Uma boa semana a todos!
Personagens do Signo:
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Outros Personagens:
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PRISCILA (https://postimg.cc/1nYjDY9f)
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Características Signo: Ambicioso, Pessimista, Disciplinado, Responsável, Pragmático, Estável, Seguro, Visionário
Elemento: Terra (Racional)
Continuando ...
[DIANA (POV)]
Eu literalmente apaguei após a maratona de sexo com o Ariano. Fazia muito tempo que eu não dormia tanto, mas foi só eu me mexer na cama, que eu senti que estava um pouco assada. Peguei meu celular e coloquei na câmera pra ver como estava a minha xoxota. Tomei um susto, quando vi que estava inchada e avermelhada.
Meu cuzinho também estava bem castigado, com um tom, também avermelhado. O tamanho dele estava um pouco maior do que o de costume, mas nada muito exagerado. Fui ao banheiro fazer xixi e senti aquela ardência de quem levou pica a noite inteira.
Eu ainda não conseguia acreditar como ele tinha tanto vigor e tanta fome de sexo. Meu corpo também tinha várias manchas vermelhas, provenientes de tapas e chupões que ele me deu. A minha sorte é que eu não tinha nada pra fazer e poderia descansar.
Ariano já havia se levantado e eu nem sabia que horas eram. Peguei o celular novamente pra verificar as horas e as mensagens. Só então, me lembrei do que eu havia feito, ou melhor, do que o Ariano havia feito.
Eu estava incomodada com a atitude dele e me bateu um profundo arrependimento. Fazer aquilo foi muito sórdido e eu nunca, na minha vida, tinha agido daquela forma. Na hora do sexo, o tesão falou mais alto, e eu me deixei levar, mas agora eu estava me sentindo destruída.
Eu não tinha como mandar mensagem para o Adolfo, depois do que havia acontecido. A minha esperança era que ele nem tivesse visto o vídeo, quando percebeu do que se tratava, apesar que havia sinal de visualização da mensagem.
Resolvi mandar uma mensagem pra Suzy, pra saber se estava tudo bem e ela me respondeu segundos depois.
Suzy – Não sei se aqui está tudo bem, não. – Respondeu Suzy.
Meu coração gelou ... Tive uma sensação ruim, que chegou a me dar forte pontada na cabeça. Resolvi ligar pra ela.
Diana – Filha, como assim? O que aconteceu?
Suzy – Hoje de manhã eu encontrei o papai sentado no sofá, olhando para a TV desligada e achei estranho. Perguntei se ele havia chegado, naquela hora, porque ele estava todo arrumado, mas ele não me respondeu, e ficou me fazendo umas perguntas estranhas, se eu o achava bonito e tal ... Depois ele me disse que iria sair para espairecer, mas como ele estava realmente esquisito, eu disse que iria com ele, mas ele acabou me enrolando e quando fui me arrumar, ele não me esperou. Ainda fui atrás dele até a garagem, achando que ele estaria me esperando no carro, mas não o encontrei e o carro estava lá.
Diana – Que horas foi isso?
Suzy – Agora de manhã.
Diana – E depois?
Suzy – Eu tentei ligar para ele, depois mandar mensagens e não tive reposta.
Diana – Que estranho! – Falei, mas meu peito, já sentia um aperto e completei. – Bom, tente mais tarde e, se não conseguir falar com ele, me avise.
Suzy – Pode deixar, eu vou tentar, e, conseguindo ou não, eu te aviso.
Ela estava com medo do pai fazer alguma besteira. Tentei tranquilizá-la, mas ... sem muito sucesso. Assim que desliguei, me vesti e fui procurar o Ariano. Eu o encontrei relaxando na área da piscina e pra variar estava inteiramente nu.
Ariano – Bom dia, meu amor! Eu não sabia o que você teria vontade de comer, então, pedi várias coisas. Tem mamão, melão, pão francês, torrada, ovos mexidos, queijo minas, presunto, chá gelado e suco de laranja, além de café, e claro. Acertei em alguma coisa?
Diana – Nossa! Parece até que estou numa pousada. Eu gosto de tudo isso, mas estou sem fome.
Ariano – Como assim? Depois daquilo tudo, achei que você comeria isso e mais um pouco.
Diana – Ariano, eu não estou muito bem ...
Ariano – O que foi, minha flor? Eu te machuquei? Talvez eu tenha exagerado um pouco.
Diana – Não é isso! Foi tudo maravilhoso. É que aquele lance da gravação ... Estou me sentindo mal com aquilo ...
Ariano – Diana, não fique assim! Aquele idiota do seu ex-marido mereceu. O vídeo que nós fizemos não chega aos pés do que ele fez contigo. A Agatha ...
Diana – Mesmo assim, estou me sentindo mal. – Falei, interrompendo-o e me sentei numa cadeira, cobrindo o rosto com as mãos.
Ariano – Diana, fique calma! Venha comer alguma coisa, e depois a gente namora um pouco ...
Diana – Ai, Ariano, eu preciso de um descanso. Se formos transar, do jeito que eu estou assada, não vou ter prazer nenhum, só vou sentir dor.
Ariano – Eu entendo, meu amor. Isto é normal. Na primeira vez, isso sempre acontece, mas depois você se acostuma. Vamos só comer e relaxar, por enquanto.
Parece que ele entendeu a minha situação física, mas não a emocional. Passamos o dia praticamente na piscina, almoçamos e fomos fazer um passeio pela cidade, mas a minha cabeça não parava de pensar na minha família. Andamos de mãos dadas como dois namorados. Eu estava fazendo a minha parte, mostrando como estava apaixonada por ele.
No meio da tarde, fiz uma outra ligação para a Suzy e ela me disse que conseguiu falar com o pai. Ela disse que ele tinha ido visitar uma feira que o avô dele sempre comentava e que não se preocupasse, pois ele logo voltaria para casa.
À noite, não tive como escapar. Somente pedi a ele que fosse mais comedido, e ele, vendo o meu estado, me atendeu.
Mesmo sendo uma transa intensa, não chegou nem perto da noite anterior. Dormi um pouco mais tranquila com a notícia que Suzy tinha me dado. O Adolfo estava bem e era isso o que importava. Pelo menos era o que eu imaginava.
