29 - PREPARANDO AS DEFESAS

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 3738 palavras
Data: 02/02/2025 13:39:42

CAPÍTULO 29

PREPARANDO AS DEFESAS

A movimentação da alcateia não deixava dúvida que eles estavam vindo para a Enseada e a intenção também era clara. Eles iam atacar. O número de lobos reunidos por Sétan indicava que dessa vez ele vinha preparado para exterminar os humanos.

Enquanto a neve não chegava, os habitantes se preparavam. Na-Hi trabalhava sem parar e pouco descansava, muitas vezes passando a noite em claro e sempre tendo a companhia de Henrique ao seu lado. Uma quantidade de flechas enorme já estavam prontas, os alimentos provisionados e agora era uma questão de definir a estratégia que usariam para se defender.

Na-Hi defendia que aqueles que eram melhores no uso do arco deveriam ser colocados nas árvores e atirar nos lobos na medida em que eles fossem passando. Sua ideia foi combatida por Henrique que argumentou que, sendo uma área grande, bastaria os lobos se afastarem das árvores onde os atiradores estavam para tornar a defesa inócua. Diante da lógica de sua argumentação, Na-Hi abandonou essa ideia.

Ernesto disse que o primeiro ataque dos lobos teria como alvo o gado e propôs colocarem o gado em um local estratégico onde todos poderiam ficar de tocaia e atirar quando eles aparecessem. A ideia foi rejeitada por Milena. Ela explicou que isso certamente daria resultado, porém, a um custo muito alto. Disse ela que, independente da quantidade de lobos que eles matassem, haveria tempo para que eles atacassem e o gado seria dizimado. O argumento dela de que não se tinha conhecimento da existência de outros rebanhos na ilha, eles tinham que defender o rebanho a qualquer custo.

O argumento dela foi aceito por todos e isso implicava em colocar o rebanho em um lugar onde, para serem alcançados pelos atacantes, esses teriam que passar por eles. O problema era encontrar um local assim.

Foi Pâmela que deu uma sugestão. Ela era uma das poucas pessoas entre eles que já tinha estado no topo da formação rochosa e explicou:

– Se todos nós levarmos o gado até o outro lado do lago e fazer com que eles desçam pelas rochas até a Praia dos Tubarões, poderemos ficar sobre as rochas e os lobos, para chegar até lá, terão que passar por nós.

Na-Hi, depois de pensar na ideia, citou mais uma vantagem:

– Isso é verdade. Além disso, os lobos terão que atravessar o lago. Se o mesmo não estiver congelado, eles terão que nadar e isso os deixarão expostos às nossas flechas. Ficaremos lá em cima atirando neles e com isso poderemos provocar um número grande de baixas.

– A ideia parece ser boa. Atravessar o gado é fácil. Eles podem nadar. O que acho que vai ser complicado vai ser fazer com que eles desçam pelas pedras sem rolarem. – Comentou Margie demonstrando uma experiência que ninguém esperava dela.

– Bom. Quem pode dizer se isso é possível ou não é a Milena.

Ao ver que a atenção de todos se concentraram nela, Milena pensou um pouco e falou:

– A Margie está certa. Pode dar uma merda danada. Mas podemos tentar diferente. Em vez de trazer todo o gado de uma vez, podemos trazer aos poucos. Cada um de nós se encarrega de conduzir uma rês até a praia e depois voltamos para buscar mais.

– Quantas cabeças têm?

– Não muito. Nós trouxemos vinte e oito e temos abatido um a cada quatro meses. Então foram vinte nesses três anos e meio. Como a média de nascimento foi de doze ao ano, dá quarenta e dois. Façam as contas.

– Quarenta e quatro cabeças, – Informou Henrique que já fizera a conta enquanto Milena falava.

– Quarenta e quatro, com nove passando de cada vez. Serão necessárias cinco viagens. – Falou Diana.

– Acho que não. – Interviu Na-Hi. – O tempo é pequeno e não podemos deixar as outras coisas para depois.

Todos ficaram pensativos e o silêncio dominou a reunião até que Na-Hi voltou a falar:

– Vamos fazer o seguinte. Cinco de nós cuida do gado e dos cavalos que vocês se esqueceram de colocar nos cálculos. Em dez viagens esses cinco terão conseguido trazer todos. Se isso não for possível, vamos ter que nos contentar com os que já estiverem aqui e deixar os outros para trás.

