Uma Estranha Freira - Parte 12 - A Deusa Incorporada

Um conto erótico de Paulo_Claudia
Categoria: Heterossexual
Contém 1862 palavras
Data: 23/02/2025 14:26:39

Eu estava no Túnel, próximo ao portal, com o casulo que continha Alethea ao meu lado. A fraca luminosidade que ele emitia, pulsando de maneira ritmada, me causava uma espécie de torpor. Mas eu não ousava sequer pensar em dormir, eu precisava estar atento caso algum daqueles tentáculos aparecesse. Será que a Entidade Cósmica iria sentir a presença dela e tentar tirá-la de mim?

As horas passavam muito lentamente. Fiquei relembrando a primeira vez que a vi, naquela tarde abafada no centro antigo da cidade. Será que, de alguma maneira, o destino, por alguma ação divina, havia me feito encontrá-la? Será que tudo o que passamos tenha sido parte de uma longa trama engendrada por forças que não conseguimos entender, para atingir um fim que envolve duas criaturas cósmicas, de poder inimaginável, opostas como luz e trevas, bem e mal, Yin e Yang?

Eu ainda não conseguia conceber que alguma entidade sobrenatural pudesse precisar de minha ajuda, ou de Alethea. Mas a Deusa havia dito que haviam sido homens do meu mundo que abriram os portais para o Terror do Abismo, de onde veio Khlûl-Hloo .

( Nota do autor: este fato remete às aventuras de “ Regina e a Irmandade do Sexo ” – episódio 98 – Aventura na Rússia )

Por via das dúvidas, entre suas idas e vindas ao quarto onde estávamos eu e Alethea, Arthur havia providenciado algo que poderia ser muito importante, caso houvesse a infeliz oportunidade de encontrar com a tal Entidade, e havia colocado bem protegido e seguro dentro da mochila. Se havia sido alguma coisa deste mundo que havia aberto o tal “Portal para o Terror do Abismo”, então eu precisaria de algo deste mundo para tentar acabar com a criatura, ou enfraquecê-la o suficiente para que a Deusa o derrotasse.

Finalmente, começou a clarear. Coloquei a mochila nas costas, segurei o casulo no meu colo, e prossegui.

Cheguei ao final do túnel. Segui o trajeto que havia sido indicado por Anthea. Pela nova passagem, o Templo Sagrado não ficava muito longe. Como ela havia me dito, a região era desabitada. Não fiquei me preocupando qual teria sido o motivo. Talvez porque , com o desaparecimento quase total da crença na Deusa, haviam abandonado aquele local. De qualquer maneira, fui caminhando, e curiosamente não senti o mal-estar que havia sentido anteriormente quando entrei nesse outro plano. Talvez meu organismo tivesse se adaptado.

Andei por cerca de uma hora, e então avistei os morros descritos por Anthea, a caverna não estava longe.

A entrada do lugar era escondida, mais ou menos como os portais dos túneis. Era necessário apertar determinadas pedras, mover uma rocha de lugar. Mas, enfim, a porta da caverna se abriu, e entrei. Passei por um túnel bem escuro, tateando, até que vi uma fraca luminosidade.

- PAAAHHHHRADO AHIIIII !

Uma bela sacerdotisa me interpelou.

Eu já entendia razoavelmente a língua. Falei:

- AAAHHHDRASSSTEAHHHHH.... AHLEEEEETHEAHHHHH.

( a partir de agora, vou traduzir para facilitar a leitura)

- Alethea?

Ela apontou para o casulo.

- Sim. Adrasthea me enviou, foi um comando por parte dela.

- Adrasthea falou com você? Impossível.

- Mas é a mais pura verdade. Ela me disse para trazer Alethea até aqui. Ela me falou através dela.

- Impossível. A Deusa nunca se comunicaria com um estrangeiro.

- Mas foi o que aconteceu. Foi como se Alethea estivesse possuída, ou algo assim, não sei explicar direito, mas juro que é verdade!

- Então ela se manifestou através dela – falou, apontando para o casulo. Vou precisar falar com minha superiora.

Aguardei por vários minutos. A minha ida até lá não poderia ter sido em vão.

A moça retornou, sendo acompanhada por mais duas sacerdotisas, uma delas com as vestes diferentes, deveria ser a “chefe” delas.

- Venha.

