As primeiras lingeries

Um conto erótico de Ana
Categoria: Trans
Contém 2039 palavras
Data: 22/02/2025 18:59:48
Última revisão: 22/02/2025 19:01:40

A luz suave do abajur acariciava o quarto do hotel, projetando sombras delicadas sobre as paredes claras. Diante do espelho, Ana permanecia imóvel, o coração pulsando rápido demais no peito. Seus pés descalços afundavam levemente no carpete macio enquanto seus olhos deslizavam hesitantes pelo próprio reflexo. O ar morno parecia pesar sobre sua pele nua, arrepiando-a em pequenos pontos sensíveis.

Aos vinte anos, ela sabia que estava um pouco atrasada. A maioria das mulheres se casava aos dezenove, entregando-se ao marido na primeira noite como um rito de passagem. Agora, sozinha no quarto, aguardando o momento inevitável, sentia-se pequena diante da expectativa de corresponder ao papel que lhe cabia. O jantar havia sido agradável, mas a ansiedade cresceu em seu peito a cada olhar de Paulo, cada toque casual de sua mão. Quando ele a chamou de "minha esposa" com aquele sorriso morno e possessivo, as borboletas em seu estômago se agitaram descontroladas. Por isso, ela fugira antes do fim, murmurando algo sobre se preparar, deixando-o no restaurante para ganhar tempo — ou talvez para escapar do medo que latejava em seu peito.

Agora, porém, não havia mais para onde correr. A mala aberta sobre a cama exibia o arsenal de lingeries que recebera como presente de casamento — todas enviadas pelas mulheres de sua família, cada peça um símbolo delicado do papel que agora assumiria. Sutiãs rendados em tons pastel, babydolls de seda quase transparentes, calcinhas mínimas adornadas com laços discretos. Cada tecido parecia sussurrar promessas que Ana ainda não sabia se poderia cumprir.

Ela deslizou os dedos sobre a curva suave dos próprios seios, sentindo os mamilos intumescerem sob o toque leve. A imagem no espelho revelou o rubor que subiu de seu peito ao rosto. Abaixou o olhar até o ventre liso, imaginando o dia em que ele começaria a se arredondar, carregando o filho que sonhava dar a Paulo. Mas agora o foco estava em outra parte — mais abaixo, onde a feminilidade se mesclava ao que ainda restava de sua masculinidade. A presença do pênis sempre fora uma dualidade estranha: natural e, ao mesmo tempo, algo que aprendera a esconder sob as roupas. Agora, porém, não haveria esconderijos. Paulo veria tudo, tocaria tudo. Será que ele se decepcionaria? Será que esperava mais dela?

— Eu preciso agradá-lo… — murmurou, como se repetir a frase em voz alta pudesse dissipar o medo.

Inspirou fundo e fechou os olhos, tentando lembrar as aulas na escola. As professoras garantiam que o medo era natural, assim como a dor inicial. “Confie no corpo, relaxe, permita-se ser preenchida”, diziam. E, acima de tudo, repetiam que o prazer do marido devia vir primeiro, que o maior orgulho de uma esposa era ouvir o gemido satisfeito de seu homem. O desejo dele seria a sua realização.

Ana abriu os olhos e, com nova determinação, voltou-se para a mala. Seus dedos encontraram um conjunto de renda branca com detalhes dourados: o sutiã, sem bojo, sustentava os seios com delicadeza, enquanto a calcinha, de laterais finas e transparência suave, desenhava-se sutilmente sobre a pele. Ao vesti-lo, sentiu o tecido frio contra o corpo quente. A calcinha acomodou-se sobre o pênis já meio rígido pelo nervosismo, pressionando-o levemente contra o ventre. O sutiã abraçou os seios firmes, elevando-os de forma irresistível. Por cima, vestiu um robe curto de seda branca, deixando-o entreaberto o suficiente para sugerir, sem revelar demais.

Fitou-se no espelho uma última vez. Agora, o medo misturava-se a uma estranha excitação. Seria doloroso? Provavelmente. Mas o olhar de Paulo, quando a visse assim, valeria cada segundo.

O som da chave girando na fechadura fez seu coração saltar na garganta. Ela prendeu a respiração, sentindo o calor subir pelo rosto. A porta se abriu, e os olhos de Paulo, ao encontrá-la, brilharam com um desejo tão intenso que a fez esquecer, por um instante, de todo o medo.