– Nenhuma cabeça de gado vai ficar para trás. Todos vão ficar protegidos mesmo que eu tenha que me dedicar a isso durante as noites também. Aliás, se começarmos amanhã bem cedo, acho que dá para transferir todos. Mesmo que a gente continue depois do sol se pôr. – A determinação de Milena contagiou a todos.

Ficou então decidido que, além de Milena e Henrique, Nestor, Diana e Ernesto cuidariam da transferência do gado, enquanto Na-Hi, Margie, Pâmela e Cahya transportavam as armas e as provisões para cima do morro.

O dia seguinte começou de madrugada. Milena fez questão de uma última ordenha e ela mesma, junto com os outros que estavam destacados para ajudá-la, levou a produção de leite daquele dia para cima da formação rochosa. Feito isso, começou o trabalho de transferência.

Para começar ela sugeriu que na primeira viagem levassem três cabeças de gado e mais Tornado e Raio. Quando lhe perguntaram o motivo disso, ela explicou que eles impediram que o gado se espalhasse do outro lado enquanto eles estavam ocupados com o resto deles. Iniciados os trabalhos, a primeira viagem correu tranquila. A segunda também não apresentou problemas.

A terceira já foi mais complicada. Dessa vez eles estavam levando o touro que refugou na hora de atravessar o lago, conseguiu se soltar do Henrique que era quem o conduzia e fugiu dali retornando para o pasto onde tinha ficado nos últimos três anos. Milena então percebeu que não deveria ter levado o Tornado e o Raio para o outro lado, mas sim manter um com eles para cercar qualquer das reses que tentasse fugir. Para corrigir isso, foi ela mesma atrás de Ventania e fez com que ela chegasse ao outro lado de onde retornou com Tornado. Enquanto ela fazia isso, as quatro outras reses foram atravessadas e seus companheiros já estavam prontos para fazer a quarta travessia.

Deixando o touro para a última passagem, não tiveram mais problemas e conseguiram transferir quase que a totalidade do gado, assim como Relâmpago e o potro, filho de Ventania que ainda não tinha recebido um nome. Esse último atravessou o lago sendo carregado nos ombros por Nestor que ainda o carregou no colo durante a descida, só o colocando no chão quando atingiram a praia.

Para a última viagem, restavam, além do touro, dois bois, uma novilha, o touro e Tornado. Milena resolveu tentar algo diferente e atrelou o touro ao Tornado enquanto dizia:

– Quero ver esse sujeito fugir agora.

E ela estava certa. Tornado fez toda a jornada instigando o touro a caminhar e, quando chegaram ao lago, ele se atirou na água fria por causa do clima, não deixando alternativa ao outro animal se não fazer o mesmo. Para descerem pelas pedras, Milena se encarregou de conduzir o touro até a areia e foi auxiliada por Tornado que desceu sem precisar de ajuda, sempre cercando o enorme bovino quando ele teimava em caminhar para o lado errado.

Quando deram por concluída a tarefa, a noite já cobria a ilha.

Voltando à Enseada, todos famintos, foram informados que a transferência para as pedras dos víveres e armas foi mais lento do que esperavam e não tinham transportado um terço do que seria necessário. A justificativa era a de que estava sendo muito difícil cruzar o lago sem molhar as provisões.

– Não tem problema. Amanhã a gente resolve isso. – Falou Milena com calma.

Na manhã seguinte, quando todos acordaram, não viram Milena, Henrique ou Nestor. Depois de procurarem por eles, acharam que a loira tinha levado os outros dois para tirar leite das vacas e resolveram não esperar por eles e se puseram a trabalhar. Porém, quando chegaram ao lago, foram surpreendidos com a presença dos dois rapazes e com o trabalho que eles estavam realizando.

Do lado em que eles estavam, na parte em que a distância entre as margens era menor, havia dois troncos fixados no chão. Esses dois troncos tinham suas extremidades superiores em forma de forquilhas e sustentava outro tronco, esse tendo como característica por sua espessura regular, pois de um extremo a outro era da mesma largura. Do outro lado do lago, Henrique e Nestor já tinham fixados dois troncos idênticos e se preparavam para colocar o outro em cima.

Justo nessa hora, Milena que não estava presente, apareceu trazendo consigo cipós. Um deles comprido e uma quantidade grande deles cortados em um comprimento de mais ou menos um metro. Sem falar nada para ninguém, ela jogou uma ponta do cipó grande para o outro lado e o Henrique passou deu uma volta com ele no tronco e devolveu a ponta para Milena que fazia a mesma coisa com a parte que estava com ela. Parecendo satisfeita, ela prendeu as duas pontas com um nó e falou para o Henrique:

– Puxa aí. Vamos fazer um teste.