Elas me conduziram até um amplo salão, com uma iluminação que eu não saberia dizer a origem, e que tinha uma grande piscina no meio, cheia de água azul cristalina.

A sacerdotisa pegou o casulo com cuidado, mas quase caiu com o peso. Curioso, pois para mim era muito leve.

- Eu ajudo.

Ela deixou que eu segurasse, e me disse para pousar o casulo na água. Ele flutuou, e deslizou até o centro da piscina.

- Agora você pode ir embora. Ela ficará conosco.

- De jeito nenhum. A Deusa disse que apenas eu conseguiria abrir o Portal que levará o Maligno para longe do seu Mundo, pois foram homens do meu Mundo que abriram os portais para o Terror do Abismo, de onde veio Khlûl-Hloo.

- Minha Deusa!!! Elas foram tomadas pelo espanto.

- Foi isso o que aconteceu. Preciso ir com Alethea ao Templo Profano, tão logo ela esteja recuperada.

- Não fazemos ideia de como será possível enfrentar a Entidade Cósmica, mas se é o desejo da Deusa, não temos como contestar.

- E agora? Como vai ser? Quanto tempo leva para o casulo abrir?

- Não há como saber. Depende de quanto o organismo dela foi afetado. Na verdade, nunca vimos algo assim ocorrer nesta geração. Você deve esperar aqui, então. Lisithea lhe fará companhia, e trará algo para você comer e beber.

O salão tinha alguns bancos feitos de pedra, e sentei-me em um deles. Lisithea me trouxe algumas frutas e água. Depois de beber e comer, recostei-me no bando, com a cabeça apoiada na mochila.

Adormeci, e tive sonhos , certamente influenciados pela Deusa, mostrando como seria a minha chegada ao Templo Profano, e tive inclusive uma visão do Salão onde a Entidade Cósmica se manifestaria.

Também passei por uma experiência incrível, em que revivi todos os momentos que passei desde que conheci Alethea, e tive a certeza de que tudo o que ocorreu teve a influência de Adrasthea . Não estou querendo dizer que fomos marionetes de seres sobrenaturais, mas que , usando nosso livre arbítrio, pudemos fazer parte de algo transcendental.

Não sei quanto tempo passou, nem se essas experiências foram desencadeadas por algo que a moça me deu para tomar. Mas acordei com uma luminosidade intensa, dourada, que preencheu todo o salão, ofuscando minha vista. E vinha da piscina.

Assim que consegui voltar a enxergar, vi a coisa mais impressionante de toda a minha vida ( mais até do que a primeira vez que vi a estranha freira ): o casulo havia se desmanchado na água, e uma imagem feminina fulgurante , dourada, emergia da água, completamente nua e resplandecente.

- Alethea?

A belíssima figura olhava ao redor, deslumbrada. Muito devagar, o brilho intenso foi diminuindo, e as feições dela se tornaram mais evidentes. Ela olhou em minha direção e me reconheceu.

- Roberto.

Confesso que me emocionei muito nesse momento, eu achava que a havia perdido para sempre, e, mesmo com o que Anthea havia dito, duvidava que pudesse ser possível sua recuperação.

- Alethea! Você está bem! Que maravilha!

Aproximei-me rapidamente, e ela, em um primeiro momento, sorriu. Mas

ficou séria, de repente.

- Alethea está aqui, e passa bem, mas EU SOU através dela.

Lisithea, que estava assistindo a tudo num misto de adoração e pavor, prostrou-se no chão, as mãos erguidas para o alto.

- Minha Deusa!! Estamos aqui, esperamos muito, orando, sonhando, padecendo.

- Minha filha. Chame todas as outras.

Não foi necessário. Dezenas de mulheres , vestidas de maneiras diferentes( eu não saberia dizer quais as diferenças hierárquicas entre elas), vieram correndo, esbaforidas.

- Ave Adrasthea!!!

- Minhas filhas. Minhas pobres filhas! Não consegui evitar a catástrofe que ocorreu em nosso Mundo, os portais do Terror do Abismo se abriram e permitiram a vinda do Maligno Khlûl-Hloo. Lutei contra ele com todas as minhas forças, mas quando a Egrégora de nosso povo enfraqueceu, minha essência se desvaneceu neste plano. No entanto, aguardei até que uma de vocês, que fosse especial e digna, fosse conduzida ao Outro Lado e encontrasse este homem, que – tenho a certeza – irá finalmente projetar o Maligno de volta para o lugar de onde veio, muito além dos Portais do Terror do Abismo.

