A luz do sol filtrava-se pelas cortinas entreabertas, iluminando o quarto com uma suavidade acolhedora. Eu estava deitado na cama, ainda meio preso ao mundo dos sonhos, quando senti um toque leve no meu ombro. Abri os olhos devagar, e a primeira coisa que vi foi o rosto de Larissa, inclinada sobre mim, com um sorriso preguiçoso.
– Bom dia, meu amor – ela disse, sua voz suave como sempre, enquanto afastava uma mecha de cabelo do meu rosto.
– Bom dia – murmurei, ainda grogue.
Larissa sentou-se na beira da cama, já vestida com uma camiseta folgada e shorts de algodão. Ela me observava com aquele olhar carinhoso, mas havia algo em sua expressão que indicava que ela tinha algo a pedir.
– Meu pai mandou mensagem mais cedo – disse ela, olhando para as unhas distraidamente. – Ele deixou o caminhão na oficina para revisão e quer saber se você pode buscá-lo.
Eu me sentei na cama, esfregando os olhos e tentando despertar completamente.
– Claro – respondi, minha voz ainda rouca de sono. – Ele está lá agora?
– Sim, ele está esperando. – Larissa se inclinou para me dar um beijo rápido na testa. – Obrigada, amor. Você é sempre tão prestativo.
Eu forcei um sorriso enquanto ela saía do quarto, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Levantei-me devagar, os eventos da noite anterior voltando à minha mente como flashes rápidos. Ainda era difícil acreditar no que havia acontecido, mas não havia tempo para mergulhar nisso agora.
Depois de vestir uma bermuda e uma camiseta, desci para a cozinha, onde Larissa preparava café da manhã. Ela estava cantarolando baixinho enquanto passava manteiga nas torradas, completamente alheia ao turbilhão de emoções que eu carregava.
– Quer comer alguma coisa antes de sair? – perguntou ela, sem olhar para mim.
– Não, obrigado – respondi, pegando as chaves do carro. – Vou direto.
Larissa se aproximou, colocando as mãos na minha cintura e me puxando para um abraço rápido.
– Você é o melhor marido do mundo, sabia? – disse ela, sorrindo.
– Tento fazer o meu melhor – murmurei, desviando o olhar.
Com isso, saí de casa e entrei no carro, ligando o motor enquanto meus pensamentos ainda estavam presos na mistura de culpa, desejo e confusão que Isabel havia deixado em mim. O caminho até a oficina foi tranquilo, as ruas estavam relativamente vazias, e o som baixo da rádio preenchia o silêncio desconfortável que reinava dentro de mim.
Quando cheguei, Eduardo já estava esperando, sentado em um banco de madeira sob a sombra de uma árvore. Ele se levantou ao me ver, ajeitando o chapéu na cabeça. Vestia uma camisa social desabotoada no colarinho e uma calça jeans gasta, o que lhe dava um ar casual, mas ainda assim respeitável.
– Bom dia, Denis – disse ele, com um leve sorriso enquanto se aproximava.
– Bom dia, Eduardo – respondi, tentando soar natural.
Ele entrou no carro, acomodando-se no banco do passageiro enquanto eu ajustava o espelho retrovisor. Assim que começamos a nos afastar da oficina, percebi que ele estava mais quieto do que o normal. Eduardo sempre foi um homem reservado, mas havia algo em sua postura que sugeria que ele tinha algo em mente.
Após alguns minutos de silêncio, ele finalmente falou:
– Denis, precisamos conversar.
O tom sério de sua voz fez meu coração disparar. Olhei para ele de relance, tentando avaliar sua expressão, mas ele estava olhando para frente, os olhos fixos na estrada.
– Claro – respondi, tentando manter o controle da situação.
Eduardo respirou fundo antes de continuar.
– Sobre ontem à noite... – Ele fez uma pausa, passando a mão pelo rosto. – Foi algo... único. Algo que eu nunca imaginei que aconteceria na minha vida.
Eu não disse nada, deixando que ele conduzisse a conversa no ritmo dele.
– Nunca pensei que chegaria a esse ponto – continuou ele. – Dividir Isabel, ver minha esposa com outro homem... com você. – Sua voz falhou um pouco, mas ele rapidamente se recuperou. – Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que isso poderia acontecer, porque o que vocês me deram ontem foi algo que eu desejei por muito tempo.
