro, pela cara azeda dele e somando que ele não me cumprimentou quando entrou estou achando que ele pensa que vou junto, então trato logo de desfazer esse mal entendi.
— Raylan me mantém informado, viu — meu amigo está tão fragilizado, se não tivesse certeza de que Guilherme vai cuidar bem dele não o deixaria ir, mas vai ser melhor assim para o meu amigo.
— Tem certeza que você não vem junto?
— Tenho sim, relaxa, a Bisa já tinha ficado de me ajudar com aluguel e meu pai também, então essa semana mesmo arrumo algum lugarzinho para mim.
— Pode ficar lá em casa pelo tempo que precisar — Guilherme ama muito o Raylan para está me propondo isso.
— Agradeço, mas só em você cuidar do meu moleque já fico de boas — ele quase me fuzila com os olhos por chamar o namroado dele de meu moleque, mas aí Guilherme que lide com seu ciúmes besta, porque Raylan vai morrer sendo meu moleque.
Meu amigo me deu um abraço muito apertado e foi embora viver uma nova etapa de sua vida ao lado do namorado, queria ter outra alternativa, mas no momento não ganho o suficiente para bancar nós dois, mas vou ficar esperto, se eu perceber que as coisas não estão boas para ele lá vou dar meu jeito, qualquer coisa pego um emprego noturno ou até um melhor, levo ele pro sítio se for preciso, mas não vou deixá-lo passar por perrengue de novo, nem imagino o quanto ele deve ter precisado de mim enquanto lutava contra a própria sexualidade.
Aproveitei o domingo que meus pais vão cedo pra igreja e liguei para eles, expliquei a situação, meu pai ficou tão indignado quanto eu, que tipo de mãe expulsa o próprio filho de casa, assim como imaginei eles até se prontificaram para bancar nós dois aqui, o que me alivia, pois sei que se for preciso eles vão me ajudar, minha mãe ficou preocupada comigo nesse lugar, mas garanti a ela que vou procurar um lugar amanhã mesmo.
— Certo filho, vou falar com a vó quando chegar em casa, vou ver também quando tiver guardado para te mandar.
— Não precisa se incomodar com isso pai.
— Só vou parar de me preocupar quando você tiver no seu canto e talvez nem assim eu fique tranquilo — meu pai é o cara.
— Tá certo, eu aviso ao senhor assim que encontrar um lugar.
— Pois avise mesmo, vou resolver umas coisas na cidade amanhã então vou está a tarde toda em Granja.
— Sim senhor.
Comecei a ver alguns lugares na internet para ver se encontro algum que já posso visitar na segunda, eu entro no trabalho às dez da manhã então tenho tempo antes disso para ver apartamento, já que no fim do dia é mais difícil agendar visitas imagino eu, estou abismado com os preços, tipo morar perto do meu trabalho é impossível vou ter que aumentar e muito meu raio de busca — estou tão distraído que tomo um susto quando Teo me liga.
— Oi Teo.
— Fazendo o que? — Ele está bem animado.
— Procurando apartamento na internet, por que?
— Aconteceu alguma coisa? — Não tem por que esconder isso dele então lhe explico tudo que rolou.
— Nossa cara, vem para minha casa, fica ai não.
— Eu vou arrumar um lugar essa semana Teo sem problema — odeio incomodar.
— Deixa de besteira, vem que eu te ajudo a ver algum lugar aqui por perto — Téo está morando perto da universidade, ele odeia dirigir então segundo ele prefere morar em um lugar onde possa fazer tudo a pé mesmo.
— Vai ser só por uma semana — digo.
— Pode ficar o tempo que precisar — Téo é um amigo sem igual.
— Pois vou arrumar minhas coisas, mas fala ai o que você queria? — Afinal ele foi quem me ligou.
— Só ia te chamar para comer alguma coisa, quando você chegar aqui a gente pode sair para comer algo.
