Uma boa leitura a todos...
Personagens do Signo:
DIANA (https://postimg.cc/rKYwK8Xk)
Outros Personagens:
CID@ (https://postimg.cc/5Y9hBCLk)
PRISCILA (https://postimg.cc/1nYjDY9f)
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Características Signo: Ambicioso, Pessimista, Disciplinado, Responsável, Pragmático, Estável, Seguro, Visionário
Elemento: Terra (Racional)
Continuando ...
[ADOLFO (POV)]
Depois de um dia muito tumultuado, o dia seguinte foi de descanso e arrependimento. Sabe quando você fala que nunca mais vai fazer “uma coisa”, mas então começa a sentir uma certa angústia, uma voz na cabeça dizendo que nada vai dar certo, que tudo está perdido e fora de controle?
Eu me sentia assim e estava difícil me concentrar. Eu precisava fazer algo, mas não sabia o que, até que minha filha bateu na porta do meu quarto e entrou.
Suzy – Pai, tudo bem contigo? – Disse minha filha, sentando-se na minha cama e fazendo um cafuné no meu cabelo.
Adolfo – Ah, filha ... Você sabe que, bem ... bem, não está, mas vai ficar ... eu te garanto.
Suzy – Você viu aquilo, ontem? Mamãe está namorando aquele cara ... Eu não consigo entender como ela está se sujeitando ... – Falou Suzy, com certa indignação.
Adolfo – Sua mãe está magoada e ela nunca se viu numa situação destas.
Suzy – Eu também não acredito que o senhor pegou a tia Tati. Eu não estou entendendo mais nada ... Eu achei que conhecia vocês dois, mas ...
Adolfo – Suzy, quando você for mais adulta, você vai se deparar com coisas que vão te testar. Nessa hora, eu torço que você seja melhor do que eu. – Falei, me sentando na cama e dando um beijo em sua testa.
Suzy – Entendo ... Pai, tenho uma surpresa pra você! – Disse, toda animada.
Adolfo – Surpresa?
Suzy – Sim! O senhor tem visitas?
Adolfo – Ah, Suzy ... Eu não estou a fim ... – Falei, deitando-me na cama novamente, ficando de lado, quase de bruços.
Suzy – Poxa, pai! Suas visitas vieram de longe!
Adolfo – Quem está aí?
Suzy – Por que você não vai ao banheiro, lava o rosto, escova os dentes e se arruma um pouquinho?
Adolfo – Suzyyyy!!! O que você está aprontando? – Falei, me sentando novamente ao lado dela.
Ela me abraçou, me deu um beijo na bochecha e me pediu pra confiar nela. Olhei bem pra minha filha e resolvi seguir o joguinho.
Fui ao banheiro, fiz minhas necessidades, escovei os dentes e lavei o meu rosto. Me arrumei minimamente com uma bermuda de tactel, uma camisa de malha com estampa do Homem de Ferro, chinelo e fui até a sala pra ver quem eram as visitas.
Não acreditei, quando vi Caíque e Giulia. Ela se levantou do sofá com um pouco de dificuldade, e veio correndo meio desajeitada, me dar um abraço. Ela estava linda e a sua barriguinha de grávida, não era mais “inha”. Já era de um tamanho bem grande pra idade e forma física dela.
Ela falou ao meu ouvido bem baixinho, para que Suzy não ouvisse.
Giulia – Não deu ... Fiquei grávida à toa. Eles estão oficialmente separados, inclusive, minha mãe já assinou o “contrato de união” com aquele escroto.
Adolfo – Não fique assim! Vai dar tudo certo e eu tenho certeza de que você cuidará bem dessa criança.
Caíque veio em minha direção e me deu um abraço apertado.
Caíque – A Giulia ligou para a Suzy e sua filha falou para ela que você deu uma sumida. Tudo bem, contigo?
Ele ficou me analisando e senti que ele queria falar alguma coisa, mas provavelmente não queria falar com as filhas por perto.
Adolfo – Cara, obrigado por ter vindo de tão longe, mas a Suzy exagerou um pouco ...
Caíque – Agora não é uma viajem tão longa assim.
Adolfo – Por que não? O que aconteceu?
Caíque – Você se lembra que na última visita eu tinha vindo para acertar um novo emprego ... então, deu certo. Inclusive, por conta deste emprego, eu e a Giulia nos mudamos para São José dos Campos. Nada, nada, já é metade do caminho de antes.
Adolfo – E o emprego, é bom?
Caíque – Sim, é muito bom, mas não foge da minha pergunta: Está tudo bem mesmo? – Insistiu Caíque, com um olhar fraternal.
Adolfo – Agora está, mas não quero falar sobre isso ... Eu estou bem ... Foi só um esquecimento da minha parte ... Eu poderia ter enviado uma mensagem, mas eu dei mole e roubaram meu celular.
Não sou bom de mentiras e disse isso tudo, sem olhar nos olhos dele. Ele deve ter percebido.
Caíque – Entendo.
Giulia – Como é que vai o namoro, Suzy?
Suzy – Melhor a gente falar lá no meu quarto. – Falou minha filha dando um sorriso, seguido de mais risinhos da Giulia.
Adolfo – Achei que os segredos tinham acabado.
Suzy – É assunto de mulher, pai. Depois a gente conversa.
Assim que elas saíram, Caíque chegou mais próximo e me perguntou sobre o filho caçula e eu falei que estava no cursinho.
Caíque – Adolfo, pode desabafar comigo! Sei que você chutou o balde. – Falou Cacá, me olhando nos olhos, sem titubear.
Adolfo – Não foi nada disto, só roubaram minha carteira e meu celular. Foi só isso que aconteceu.
Caíque – Corta essa, Adolfo. Eu sou você amanhã ... Se lembra desse comercial?
Eu lembrava muito bem, mas me fiz de desentendido.
Adolfo – Não entendi.
Caíque – Olha, eu não vou contar pra ninguém. Pode se abrir comigo.
Olhei pra ele e fiquei em dúvida se eu realmente deveria fazer isso, mas ele continuou:
Caíque – Até o seu subconsciente quer me contar ... Essa camisa que você está usando, do Tony Stark, Homem de Ferro, é um sinal disso.
Continuei não entendendo o que ele quis dizer, mas a explicação dele me deixou sem chão.
Caíque – Pelo visto, você gosta do personagem e um dos arcos mais famosos e elogiados da história do Homem de Ferro se chama o “Demônio na Garrafa”, que é um arco onde Tony Stark luta contra o alcoolismo.
Assim que ele falou “Demônio na Garrafa”, me lembrei de toda a história. Tive que me sentar e me segurei muito pra não chorar, mas meus olhos se encheram de lágrimas.