Ele virou a cabeça para me olhar, seus olhos carregados de emoções conflitantes.
– O sexo anal sempre foi um sonho meu, Denis – ele admitiu, sua voz quase um sussurro. – Mas nunca tive coragem de pedir isso a Isabel diretamente. Sempre achei que ela fosse recusar ou me achar... sei lá.
Eu assenti lentamente, absorvendo suas palavras.
– E agora? – perguntei, quebrando o silêncio que se seguiu.
Eduardo suspirou, olhando pela janela.
– Agora... agora eu preciso lidar com isso. Preciso aceitar que aconteceu e que foi um momento único. Mas, acima de tudo, preciso começar a realizar meus próprios sonhos.
– Como assim? – perguntei, curioso.
Ele virou-se novamente para mim, o olhar mais firme desta vez.
– Quero viver, Denis. Quero aproveitar a vida, fazer coisas que sempre desejei e que nunca tive coragem de fazer. Porque... – Ele fez uma pausa, engolindo em seco. – Porque, no fundo, sei que é a única maneira de aceitar o que aconteceu e seguir em frente.
Houve outro momento de silêncio, apenas o som do carro e o vento quebrando a tensão entre nós.
– Só quero que saiba de uma coisa – disse Eduardo, finalmente. – Eu não quero ser o corno da história. Não quero ficar sentado no canto enquanto minha esposa... vive essas coisas. Se você quiser continuar com Isabel, faça isso. Eu sei que ela gosta de dar pra você, e... sinceramente, estou bem com isso. Mas, por favor, seja discreto. Nada de lugares perigosos, nada que possa colocar nosso segredo em risco.
Eu assenti novamente, sentindo o peso das palavras dele. Eduardo respirou fundo antes de acrescentar:
– E, Denis... sobre ontem. Se Isabel quiser, acho que podemos repetir aquilo. Mas... – Ele hesitou, sua voz ficando mais baixa. – Há uma coisa que quero realizar antes de qualquer outra coisa.
Meu coração disparou com a curiosidade.
– E o que seria? – perguntei, tentando não soar ansioso.
Eduardo olhou para mim de lado, um sorriso enigmático surgindo em seus lábios.
– Isso eu te conto no momento certo.
A tensão pairou no ar, deixando minha mente cheia de perguntas enquanto continuávamos pela estrada.
A estrada à nossa frente parecia se estender infinitamente, assim como o silêncio que pairava dentro do carro depois das palavras de Eduardo. Minha curiosidade estava à flor da pele, e mesmo sabendo que a conversa poderia me levar para um caminho ainda mais inesperado, não consegui me segurar.
– Eduardo, me diz... qual é essa outra fantasia? – perguntei, minha voz mais firme do que eu esperava.
Ele virou-se para mim, um sorriso de canto brincando em seus lábios. Havia algo quase provocador em sua expressão, como se estivesse esperando exatamente essa pergunta.
– Tem certeza de que quer saber? – perguntou ele, arqueando uma sobrancelha.
– Depois de tudo o que aconteceu, não acho que algo possa me surpreender mais – respondi, tentando soar despreocupado, embora meu coração estivesse batendo forte.
Eduardo soltou uma risada baixa, mas havia uma seriedade em seus olhos que mostrava que ele estava prestes a dizer algo grande.
– Tudo bem, Denis. Vou te contar. – Ele respirou fundo, como se precisasse reunir coragem. – Quero participar de uma troca de casal.
Minhas mãos apertaram o volante com mais força, e por um momento senti como se o chão tivesse sumido debaixo de mim. Virei a cabeça rapidamente para ele, quase descrente no que acabara de ouvir.
– Uma troca de casal?! – repeti, minha voz subindo um tom.
Eduardo assentiu, mantendo o olhar fixo em mim.
– Sim. Mas quero que você participe também.
Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Minha mente começou a girar, imaginando as implicações do que ele estava propondo.
– Eduardo, isso é impossível! – exclamei, balançando a cabeça. – Como você acha que eu poderia convencer Larissa disso? Ela é sua filha!
Ele me olhou com uma expressão de surpresa, como se não tivesse sequer considerado que eu pudesse interpretar a proposta daquela forma.