— Tranquilo então, mas vou de ônibus então pode demorar um pouco, ainda mais por ser domingo.
— Certo, vou comer algo aqui para aguentar te esperar.
— Até logo.
Não vou mudar o plano, morar com o Téo não é uma opção para mim, mas tenho que admitir que poder passar essa semana em sua casa vai tornar a busca muito mais tranquila, afinal por onde ele mora tem boas opções de apartamentos, nem que seja esses de um quarto só, estou topando qualquer coisa desde que possa ter meu espaço sossegado e que não seja muito caro.
Tia Marta entendeu meus motivos para sair, afinal foi uma briga muito séria entre ela e o Raylan, acho que sou a última coisa com a qual ela vai se preocupar agora, muito provavelmente quando o sangue esfriar ela vai se dar conta da besteira que fez — assim espero pelo menos — mas não sei se vai adiantar de alguma coisa, pois meu moleque está verdadeiramente chateado e até decepcionado com a mãe, esse sentimento não é algo que se supera assim tão fácil
Graças a Santa dos ônibus o meu passou assim que cheguei a parada, nosso senhora dos passageiros de transporte público tem sorrido muito para mim ultimamente, brincadeiras a parte consigo chegar até a casa do meu professor depois do só quarenta minutos, acredite do Jardim Iracema para o bairro de Fátima não é tão perto assim, mas a melhor parte e o que mais me deixou com vontade de morar nesse bairro é porque vou ficar perto do onde meus novos amigos joga sua pelada de sabado a noite.
O apartamento do Téo é pequeno, mas bem arrumado, é um prédio antigo — e pela cara deve ser caro — só tem dois andares e meu amigo moro no segundo andar, são quatro apartamentos por andar, o dele fica com a janela da sala virada para a rua o que é bom pois é o lado que entra o vento — a sala é bem ventilada diga-se de passagem.
— O sofá é todo seu pelo tempo que precisar — meu amigo me diz assim que entro no seu ap.
— Não vou ficar muito tempo.
— Deixa disso Rick, ser orgulhoso não vai te levar a lugar algum e outra fui em quem te arrastou para cá, te tirei de casa então sou responsável por você — ele parece realmente achar isso.
— Sou maior de idade.
— Para mim você ainda é só um pivete que está iniciando a vida, agora deixa suas coisas ai e vamos comer alguma coisa que estou morrendo de fome — ele pega a carteira e joga a chave do carro para mim — e você dirige.
— Só me chamou para ser seu chofer, né? — Téo abre um sorriso grande e malicioso.
— Você me descobriu, eu odeio dirigir você sabe disso, ter você no meu sofá vai ser um preço pequeno a pagar — ele tem um jeito de falar coisas engraçadas em um tom de seriedade, Téo só tem tamanho mesmo, porque mentalmente ele é ainda mais jovem do que eu.
Tem uma praça conhecida na cidade, a praça da Gentilândia, lá sempre ficam uns carrinhos de comida, é bom e barato pelo que Téo fala, fora que é um um lugar bastante agradável, tem muitos bares perto pois fica entre o Instituto Federal e um dos Campus da Universidade Federal, tem até uma pista de skate — nunca aprendi a andar, mas acho da hora.
— Vai querer um pratinho ou vamos comer pastel? — Téo deixa para mim a decisão do jantar.
— Vamos comer pratinho mesmo, tenho que cuidar da dieta, não posso comer muita bestiera.
— Olha como ele é saudável — Téo adora zoar com minha cara.
— Você não é atleta? — Indago, por que ele está julgando minhas práticas saudáveis.
— Tem razão, você me pegou, vamos de pratinho mesmo e com bastante salada de preferência.
— Tá certo.
— Então seu amigo está bem? — Ele muda de assunto enquanto pegamos nossa comida e nos dirigimos até uma mesa livre.
— Está sim, só que ele está preocupado comigo, só acho que deve ser uma forma de não pensar muito no que aconteceu com ele.