Eu ouvia isso tentando ficar impassível, mas por dentro eu tremia , afinal eu era um reles mortal, embora Alethea fosse realmente especial. Ela realmente estava parecendo uma Deusa , com aquela aura resplandecente.

- Roberto, assim que tiver repousado o suficiente, deverá se preparar, vestindo o traje de núpcias.

- Mas da outra vez, você...Alethea... estava me levando pelado ao Templo.

- Você seria vestido lá. Alethea estava confusa e ansiosa. Desta vez, uma das Sacerdotisas irá anunciar nossa chegada, e entraremos como um casal feliz.

- Hum. Sei. E o monstro vai comer meu corpo e minha alma.

- Não acontecerá nada disso! Eu me surpreendo como as pessoas de seu mundo são incrédulas, e ainda fazem esse tipo de comentário jocoso em situações graves.

- Desculpe... Adrasthea. É difícil ficar tranquilo, vendo Alethea e ouvindo você.

- Sei que você trouxe um dispositivo importante em sua mochila. Precisaremos escondê-lo com cuidado em seus trajes.

Ela estava certa. Eu havia trazido uma boa quantidade de PE-4, um tipo de explosivo usado pela Inteligência Britânica. Era suficiente para arrebentar qualquer coisa, e mesmo ( eu esperava) a tal entidade cósmica, ou abrir um buraco enorme no tal “portal”, fazendo com que a criatura fosse sugada de volta para onde veio.

- Apenas isso não seria suficiente, vou precisar usar grande parte da minha energia para que o Portal se abra.

- Desculpe, mas eu já li histórias em que , após ser incorporado por um Deus ou Deusa, o corpo humano não consegue sobreviver.

- Alethea não é humana como você.

- Não está mais aqui quem falou.

- Roberto, pode parar de falar essas coisas? Estou começando a me irritar.

- Desculpe.

Tomei um banho, e as sacerdotisas ajudaram a me vestir com os tais trajes nupciais, que lembravam vagamente os trajes sociais indianos masculinos . pensei em fazer um comentário sobre estar “chique”, mas a Deusa não tinha senso de humor.

Duas das moças foram à nossa frente em um “Vímana”. Aguardamos um pouco, e fomos no segundo veículo.

- Você ainda vai aprender a dirigir um destes.

- Isto se eu sobreviver.

- Pare com isso.

- Tudo bem, vou ficar quieto.

- Não precisa ficar quieto, é só não ficar fazendo esse tipo de comentário.

- Isso me lembrou uma coisa: vou ter que falar algo na tal cerimônia?

- É só concordar com o que perguntarem. Diga apenas “-Sim”. E sem gracinhas.

- E a noite de núpcias?

- Você deve ter muito mais experiência que Alethea em relação a isso.

- Mas e você? É você quem está incorporada nela.

- Quando for a hora, eu deixo vocês dois a sós.

- Mas ela não vai se assustar ao acordar de repente em um quarto, comigo?

- Ela está ouvindo toda a nossa conversa, e vai lembrar quando eu deixar o seu corpo.

- E por que não pode ser agora?

- Está difícil fazer você entender. Esta é a maneira de eu poder entrar no Templo Profano sem ser notada.

- Ah. Entendi.

Adrasthea ( incorporada em Alethea, explicando novamente) pilotou a pequena nave através daquela paisagem que mesclava verde e púrpura. Enquanto fazia isso, ia me explicando como funcionavam os controles do aparelho. Aparentemente, era mais fácil que dirigir um automóvel. Mas fiquei desconfiado.

- Mas... por que eu precisaria dirigir um destes...

- Se você precisar fugir às pressas.

- Mas eu jamais deixaria Alethea...você...para trás.

- Pode acontecer algum imprevisto.

Só me faltava essa. A própria Deusa achava que algo poderia dar errado. Mas eu não iria abandonar Alethea, jamais. Não depois de tudo o que havíamos passado.

Continua

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Comentários

Foto de perfil de Beto Liberal

E a trama vai tomando proporções de ação e aventura ...

Ainda bem que demora de um capítulo para o outro, da tempo de as unhas se recuperarem. (Brincadeirinha, não demora por favor)

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