– Denis, pelo amor de Deus, eu jamais faria isso com a minha filha! – disse ele, sua voz firme. – Estou falando de outro casal.
Senti uma onda de alívio percorrer meu corpo, mas a confusão ainda reinava.
– Outro casal? – perguntei, tentando processar.
– Sim. Estou falando do Mayeda e da Amerinda.
Fiquei em silêncio por um momento, digerindo o que ele havia acabado de dizer. Eu conhecia o senhor Mayeda a muito tempo, era vizinho japonês de Eduardo, um homem discreto e educado, de cerca de 50 anos, com quem Eduardo tinha uma amizade que remontava à infância. Já a esposa dele, Amerinda, era uma presença mais constante. Ela e Isabel faziam caminhadas juntas, e eu a via ocasionalmente quando visitava minha sogra. Era uma mulher de beleza singular, com pernas grossas, seios pequenos e uma bunda que, embora discreta, tinha uma curva marcante. Seu rosto, porém, era o que mais chamava atenção: lindo, com traços delicados e um sorriso cativante.
– Você está falando... da esposa do Mayeda? – perguntei, ainda incrédulo.
Eduardo assentiu, seus olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e determinação.
– Sim. Mayeda é meu amigo desde que éramos crianças. Sempre tivemos uma conexão única, sabe? Crescemos juntos, compartilhamos sonhos, conquistas... mas também tivemos nossas fantasias. Uma delas era um dia... compartilhar a mesma mulher.
Fiquei em silêncio, chocado com a naturalidade com que ele falava sobre algo tão inusitado.
– E... você já falou disso com ele? – perguntei, finalmente.
Eduardo riu, balançando a cabeça.
– Não diretamente. Mas Mayeda sabe, Denis. Ele sempre soube. Ontem, quando aconteceu o que aconteceu... – Ele fez uma pausa, olhando pela janela como se tentasse organizar os pensamentos. – Senti como se tivesse realizado o meu lado desse sonho. Mas Mayeda ainda não teve essa chance.
Aquelas palavras pesavam no ar, e eu senti o desconforto crescendo dentro de mim.
– Eduardo, isso é... complicado. – Tentei encontrar as palavras certas. – Mesmo que Mayeda queira, como você acha que Amerinda reagiria a algo assim?
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.
– Esse é o problema, Denis. Amerinda é o obstáculo. Ela é uma mulher tradicional, recatada... mas Isabel sempre disse que, no fundo, ela tem uma curiosidade que nunca explorou. É isso que me dá esperança.
Eu balancei a cabeça, tentando absorver tudo aquilo.
– Então, o que você espera de mim? – perguntei, olhando para ele de relance.
Eduardo virou-se para mim, e seu olhar era intenso, quase suplicante.
– Quero que você me ajude, Denis. Sei que parece loucura, mas... se você me ajudar a realizar esse sonho, eu vou te perdoar completamente. De verdade. Sem reservas.
Engoli em seco, sentindo o peso da responsabilidade que ele estava tentando jogar em cima de mim.
– E como exatamente você acha que eu poderia ajudar? – perguntei, minha voz carregada de ceticismo.
– Você é jovem, carismático... e Amerinda gosta de você. Isabel já me contou. Ela acha que você é simpático, educado, um “bom partido”. – Ele riu de leve. – Se você conseguir convencê-la, ela pode se abrir para a ideia.
Eu balancei a cabeça, incrédulo.
– Eduardo, isso é impossível. Estamos falando de algo muito... delicado.
Ele assentiu lentamente, mas seu olhar permanecia determinado.
– Sei que não será fácil. Mas, Denis, pense nisso. Se você conseguir... estará ajudando a mim e ao Mayeda a realizar um sonho que carregamos há décadas.
Olhei para ele novamente, e pela primeira vez vi algo que parecia ser vulnerabilidade genuína. Eduardo não era apenas um homem tentando realizar uma fantasia; ele era alguém tentando reconciliar as complexidades de sua vida, seus desejos e suas amizades.
– Eu não posso prometer nada – disse, finalmente. – Mas... vou pensar.
Eduardo assentiu, satisfeito com minha resposta.