No dia seguinte, fui acordada com uma ligação da Suzy. O pai não havia voltado para casa. Já tinha se passado, quase 24 horas que ele havia saído de casa e, pelo que minha filha havia dito, era quase certo de que ele tinha visto o vídeo e meu coração apertou nessa hora.
Diana – Liga pro César e pros outros amigos dele, mas não liga pros seus avós ainda.
Suzy – Já liguei. O César disse que assim que completar as 24 horas do último contato, vai dar parte na polícia.
Diana – Eu estou em Cabo Frio, filha, mas já estou voltando pro RJ.
Fui me encontrar com Ariano no local do café da manhã, e ele já estava dentro da piscina.
Diana – Estou com um mau pressentimento. Falei com Suzy ainda pouco e o Adolfo está desaparecido ... Não dormiu em casa e a hora que ele saiu, ontem pela manhã, com certeza deve ter visto o vídeo.
Ariano – Ele está bem, meu amor! Deve ter ido transar com a Tati novamente, depois de ver a sua performance, e perdeu a hora. Aposto que foi isso. – Falou Ariano, mordendo uma maçã.
Diana – Então liga pra ela. – Disse num tom imperativo, quase perdendo as estribeiras.
Ariano – Você quer que eu ligue para a Tati, e pergunte a ela se o Adolfo passou a noite com ela? Você não acha isso um pouco invasivo?
Ele saiu da piscina, e pra variar, estava nu, com o membro quase ereto, me fazendo perder a calma.
Diana – Esquece, eu vou falar pra Suzy perguntar a ela.
Ariano – Diana, relaxa ... – Disse Ariano, tentando me abraçar e beijar.
Diana – VOCÊ NÃO DEVIA TER MANDADO AQUELE VÍDEO!!! – Gritei desesperada, mas logo me retratei – Desculpa pelo grito ... Não foi a minha intenção.
Ariano – Tudo bem. Você botou pra fora e agora já passou ... Por que você não relaxa um pouco, veste um biquíni ou tira a roupa, e entra na piscina? A água está ótima! – Sussurrou Ariano no meu ouvido, alisando as minhas coxas, subindo as mãos pela virilha.
Diana – Você não está entendendo ... Eu estou muito preocupada com o Adolfo ... Você não devia ter enviado o vídeo.
Ariano – Eu achei que você queria, mas estava sem coragem. Só fiz o que você, no fundo, queria ...
Diana – Eu NÃO queria. – Falei mais alto, deixando bem claro a ele.
Ariano – Eu te perguntei a primeira vez e você respondeu que não queria. Na segunda vez, eu perguntei se VOCÊ TINHA CERTEZA e você não me respondeu. Quem cala, consente ...
Eu não me lembrava desta segunda pergunta. Também, depois de mais de 4 horas ... eu acredito que não estava mais consciente quando ele perguntou pela segunda vez.
Eu estava me sentindo mal ... Eu não enviei, mas eu tinha a minha parcela de culpa. Eu realmente havia me esquecido da regra: “quem cala consente”.
Diana – Foi tudo muito intenso e eu estava esgotada, pensando em um monte de coisas ... não tinha condições de raciocinar ... Se alguma coisa tiver acontecido a ele ... eu nunca vou me perdoar. – Falei choramingando, torcendo pra que Adolfo estivesse bem.
Ariano – Ele deve estar bem. Come alguma coisa e vamos curtir o dia na piscina ... Comer, repor as energias e namorar mais um pouco ...
Diana – Ariano, eu acredito que você não está entendendo, eu já superei o Adolfo, mas ele ainda é o pai dos meus filhos. Eu tenho que voltar! Minha filha está desesperada e precisando de mim. – Disse mais séria dessa vez, enxugando as lágrimas.
Ariano – Tem certeza? Pensa comigo ... Se o Adolfo teve uma crise por causa do nosso vídeo, você acha que ele vai gostar de te ver lá, quando ele aparecer?
Ele tinha razão. Ariano parece sempre ter um argumento pronto pra ser usado, mas dessa vez eu estava com muito medo do pior acontecer.
Diana – Estou indo pra dar apoio aos meus filhos. Assim que ele aparecer, eu vou embora.
Ariano – Então, come primeiro e a gente volta ...
Diana – Nem pensar! Eu irei sozin ...
Ariano – Meu amor ... – Disse aquele homem musculoso, me abraçando com a piroca dura, apontando pra cima. – Da mesma forma que você não pode deixar os seus filhos na mão, eu também não posso te deixar na mão, porque fui eu quem mandou o vídeo, como você mesmo disse, ainda há pouco. A culpa foi minha e eu quero ajudar de alguma forma.
Diana – A culpa foi minha. Eu fui omissa ...
Ariano – Então, a culpa foi nossa ... Meio a meio ...
Ele me abraçou todo molhado e senti um calafrio. Embora a água estivesse gelada, seu peito era quente.
Eu estava perdida em pensamentos, mas ele logo me deu um beijo e suas mãos agarraram a minha bunda, apertando com força, eliminando qualquer espaço que pudesse existir entre a gente.
Senti aquela coisa grande e dura pressionar a minha barriga e meu corpo ameaçou me trair. O beijo que era carinhoso, se tornou mais intenso.
Aquele cheiro de homem me enlouquecia, mas antes que eu me perdesse em mais luxúria, uma voz na minha cabeça, quase que sem forças, sussurrou: “Adolfo”.
Diana – Me desculpa, Ariano, mas eu não estou com cabeça pra isso agora ... eu preciso voltar! – Falei me desvencilhando de seus braços, enquanto ele ainda tentava me segurar.
Ariano – Eu entendo ... Vamos comer alguma coisa e a gente vai embora.
Diana – Estou sem fome ...
Ariano – ... Eu insisto ... São duas horas de viagem.
Resolvi aceitar e assim que dei as costas pra ele, senti um puxão e ele me agarrou novamente. Uma de suas mãos no meu peito e a outra na minha xoxota. Sua pica cravada em minha bunda, tentando invadir o meu corpo, que felizmente estava protegido com roupas.
Sua boca agora beijava o meu pescoço e eu me senti fraca novamente. Eu já estava ficando molinha, mas consegui me soltar dele e disse que outra hora a gente continuava, mas a verdade é que eu estava muito confusa.