Bastou começar o teste para todos entenderem o que ela pretendia. Ao puxar a corda, os troncos apoiados na forquilha giravam. Ela começou a prender os pedaços a uma distância de um metro uma das outras enquanto Na-Hi, que já entendera o que ela pretendia, começou a prender as coisas que haviam trazido em cada um dos pedaços de cipó. Quando puxavam a corda, os troncos giravam e a carga presa se deslocava em direção ao outro lado.

Os outros cinco ficaram olhando para aquela parafernália com a boca aberta. Não por acharem que era uma coisa do outro mundo, mas sim por estarem impressionados com a simplicidade com que Milena resolveu um problema. Foram arrancados do estado de contemplação que os havia dominado por Na-Hi que disse:

– Vocês estão esperando o que? Voltem para buscar mais. A travessia do lago já está resolvida.

Todos obedeceram sem reclamar e Nestor, depois de trocar algumas palavras, atravessou o lago e foi ajudá-los, enquanto Na-Hi e Milena continuavam prendendo as cargas e Henrique as desatava do outro lado e ia depositando sobre uma pedra ao seu lado.

Com esse sistema, eles transportaram tudo o que iam precisar ainda naquele dia e retornaram para a casa. Margie, sem que ninguém notasse, deu ordens a Chantal para que passasse a noite do outro lado, guardando as provisões de animais predadores ou curiosos demais.

Dois dias ainda se passaram sem que nada fosse alterado. Os lobos, que já tinham atravessado o rio, avançavam e recuavam, confirmando a previsão de que estavam esperando pela neve.

Com alguns trabalhos paralisados, os habitantes ficaram ociosos. As únicas tarefas que tinham que executar era a de se deslocarem até onde estava o gado para ver se estava tudo bem com eles e se revezarem para vigiar as provisões.

Contra todas as previsões, eles se viram sem ter o que fazer. Exceto Na-Hi que continuava a produzir flechas e, mesmo já tendo fabricado dois arcos para cada um deles, cismou em fazer mais um, alegando que os arcos poderiam ficar em locais estratégicos para que eles pudessem se deslocar sem precisar se preocupar em carregar o que usavam.

Tempo ocioso é um convite à bobagem e foi a Milena que, durante à tarde do segundo dia fez. Se aproximando do Henrique, falou ao seu ouvido:

– Daqui a vinte minutos vá até a caverna que vou estar lá te esperando.

– Mas aquela caverna não é para ser usada apenas quando for para vocês mulheres fiquem grávidas? – Perguntou Henrique.

– Deixe de ser besta, Henrique. Aquela caverna é para foder e eu quero foder muito hoje. Afinal de contas, não sabemos quando vamos ter chance de transar de novo.

Milena desapareceu das vistas de Henrique que pensou que ela já tinha ido para a caverna. Mas ele estava enganado, pois a garota estava com umas ideias safadas e fez o mesmo convite para o Nestor, dizendo para o negro aguardar meia hora antes de ir. Depois disso, ela foi até Cahya e a convidou para ir até a caverna com ela.

Quando o Henrique lá chegou, teve uma surpresa agradável. As duas mulheres já estavam nuas esperando por ele e, ao olhar os bicos dos seios de Cahya, entendeu que elas já tinham feito algum tipo de aquecimento, pois ele conhecia a indonésia e reconhecia em seu corpo qualquer sinal de excitação.

“Ou não.” – pensou ele. – “De repente o simples fato de estar nessa caverna tenha provocado todo esse tesão nela”.

Entretanto, ele não teve tempo de ficar trabalhando esse pensamento, pois foi literalmente atacado pelas duas que arrancaram suas roupas em questão de minutos e começaram a se revezar para chupar seu pau.

Era um trabalho que parecia ter sido programado. Enquanto uma chupava seu pau, a outra beijava sua boca ou sentava sobre seu rosto oferecendo sua buceta para ser chupada. O prazer de ser chupado por bocas tão gulosas não impediu que Henrique ficasse admirado da sintonia que existia entre aquelas mulheres. Elas agiam como se fizesse isso o tempo todo. Todas as vezes que ele sentia seu gozo se aproximando, a que chupava seu pau parava e ia se juntar à outra, começando a se tocarem enquanto esperavam que ele se acalmasse para recomeçarem aquela deliciosa tortura.

O êxtase de ser estimulado daquele jeito tirou o Henrique do seu normal e, quando ele viu Nestor, o rapaz já estava ao seu lado enquanto Cahya se agachava para começar a chupar seu grande e grosso pau negro.

