Decidi escrever isso porque não tenho com quem falar. Não é como outros relatos — este é um desabafo. Preciso colocar tudo para fora, mesmo que me assuste. Talvez ajude a entender o que aconteceu. Ou talvez eu só precise que alguém me entenda.
Tudo aqui aconteceu aos poucos, ao longo de quase um ano. Na vida real, as coisas não são simples. Elas são confusas, cheias de tons de cinza. Muitas vezes, não há uma linha clara entre certo e errado. Eu mesma ainda não sei onde essa linha está — ou se algum dia existiu.
Isso não é apenas uma história. É minha vida. E cada palavra aqui é real menos os nomes que são fictícios.
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Eu nunca pensei que chegaria a esse ponto. Nunca imaginei que minha vida pudesse se transformar em algo tão... complicado. Tudo começou em uma tarde quente de verão, dessas que parecem durar para sempre. Eu estava sentada na varanda, observando o sol se pôr por trás das árvores. Aos 35 anos, eu já sabia bem o peso da solidão. Ela não grita, não faz barulho, mas está sempre lá, espreitando nos cantos, nas pausas entre as palavras, nos momentos em que você menos espera.
Meu filho, Daniel, era minha única companhia constante. Desde que o pai dele foi embora, há quase dez anos, dediquei minha vida inteiramente a ele. Ele é meu orgulho, minha razão de viver. Mas ultimamente... algo mudou. Algo que eu não consigo explicar, algo que me assusta profundamente.
Nos últimos meses, comecei a notar coisas que antes passavam despercebidas. Daniel me olha diferente agora. Seus olhos parecem me procurar mesmo quando estou ocupada com tarefas simples, como lavar louça ou dobrar roupas. No início, achei que fosse normal. Afinal, ele é adolescente, cheio de hormônios e curiosidades. Mas aos poucos percebi que havia algo mais ali. Algo que ia além do que deveria ser natural entre mãe e filho.
Uma noite, enquanto assistíamos a um filme juntos no sofá, aconteceu algo que mexeu comigo de uma forma que eu não esperava. Estávamos sentados lado a lado, como sempre fazíamos, mas algo chamou minha atenção pelo canto dos olhos. Daniel estava tentando esconder algo com uma almofada sobre o colo. Não precisei olhar duas vezes para entender o que era. Ele estava excitado.
Senti meu coração acelerar, e uma onda de calor subiu pelo meu rosto. Tentei disfarçar, fingindo estar concentrada no filme, mas meus olhos continuavam voltando para ele, para aquela almofada mal posicionada que mal conseguia esconder o que havia debaixo dela. Ele achava que tinha disfarçado bem, mas eu sabia. E saber disso mexeu comigo de uma forma que eu não queria admitir.
Ali, sentado ao meu lado, ele não era mais o menino que eu havia criado. Era um homem. Um homem jovem, cheio de desejos e impulsos que eu nunca havia considerado antes. Aquela constatação me atingiu como um soco no estômago. Eu queria desviar o olhar, ignorar o que estava acontecendo, mas não conseguia. Meus pensamentos começaram a divagar, e tudo o que eu conseguia pensar era no quanto ele havia crescido, no quanto seu corpo havia mudado sem que eu realmente percebesse.
Passei o resto do filme perdida em pensamentos. Cada vez que ele se movia no sofá, cada vez que ajustava a almofada, eu sentia um aperto no peito. Sabia que aquilo era errado, que eu não deveria estar pensando nele dessa maneira. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim parecia despertar. Anos de solidão, de carência, pareciam se manifestar naquele momento, criando uma tempestade de emoções que eu não sabia como controlar.
Daniel, inocentemente, achava que tinha disfarçado bem. Ele continuava assistindo ao filme como se nada tivesse acontecido, mas eu sabia que aquilo não era algo que poderia ser ignorado. Não por mim, pelo menos. Cada segundo que passava, eu me via dividida entre o papel de mãe e a mulher solitária que eu me tornei.
Quando o filme acabou, ele se levantou rapidamente, provavelmente aliviado por poder escapar daquela situação constrangedora. Mas eu fiquei ali, sentada no sofá, tentando organizar meus pensamentos. Sabia que, a partir daquele momento, nada mais seria como antes.