— Isso é muito foda, por isso nunca contei para minha mãe — é a primeira vez que ele conversa comigo tão abertamente assim, tipo já sabia que ele pegava rapazes também, mas nunca conversamos muito a fundo sobre.
— Ela é preconceituosa?
— Não, mas ela vai querer me casar com o primeiro cara que eu apresentar para ela, pra ela eu preciso urgentemente encontrar alguém e constituir uma família.
— Isso não é bom, afinal você está ficando velho.
— Meu ovo, vem cá quer ser despejado já? — Ele até tenta se manter sério, mas cai na risada.
— Tó falando o Tales é um cara legal — Téo quase engasga com a comida.
— Ele te falou alguma coisa?
— Não, mas meio que vocês me pareceram um casal quando os vi juntos naquele dia que você nos apresentou — ele fica pensativo por um tempo.
— Tales é, ele é, complicado.
— Ele é complicado ou você que é? — Ele me encara e sorri de novo.
— A gente se conhece a muito tempo, ele era casado com outro cara, o cara traiu ele enquanto ele viajava pra jogar um jogo em Recife, o carinha se enganou com a data de retorno dele e o flagra aconteceu.
— Que merda — não gostaria de viver uma experiência como essa.
— Ele é um cara muito massa e já passou por tanta merda, não sou o cara certo para ele, mas ai veio esse emprego e de repente estamos minutos de distância um do outro, não sei lidar com isso — Téo é o atleta mais foda que já conheci e um exelente professor, mas ainda sim é humano com todas suas falhas.
— Você vai trair o cara? — Pergunto no seco.
— Não, claro que não, mas não sei, vai que um dia eu acorde e resolva fazer merda — ele respira fundo e toma um gole do seu suco.
— Téo, você gosta do Tales e ele gosta de você, deixa de ser fresco e dar uma chance pro cara antes que ele pule para outra.
— Eu sei, ele já disse isso também, o sexo com ele é de outro mundo, mas — o interrompo.
— Olha só para você saber não quero saber sobre os detalhes da sua vida sexual com meu chefe, ainda mais com você sendo meu professor — ele abre um sorriso muito sacana pra mim — não, poxa Téo, eu vou dormir no ninho de amor de vocês?
— Você tem mesmo que aprender a xingar e sim as melhores transas que tivemos foi na sua nova cama — seu sorriso sacana brilha de satisfação.
— Gostava mais de você quando você era só um professor meu, mas aí fala com ele, não vai perder um cara legal por besteira moleque, você não está ficando mais novo.
— Pivete para de me chamar de velho, velho é seu passado.
— Você tem que se ligar professor, um cara como o Tales não fica na pista por muito tempo — ele estreita os olhos para mim.
— Quer bancar o talarica agora Rick? — Agora sou eu quem me engasgo com minha comida.
— Ele é meu chefe e mesmo que não fosse, já tenho outra pessoa alugando um triplex na minha cabeça — só de falar sinto meu corpo arrepiar.
— Quem é o felizardo ou a felizarda?
— Conheci uma garota que estuda com meus amigos, ela parece uma princesa linda e muito safada, mas depois que encontrei com seu Mauro não consigo mais tirar ele da cabeça.
— Como assim seu Mauro, o cara é idoso? — Téo está completamente interessado na minha fofoca.
— Não, ele deve ser quarentão, mas é pai de um aluno.
— Zona proibida Ricardo — ele muda sua feição na mesma hora.
— E tu acha que não sei disso, mas o cara é deu um nó no meu estômago, não sei o que faço para tirar ele da cabeça.
Téo começa a me dizer algo, mas não consigo ouvir mais nada, Mauro está bem na minha frente usando uma farda de policial militar, se a bunda dele já está maravilhosa no calção de jogar bola, essa calça ficou infinitamente mais gostosa, Deus do céu, esse homem é perfeito, seus braços fortes, sua postura fardado ainda mais sério do que tinha visto antes, estou queimando por dentro como se tivesse começado um incêndio em mim, quero despir esse homem e lamber cada pedaço dele, definitivamente não sou em mesmo perto do Mauro.