Diana – Eu vou comer qualquer coisa e em 10 minutos a gente vai embora.
Ariano – Se é o que você quer ...
Depois de comer, sem fome alguma, o deixei na mesa e fui para o quarto me vestir. Aproveitei para ligar para a única pessoa que poderia me ajudar.
E assim, em cerca de 20min, pegamos a estrada e a viagem foi em total silêncio. Ariano até tentou puxar assunto em alguns momentos, mas eu respondia só com a cabeça ou de forma monossilábica.
O que eu mais queria era chegar logo naquela casa, que um dia eu morei.
[ADOLFO (POV)]
Eu estava sem documentos e sem carteira, fedendo a urina e vômito, e nada do bar abrir. Eu ainda tinha uma fagulha de esperança do meu celular estar lá dentro.
Além disto, eu estava morrendo de fome. Meu estômago roncava e a minha cabeça não parava de doer. As pessoas passavam por mim, olhando desconfiadas, ou desviavam o caminho, até mesmo atravessando a rua.
Eu estava com muita vergonha de pedir dinheiro pra comer, mas tive que engolir o meu orgulho e timidamente comecei a estender a mão, mas as pessoas me ignoravam ou diziam que não tinham nenhum trocado, que a situação estava difícil ou até mesmo falavam que não iriam dar dinheiro pra eu comprar pinga.
Caminhei um pouco pelas ruas até achar uma farmácia e, quando entrei, quase fui expulso do estabelecimento. Tentei explicar o que me havia acontecido, mas ninguém estava com paciência, dizendo pra eu sair, se não, iriam chamar o Negão.
Quem era Negão? Esse nome não me era estranho, mas apesar da força que eu fiz pra lembrar, não consegui.
Eu também estava morrendo de sede e pedi um copo d’água. Dizem que um copo d’água e um boquete, não se nega a ninguém e felizmente eu consegui.
O dono da farmácia estava a ponto de me enxotar dali, mas a mulher que estava com ele, disse que não deveriam destratar os moradores de rua. Que Deus não vê isso com bons olhos, dando um sermão no dono da farmácia. Depois disso, ele ficou mais gentil e não me expulsou, mas me disse pra eu beber a água e sair.
Pedi à moça, se ela poderia me emprestar o celular ou se ela poderia fazer uma ligação pra mim. Ela me perguntou o número e eu falei a ela, explicando que gostaria de falar com César e que eu me chamava Adolfo.
Ela fez a ligação e após alguns segundos começou a falar com alguém, provavelmente o César, que quis falar comigo.
César – Caralho, Adolfo!!! Você tá maluco? Onde você tá?
Adolfo – Cara, eu não sei dizer ...
César – Mas você está bem?
Adolfo – Eu estou fodido, meu amigo! Sem dinheiro, sem celular, morrendo de fome e estou todo sujo.
César – O que você fez, Adolfo? O que está acontecendo?
Notei que a moça não parava de me olhar, na certa desconfiada de alguma coisa.
Adolfo – Melhor falar pessoalmente. Vem aqui me buscar e traz uma roupa limpa.
César – Ok! Tá todo mundo preocupado, te procurando. A Suzy não para de chorar!
Adolfo – Merda! Merda! Eu vou te passar pra moça e ela vai te explicar onde é “aqui”. Só sei que é em Queimados.
Moça – Queimados, não. Aqui é Seropédica.
Adolfo – Caramba, onde fui me meter? Como eu vim parar aqui?
Passei o telefone pra moça e enquanto ela explicava pro César, o dono da farmácia me pediu pra aguardar do lado de fora do estabelecimento, porque segundo ele, eu estava atrapalhando as vendas.
Eu saí da farmácia e fiquei esperando próximo ao local, sentado no chão mesmo. Fiquei pensando em como fui parar em Seropédica, sendo que a última coisa que eu me lembro era que eu estava em Queimados e chamei um carro para voltar para casa.
Uns 5 minutos depois, a moça da farmácia veio até mim, trazendo uma garrafinha d’água e um joelho, que imediatamente eu devorei, tamanha era a minha fome. Agradeci a ela, que disse pra eu aguardar, pois o meu amigo já estava a caminho e se eu quisesse mais um salgado, que era só pedir, pois ainda iria demorar muito até ele chegar.
Perguntei a ela quanto tempo, mais ou menos, poderia demorar e ela disse que por volta de 1hora e meia ou 2 horas, dependendo do trânsito. Eu olhei pra ela e pedi que, se não fosse muito abuso, que eu iria aceitar um outro salgado.
Ela disse que não seria problema e foi comprar. Em seguida, retornou com uma coxinha de frango que parecia muito mais uma coxona e, dessa vez, com um copo de suco.
Este segundo salgado, eu comi pausadamente e aproveitei pra perguntar para ela se Seropédica era muito longe do RJ e ela me disse que nem tanto, mas que eu não inventasse de ficar andando por ali.
Ela então voltou a falar que se eu precisasse de alguma coisa, pra chamá-la na farmácia. Eu a agradeci novamente e pedi que falasse com o marido dela, que eu estava muito agradecido a ele também e que lhe pedisse desculpas.
Ela disse que estava tudo bem e que ele não era o marido dela, mas sim o pai e quando ela estava se afastando, eu a chamei.
Adolfo – Moça, qual o seu nome?
Cida – É Maria Aparecida, mas a maioria das pessoas me chama de Cida. – Disse ela, se virando com um lindo sorriso.
Adolfo – O meu é Adolfo Bandeira Neto, mas pode me chamar só de Adolfo.
Cida – Tudo bem, Adolfo ... Agora eu tenho que ir, se não meu pai tem um treco. – Falou a jovem, fazendo gestos com a mão.
Ela acenou pra mim e voltou pra farmácia, enquanto eu tentava saborear aquela coxona de frango, cheia de massa e com pouco recheio. O guardanapo todo molhado e engordurado, mas eu comia com gosto, como se fosse a melhor refeição da minha vida.
O suco de caju era mais doce que o próprio açúcar e eu até tentei colocar um pouco d’água pra suavizar o sabor, mas a diluição do açúcar também diluiu o sabor do caju, parecendo que agora eu estava tomando uma água saborizada de caju, ainda com muito açúcar.