O sol da tarde atravessava a cortina rendada da sala, lançando desenhos suaves sobre o tapete bege. O ar estava impregnado com o aroma doce do chá de camomila e dos biscoitos amanteigados dispostos em uma travessa de porcelana. Sentadas ao redor da mesa de centro, as quatro mulheres conversavam em tons suaves, como era costume em seus encontros semanais.

Paula e Gabriela, ambas já mães, sorriam com a serenidade de quem conhecia bem os prazeres e os desafios da maternidade. Fernanda, a única mulher cis do grupo, mexia o chá com delicadeza, os olhos atentos em Ana, que parecia inquieta naquela tarde. O robe florido de seda abraçava a cintura delicada da anfitriã, mas os dedos dela não paravam de alisar o tecido na altura do ventre, como se guardassem um segredo prestes a escapar.

— Está tudo bem, querida? — perguntou Gabriela, inclinando-se ligeiramente. — Você está tão calada hoje…

Ana abriu a boca, mas as palavras não vieram. Sentiu o coração acelerar. Desde a descoberta, há uma semana, ansiava por contar àquelas mulheres — suas confidentes, suas guias naquele mundo de esposas e mães. E, ainda assim, o momento parecia tão grandioso que a deixava sem fôlego.

— Eu… — Ela respirou fundo, os olhos brilhando. — Eu estou grávida.

O silêncio que se seguiu durou apenas um instante, mas pareceu uma eternidade. Então, como se um fio invisível se rompesse, as três mulheres explodiram em exclamações alegres.

— Ana! Que notícia maravilhosa! — Paula se levantou primeiro, abraçando a amiga com ternura.

— Ah, querida, eu sabia que não demoraria! — acrescentou Gabriela, apertando-lhe as mãos. — E como está se sentindo? Algum enjoo? Cansaço?

Fernanda, mais reservada, limitou-se a um sorriso cálido, mas seus olhos brilhavam de emoção. — Você vai ser uma mãe maravilhosa, Ana.

As palavras, tão simples e sinceras, tocaram fundo o coração da anfitriã. Pela primeira vez desde que descobrira a gravidez, a apreensão cedeu espaço a um orgulho doce e arrebatador. Ela não era mais apenas uma esposa; agora, carregava em seu ventre a promessa de uma nova vida, a prova de sua feminilidade e do amor entre ela e Paulo.

— Ainda não senti nada diferente… — respondeu, a voz trêmula de emoção. — Mas saber que há uma vida crescendo aqui dentro… é como se tudo fizesse sentido agora.

— E o Paulo? Como ele reagiu? — perguntou Gabriela, com um sorriso malicioso.

O rubor subiu instantaneamente ao rosto de Ana, arrancando risadas cúmplices das amigas.

— Ele ficou tão feliz que… bem, digamos que comemoramos à nossa maneira. — Os lábios se curvaram em um sorriso tímido, mas o brilho nos olhos traía o calor das lembranças recentes.

As três mulheres trocaram olhares cheios de entendimento. No mundo delas, o prazer conjugal não era apenas um dever — era uma parte essencial da vida de uma esposa, tão natural quanto a maternidade.

— E agora, prepare-se — advertiu Paula, com um toque de humor na voz. — Grávida, você vai descobrir que o desejo deles só aumenta. Meu marido vive dizendo que uma mulher grávida é o maior presente que um homem pode ter… e, bem, ele não deixa de aproveitar!

— Nem o meu — acrescentou Gabriela, rindo. — Acho que durante os nove meses, passei mais tempo no quarto do que fora dele!

As gargalhadas encheram a sala, leves e despreocupadas. Ana sentiu o peso das incertezas se dissipar. Ali, entre aquelas mulheres, ela sabia que não estava sozinha. Elas a guiariam, a aconselhariam e, acima de tudo, a lembrariam de que ser mãe e esposa era a maior realização que poderia alcançar.

— Ao futuro bebê! — brindou Fernanda, erguendo a xícara de chá.

— Ao bebê! — ecoaram as outras, e, naquele momento, Ana soube que sua vida jamais seria a mesma.

A noite descia lentamente sobre a nova casa, envolvendo os cômodos em uma penumbra acolhedora. As cortinas leves dançavam ao ritmo da brisa suave que entrava pela janela do quarto, trazendo consigo o aroma distante das flores do jardim. A luz suave do abajur banhava o ambiente em tons dourados, refletindo-se nos móveis de madeira clara e nas paredes em tons creme.