Caíque – Não fiquei assim, cara! Eu sei pelo que você está passando e isso não é o fim do mundo.
Adolfo – Eu não consegui, Caíque! Eu fui fraco e enchi a cara ... Eu nem me lembro como fui de um lugar pra outro e acordei com as roupas imundas, de vômito e urina. Isso nunca aconteceu comigo. Eu sempre gostei de beber e agora eu não consigo mais fazer isso, sem destruir a minha vida. – Falei quase que soluçando, enxugando as lágrimas.
Era difícil falar isso.
Caíque – É que seu prazer se tornou um vício e agora você é dependente, mas isso tem cura, meu amigo.
Adolfo – Como?
Caíque – Vamos dar uma volta. Bota uma outra roupa e no caminho você me conta o que aconteceu.
Adolfo – A gente vai demorar? Aonde iremos? – Perguntei a ele, pra saber qual roupa botar.
Caíque – Surpresa!
Adolfo – O dia hoje está cheio de surpresas ...
Voltei pro quarto e me vesti com um traje mais esporte. Bermuda jeans e camisa polo, finalizando com um sapatênis. Nos despedimos de nossas filhas e o Caíque disse que logo estaríamos de volta.
Durante o caminho, fui contando pra ele, resumidamente, tudo que ocorreu até o famigerado vídeo de humilhação que recebi e a consequência disso, que foi a saída pra bebedeira.
Caíque – Eu sei como é ... e sei pelo que você está passando, mas eu vou te mostrar o que eu faço pra lutar contra isso.
Paramos em frente a uma igreja e ele me olhou com um sorriso.
Adolfo – Não me leve a mal, Cacá, mas a Diana tentou me convencer a ser religioso e católico, por conta da família dela, mas eu, não só não me tornei católico, como também a afastei da igreja, mostrando que tudo era uma grande hipocrisia.
Caíque – Eu sei, mas vamos entrar um pouco. – Disse o meu amigo, dando um tapinha nas minhas costas.
Adolfo – Você é teimoso, mas eu sou mais. Posso até entrar, pra não te fazer uma desfeita, mas não vou assistir missa e nem me confessar.
Caíque – Às vezes, a confissão pode nos ajudar a nos entender.
Fomos entrando na igreja e ele foi me conduzindo até o altar. Passamos pela lateral, indo até um corredor e entramos numa sala grande, onde havia uma roda com várias pessoas.
Nós nos sentamos fora da roda, mas imediatamente fomos convidados a nos juntar ao grupo, que era bastante heterogêneo e rapidamente eu entendi onde eu estava.
Era uma reunião dos AA e muitos ali nos olhavam curiosos e preocupados.
Vandrei – Bom dia! Meu nome é Vandrei. Vocês gostariam de se apresentar?
Caíque – Meu nome é Caíque e eu sou alcoólatra. Comecei a beber muito cedo e, mais tarde, o que era uma diversão, se tornou uma forma de suavizar as minhas angústias. Fui traído, perdi minha esposa e minha dignidade. Hoje eu sigo firme, lutando a cada dia pra superar esse Demônio na Garrafa que quer me destruir, mas hoje eu tenho uma nova razão pra viver, que é o meu netinho, que ainda está na barriga da minha filha.
Ele olhou pra mim, com um sorriso e encerrou a sua apresentação. Todos bateram palmas e eu fui convidado a me apresentar, mas eu não quis. Não fui forçado e nem insistiram. Continuei ao lado do Caíque, que não me repreendeu e ficamos ali escutando vários relatos. Alguns eram muito emocionantes e sofridos e Caíque me disse que o que é contado nesta sala, fica na sala.
Após alguns relatos, o tal Vandrei me perguntou, novamente, se eu queria me apresentar. Olhei pra Caíque e ele olhou de volta pra mim com um sorriso e disse:
Caíque – Vai doer só um pouquinho, mas é essa dor que vai te fazer acordar para o problema. Confia em mim! No final, você vai se sentir melhor.
Resolvi dar uma chance, afinal de contas, se eu não gostasse, era só não voltar mais lá. Me levantei e com a voz um pouco trêmula, tentei começar a falar, mas algo me impedia. Tentei então evitar o contato visual com as outras pessoas e suspirei fundo.
Minha cabeça latejava e parecia que eu tinha corrido uma maratona, pois me faltava o ar e eu quase desisti, mas Caíque também se levantou e colocou a mão no meu ombro e deu um aperto.
Caíque – Você está seguro! Se esqueceu que eu sou o Maverick? – Falou Cacá, dando uma piscadinha pra mim.
Olhei pra ele e dei uma gargalhada, pois não consegui segurar. Me senti mais relaxado, pois algumas pessoas também estavam sorrindo e então eu comecei.
Adolfo – Antes de mais nada, quero esclarecer que eu não sou o Goose. O meu nome é Adolfo e eu ... acho que sou um alcoólatra. Quando eu comecei a beber, tomei gosto pela bebida e eu tinha total controle sobre ela, mas agora vejo que é ela quem está me controlando. Por conta da bebida, eu traí a minha esposa e a perdi para sempre. Meus filhos ficaram com muita mágoa de mim e até alguns amigos me evitam. Antes, eu apenas achava que eram coincidências, mas o número de amigos diminuiu e agora são poucos os que restaram. Perdi a minha dignidade e eu me tornei uma sombra do que um dia eu fui.
Fui relatando várias outras coisas, que estavam guardadas em meu peito e não consegui conter as lágrimas. Como meu amigo Caíque disse ... Doeu e continua doendo.
Algumas pessoas também se emocionaram, enquanto algumas ficaram silenciosas e, quando eu terminei, todos se levantaram e me aplaudiram.
Vandrei – Você não está sozinho, Adolfo! Nós aqui, somos uma família. Muitos estão começando, assim como você e outros estão aqui, neste grupo há anos. Não existe uma fórmula, mas o que a gente fala, e que você deve estar cansado de ouvir é, que todo dia de manhã, ao acordar, você deve repetir como se fosse um mantra. “Hoje, eu não irei beber”.
Eu ouvia atentamente o conselho dele e procurava entender ao máximo, pois realmente eu me senti melhor depois de ter falado.
Vandrei – Outra coisa que você tem que saber, é que isso é uma doença. Alguns se curam e outros não, mas por via das dúvidas é bom evitar o primeiro gole.
Caíque – Haverá momentos em que você vai sentir muita vontade de beber e quando isso acontecer, procure uma reunião do AA, ou um padrinho, que é uma pessoa responsável pra te ajudar a passar por momentos mais delicados.