As horas se arrastavam e eu tentei buscar uma sombra, enquanto as pessoas que passavam por mim, continuavam a me julgar pela aparência. O tempo passava lento, se arrastando.
Finalmente, duas horas depois, chega o meu grande amigo César, já buzinando e eu agradeci a Deus, por ter cuidado de mim, afinal dizem que Deus cuida dos bêbados.
César – Porra, Dodô!!! Como você se enfiou no lugar onde Judas perdeu as botas ... Que lugar é esse? – Disse o meu amigo, saindo do carro, e dando uma olhada nos arredores, fazendo uma cara de espanto.
Adolfo – César, nunca fiquei tão feliz em te ver – Falei indo em direção a ele pra lhe dar um abraço, mas ele botou as mãos na frente.
César – Caralho, Adolfo!!! Que cheiro é esse? Puta que o pariu! ... Fica de longe, que tá foda!
Adolfo – Cara, tô precisando realmente de um banho. – Falei e dei um sorriso, pela primeira vez naquele dia.
César – Você não vai entrar no meu carro assim, não ... – Disse o meu amigo de forma séria, mas rindo logo em seguida.
Adolfo – Para de ser fresco, que o seu carro nunca foi limpinho.
Ele abriu o carro e me deu uma muda de roupa. Eu entrei e me troquei, jogando a roupa antiga pela janela. Perguntei a ele se tinha algum desodorante e ele me disse pra pegar no porta luvas. Acho que usei todo o tubo daquele aerossol e saí do carro um pouco melhor do que entrei.
César – Agora sim, melhorou um pouco, mas o cheiro ainda tá esquisito. – Falou meu amigo, torcendo o nariz, e apertando-o com os dedos.
Peguei a minha roupa imunda e fedida do chão, e joguei numa caçamba de lixo que tinha ao lado, a qual estava mais cheirosa do que as minhas roupas.
Pedi 100 reais ao César e fui até a farmácia agradecer a Cida pela ajuda que ela me deu, mas ela não quis aceitar o dinheiro, dizendo que foi de coração, a ajuda que havia me dado.
Só neste momento pude reparar melhor nela, que apesar de estar usando roupas comuns de trabalho, calça jeans, camiseta e jaleco, usava uma leve maquiagem e batom, ressaltando aquela beleza comum, que vemos todos os dias. Ela era morena, e sua pele bem branquinha, era muito bem cuidada.
Os cabelos castanhos escuros, presos num rabo de cavalo, chegavam até a altura dos ombros e seus óculos de armação redonda escondiam duas esmeraldas claras.
O jaleco escondia todo o seu corpo mignon, mas algo me dizia que ela tinha belas curvas, a julgar pelo tamanho dos seios, que pareciam ser maiores do que realmente eram por causa da sua estatura.
Adolfo – Eu sei que causei muito transtorno na sua farmácia ...
Pai de Cida – Ah ... causou, sim – Disse me interrompendo e tomando os 100 reais da minha mão. – Isso não vai bastar, mas já é um alento ...
Cida – Paaaai!!!
Pai de Cida – Nem começa, filha. – E o velho voltou pra trás do balcão, não querendo conversa.
Cida – Queira desculpar o meu pai ... Ele é meio grosso às vezes, mas é uma boa pessoa.
Adolfo – Eu sei como é ... Meu pai também é assim. Outra geração, e é por isso que a gente tem que respeitar e tentar entender os coroas.
Ela riu do meu comentário e eu a agradeci mais uma vez, saindo daquele lugar e indo me encontrar com César.
César – Já liguei pra Suzy avisando que você apareceu.
Adolfo – Caralho, César!!!
César – O que foi? Você está desaparecido, se esqueceu?
Adolfo – Não era pra falar ... Eu nem sei se quero voltar pra casa hoje...
César – O que está acontecendo, meu amigo? Pode contar, que eu te ajudo. Fala, que eu te escuto. – Disse meu amigo num tom mais brincalhão, imitando a voz da TV, do referido programa evangélico.
Olhei pra ele, que estava rindo, tentando me descontrair e amenizar a situação, mas eu pensei bem e decidi guardar comigo, por enquanto, pois eu não teria como provar e ainda passaria como o doido da história, mais uma vez.
Adolfo – Dessa vez, não ... Certas coisas devem permanecer escondidas e, se possível, esquecidas, se é que vou conseguir me esquecer.
César – É grave assim?
Adolfo – Muito ... Pelo menos pra mim foi ... César, eu ... eu não consegui evitar ... Eu bebi tanto, que eu nem sei como vim parar aqui.
César – Adolfo, você não devia ...
Adolfo – EU SEI, PORRA!!! Mas eu não consigo! Eu ... Eu não sei mais o que eu faço ... Acho que eu tenho que me internar numa clínica...
César – Você está me dizendo que foi andando de Queimados até Seropédica?
Adolfo – Não ... Eu fui conhecer a Feira de Queimados, que meu avô tanto falava e parei num bar lá. Depois de um tempo eu falei com a Suzy que iria voltar para casa e chamei um Uber. Bom, não sei como ... acabei aqui. Eu estava com fome e fui até um bar comer alguma coisa. Aliás, eu deixei meu celular no bar, mas provavelmente eu fui roubado depois.
César – Olha, meu amigo, eu contei pra Suzy que eu te encontrei, mas não contei que te encontrei num estado lastimável. Só que a sua filha é esperta e vai ligar os pontos.
Adolfo – Eu sei disso... e por isso, era pra você não contar. Eu ... não consigo mais me controlar.
César – Adolfo, não me diga que isso é por causa da Diana ... Achei que você tivesse deixado isso pra trás. Já teve Marisol, Tati e aquela outra lá com nome engraçado ...
Adolfo – Geandra, mas com ela não rolou nada.
César – ... Então, meu amigo ... Deixa a Diana pra lá ...
Adolfo – Eu te juro que estou tentando, mas, foram quase 20 anos, cara! 20 anos não são 20 dias ... Temos dois filhos e ...
César – Seus dois filhos vão continuar sendo seus filhos, mesmo que role um padrasto. Vamos ser realistas, Adolfo ... hoje em dia, está todo mundo se separando por motivos até banais ... O que vocês viveram foi lindo, mas acabou.