– Obrigado, Denis. Isso já significa muito.
O resto do caminho foi percorrido em silêncio, mas minha mente estava em um turbilhão. As palavras de Eduardo ecoavam em meus pensamentos, e a figura de Amerinda, com sua beleza peculiar e presença calma, surgia repetidamente em minha mente.
A pergunta que me perseguia era: até onde eu estaria disposto a ir para conquistar o perdão total de Eduardo?
A tarde parecia se não passar, cada minuto mais lento do que o anterior enquanto minha mente girava em torno do pedido surreal de Eduardo. Tentei me concentrar no trabalho, mas a imagem de Amerinda e o peso da proposta do meu sogro me perseguiam como uma sombra. Por mais absurdo que fosse, havia algo em sua determinação que tornava difícil simplesmente ignorar.
Finalmente, incapaz de segurar a ansiedade, peguei o celular e disquei o número de Isabel. Ela atendeu no segundo toque, sua voz rouca carregada de uma casualidade que parecia quase irritante, considerando o turbilhão em que eu estava.
– Oi, Denis. Que bom ouvir de você tão cedo – disse ela, com uma leve risada.
– Isabel, preciso falar com você sobre o Eduardo – comecei, sem rodeios.
Ela riu do outro lado da linha, como se já soubesse exatamente o que eu ia dizer.
– Ah, o Eduardo. O que foi que ele aprontou agora?
Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.
– Ele me contou sobre... a fantasia dele. Sobre a troca de casal com o Mayeda e a Amerinda.
Houve um momento de silêncio, seguido por uma gargalhada que me pegou de surpresa.
– Eu sabia! Eu sabia que esse dia ia chegar! – exclamou Isabel, ainda rindo.
– Sabia? Como assim? – perguntei, atônito.
– Denis, eu sou casada com Eduardo há quase 25 anos. Você acha que eu não percebo as coisas? – respondeu ela, divertida. – Já peguei ele se masturbando com uma foto da Amerinda. E, para ser honesta, já peguei ele e o Mayeda... juntos se masturbando com minha foto.
– Juntos? – Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, e eu imediatamente olhei ao redor, certificando-me de que ninguém estava ouvindo.
– Sim, juntos. – Isabel riu novamente. – Eles estavam se masturbando com uma foto da Amerinda e outrora com a minha. Era uma coisa meio... de camaradagem masculina, sabe?
Eu fiquei em silêncio, tentando processar o que acabara de ouvir. Isabel parecia completamente à vontade, como se estivesse falando de algo tão trivial quanto o tempo.
– E você nunca disse nada? – perguntei, finalmente.
– Não. Pra quê? – respondeu ela, com um tom de despreocupação. – Eu sei que o Eduardo tem seus desejos. Sempre soube. E, sinceramente, acho até engraçado.
Eu balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia ver.
– Então... o que você acha disso tudo? – perguntei, hesitante.
Isabel suspirou, e por um momento sua voz ficou um pouco mais séria.
– Se é isso que ele quer, Denis, eu não vejo problema. Mas não é uma coisa simples. A Amerinda não é do tipo fácil de convencer. Ela é muito reservada, muito tradicional.
– E você acha que ela aceitaria? – perguntei, ainda incrédulo.
Houve uma pausa, e eu podia ouvir Isabel pensando do outro lado da linha.
– Eu posso tentar conversar com ela – disse ela, finalmente. – Não vou garantir nada, mas... se o Eduardo quer tanto isso, acho que vale a pena tentar.
– Você falaria com ela por mim? – perguntei, com um tom que soava quase desesperado.
Isabel riu suavemente.
– Claro, Denis. Por você e pelo Eduardo. Mas só vou dizer uma coisa: se ela aceitar, você vai ter que falar com o Mayeda. Isso é algo entre homens, entende?
Eu suspirei, sabendo que ela tinha razão.
– Tudo bem. Se você conseguir convencê-la, eu falo com ele.
– Combinado – respondeu Isabel. Sua voz soava despreocupada novamente, como se tivesse acabado de resolver um problema trivial. – Vou falar com a Amerinda hoje mesmo. Se ela aceitar, mando uma mensagem de OK para você.
– Certo. Obrigado, Isabel.