Adolfo – Caíque, você poderia ser o meu padrinho?
Caíque – Seria uma honra, mas eu não moro tão perto e o ideal seria uma pessoa que pudesse te ver pessoalmente. É lógico que você pode me ligar a hora que quiser. Eu estarei pronto pra conversar contigo, apesar que eu não sei se estou pronto pra tal tarefa.
Adolfo – Por quê?
Caíque – Eu tenho pouco tempo de AA. Ainda tenho minhas quase quedas e você vai ver que parece ser fácil, mas não é ... Mudar um hábito, deixar de ser dependente de algo é muito difícil, quer dizer, é trabalhoso. – Ponderou Caíque, mostrando pra mim, que a batalha não seria simples.
Após a minha fala, Vandrei explicou mais algumas coisas, não só pra mim, mas também para os outros novatos do grupo e tivemos um pequeno lanche com torradas, patê, suco e água.
Caíque – Existem outros AA pela cidade, mas esse é o mais próximo da sua casa. Geralmente ficam em igrejas, mas existem outras opções.
Peguei as informações sobre horário de funcionamento e o telefone do Vandrei, que ao se despedir de mim, me chamou de “Goose” e assim, acabei ganhando esse apelido entre algumas pessoas da reunião.
Voltamos pra minha casa e acabamos almoçando. Perguntei ao Caíque sobre como estava a vida dele e ele falou estava se adaptando no novo emprego, mas ele disse que estava bem. Só não queria correr o risco de ver Babi ao lado do Ariano.
Ele ainda disse, que recebeu uma quantia exorbitante na demissão e a promessa de uma boa recomendação por parte do Ariano, caso ele precisasse.
Adolfo – Aposto que foi a Babi, que exigiu isso dele.
Caíque – Talvez ... Apesar de que, eu acho, ninguém exige nada dele. O Ariano é um filho da puta, mas ele sabe valorizar um bom profissional e por diversas vezes ele me elogiou, antes mesmo de conhecer a Babi, mas não sou idiota e sei que também tem essa questão de compensação pelo estrago feito na minha vida.
Adolfo – Ele acha que pode comprar o perdão das pessoas ... Algum dia, Cacá ... Algum dia, ele vai acabar fazendo o que não deve com quem não deve. E, neste caso, nem todo o dinheiro que ele tem, vai consertar a cara dele.
Tentei chamar o César pra conhecer o Caíque, mas ele estava ocupado na empresa e Caíque tinha que voltar. Quando se despediram, agradeci a Giulia por ter trazido o pai dela e conversado com a Suzy.
Falei a eles que, a partir daquele momento, eu seria um novo homem e que daria um passo de cada vez, sempre procurando fazer a coisa certa. As duas se desmancharam em lágrimas e eu as abracei com força.
Os dias foram passando e eu tentei criar uma rotina, assim como Diana fazia. Tentei organizar uma planilha com horários e criar regras para mim e para os meus filhos.
Era muito difícil, mas eu criei um horário pra mim e meu filho fazermos natação. Ele gostava de fazer com a mãe e era uma boa oportunidade de diminuir o uso do celular e do vídeo game.
Voltei pra academia e peguei firme na musculação. Ainda fiz aula de boxe, pra ajudar a minha filha nos treinos de MMA. Por incrível que pareça, a pior parte era cozinhar. Eu tinha medo de cozinhar o feijão e por duas vezes a panela quase explodiu. Pelo menos era o que eu achava.
Passei a frequentar o AA às terças e sextas-feiras e arrumei um padrinho e uma madrinha. O padrinho se chamava Marlon e era muito gente boa.
O problema dele com bebida era a falta de dinheiro, durante uma fase da vida dele e então mesmo conseguindo arrumar um emprego depois, a dependência do álcool permaneceu, fazendo-o entrar para o AA, há 5 anos atrás. Ele me disse que teve apenas uma recaída nesses 5 anos, logo no primeiro ano e depois nunca mais bebeu.
Já a madrinha se chamava Priscila, ou apenas Pri, como gostava de ser chamada. Ela se mostrou uma grande amiga e era óbvio que rolava um flerte entre nós, mas o Marlon dizia que namoro entre os membros do AA sempre dá errado, porque quando a relação termina, os dois recorrem à bebida.
E no caso específico dela, a dependência surgiu por motivo de relacionamento, onde um ex-namorado bebia muito e ela o acompanhava nas farras e depois quando terminaram, ela perdeu o companheiro de bebida e a bebida passou a ser sua companhia.
Os relacionamentos seguintes sempre giraram em torno da bebida, até que, em um deles o namorado sofreu um grave acidente. Ela não estava com ele, pois “apagou” de tanto beber durante a festa. Se não fosse por isto, ela poderia ter morrido.
Depois que ela me contou a história dela, eu tive que contar para ela a minha. Caíque tinha me dito que, mesmo com a vida toda regrada e aparentemente bem, tem horas que alguma coisa inesperada acontece, causando um gatilho e a vontade de beber vem com uma força, que parece difícil controlar.
E esses momentos eram justamente quando eu me lembrava dela por algum motivo qualquer, ou então alguém me perguntava sobre ela, porque por incrível que pareça, eu não tinha muitas informações.
Eu e Diana estávamos cada vez mais distantes. Eu tentando me encaixar numa nova rotina e ela montando uma empresa do zero e novamente meus filhos estavam no meio desse caos, mas eles também estavam nos ajudando.
Suzy morava comigo, pois ela tinha medo de que eu tivesse uma recaída ficando sozinho e Jonathan ficou com a mãe. Embora ele quisesse ficar comigo também, ele achava injusto deixar a mãe sozinha.
Nos fins de semana, a gente trocava, ou então os dois ficavam comigo ou com ela.
Eu já estava participando das reuniões do AA há algum tempo e eu, realmente, me sentia melhor. Contudo, após uma das reuniões a Priscila disse que precisava conversar comigo, e que o assunto era sério. Fomos para um lugar mais reservado na igreja e o que ela me falou, acabou me assustando:
Priscila – Adolfo, eu não sei se você sabe, mas eu tenho mediunidade e já faz algum tempo que eu estou acompanhando a sua aura. – Olhei admirado pra ela, e tentei ser gentil, pois se eu não acredito em astrologia e horoscopo, o que dirá mediunidade.
Adolfo – Então, você vai me dizer que está melhorando, certo?
Priscila – Não, Adolfo. Ao contrário, ela continua escura. Veja bem, quando nós o conhecemos, a sua aura já se apresentava desta forma ...
Adolfo – Não estou entendendo ... se continua igual ...
Priscila – Este é o ponto. Pela sua participação nas reuniões, sua aura já deveria mostrar evolução. E não está mostrando.