Adolfo – Olha quem fala ... Se eu não me engano, quando você tomou um pé na bunda, ficou pior do que eu e foi justamente eu e Diana que seguramos a sua barra ...
Reparei que o César abaixou a cabeça e seus olhos marejaram. Puta merda !!! Eu não devia ter tocado naquele assunto. Tentei consertar, focando na minha situação.
Adolfo – ... vou ser sincero contigo ... A verdade é que até ontem, eu acho que ainda a amava, mas hoje ... hoje eu tive uma decepção ...
César – Sei como é...
Adolfo – Só que tem um probleminha nisso, meu amigo. Eu ainda gosto dela.
César – Mas ... Isso tá muito complicado e eu não tô entendendo mais nada...
Adolfo – Eu quero dizer, que me importo com ela, caralho! Ela ainda é a mãe dos meus filhos e eu sinto que ela está indo por um caminho errado e sem volta. Além disto ...
Eu ia falar sobre o vídeo, mas achei melhor guardar isso pra mim. Se o César ainda tinha dúvidas sobre a Diana ter feito o que fez durante a viagem ao Nordeste, com certeza ele não iria acreditar no vídeo que ela me mandou.
César – Além disto ...?
Adolfo – Nada não ... Só me leva pra casa e por favor, não fale com ninguém sobre o que aconteceu. Ou melhor, o estado que você me encontrou. Não tô a fim de ouvir sermão e nem deixar as pessoas preocupadas.
César – Mas o que a gente vai falar? Qual vai ser a desculpa?
Adolfo – Não vai ter desculpa, eu vou falar o que realmente aconteceu. Que eu fui para a Feira de Queimados, bebi demais e acabei dormindo por lá mesmo em um hotel. Na manhã seguinte, eu percebi que tinha sido roubado e não sei como aconteceu. Liguei pra você que foi me socorrer. Ponto!
César – Nem fodendo ... O pessoal vai te crucificar. Acho melhor falar que você acabou indo em um puteiro e acabou sendo roubado pela puta.
Adolfo – Porra, César!!! Eu estou a quase 30 horas sumido! Que ideia mais fajuta ... – Falei quase gritando e dando uns socos no ombro dele.
César – Tecnicamente você não está sumido há esse tempo todo. Você saiu de casa na manhã de ontem, foi passear na orla da praia, depois conversou com a Suzy e foi ao puteiro à noite. Pegou uma, depois outra e acabou dormindo. Dormiu até ainda pouco e uma das putas te roubou o celular e você me ligou com o celular de outra puta.
Adolfo – Sua mente é muito fértil! Mas eu já me enrolei muito com a falta da verdade. Agora chega. Tenho que assumir as consequências dos meus atos.
César – Vai por mim, meu amigo! Melhor a vadiagem do que o alcoolis ...
Enquanto ele falava, olhei bem pra ele, que vendo a minha cara de bravo, se calou na hora.
Adolfo – Eu não sou alcoólatra. Quando eu quero parar de beber, eu paro!
César – Parou só quando capotou...
Adolfo – A culpa foi a mistura e eu tive que beber um monte de rabo de galo com um miliciano. Era isso, ou sei lá o que ele poderia fazer ...
César – Você é quem sabe! Você já é bem grandinho e eu não vou mais passar a mão na sua cabeça. Eu estarei sempre aqui pra te ajudar, porque somos como irmãos, mas você tem que parar de fazer merda! – Falou César, bem sério, cobrando de mim uma atitude mais sensata.
É fácil falar, porque não foi ele que foi humilhado pela ex. Acabamos mudando de assunto e ficamos conversando sobre trabalho e enfim chegamos em casa.
César – Vem cá pra eu te dar um cheiro! – Disse o meu amigo, brincando, imitando um sotaque baiano.
Adolfo – Tá me estranhando? Não sei você, mas eu ainda estou cortando só pra um lado.
Ele riu do meu comentário e explicou que era pra ver se ainda tinha algum cheiro de álcool.
César – Cara, ainda tá com uma “leve catinga” e eu acho melhor ir direto tomar um banho, porque o desodorante também está vencendo.
Adolfo – E o cheiro de Álcool?
César – Quase não dá pra perceber.
Ele estacionou o carro e entramos no prédio. Um silêncio sepulcral até que finalmente chegamos em meu apartamento. Assim que eu abri a porta, minha filha veio correndo me dar um abraço.
Ah, como eu precisava de um abraço! Eu estava ali sendo acolhido, mas quinze segundos depois, o acolhimento virou esporro.
Suzy – Onde é que você se meteu? A gente estava preocupado e eu já estava pensando no pior.
Jonathan veio me abraçar, enquanto Suzy chorava e, de repente, teve um mal súbito. César que já estava indo consolar a minha filha, não a deixou cair, segurando a minha pequena e colocando-a no sofá. Tati também estava lá e foi ajudar o César com a minha filha.
Tati – Não se preocupa, Adolfo. Ela está bem. É só cansaço, porque ela ficou sem dormir, aguardando notícias suas.
Foi como levar um soco no estômago e meu filho Jonathan também quis dar uma de “homem da casa”.
Jonathan – Não custava nada ter avisado. É pra isso que existe celular. Você vive falando isso pra gente, mas fez a mesma coisa.
Eu não tinha o que falar, meu filho estava certo e eu errado. Suzy já estava se sentando e eu achei melhor sair pela tangente, avisando que iria tomar um banho. César olhou pra mim e piscou o olho.
Fui tomar banho e deixei a água cair na minha cabeça. Eu estava precisando tanto de um banho e agradeci a Deus por conseguir voltar pra casa. Naquele momento, eu iria gastar toda a água do planeta, até eu ficar limpo.
Eu estava relaxando no banho, quando comecei a escutar vozes, num tom mais alto. Achei que deveria ser alguma confusão nos vizinhos, mas então tive a impressão de ter escutado a voz da Diana.
Terminei o banho, me vesti rapidamente pra ver o que estava acontecendo e ao chegar na sala, vejo Diana, César e Tati numa discussão acalorada e minha filha tentando apaziguar os ânimos. Assim que Diana me viu, ficou muda, olhando pra mim, como se estivesse tentando desvendar algum enigma.
Adolfo – O que está acontecendo aqui?