Apesar do feitiço a que todos eram submetidos quando estavam no interior daquela caverna, eles transaram apenas uma vez. Henrique com Milena e Nestor com Cahya e foi essa última que lembrou a todos de suas responsabilidades diante da urgência em se prepararem para o perigo que os espreitava. Mesmo assim, quando saíram da caverna já havia anoitecido. O que provocou os mais variados tipos de comentários, pois enquanto Diana caçoou deles, Na-Hi, Ernesto e Pâmela os criticaram por causa dos trabalhos que eles deixaram de fazer naquele dia e Margie, como sempre, foi contundente em chamá-los de folgados e irresponsáveis. Milena se defendeu dizendo que não tinha mais nada para fazer.

O que chamou a atenção foram os insultos de Margie. Ser considerado por ela como um irresponsável e folgado era sim um grande insulto.

Logo o assunto foi esquecido, pois Pâmela, depois de estudar as nuvens pesadas que se aproximavam, previu que no dia seguinte eles estariam enfrentando a neve e Milena, preocupada com isso, chamou Henrique e foram apartar o gado. Apesar de ter dito antes de transferir o gado que tinha feito a última ordenha, alegou que não custava nada fazer mais uma. Ela pretendia aumentar o estoque de leite, alegando que não sabia quando poderia voltar a se dedicar a essa tarefa.

A noite foi calma e nem todos transaram. Apenas Diana e Margie, alegando que alguns tinham se divertido durante o dia e elas não, foram se deitar com o Ernesto. Porém, se a noite foi calma, um problema considerado por todos grave aconteceu logo de manhã. Chantal desapareceu e Neve parece ter acompanhado a mãe.

Nos últimos anos, a relação dos habitantes da ilha com os filhos de Chantal sofrera algumas alterações. Quando atingiram a maturidade, um a um, os filhotes foram abandonando a Enseada e, ao que tudo indica, foram viver como animais comuns. Não que eles desaparecessem completamente, pois era comum um deles aparecer no acampamento, ficar por alguns dias e depois desaparecer novamente. Algumas dessas visitas tinham um objetivo específico. Artêmis e Afrodite, por exemplo, apareceram com um intervalo de quinze dias entre uma visita e outra para apresentar aos humanos seus filhotes. Elas já tinham atingido a maturidade sexual e agora eram mães, cada uma delas, de três filhotes. Apenas Neve agiu diferente, pois apesar de estar constantemente fazendo incursões no interior da ilha, sempre voltava para perto deles, onde permanecia, muitas vezes, por vários meses.

A princípio Margie acreditou que Chantal tinha saído para caçar e não se importou com esse fato, mas quando o dia chegava ao fim e a pantera ainda não tinha retornado, ela ficou realmente preocupada.

Como Pâmela previu, naquela tarde começou a nevar e todos dormiram juntos para se manterem mais aquecidos.

Na manhã seguinte, Na-Hi tinha programado concluir a cobertura de uma tenda que ela armou em cima da elevação rochosa e já tinha anunciado que, para isso, ia precisar da ajuda de todos, mas Margie informou que não ia porque estava saindo para procurar por Chantal e Neve. A intenção da ruiva provocou uma grande discussão, até que ela disse:

– Vocês não precisam de mim. Tem gente suficiente aqui para dar conta dos serviços e eu não vou fazer falta.

– Não se trata de você fazer falta ou não, Margie. O trabalho para cobrir a tenda não tem nada a ver com isso. O que acontece é que eu não vou deixar você sair por aí com os lobos rondando o acampamento. – Falou Na-Hi ao responder o argumento de Margie.

– Onde eles estão? – Perguntou Margie a Diana.

A reação de Diana, trocando olhares com Na-Hi e depois com Ernesto denunciava que tinha alguma coisa acontecendo que ela não contara a todos. Um levantar de ombros da coreana deu a ela a certeza de que estava na hora de anunciar a todos que, apesar dos lobos estarem próximos ao rio, o que significava que eles teriam que correr muito para fazer o percurso em um dia, alguns deles estavam nas proximidades. Era como se Sétan os tivesse destacado para patrulhar os arredores da Enseada.

Em outra ocasião, o fato de Diana ter mantido aquela informação apenas entre ela, Na-Hi e Ernesto, teria sido motivo de uma enorme discussão, porém, diante da gravidade da situação, ninguém quis comentar nada a respeito. O fato de estarem sendo vigiados era motivo para eles acelerarem os preparativos para se defenderem. Margie, muito a contra gosto, resolveu obedecer e desistiu de sair à procura de Chantal.