A Priscila me orientou que eu fizesse um tratamento com uma prima dela e eu não levava muita fé, principalmente porque envolvia tomar um chá indígena.
Eu também não acreditava em mediunidade, mas conversando com outros participantes da reunião, eles me confirmaram que ela tinha realmente este dom.
Priscila – Tô te falando Goose ... O chá de Ayahuasca vai destravar o seu cérebro e você vai conseguir entender um monte de dúvidas que você tem. Coisas que, de repente, estão escondidas no seu subconsciente.
Adolfo – Você com essa mania de me chamar de Goose, mas quanto ao chá, eu não vou tomar isso, não ... Tem gente que já morreu tomando isso.
Priscila – Minha prima, Yone, é filha de índia e sabe fazer o chá de forma legítima e com todos os cuidados possíveis. Eu mesma já tomei e não tive problema.
Adolfo – Eu não sei se quero reviver o que passou. Pode acabar me fazendo mais mal do que bem. Parece que foi ontem que tudo aconteceu ... Como o tempo passa rápido!
Priscila – Do que você tem medo? – Perguntou Pri, me olhando profundamente.
Adolfo – Medo de ter uma recaída.
Priscila – Eu estarei contigo ... ao seu lado. Sempre.
Falei com ela que iria pensar e daria uma resposta depois. Enquanto isso o tempo passava e levei a Suzy pra visitar a Giulia, que estava com aquele barrigão enorme.
Ela reclamava de dores na coluna e nos pés. Neste dia, acabamos conhecendo também o futuro pai, que chamava George. Ele era um garoto meio bobão, sem maturidade, mas os pais dele o obrigaram a assumir a criança.
Giulia e Caíque não queriam, liberando o rapaz, mas os pais dele não aceitavam e até diziam que isso seria uma boa forma dele tomar juízo e virar homem.
Giulia – Tá foda!!! Essa dor tá me matando. Suzy, não queira engravidar ... Pelo amor de Deus!!! É só o que eu te falo. – Disse aquela garota da boca suja, que eu tanto gosto.
Suzy – A da minha mãe foi tão tranquila.
Adolfo – Creio que suas lembranças não sejam tão boas quanto às minhas.
Suzy – Sério? Não lembro da mamãe sofrendo assim.
Adolfo – Ela dividia as dores comigo, filha!
Caíque – Então, Giulia? Já contou a eles?
Giulia – Calma, pai! Eu tô tentando, mas esse seu neto, filho da puta, quer me matar de dentro pra fora! – Xingou Giulia, se ajeitando no sofá, pra ficar mais confortável.
Caíque – Giulia!!! – Ralhou Caíque, dando aquele olhar 43 pra própria filha.
Suzy – Hahahaha, você tem noção de que você se xingou? Você é demais.
Eu passei a mão na barriga dela e comecei a conversar com o Kauã, pra ele ter paciência com a mãe boca suja e fui falando umas besteiras, coisas engraçadas e todos estávamos rindo.
Giulia – Tio, não sei qual é a porra desse vudu que o senhor faz com a mão na minha barriga, ou se é a sua voz, mas sempre acalma o Kauã e faz a minha dor passar. É sempre assim! – Falou Giulia, como se tivesse tirado um peso das costas.
Suzy – Meu pai tem um jeito só dele que consegue divertir e alegrar qualquer um.
Giulia – É por isso, que eu gostaria de convidar vocês dois, para serem o padrinho e a madrinha do Kauã. O que acham?
Minha filha ficou emocionada, porque era a primeira vez que alguém fazia aquele convite a ela e eu também fiquei muito feliz, pois não esperava por aquilo, ainda mais porque morávamos um pouco distantes e geralmente padrinhos são pessoas da família ou amigos mais próximos.
Suzy – Estou tão feliz! Pai, eu agora sou madrinha, tá vendo! – Disse minha Suzy, toda animada, quase dando pulos pela sala.
Adolfo – É uma honra, Giulia! Lógico, que nós aceitamos.
Aí, foi aquela choradeira e todos planejando várias coisas ao mesmo tempo. Suzy queria se mudar pra ficar mais perto do afilhado, dizendo que escola tem em qualquer lugar e que não poderia deixar a amiga na mão.
A verdade é que não entendi muito bem, como a amizade delas floresceu tão rapidamente, em pouco tempo. Apesar da distância, as conversas de vídeo eram quase diárias e eu sempre participava um pouco.
Eu e Caíque também nos tornamos grandes amigos. Um dando força pro outro e por várias vezes, eu nem precisei da ajuda do padrinho, pois uma simples conversa com Caíque, fazia com que eu me sentisse melhor e a recíproca também funcionava, quando ele estava meio depressivo, na maioria das vezes por causa da Babi. Nem era por causa dela, mas porque a ex-esposa não demonstrava tanto interesse pela gravidez da filha e isso mexia muito com ele.
Eu até tentei falar com a Alba, pra ela dar um toque na Babi sobre isso, mas acho que não surtiu efeito, porque segundo ela, Babi estava muito apaixonada por Ariano, inclusive causando atritos com Diana.
Quando voltamos pro RJ, fiquei sabendo que Jonathan estava com meus pais, porque Diana estava muito atarefada com sua nova empresa. Ela chamou duas colegas da empresa onde trabalhava e meio que se tornaram sócias.
Como eu sei disso tudo?
Adivinhem quem ela chamou pra fazer o serviço de segurança na empresa dela?
O César.
Ele, a princípio não queria aceitar, mas eu fiz questão de fazer todo o projeto, mas na hora de executar e fazer a instalação, o responsável foi ele.
Fazia bastante tempo que eu não a via, e estava me sentindo bem com isso. Eu tinha medo de ter uma recaída e voltar a beber. Por mais que eu me sentisse forte, achei melhor não a ver.
Até porque, era certo de o safado vir a tira colo, só pra me infernizar e fazer gracinhas. Por enquanto, era melhor não mexer nesse vespeiro, mas então lembrei que já estava na hora de vencer isso também.
Mais cedo ou mais tarde eu teria que ficar de cara com ela e com ele e decidi aceitar o convite da Priscila para tomar o tal chá, mas, ainda com receio, pedi para o César me acompanhar.
A preparação pra tomar esse chá de Ayahuasca era cheio de cuidados. Não pode isso, não pode aquilo, etc, etc ... Conversei muito com Yone e ela me garantiu que não teria riscos, pois se eu seguisse todas as recomendações, não teria problemas.
Eu estava muito bem de saúde, inclusive com novos músculos. Uma das coisas que Caíque me ensinou, foi direcionar a vontade de beber pra outra coisa. Era uma espécie de mudança de dependência, mas pra uma coisa positiva e saudável.