Suzy – Eu falei pra mamãe, que você estava sumido e ela veio prestar ajuda.
Diana – Tudo bem, Adolfo? Onde você se meteu? Fiquei preocupada ...
Era muita cara de pau dela falar isso. Preocupada ou seria a consciência pesada?
Adolfo – Eu estou bem! Tive só um contratempo, mas já está tudo bem.
Diana – Adolfo, você andou bebendo?
Todos olharam pra mim e eu sem resposta pra dar, fiquei pensando sobre o que falar e aí eu achei melhor falar a verdade.
Adolfo – Eu não estava me sentindo muito bem e quis sair pra respirar um ar puro e, não sei por que, eu fiquei me lembrando do meu avô e fui conhecer a Feira Livre de Queimados, que ele tanto falava e aí ...
Fiz uma pausa, pra tentar escolher as melhores palavras e confessar a minha bebedeira. Só então, eu reparei que a Diana não tinha vindo sozinha. O canalha estava com ela, mas eu não podia perder a cabeça.
Diana – Nós estávamos preocupados com você ...
Adolfo – Eu imagino como ele estava preocupado. – Falei bem sarcástico, mas ele nem se intimidou.
Ariano – Boa tarde, Adolfo! Como você está? Ah! Que bom que você apareceu e está bem.
Ela deve ter se apercebido da situação e tentou mudar de assunto.
Diana – Desculpa, é que eu não esperava encontrar certas pessoas e ... – Disse minha ex, olhando pra Tati.
Tati – Certas pessoas? – Reclamou Tati, indignada. – Eu sou como se fosse madrinha dos seus filhos!
Diana – Tá mais pra puta-madrinha, do que fada-madrinha!
Suzy – Mamãe, que isso?
Ariano – Gente, vamos deixar de picuinha, o que importa é que o Adolfo está bem.
Tive que intervir e me impor.
Adolfo – Diana, depois do nosso divórcio, feito por sua solicitação, este apartamento passou a ser meu e somente meu. Desta forma, me desculpe, mas eu não permito que o Ariano fique aqui ...
Diana – Adolfo, não é hora ... – Falou, Diana me interrompendo, mas eu a interrompi também.
Adolfo – ... se você não estiver de acordo, pode sair junto com ele. Como você pode ver, eu estou são e salvo. Aaah... e não precisava se preocupar! Pode ir se juntar as demais esposas dele. Elas devem estar sentindo a sua falta.
Jonathan – Demais esposas, como assim ? – Disse meu filho, olhando para mim.
Adolfo – Filho, eu já não sei ao certo. Quando eu conheci o Ariano, ele tinha nove esposas, uma noiva e uma namorada. Mas, não sei se esta conta mudou.
Meu filho até perdeu a fala e Diana me olhou com desaprovação. Anos de casados, me permitiam fazer quase que uma leitura perfeita de suas expressões faciais, do mesmo modo que ela também sabia me interpretar.
Eu achei que iria intimidar o Ariano, causando algum desconforto, mas Ariano tinha um preparo psicológico que assustava.
Ariano – Você está enganado, meu caro. Eu tenho uma esposa ... e dez amigas bem íntimas, que eu considero muito. Aliás, Jonathan, sua mãe é a minha mais nova amiga. Amizade é tudo!
Suzy – Mããeeee!!! – Reclamou minha filha, entendendo muito bem o jogo de palavras que Ariano fez, num tom quase sarcástico.
Diana – Filha, não leve ao pé da letra tudo que o Ariano fala. Ele é coach e às vezes suas palavras podem ser mal interpretadas.
César – Nesse caso, acho que interpretei muito bem o que ele disse ... – Falou meu amigo, com um sorrisinho no canto da boca.
Diana – César, você não sabe de nada! Aposto que é você que está apresentando o meu ... o Adolfo para os antros de putaria que você frequenta.
Jonathan – Mãe!!!
Diana – Desculpa, filho, mas depois do que o César falou aqui, não tem mais como tapar o céu com a peneira.
Suzy – Mãe, você e ele estão namorando?
Ficou um silêncio no ar e eu estava me segurando pra não rir e tripudiar. Achei até que Ariano iria se intrometer novamente, pois eu notei que sua calma e empáfia estavam ruindo. Contudo, ele falou alguma coisa para a Diana e voltou pelo corredor.
Diana – Filha, nós estamos nos conhecendo e ainda não temos nada. Não tem por que eu mentir sobre isso, já que eu sou uma mulher solteira novamente e posso sair com quem eu quiser.
Por essa eu não esperava, porque ela falou isso olhando pra mim, como se quisesse me cutucar, mas se ela queria cutucar, eu iria cutucar de volta.
Adolfo – Filha, não sei se ela te contou, mas ela saiu da empresa em que trabalhava há anos. Imagino que o motivo seja para não haver conflitos de interesse, em se relacionar com o dono da empresa.
Diana se levantou do sofá com as mãos cerradas, me olhando com temor e Tati colocou as mãos na boca assustada. Parece que somente ela entendeu o que eu disse.
Diana – Se você vai ficar de piadinhas, é melhor eu ir embora, mas antes de ir, eu gostaria de ter uma palavra com você ...
Adolfo – Como eu disse, não precisava ter se dado ao trabalho de vir. Não acho que tenhamos algum assunto para resolver. Nosso relacionamento já está resolvido.
Diana – ... 5 minutos?
Eu me levantei da cadeira e me dirigi ao quarto para ter esta conversa. Uma conversa que eu não queria ter. Com a Diana, meu assunto estava resolvido. Só me descompensou o fato de o Ariano ter a cara de pau de aparecer. Mas eu precisava me acalmar para poder ter uma conversa produtiva.
Entrei no meu quarto e encostei a porta. Uns dois minutos depois, escuto Diana batendo na porta, pedindo pra entrar e eu digo que a porta está aberta e que ela poderia entrar.
Diana – Olha, Adolfo ... Eu peço desculpas pelo ocorrido e sei que foi totalmente desnecessário. Não era pra ter acontecido, daquela forma.
Adolfo – O que? A humilhação era pra ser diferente? Em vez de vídeo, era pra ser presencial? Não estou entendendo ... – Quase falei gritando, mas me controlei, pra poupar meus filhos e amigos.