— Oi, tô falando com você — Téo percebe minha dispersão, mas antes que possa responder Mauro nos vê e sua face seria se desfazer em um sorriso amigável e cheio de dentes.
— Boa noite Ricardo — preciso me esforçar para lembrar como se respira com a aproximação dele.
— Boa noite Mauro — quase o chamei de senhor, mas lembrei que ele me disse que não carecia dessa formalidade entre nós.
— Você veio aproveitar o resto do fim de semana? — Mauro desvia o olhar para o Téo enquanto faz a pergunta.
— É, eu estou morando por aqui, por enquanto — consigo ver que ele está pensando em algo, deve achar que estou com Téo — é esse é meu amigo e professor Téo, ele está me deixando ficar no sofá dele até encontrar um lugar para ficar definitivamente.
— Você não morava no Jardim Iracema? — Ele lembrou, sei que só faz um dia, mas estou feliz que ele tenha lembrado.
— Morava, mas precisei sair de lá — Téo está se divertindo com minha confusão, ele já sacou tudo.
— Algum problema, se precisar de ajuda posso fazer alguma coisas, só pedir — o que eu quero ele não vai me dar.
— Tenente o senhor vai querer pedir algo? — Um dos policiais fala com Mauro.
— Vou sim — ele responde e depois se vira para mim — se precisar de ajuda me fala.
— Beleza — estou muito sem jeito e não costumo ser assim, mas é que com ele não sei como agir.
— Você tem o numero dele Rick? — Téo se mete na conversa.
— Verdade não tenho seu número, me diz ai que te mando uma mensagem — como policial ele não vai ficar falando o número pessoal dele em voz alta né, então digo meu número para ele.
Mauro se despede e vai embora com seu jantar e seu outros colegas de trabalho, só que não consegui olhar para mais ninguém que não fosse ele, preciso tirar esse cara da cabeça ou vou ficar maluco, Téo está rindo e me zoando, mas tudo que consigo fazer é repassar nossa conversa na mente, não estava preparado para vê-lo de farda, não mesmo.
Terminamos de comer e Téo fez questão de pagar pelo jantar, ele disse que a diversão que proporcionei a ele valeu pelo valor do jantar, esse fresco, vai ficar no meu pé por um bom tempo ainda, conheço a peça, quando estamos chegando no carro sinto meu celular vibrar e meu coração até erra uma batida, puxo o celular do bolso um pouco mais ansioso do que deveria e um sorriso inevitável se abre.
— É ele? — Téo está mais animado do que eu.
— É ele.
Mauro me deu boa noite e me pediu para salvar seu número, na foto ele está no carro com óculos escuros com o sol iluminando seu rosto lindo — típica foto de tiozão hetero, mas gostei para caramba, respondo avisando que estou indo para casa e que depois mando mensagem para ele, só que não devia ter feito isso, tipo o que eu vou mandar para ele depois?
Passei o caminho todo pensando no que diria e continuo pensando nisso até me jogar no sofá de casa, já digitei mil coisas e apaguei, não sei o que escrever e não quero pedir ao Téo, ele já tem bastante coisa para falar depois, fora que meu professor é fofoqueiro e namorado do meu chefe não quero ele falando que estou afim — ou melhor arriado os quatro pneus e o reserva por um pai de aluno — isso pode dar merda, estou pensando no que mandar, mas ele manda uma mensagem e acelera meu coração.
— Chegou bem?
— Sim, e você ainda está trabalhando? — Definitivamente desaprendi a flertar, que tipo de mensagem é essa?
— Estou saindo e você ainda vai sair para algum lugar hoje? — Não sei o que responder, estou ficando excitado só de conversar com ele, não sei tesão maluco é esse que esse cara despertou em mim.