– Não me agradeça ainda – disse ela, com uma risada. – Ainda tem muito o que acontecer.
Desliguei o telefone e me joguei na cadeira, tentando entender como minha vida havia chegado a esse ponto. A ideia de abordar o senhor Mayeda era, no mínimo, desconfortável, mas parte de mim sabia que, se aquilo realmente acontecesse, seria impossível voltar atrás.
As horas passaram lentamente, e cada vibração do meu celular fazia meu coração disparar. Quando a mensagem finalmente chegou, com um simples “OK” de Isabel, senti um misto de alívio e incredulidade.
– Como ela conseguiu? – murmurei para mim mesmo, segurando o celular nas mãos.
Amerinda não era o tipo de mulher fácil de convencer. Como Isabel havia conseguido persuadi-la? Eu não sabia, mas uma coisa era certa: agora era minha vez de agir.
Respirei fundo antes de pressionar o botão de chamada. O celular tocou algumas vezes, e quando a voz do senhor Mayeda atendeu, grave e marcada por seu típico sotaque japonês, senti minha garganta secar.
– Moshi moshi, Denis-san? – disse ele, sempre educado.
– Senhor Mayeda, como vai? – tentei soar casual, embora minha voz traísse o nervosismo.
– Hai, tudo bem, tudo bem. Mas você nunca liga assim. O que houve?
Engoli em seco, tentando organizar os pensamentos. Não havia um jeito fácil de abordar aquilo.
– Bem... eu queria falar sobre algo que o Eduardo mencionou – comecei, escolhendo as palavras com cuidado.
– Eduardo-san? – O tom de Mayeda ficou curioso. – O que ele disse?
Pausando por um momento, respirei fundo antes de continuar.
– Ele me contou sobre... um desejo, um sonho antigo de vocês. Algo sobre... compartilhar um momento especial juntos, envolvendo as esposas.
Houve um silêncio do outro lado da linha. Por um momento, pensei que ele poderia ter desligado. Mas então ouvi sua risada baixa, quase nervosa.
– Ah, Eduardo. Sempre ousado... Sempre direto. – Ele suspirou, sua voz carregada de nostalgia. – Sim, ele já falou disso comigo. Muitas vezes, na verdade. Mas você sabe... Amerinda é muito tradicional. Eu sempre pensei que isso fosse impossível.
– Bom, senhor Mayeda – continuei, hesitante –, parece que Isabel conseguiu conversar com ela. E... ela aceitou.
Houve outro momento de silêncio. Quando Mayeda finalmente respondeu, sua voz soava tanto surpresa quanto pensativa.
– Amerinda aceitou? Minha esposa aceitou? – Ele parecia quase incrédulo, repetindo as palavras como se tentasse processá-las.
– Sim, senhor. Mas... ela pediu que você estivesse de acordo também.
Ele riu novamente, dessa vez mais abertamente.
– Você tem coragem, Denis-san. Falar comigo sobre isso. Mas... se Amerinda realmente disse que sim, então acho que não posso recusar. Sempre pensei que esse dia nunca chegaria.
Senti um peso saindo de meus ombros, mas ainda havia mais a ser resolvido.
– Então... está de acordo? – perguntei, quase não acreditando.
– Hai – respondeu ele, sua voz carregada de decisão. – Mas com uma condição.
– Qual? – perguntei, cauteloso.
– Quero ter certeza de que Amerinda não vai voltar atrás. Se ela realmente estiver confortável, então estou dentro. E Denis-san... se você for parte disso, terá que garantir que minha esposa esteja feliz. Caso contrário, não teremos nada.
Assenti, embora ele não pudesse me ver.
– Entendido, senhor Mayeda. Vou garantir que ela esteja bem com isso.
– Muito bem – disse ele, sua voz assumindo um tom mais leve. – Nesse caso, acho que podemos conversar mais em breve. Diga ao Eduardo que estou esperando por ele para ajustar os detalhes.
– Farei isso. Obrigado, senhor Mayeda.
– Não, obrigado a você. E... boa sorte, Denis-san. Você vai precisar.
Quando ele desligou, me joguei na cadeira, sentindo o peso das últimas horas. Eduardo estava um passo mais perto de realizar seu sonho, mas agora eu era parte de algo muito maior do que havia previsto.