Ele, quando sentia vontade de beber, fazia pinturas e desenhava. Geralmente eram paisagens de lugares onde ele sobrevoou. Isso o acalmava, então ele sempre levava, com ele, um caderno, lápis comum e outro de cera.
Eu, foquei na academia. Principalmente em corrida. Teve um dia que eu fiz duas horas seguidas de esteira. Se bobear, com o treino correto, eu poderia até me sair bem na maratona de São Silvestre ou outras competições.
Yone – Entendeu, Adolfo? – Perguntou a índia, trajada com sua roupa cerimonial.
Adolfo – Entendi.
Yone – É que você me pareceu um pouco distraído. Está tudo certo?
Adolfo – Vamos começar.
Estávamos eu, César, Priscila, Yone e o marido dela, que eu não vou me lembrar o nome, mas significava “tronco preto que brilha ao luar”, ou algo parecido.
Eu bebi aquele chá e eu não senti nada. Eu sabia que era lorota essa coisa desse chá e que não iria funcionar, mas não custava tentar.
A única coisa que aconteceu, foi que eu vomitei aquela desgraça.
Adolfo – Nunca mais tomo isso. Pior que chá de boldo! Que desgraceira de chá é esse?
Só então notei que todos estavam assustados olhando para mim e entre si, em silêncio.
Adolfo – O que foi? Foi mal ter vomitado, mas ainda bem que tinha esse balde aqui do lado. Caiu um pouco pra fora, mas o chão está mais limpo que banheiro de bar.
Priscila – Adolfo, nós precisamos conversar!
Adolfo – O que houve? Aconteceu alguma coisa? – Perguntei preocupado.
Yone – Aconteceu um monte de coisa! Eu não conheço a sua história, e, ao que parece, você também não a conhece. Pelo menos, não completamente.
Adolfo – Ah, gente! Isso é uma brincadeira, só porque eu disse que esse chá não funciona ... Foi mal, mas infelizmente eu não senti nada.
Yone – Por sorte, eu gravei tudo e eu tenho aqui horas de gravação pra te provar.
Fui pegar o meu celular e só então vi que já tinha passado 5 horas desde a hora que eu tinha tomado o chá.
Yone – Muita coisa na gravação é bobeira, mas tem coisas que são graves e você tem que saber. Minha prima me contou, por alto, algumas coisas e eu só peço que você fique calmo, pois você não vai gostar de saber o que aconteceu contigo. – Explicou Yone, tentando me tranquilizar.
[DIANA (POV)]
Eu estava no centro da cidade, mas precisamente na zona portuária, onde a área foi revitalizada e vários prédios estavam alugando salas de escritório. No momento, era o que eu precisava pra um recomeço. Eu já tinha falado com o proprietário, acertado os valores do aluguel e já estava escolhendo a mobília.
Sônia – Será que estou no endereço correto?
Diana – Oi, Soninha! Está sim, vamos entrando.
Jéssica – Eu só vim aqui, porque estou acompanhando a Soninha, mas não pretendo me juntar a vocês.
Diana – Que pena, Jéssica! Não quer nem ouvir a minha proposta? – Falei com uma voz meiga, tentando cativar a minha antiga estagiária.
Sônia – Ela vai ouvir sim ...
Diana – Jéssica, sei que a Tati deve ter te promovido e que você agora vai ganhar muito bem ...
Jéssica – Na verdade, não é bem assim ... Ela bem queria me dar um bom cargo, mas eu comecei há pouco tempo na empresa ... Eu era freelancer e depois virei estagiária ...
Diana – Capacidade eu sei que você tem, mas num mundo corporativo é assim que isso funciona.
Jessica – Eu sei, mas antes eu irei fazer alguns cursos e irei crescer na empresa.
Diana – Inicialmente eu iria chamar vocês duas para trabalharem pra mim, mas eu mudei de ideia e agora eu gostaria que vocês trabalhassem comigo.
Jéssica – Não entendi a diferença ...
Diana – Quero que vocês sejam minhas sócias.
Sônia – Sócias? Isso é sério mesmo? – Perguntou Soninha empolgada.
Jéssica – Nós não temos dinheiro pra investir num projeto destes. – Disse Jéssica, avaliando a proposta.
Diana – Eu sei, mas dinheiro não é problema. Dessa parte, eu cuido.
Sônia – Mas isso é loucura, Diana!
Diana – Olha, eu já fiz todos os cálculos e já pensei em tudo. Eu ficaria com 70% da empresa e cada uma de vocês ficaria com 15%.
Jéssica – Mesmo assim é muita coisa ... – Disse Jéssica surpresa com a proposta.
Sônia – Não me sinto confortável com isso, Diana.
Diana – Vocês estão achando que eu vou dar isso tudo de moleza? Não é bem assim ... Vocês terão muitas atribuições. No começo, seremos só nós e aos poucos iremos contratar mais pessoas.
Expliquei a elas que Soninha iria ser o meu braço direito e seria uma espécie de CEO Adjunta, em vez de ser apenas a minha assistente, ela teria poder pra tomar decisões, enquanto Jéssica seria encarregada de executar os projetos junto comigo.
Eu adoro essa parte de produção e não queria perder, mas eu preciso de tempo para cuidar de mim e dos meus filhos. Fazendo isso, eu teria, em breve, mais tempo pra mim, colocando essas duas à frente da empresa.
Elas ficaram muito empolgadas e Sônia ficou muito feliz em ficar comigo. Ela tinha conhecimento do que aconteceu entre a Tati e eu, mesmo assim, tentou se manter neutra.
Jéssica também não resistiu à minha proposta e se juntou ao grupo. Logo elas pediriam aviso prévio. Elas disseram que Tati tentou até aumentar o salário delas por fora, com alguma bonificação extra, mas a amizade ficou estremecida.
Foram duas semanas de muito trabalho, estruturando o espaço, contratando pessoal. Eu, inclusive, contratei a empresa do Adolfo e do César, pra fazer a segurança.
Pode parecer estranho, mas o Adolfo e o César são ótimos profissionais e eu conheço o trabalho. Eu tratava com o César diretamente e quando tinha que tratar com o Adolfo, eu pedia pra Soninha.
Em uma das reuniões que tive com o César, tentamos voltar a nos entender. Aproveitei e o convidei para conhecer uma das cafeterias da rede do Ariano e que ficava perto da minha empresa.
Diana – César, antes de mais nada eu queria te pedir desculpas pelo modo como falei com você na última vez que estivemos na casa do Adolfo. Eu estava estressada com tudo o que estava acontecendo e ... ter encontrado a Tati foi a gota d’água.