Diana – Você sabe que pode acontecer de tudo com um homem e uma mulher entre 4 paredes. A intenção era só realizar uma fantasia do Ariano, mas não era pra sair dali, entende? Era pra ficar entre as 4 paredes.
Adolfo – Diana! A quem você quer enganar? Você falou tudo aquilo olhando pra câmera. Você filmou aquilo tudo de caso pensado ... pra me atingir, e você conseguiu ...
Diana – Me desculpa! Não era pra enviar o vídeo, mas o Ariano achou que eu queria enviar, e que eu não tinha coragem suficiente e foi, então, que ele tomou a decisão de enviar.
Adolfo – Eu sabia que era coisa dele. Você é uma boa pessoa, Diana e jamais se prestaria a fazer isso.
Diana – Me desculpa ... Você não entendeu ... Eu estava com raiva de você e ainda estou ... Ele enviou o vídeo, mas eu poderia ter impedido. Ele me perguntou se podia, mas eu não tive forças... – Falou a mãe dos meus filhos, quase sem voz, que estava embargada.
Notei que ela começou a chorar, mas eu não iria aliviar o lado dela. Foi desumano e ela tinha que aguentar.
Adolfo – Se você soubesse como eu me senti, vendo e ouvindo aquilo tudo ...
Diana – Eu sei, eu sei ... Me desculpe! Eu estou muito arrependida e com vergonha do que eu fiz, mas eu estava com um negócio dentro de mim ...
Adolfo – Ah, pelo amor de Deus, Diana ... – Falei, interrompendo-a – Sem detalhes, pois eu vi muito bem.
Diana – Não é isso ... Um negócio dentro de mim ... um sentimento ruim ... Algo que estava me sufocando e me matando por dentro.
Adolfo – Não, você não sabe o que eu senti, mas não se preocupe ... hoje eu acordei com uma decisão tomada. Na verdade, não tomada e sim referendada.
Diana – E que decisão foi esta?
Adolfo – Você se lembra do que eu te disse quando conversamos, ainda no hospital?
Diana – Você falou tanta coisa que eu ...
Adolfo – Eu te disse que estava desistindo. Pois agora pode considerar oficial. Não vou mais me intrometer na sua vida e exijo o mesmo de você. Pode demorar cem anos para que eu te esqueça definitivamente, mas este será o meu objetivo diário, do momento em que eu acordar, até a hora de dormir.
Toc, toc, toc. Ouvimos batidas na porta.
Suzy – Tudo bem aí dentro? Vocês dois já se mataram, ou estão bem?
Suzy abriu a porta e Diana se levantou, enxugando as lágrimas.
Diana – Estamos bem, filha.
Suzy – Não tá parecendo ...
Diana – Vou indo, filha ... e Adolfo, vê se não apronta mais, tá?
Adolfo – Pode ficar tranquila ...
Suzy olhou pra mãe meio desconfiada, Diana abaixou a cabeça e saiu do quarto.
Suzy – Pai, está tudo bem mesmo?
Adolfo – Agora está ... definitivamente.
[DIANA (POV)]
Assim que chegamos, pedi ao Ariano que esperasse no carro com o motorista, mas ele queria me acompanhar. Expliquei que não seria uma boa ideia, mas ele estava irredutível e, para evitar a perda de tempo de uma discussão, aceitei que ele fosse comigo.
Assim que o porteiro me viu, abriu a porta, liberando a minha entrada no prédio e me cumprimentou.
Eu apenas sorri de volta e fui até o meu antigo apartamento. O Ariano ficava tentando me acalmar, segurando as minhas mãos ou fazendo algum carinho, no meu rosto ou nas costas.
Antes de tocar a campainha, tratei de tirar as mãos dele de mim e pedi que se comportasse, e ele somente fez um gesto com a cabeça, demonstrando que ficaria quieto.
Assim que toquei a campainha, minha filha abriu a porta me abraçando com muita força.
Diana – Eu disse que viria. Tudo bem, filha? – Reparei que Suzy olhou para o Ariano de uma forma estranha.
Suzy – Ele ... Ele chegou e está bem. Um pouco cansado, mas parece bem. Está no banho agora.
Fui entrando no apartamento, junto com Ariano e me deparei com o César e ... Tati. Não consegui me controlar.
Diana – Aaah, já entendi tudo! Ele estava contigo, né Tati? – Falei debochadamente, quase fazendo uma careta a ela.
Tati – Meu Deus, Diana! O que foi que deu em você? Eu cheguei ainda pouco.
Diana – Duvido! Sei que você está envolvida de algum jeito, e você ... – Falei, apontando o dedo para o César – Isso mesmo, você, César ... Você tá arrastando o Adolfo pra essa vida de safadezas, como se fossem dois adolescentes. Ele pode não ser mais o meu marido, mas ainda é o pai dos meus filhos.
César – Diana, acho melhor você ficar na sua, porque o seu teto também é de vidro. – Retrucou César, bem sério, fazendo com que eu refletisse melhor.
Será que ele sabe? Eles são muito amigos. Será que o Adolfo contou a ele?
Tati – Diana, se acalme, por favor ...
Diana – Que ódio!!! Queria ver se fosse o contrário.
Ariano se aproximou mais de mim e eu senti que ele iria me abraçar, mas eu dei um passo mais a frente, quase me chocando em Tati, que ficou com medo.
Tati – É melhor eu ir, Suzy! Seu pai está bem e eu não vou aguentar mais insultos, porque meu sangue NÃO É DE BARATA. – Gritou Tati, me encarando e eu me segurei pra manter a pose.
Nessa hora, Suzy começou a falar, pedindo calma a todos e aos poucos, fomos nos acalmando.
Diana – Pode ficar tranquila, Suzy ... o que o seu pai e a Tati fazem, não é mais da minha conta.
Foi nessa hora que Adolfo apareceu na sala. Fiquei olhando para ele, que parecia ter o rosto mais magro, indicando um leve abatimento. Seu corpo também parecia mais magro, inclusive na barriga. As roupas denunciavam. Acho que fiquei olhando tempo demais, porque quando ele falou, levei um susto.
Adolfo – O que está acontecendo aqui?
Suzy – Eu falei pra mamãe, que você estava sumido e ela veio prestar ajuda.