Durante aquela noite a neve caiu sem parar e, quando saíram da casa, o mundo todo tinha sido tingido de um branco brilhante a ponto de ferir seus olhos. Imediatamente, iniciaram a transferência das crianças para o rochedo onde Pâmela permaneceu para evitar que os mais velhos se metessem em aventuras que colocassem suas vidas em risco.

Quando as crianças já estavam em segurança, pegaram os últimos utensílios e alimentos que ainda existiam no acampamento e também foram para cima da elevação, onde começaram a escolher o local que deveriam ficar quando o ataque dos lobos começasse. Havia apenas duas formas de chegar ao topo das rochas. A primeira era uma trilha que existia logo depois do lago e a outra a meio caminho na descida que levava à Praia dos Tubarões.

Na-Hi sugeriu que a maioria deles se posicionasse no local onde tivesse a visão desta segunda, pois a primeira era muito íngreme e provavelmente não seria escolhida pelos lobos. Mesmo assim, ela pediu para que Milena e Margie guardassem a trilha mais próxima do lago.

A escolha de Milena tinha uma explicação. De todos eles, era a que tinha desenvolvido a maior habilidade no manejo do arco. A loirinha demonstrou tanta destreza que, até mesmo cavalgando Tornado, conseguia atingir o alvo. E quanto a Margie, fora escolhida pelo motivo oposto. A garota era um desastre e tinha até mesmo dificuldade em puxar a corda do seu arco até o ponto necessário para que a flecha fosse disparada na velocidade correta e, estando ela ao lado de Milena, poderia ser usada como mensageira no caso de alguma coisa sair fora do previsto. Nisso ela era boa. Sua vida de brincadeiras e lutas forjadas com Chantal e Neve deram a ela uma agilidade incomum, sem falar que desenvolvia uma velocidade incomparável quando corria.

Diana, sempre vigiando o lobo através de sua capacidade de enxergar através dos olhos de Áquila, informou logo depois que o sol se pôs:

– Agora só restava aguardar.

Margie estava aflita com o desaparecimento de Chantal e Neve e ficou furiosa quando o Nestor alegou que a pantera tinha percebido o tamanho do problema que vinha pela frente e fugira para se salvar. A ruiva, depois de ofender o rapaz com todos os palavrões que conhecia, se afastou do grupo e, naquela noite, não dormiu, ficando sobre a pedra que permitia a visão de toda a enseada com seu olhar aflito tentando ver Chantal retornando. Mas isso não aconteceu.

Com o dia clareando, Diana foi até Margie e lhe entregou uma vasilha contendo leite e outra contendo queijo e carne seca. A garota agradeceu e começou a comer enquanto a outra sentava ao seu lado. Margie perguntou:

– Quando é que os lobos chegam?

– Antes do meio dia. Eles vieram em marcha acelerada e logo estarão aqui.

– Que venham. E pode avisar a todos, Diana. Aquele lobo negro é meu. Ele e eu temos uma conta pendente.

– Por favor, Margie. Não faça nenhuma bobagem.

Margie apenas olhou para Diana que viu em seus olhos uma determinação que não admitia ser contestada. Ela já conhecia muito bem a ruivinha para saber que aquela era o tipo de situação em que não adianta argumentar com ela. Então, orou em silêncio para que Sétan fosse abatido antes que aquela maluca se colocasse na frente dele.

Os lobos chegaram antes do que Diana previra. Por volta das dez horas, um lobo cinzento apareceu entre as árvores e farejou o ar antes de caminhar com cautela até as construções, Desapareceu no interior da cozinha, onde não ficou por muito tempo. Logo saiu de lá, parou na areia, esticou o pescoço para cima e uivou. Depois soou um único uivo no meio da mata e logo dois outros lobos surgiram. Depois desses, foram surgindo mais e não demorou em que a praia estivesse coalhada de lobos farejando por todos os lugares, com alguns deles logo se encaminhando para o lago.

Então surgiu Sétan. Todos os lobos ficaram parados se posicionarem de tal forma que formaram um corredor por onde ele se deslocou, ladeado por dois outros lobos, um de pelagem cinzenta e outro marrom. O líder dos lobos percorreu toda a praia até chegar ao local onde o curso da água que corria do lago separava a areia da base do rochedo. Ali, olhou para cima e uivou.

Era um uivo sinistro que atingiu os humanos gelando seus corações.

Logo a batalha iria começar.

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