César – Está tudo bem, eu entendo. Quer dizer, na verdade eu não entendo esta situação sua com a Tati. Por que você a destratou na casa do Adolfo? – Perguntou César, de forma incisiva.
Eu não precisava respondê-lo, mas agora éramos “parceiros” de trabalho, de certa forma e não queria causar um imbróglio.
Diana – Como você se sentiria sabendo que, mesmo tendo definido regras de não se envolver com ex companheiros, eu fico sabendo que a minha ex melhor amiga está tendo um caso com o meu ex-marido?
César – Diana, pelo amor de Deus! Quem te disse que eles estão tendo um caso? Eles só transaram uma vez e, pelo que eu sei, logo após o fato, a Tati contou para você, se desculpado por ambos estarem carentes.
Diana – Não adianta tentar livrar a cara dos dois, César. Eu tenho provas. – Disse a ele de forma resoluta.
César – Provas? Que provas? Quem te deu estas provas?
Diana – Eu tenho fotos e vídeos dos dois. O Adolfo entrando e saindo várias vezes, em dias diferentes, do prédio onde a Tati mora. E não me venha dizer que ...
César – Diana, o que você queria? Os dois perderam a pessoa que mais amavam. Coincidentemente, perderam a mesma pessoa. Seria óbvio pensar que eles se encontrariam para trocar apoio.
Diana – Ah, César ...
César – Bom, eu confio e acredito no meu amigo. Confio também na Tati, e se algo estivesse acontecendo, ele ou ela me falariam. Não teriam por que esconder. Eles são livres, assim como você ... – Disse o amigo do meu ex, me interrompendo.
Diana – Eu não acredito que ...
César – Entendo. Você prefere acreditar e confiar em pessoas que você conheceu há quanto tempo? Seis meses, ao invés de pessoas que você conviveu por 10 ou 20 anos? Ok.
O que o César me falou, mexeu comigo. Eu tinha que mudar o rumo da conversa para algo que eu queria saber.
Diana – César, como ele está?
César – Ele está se tratando. Indo ao AA, fazendo terapia, academia...
Diana – É mesmo? Que bom pra ele. – Falei com um baita sorriso no rosto, não conseguindo conter essa alegria.
César – Por que vocês não se sentam e conversam novamente? Acho que vocês podem ser bons amigos e quem sabe, num futuro...
Diana – César, obrigado por me dizer como ele está, mas meu foco agora é outro. – Falei mais ríspida, cortando o assunto, antes que eu começasse a chorar.
César – Me desculpa, Diana. É que simplesmente não parece certo vocês separados. É muito estranho.
Diana – O mundo é estranho, meu amigo, e nós temos que nos ajustar nessas estranhezas.
César – Você está mesmo com aquele cara? – Perguntou César, meio indignado.
Diana – Você quer dizer, Ariano? Estamos juntos, sim.
César – E é sério? Você realmente está gostando dele?
Eu não queria responder esta pergunta e, mais uma vez, tentei mudar o foco da conversa.
Diana – Vou te mostrar o quarto que montaram para mim, na Mansão.
Mostrei pra ele as fotos, explicando que além do frigobar e uma TV de 85 polegadas, tinha uma porta falsa, que levava a uma espécie de mini SPA, com banheira de hidromassagem, chuveiro com luzes e o chão era de pedrinhas que relaxavam a sola dos pés e além disso, uma cadeira massageadora.
César – Caramba, Diana! Isso não é um quarto ... é um sonho pra gente estressada, tipo eu ... Posso passar uns dias no seu quarto, com todo o respeito, é claro? – Perguntou o amigo de Adolfo, com um certo jeito safado e começou a rir.
Diana – Acho que o Ariano não iria gostar, kkkk.
Como o clima da conversa tinha melhorado, voltamos a falar de negócios, até que deu a hora dele, e quando ele estava indo embora, fiz uma última pergunta.
Diana – César, ele está saindo com alguém? – Perguntei baixinho, e um pouco receosa pela resposta.
César – Por que você não pergunta isso a ele?
Diana – Deixa pra lá.
César – Que eu saiba, não.
Diana – Não fala com ele, que a gente teve esse tipo de conversa, tá? Ele pode ter uma ideia errada sobre isso. Ok?
César – OK.
Me despedi de César e mais uma vez falei para ele não comentar com Adolfo, e fui me encontrar com Jéssica e Sônia no shopping pra jantar. Eu queria passar a elas algumas ideias e como deveríamos fazer para entrevistar os novos funcionários.
Estávamos conversando, mas eu estava achando as duas um pouco inquietas e meio dispersas. Achei que fosse ansiedade e nervosismo por causa da nossa empreitada, mas o motivo era outro.
Eu estava bebendo uma taça de vinho, quando vi Tati vindo em direção à nossa mesa. Olhei para as duas e elas me pediram desculpas, mas disseram que a gente precisava conversar.
Tati – Boa noite, meninas! Boa noite, Diana! – Falou minha ex amiga, de forma bem seca.
Diana – Boa noite! – Respondi da mesma forma que ela.
Ela mal conseguiu me olhar nos olhos e a minha vontade era de sair imediatamente dali, mas Jéssica e Soninha não me deixaram, me pedindo quase “pelo amor de Deus”.
Tati – Eu gostaria que o nosso encontro fosse mais amistoso, como era antigamente, mas eu te entendo, e é por isso que estou aqui. Para falar de negócios.
Diana – O que você quer, Tatiane? – Perguntei de forma bem debochada, quase fazendo uma careta.
Tati me disse que estaria disposta a me ajudar, indicando alguns clientes e eu respondi que isto não seria necessário. Ficamos discutindo durante meia hora e, de vez em quando, nosso tom de voz aumentava e chamava a atenção das outras pessoas, causando certo constrangimento.
Não sei se foi o vinho, a saudade da minha velha amiga ou a conversa com o César, mas em algum momento da conversa, surgiram histórias e momentos de alguns clientes que tivemos.
Algumas situações embaraçosas e outras engraçadas, fizeram com que os risos aparecessem na nossa mesa. Situações em que éramos assediadas pelos clientes e alguns momentos mais “calientes” que a Tati deixava rolar.
Todas nós riamos dos “causos” e acabamos chamando a atenção da mesa ao lado, onde havia dois casais. Um dos homens estava olhando muito pra nossa mesa e eu podia jurar que eu era o alvo, mas quem recebeu um bilhete através do garçom foi Jéssica.
Tati – Hummm, a novata está “causando” esta noite. – Cutucou Tati, quase levantando o tom da voz.