— Acredito que não, ninguém me convidou para fazer nada.
— Não seja por isso — o que ele quis dizer com isso, não estou crendo que ele está mesmo me dando mole.
— Se eu disser sim você vem me buscar? — Pode ser zoeira de colega de pelada, meus amigos gostam muito de tirar onda com essas coisas, então vou me fazer de doido e ver até onde isso vai.
— Vou sim, só me passar a localização.
— Tá certo anota aí rsrsrs — mando um rsrs assim posso dizer que estava só brincando assim como ele e não me comprometo, mas por desencargo de consciência mando minha localização atual e ele responde com um emoticon de joinha.
Depois disso não mandou mais mensagem e também não mandei nada, foi bom brincar de flertar com o pai hetero do meu aluno, o melhor é tomar um banho frio e me aquetar, bem depois de banhar volto pro meu sofá, vesti um calção de futebol e uma camiseta branca, está fazendo um friozinho o sala é mesmo bem ventilada, estou me deitando quando vejo uma mensagem no meu celular.
— Estou aqui embaixo — não acredito que ele veio, deve só está me zoando, vou até a janela da sala e vejo um carro parado do outro lado da rua.
— Estou descendo — não sei o que pensar, então só sigo meu instinto, nem tenho tempo de pensar em mudar de roupa, só pego a chave reserva que Téo me deu quando chegamos do jantar e desço, de havaianas, calção velho do vozão e uma camiseta surrada branca, estou longe de está bonito ou arrumado, me arrependo de não ter trocado de roupa a cada passo que dou, mas agora é tarde.
Chego até a calçada e vejo um carro preto parada do outro lado da rua, vejo ele no banco do motorista — os vidros não são fumê — engulo em seco quando percebo que ele está realmente aqui e pior de farda, me aproximo do carro e ele destrava a porta para mim entrar, meu coração está muito acelerado.
— Você veio — é tudo que consigo dizer quando ele entra no carro.
— Por que eu não viria? — O som de sua voz é provocante, seu perfume espalhado pelo carro me desconcentra.
— Não sei, pensei que era zoeira — não consigo parar de sorrir.
— Se quiser posso ir embora — acho que estou passando uma imagem de que não quero, mas quero muito então segurei sua mão e olho fixo para ele.
— Não, pode ficar, só estou surpreso que você veio mesmo, já estava indo para cama por isso estou assim desarrumado.
— Pois se você desarrumado já é massa assim, estou ferrado quando te ver arrumado — não acredito que ele acabou de me cantar, meu deus ele sabe me tirar do sério.
— Você fica falando essas coisas aí, depois eu acabo acreditando — passado o choque começo a jogar também, mordo o lábio e vejo pelos seus olhos presos na minha boca que ele caiu.
Ficamos em silêncio por uns segundo, a rua está completamente deserta, Mauro solta o seu cinto de segurança, minha boca está seca, meu coração acelera a ponto de quase sair pela boca, ele se inclina, suas mão grande e calejada segura minha nuca e me puxa para um beijo, um queijo quente, seus lábios são macios, sua língua é dotada de muita habilidade, nunca beijei um cara barbado — é uma delicia sentir sua barba na minha pele — poxa vida nunca na minha vida dei um beijo tão gostoso quanto esse, ele me beija até me arrancar o fôlego, meu membro está latejando na calça e o dele também já está bem marcado em sua calça.
— Isso está mesmo acontecendo? — Pergunto com minha boca em seus lábios.
— Você acredita se eu disse que também não esperava?
— E o que a gente faz agora? — Minha respiração está acelerada, seu desejo é sufocante ao mesmo tempo que é inebriante.
— Não sei você, eu quero continuar te beijando.
— Parece bom para mim — ele me beija de novo mordendo meus lábios, estou perdido não depois desse beijo não existe mais retorno para a sanidade.