Ana estava sentada na beira da cama, vestindo uma camisola de seda cor de pérola que acariciava suas curvas recém-descobertas. O tecido fino deixava entrever a pele macia dos seios, moldados pelo toque delicado dos hormônios que há anos esculpiam seu corpo. O coração batia apressado em seu peito. Apesar das noites intensas da lua de mel, ainda havia um nervosismo sutil, uma mistura de expectativa e receio. A lembrança do prazer se entrelaçava à memória da dor inicial, como duas faces inseparáveis da mesma experiência.

O som dos passos de Paulo ecoou no corredor, e Ana prendeu a respiração, sentindo o calor subir-lhe às faces. Quando a porta se abriu, seus olhos encontraram os dele — e, naquele instante, todo o mundo pareceu se dissolver. O marido sorriu de leve, o olhar escuro deslizando lentamente pelo corpo dela, em um misto de desejo e ternura.

— Está ainda mais linda do que eu lembrava... — disse ele, com a voz rouca de emoção.

Ana mordeu o lábio inferior, baixando os olhos, sem saber como responder. O calor familiar do desejo se acendeu em seu ventre, mas o aperto sutil da ansiedade ainda lhe apertava o peito.

Paulo se aproximou, ajoelhando-se diante dela. Com delicadeza, tomou-lhe as mãos trêmulas, levando-as aos lábios em um beijo suave.

— Está tudo bem, meu amor... — murmurou, com um toque de compreensão na voz. — Não há pressa. Quero que seja bom para você...

Aquelas palavras dissiparam parte da tensão que lhe travava os músculos. Ana assentiu em silêncio, os olhos marejados de gratidão. Então, ele se inclinou para beijá-la. O toque quente dos lábios trouxe um arrepio que percorreu todo o seu corpo. O beijo começou suave, explorando-a com paciência, até que os dedos de Paulo subiram pelo tecido da camisola, roçando a curva delicada dos seios.

Um suspiro escapou da garganta de Ana. Ela sentiu o bico dos seios endurecer sob o toque, uma onda de calor se espalhando de sua pele para o ventre. O medo começava a dar lugar ao desejo. Paulo afastou a camisola com gestos lentos, revelando-a aos poucos, como se cada centímetro de pele fosse um presente a ser desvendado. Seus lábios traçaram um caminho de beijos pelo pescoço delicado, descendo até o vale entre os seios.

Ana se deitou sob o peso quente do corpo dele, sentindo-se ao mesmo tempo vulnerável e segura. As mãos de Paulo exploravam suas curvas, conhecendo-a novamente como se fosse a primeira vez. Quando os dedos deslizaram até suas coxas, ela arqueou o corpo em resposta, o desejo pulsando em cada fibra de seu ser.

Ainda assim, o receio persistia, como um sussurro ao fundo de sua mente. Paulo percebeu. Interrompeu os beijos e a fitou nos olhos.

— Quer que eu pare?

Ana negou com a cabeça, o coração acelerado.

— Não... Só... vá devagar.

Paulo sorriu com ternura, beijando-a com ainda mais delicadeza. Suas mãos continuaram a acariciá-la, preparando-a com paciência infinita, até que o medo começou a ceder espaço a uma onda de prazer crescente. Quando, finalmente, ele a penetrou, fê-lo lentamente, dando-lhe tempo para se ajustar ao movimento. Ana mordeu o lábio, abafando um gemido misto de dor e êxtase.

Os primeiros instantes foram tensos, mas, conforme ele se movia com suavidade, o prazer começou a sobrepor-se ao desconforto. Ana envolveu-o com as pernas, puxando-o para mais perto, entregando-se ao momento. O ritmo lento e profundo os envolveu como uma dança silenciosa, os corpos se encontrando em perfeita harmonia.

Paulo a beijava entre os gemidos baixos, murmurando palavras de amor junto à sua pele. A conexão entre eles ia além do físico — era um encontro de almas, selado pelo desejo e pelo afeto. Quando o clímax a alcançou, Ana arqueou as costas em um espasmo de puro êxtase, o mundo inteiro se dissolvendo em um borrão de prazer.

Por um longo momento, permaneceram juntos, os corações batendo em uníssono. Então, Paulo rolou para o lado, puxando Ana para seus braços. Ela repousou a cabeça sobre o peito dele, ouvindo o ritmo lento e constante de seu coração.

— Foi perfeito... — sussurrou ela, os olhos pesados de sono, mas o sorriso nos lábios denunciava a felicidade plena.

Paulo a apertou contra si, beijando-lhe os cabelos.

— Eu te amo, Ana. Sempre vou cuidar de você.

E, naquela noite, envolta nos braços do marido, Ana soube que seu lugar era ali — como esposa, amante e, em breve, mãe.

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