Jéssica – Eu sou comprometida e a minha esposa está aqui ao meu lado e o meu marido em casa.
Sônia – Nosso marido! – Consertou Sônia. – Cada vez que eu escuto você falar assim, me dá uma vergonha, mas fico com tesão ao mesmo tempo.
Diana – Vocês três estão se dando bem?
Jéssica – Está tudo bem! Nós compramos uma cama maior e eu tenho um quarto fake, pra quando a família dele ou da Soninha aparece lá em casa. – Disse Jéssica rindo da “travessura”.
Sônia – Todos acham que estamos dando uma força pra Jéssica, enquanto ela junta um dinheiro pra comprar o próprio imóvel.
Tati – Eu já falei que eles deveriam contar aos pais! Tenho certeza de que eles vão entender. O que você acha, Diana?
Diana – Eu conheço os pais da Soninha. Acho que você deve ir preparando-os aos poucos. O pai dela é tão conservador, quanto o meu.
Jéssica – E você, Diana? Sua família sabe do seu novo relacionamento? – Perguntou Jéssica, bem faceira, querendo saber detalhes da minha relação.
Diana – Não tem relacionamento nenhum. Estamos só nos conhecendo e aproveitando a vida.
Sônia – Não é o que parece ... – Ponderou Soninha, bebericando um gole de gin tônica.
Nisso meu celular apita e eu vejo que é uma mensagem do Ariano.
Diana – Foi só falar no diabo, que apareceu o rabo! – Falei mostrando o celular a elas.
Mais risos e eu vi que ele queria que eu fosse, naquele mesmo dia, pra São Paulo, porque ele estava morrendo de saudade de mim. Eu respondi que já estava tarde pra viajar e ele me disse que mandaria o jatinho com o Mascarenhas. Eu não queria ir, mas ele disse que tinha um assunto importante pra falar comigo e que todas as esposas estariam presentes.
Eu disse que iria e depois de continuar a conversa com as meninas por mais uma hora, dessa vez falando sobre a tentativa da Soninha em tentar fazer sexo anal com o “namorido”.
Soninha – Enquanto a Jéssica puder me salvar dessa parte, eu vou enrolando, mas estamos tentando. Dói pra caralho, tá! Dói muito mesmo, mas uma hora eu consigo. – Disse minha amiga, se queixando e choramingando de brincadeira.
Me despedi das meninas, com um abraço, inclusive na Tati, assim que o meu celular recebeu outra notificação, informando que o meu motorista estava me aguardando.
Saí do restaurante e encontrei meu motorista no estacionamento e fomos para o aeroporto. Foi uma viagem tranquila e cheguei rapidamente na Mansão do Ariano.
Ariano – Diana, que bom que você chegou. Eu tenho um grande anúncio a fazer, mas antes eu quero falar contigo a sós.
Diana – O que houve?
Ariano – Eu aluguei um hotel fazenda pra fazer a cerimônia que a Babi tanto queria pra celebrar a nossa união.
Diana – Graças a Deus! Não aguento mais ela falar sobre isso. Fica dizendo que eu estou te monopolizando e que eu estou atrapalhando a temporada dela de lua de mel.
Ariano – Ela está certa, meu amor. Realmente eu estou infringindo um pouco o contrato, mas é que eu estou apaixonado por você.
Ele chegou perto de mim e já foi me agarrando e me beijando.
Ariano – Eu gostaria que você aceitasse o meu pedido de noivado, durante a comemoração no hotel fazenda.
Diana – Noivado? – Perguntei assustada, quase gaguejando.
Me deu um certo pânico na hora, mas ele continuava a me beijar, dizendo que era só pra formalizar um compromisso e que não significava que iríamos nos casar no mês seguinte.
Diana – É muito cedo, Ariano! Não vai dar ...
Ele então se ajoelhou na minha frente, rasgando a minha calcinha e chupando a minha xoxota. Eu acabei me deixando levar e tivemos mais uma transa deliciosa, com muita pegada e dessa vez ele foi muito rápido e gozou fartamente em mim. Nossos cheiros se misturaram e após essa rapidinha, fomos conversar com as outras esposas.
Alba – Estou sentindo cheiro de sexo, hein ... – Brincou Alba, me cutucando o braço.
Babi me olhou com raiva e Leticia pra botar panos quentes tratou logo de falar pra ela não se sentir assim, porque sempre que uma criança ganha um brinquedo novo, age dessa forma e que quando ela e Ariano começaram o relacionamento, também tinha sido assim.
Ela assentiu com a cabeça, mesmo inconformada e tratou de ficar ao lado dele, me escanteando sutilmente e eu fui para o lado da Martina, que me recebeu com um abraço gostoso.
Martina – Mulher, você está cheirando a sexo mesmo, kkkk.
Diana – Eu mal cheguei e ele me comeu na sala mesmo, quase que na porta.
Ariano – Amores da minha vida, eu nem sei dizer como estou feliz. Hoje é a primeira vez que estão todas aqui presentes e isso é muito emocionante pra mim. É quase um sonho realizado.
Letícia – Demorou, meu amor, mas estamos conseguindo.
Ariano – Eu devo muito a você, Letícia, que sempre me apoiou e sempre esteve ao meu lado.
Todos estavam alegres e comemorando, enquanto Ariano discursava, até que ele falou sobre a cerimônia de casamento dele com a Babi.
Ariano – E como eu prometi a Babi, mês que vem, iremos celebrar a nossa união para os nossos amigos e familiares.
Babi – Estou tão empolgada!
Jordana – E o corninho? Você vai convidá-lo?
Babi – Ele não é mais o meu corninho! – Disse Babi enfezada. – Ele é somente o pai da minha filha e é lógico que eu irei convidá-lo, mas tenho quase certeza de que ele não irá.
Ana Lúcia – E a Giulia?
Babi – Ela está pra ganhar o bebê e provavelmente não vai poder ir também.
Percebi um pouco de tristeza na voz dela, e Flávia também, tanto que ela se solidarizou com Babi e foi abraçá-la.
Flávia – Não fique assim! Com o tempo ela vai entender.
Ariano – Sim, meu amor! O tempo é o melhor remédio e aproveitando quero comunicar que durante a cerimônia, eu irei pedir a Diana em noivado.
Babi – O QUE? Você vai fazer isso na MINHA FESTA? – Perguntou Babi, quase gritando, indignada com o que Ariano disse.
Ariano – É um ótimo momento para que nossos amigos e familiares conheçam a minha futura esposa.
Valeska – Desencana, Babi!
Valeska continuou a falar e eu estava incomodada com a situação, afinal eu não disse nem sim nem não.