Diana – Tudo bem, Adolfo? Onde você se meteu?
Ele demorou um pouco a responder, provavelmente pensando se falaria sobre o vídeo ou não. Notei que ele estava um pouco chateado, mas ele não iria fazer isso ... não na frente de nossos filhos. Pelo menos, era o que eu imaginava.
Adolfo – Eu estou bem! Tive só um contratempo, mas já está tudo bem.
Diana – Adolfo, você andou bebendo?
Todos olharam pra ele, ansiosos pela resposta. Eu torcia pra que não tivesse acontecido nada demais. Ele disse que teve vontade de visitar uma feira que o avô dele sempre comentava. Entretanto, enquanto ele falava, ele reparou que o Ariano estava me acompanhando. Pude notar que Adolfo me deu um olhar fulminante, mas não tinha o que fazer. O Ariano, inclusive tentou ser cordial, mas a bomba estava armada.
O que se passou a seguir me pegou desprevenida. O Adolfo não permitiu que o Ariano ficasse no apartamento, já que, depois do divórcio, o imóvel era dele. Eu tentei interceder, mas o Adolfo estava certo, inclusive me dizendo que se eu não concordasse, que eu poderia sair com ele.
Ele ainda aproveitou para me cutucar, falando das “esposas” do Ariano. Era a primeira vez que o meu filho ouvia aquela história, e aí se iniciou um embate verbal.
A situação estava fugindo do controle e eu queria ir embora dali o quanto antes, principalmente quando minha filha me perguntou sobre o meu relacionamento com o Ariano.
A danadinha me olhou com uma cara de braba, como se eu fosse uma de suas adversárias de MMA, mas eu tentei aliviar minha situação, só que o César jogou gasolina na fogueira.
Suzy – Mãe, você e ele estão namorando?
Ficou um silêncio na sala e eu estava cheia dessas provocações. Adolfo estava com certeza querendo se vingar.
Achei melhor dar uma resposta que não me comprometesse muito, mas que pudesse abrir um caminho no futuro, dizendo que estávamos nos conhecendo e que eu era uma mulher livre.
Falei isso olhando para o Adolfo, pra mostrar que eu estava fazendo tudo certo, diferente dele, que me traiu, mas ele ficou meio indignado e devolveu a provocação, dizendo pra minha filha que eu havia deixado o emprego para poder me relacionar com o dono da empresa, sem ficar malvista.
Neste momento decidi que iria embora, mas mesmo assim, pedi 5 minutos para conversar com o Adolfo.
Eu precisava saber como ele realmente estava e entender o tamanho do estrago que eu causei com aquele maldito vídeo.
A conversa, como eu imaginava foi tensa, e eu tentei demonstrar o meu arrependimento, mas percebi o mal que fiz a ele, tanto que ele reforçou a determinação de desistir de mim.
Senti um aperto muito forte no peito e isso triplicou, quando vi a determinação com que Adolfo olhava para mim.
Eu estava cansada de tudo e queria acabar de vez com todas as questões que nos envolviam, mas já era tarde. Eu já tinha passado e muito do ponto. Nada seria como antes.
Suzy foi até o quarto, ver se ainda estávamos vivos e deve ter percebido o meu estado emocional, porque apesar de tudo me deu um abraço. Eu estava arrasada e o Adolfo, parecia uma outra pessoa.
Voltei pra sala e dei um “tchau” pra todos, enquanto meu filho me abraçava.
Diana – Meu filho, mamãe está ocupada, mas eu já estou resolvendo tudo pra gente ficar junto.
Jonathan – Tá bom, mãe ... Estou sentindo sua falta.
Não aguentei mais segurar as lágrimas, que mais uma vez rolavam pelo meu rosto e eu as enxuguei, ao mesmo tempo que saía pela porta, pois não queria dar aquele espetáculo.
Quando saí do prédio, Ariano veio atrás de mim, tentando me consolar, mas eu estava querendo ficar sozinha e disse a ele que pegaria um Uber pra casa.
Estranhamente ele acatou, mas não aceitou que eu pegasse um Uber, ordenando que o motorista me levasse até em casa, enquanto ele aguardava um transporte, que ele tinha acabado de pedir.
Antes de ir, eu disse a ele que precisaria de um tempo, pra poder me reconectar com meus filhos e ele concordou novamente, mas disse que manteria contato e que estaria ao meu dispor, caso eu precisasse de qualquer coisa.
Eu o agradeci e fui embora. Ele ainda tentou me dar um beijo, mas eu recusei, pois estávamos praticamente na porta do meu antigo prédio. Eu não podia dar esse vacilo.
Assim que entrei no carro, comecei a chorar e o motorista/segurança perguntou se estava tudo bem e a minha vontade era gritar.
Não tá vendo que eu estou chorando, seu imbecil? É lógico que não estou bem, mas eu decidi apenas dizer, que em pouco tempo eu estaria melhor.
Fui chorando durante todo o trajeto, até chegar na minha casa e dispensei o motorista, que me deu um número de contato, caso eu precisasse dele e eu disse:
Diana – OK.
Antes de subir, fui até a garagem e vi que o meu carro estava lá, e mandei uma mensagem pra Soninha, agradecendo-a.
Fiquei em casa, inquieta, e estava sendo muito mais difícil do que eu imaginava. Eu estava fora do meu eixo e eu não conseguia parar de andar pela casa. Alguma coisa estava errada.
Eu tinha viajado pro Nordeste, depois viajei pra Nova York e depois viajei pra Cabo Frio. Era muita viagem seguida e eu estava sentindo falta de uma coisa muito importante na minha vida ...
A minha rotina, ou melhor, o meu poder de controlar a minha rotina.
Minha família e meu trabalho eram as duas coisas que mais faziam parte da minha vida e eu estava esse tempo todo sem as duas coisas que mais me definem como pessoa.
Tratei logo de me sentar no sofá, peguei meu notebook e comecei a idealizar a minha própria empresa. Fiquei horas pensando, fazendo cálculos, traçando metas, fazendo organogramas e descrevendo diretrizes.
Nem vi que anoiteceu e já estava de madrugada, só quando eu dei um leve bocejo, é que eu me dei conta que já era tarde e eu fui dormir.
Eu estava me sentindo muito melhor.
Continua …