Eu nem tive tempo, pois começamos a transar e ele agora estava tomando as decisões. Martina percebeu que eu estava incomodada e me abraçou novamente.
Martina – Ele é assim mesmo! É da natureza dele fazer coisas desse tipo, desse jeito. Você daqui a pouco se acostuma.
Diana – Não sei se vou me acostumar.
Valeska – ... e é por isso que a gente tem que ser cada vez mais unidos, como uma família, porque temos muitas personalidades diferentes, mas se cada uma respeitar a outra, não teremos problema.
Olga – Já que estamos todas aqui, estou me lembrando que amanhã é um dia muito especial e que a gente deve comemorar em grande estilo.
Agatha – Até que enfim alguém falou disso. É só Babi pra lá, Diana pra cá e eu já estava achando que vocês tinham se esquecido de mim.
Ariano – Nunca, meu amorzinho! Vem aqui me dá um cheiro!
Agatha foi correndo e deu um pulo no colo do Ariano, que a levantou no ar, como se ela não tivesse peso algum. Foi quase igual a cena de Dirty Dancing, em que Patrick Swayze levanta a Jennifer no alto. Ele é muito forte!
Ariano – Amanhã o meu amorzinho faz 16 anos e meu presente a ela vai ser ...
Ariano mantendo a garota no ar ainda, fez aquele suspense e então a botou no chão e ele continuou a falar.
Ariano – ... Deixar que ela participe das nossas brincadeiras.
Agatha – Sério? Nem tô acreditando. Obrigada, meu amor! – Falou a putinha-mirim, toda alegre e serelepe.
Ariano – Você vai participar, mas com ressalvas, porque você sabe que ainda não é o momento.
Agatha – Aaah, tava bom demais pra ser verdade.
Letícia – Já conversamos sobre isso, menina! Você só vai perder o cabaço na noite de núpcias.
Todas nós rimos, menos Agatha, que estava inconformada, mas várias esposas foram abraçá-la e ela ficou mais alegrinha.
Eu ainda não suportava aquela fedelha, pois ela foi a gota d’água que acabou com o meu casamento. Ela já havia pedido desculpas, mas mesmo assim eu sempre mantinha distância dela.
Olga disse que a festa de aniversário dela seria um almoço com tudo que ela gosta e que tinha mandado fazer roupas personalizadas pra todas nós usarmos.
Ela não disse, naquele momento, mas eu a ouvi conversando com a Valeska, que seriam roupas estilo Barbie, pois Agatha adorava.
Eu já tinha conhecido quase todos os aposentos e um dos que eu não conhecia era o da Agatha e eu nem fazia questão, mas a Martina me disse que o quarto dela parecia um grande quarto da Barbie, como se fosse uma casa de boneca e que ela tinha uma coleção pra mais de 100 bonecas.
Valeska – Então além dos vestidos, teremos que usar perucas também?
Olga – Vai ser divertido.
Eu ainda não tinha noção do que era diversão para eles
Eu estava querendo descansar, quando Babi se aproximou de mim, dizendo que queria conversar comigo no jardim. Chegando lá, ela perguntou qual era o meu problema. Eu não entendi a pergunta e ela falou que a minha filha estava separando-a de Giulia.
Que agora era “Suzy aquilo”, “Suzy isso” e que ela não estava conseguindo conversar direito com a filha por vídeo chamada, pois a Suzy toda hora queria falar com ela.
Diana – Por que você não vai vê-la pessoalmente?
Babi – Comigo presente, você já fica de putaria com o Ariano, monopolizando o meu homem. Imagina, se eu não estiver aqui ... Esse mês, ele é meu ... Eu tenho a prioridade, entendeu? – Retrucou Babi, elevando a voz.
Diana – Acho que você deveria dar prioridade à sua única filha menor de idade, que está quase parindo. Essa deveria ser a sua prioridade! – Falei aumentando o tom da minha voz.
Babi – Hahahahaha, e por que você não segue isso que você diz, sua hipócrita? Deixou seus dois filhos aos cuidados de um lunático, enquanto você fica só viajando, beijando todas as bocas que vê pela frente.
Diana – OLHA COMO VOCÊ FALA DO MEU ... PAI DOS MEUS FILHOS ... SE TEM ALGUÉM LUNÁTICA AQUI, ESSE ALGUÉM É VOCÊ, QUE NUNCA FEZ NADA NA VIDA E VIVEU DE MORDOMIA ÀS CUSTAS DO COITADO DO CAÍQUE!
Babi – NÃO FALA ASSIM DELE, QUE ELE NÃO É UM COITADO!
Diana – VOCÊ TEM RAZÃO! ELE NÃO TEM CULPA! VOCÊ QUE É UMA COITADA, QUE FEZ UM HOMEM BOM, VIRAR CORNO.
Babi – MELHOR SER CORNO, DO QUE UM LOUCO SUICIDA!!!
Nessa hora minha vista escureceu e eu parti pra cima dela, puxando aquela cabeleira ruiva. Pena que eu não aprendi nenhum golpe com a minha filha. Babi também puxou o meu cabelo e a gente começou a se estapear e se xingar, e logo outras esposas apareceram.
Martina foi tentar nos separar, mas Jordana não deixou, querendo saber quem era a mais forte. Até que Ariano chegou e quis saber que diabos estava acontecendo.
Só então que nos separaram e Ariano começou a falar que não iria permitir que duas mulheres lindas e maravilhosas se atracassem assim.
Ariano – Meus amores, Tem Ariano aqui suficiente pra vocês todas. Não precisa brigar. Sei que todas vocês estão estressadas, mas vamos fazer o seguinte ... Hoje eu vou visitar o quarto de todas vocês. Vou foder todas vocês, exceto a Agatha, por 10 minutos e você vai ser a primeira Babi.
Babi – Tá bom, meu amor. Já estou subindo pra tirar o cheiro dessa cabra.
Diana – MUUUUUUUUU.
Babi olhou pra trás, fuzilando-me com os olhos.
Leticia – Depois você vai me contar exatamente o que aconteceu.
Diana – Tem várias câmeras aqui. Se quiser saber, basta olhá-las.
Letícia – No meu galinheiro, ninguém canta de galo, além de mim e do Ariano. Entendeu, “cabrita”?
Todas me olharam, aguardando o que eu iria fazer, mas achei melhor me retirar pro meu quarto e tomar um banho.
Aquela vaca, rasgou a minha roupa e me arranhou o braço.
Diana – Desculpa, pessoal. Foi uma descarga de adrenalina. Fiquei descontrolada, mas já passou.
Martina veio me abraçar e me levou até o meu quarto. Os problemas estavam só começando.
Continua ...