Acordei sentindo meu corpo pesado e febril. A cabeça latejava e minha pele parecia queimar mesmo com o frio de 14 graus lá fora. Momentos assim sempre me faziam lembrar do orfanato. Quando eu ficava doente, eram os funcionários que cuidavam de mim, mas não havia carinho, só o básico. Nunca tive alguém para me ajudar de verdade nesses momentos. Eu sempre tive que cuidar de mim mesmo. E hoje não seria diferente.
Levantei com dificuldade e enviei uma mensagem para o RH do posto, explicando a situação. Com o inverno rigoroso, sabia que precisava justificar minha ausência com um atestado. Mesmo contra a minha vontade, me arrastei até o UPA. A febre já estava perto dos 38 graus, e a enfermeira, com o rosto sério, aplicou duas injeções para ajudar a controlar os sintomas. Saí de lá com o braço dolorido, um atestado de três dias e a recomendação de repouso absoluto. Como se fosse fácil na minha rotina.
De volta em casa, tentei ser produtivo. Separei os ingredientes para fazer uma sopa. Mas antes mesmo de começar, o cansaço me venceu. O frio parecia penetrar os ossos, e me deitei para tentar descansar um pouco. O sono veio rápido e, com ele, um sonho estranho.
Sonhei que tinha uma família. Estávamos todos sentados à mesa, rindo, conversando, e eu me sentia amado. Mas não conseguia ver os rostos deles. Eram como borrões. O cheiro de comida caseira estava tão real que parecia invadir o meu quarto. Quando acordei, estava suado, mesmo com o frio lá fora. Levantei para tomar um banho quente, tentando espantar a sensação estranha que o sonho deixou.
Foi então que alguém bateu à porta. Fiquei confuso por um momento antes de abrir. Era o Fernando. Eu tinha esquecido completamente que marcamos de nos encontrar. Ele estava vestido como um personagem de jogo, com uma fantasia elaborada e cheia de detalhes.
— Joel, você tá péssimo. — foi a primeira coisa que ele disse, me olhando de cima a baixo. —
— Meu Deus, Fernando. Eu esqueci. — soltei assustado e colocando a mão no rosto. — Amanheci um pouco doente e acabei pegando três dias de atestado.
Ele notou os ingredientes espalhados pela pia antes que eu pudesse responder. Sem dar muita escolha, tomou a liderança.
— Já almoçou?
— Não, eu ia fazer uma sopa de legumes, mas acabei dormindo. — confessei, abraçando o meu corpo, pois senti frio.
— Vai pra cama. Eu cuido disso. Toma o remédio que o pessoal do UPA te deu. — ordenou, me empurrando de volta para o quarto.
— Cara, vai pro teu evento. De verdade, eu tô bem. — menti, embora me sentisse fraco e com muito frio.
— Joel, evento de cosplay tem todo mês. Eu não vou fazer falta. — disse ele, tirando parte do adereço do traje. Fernando era teimoso, mas tinha algo fofo naquela determinação.
Deitei na cama enquanto ele cozinhava, e meu celular vibrou com mensagens dos amigos do trabalho. O Lucas, claro, não perdeu a oportunidade de mandar uma foto exibindo os gominhos da barriga e dizendo que sentia minha falta. Já o Murilo perguntou se eu precisava de algo. Respondi que um amigo estava cuidando de mim.
Acabei dormindo de novo e tive outro sonho estranho. Dessa vez, era um jantar com minha família imaginária. O cheiro da comida e o calor do momento eram tão reais que quase doía quando acordei. Encontrei Fernando me cobrindo com um cobertor e avisando que a sopa estava pronta. Ele estava usando uma das minhas roupas, que ficaram folgadas nele, mas achei que combinava.
Ele trouxe um prato com sopa e um copo de suco de laranja.
— Onde conseguiu esse suco? — perguntei.
— Saí pra comprar carne pra sopa, e sua vizinha me perguntou de você. Expliquei a situação, e ela ofereceu. Suco natural é rico em vitamina C. Você precisa melhorar logo. — explicou ele, orgulhoso.
Um trovão cortou o silêncio, e a chuva começou a cair lá fora. Apesar de ainda fraco, comi a sopa enquanto Fernando limpava a cozinha e cantarolava baixinho. Ele tentou pedir um carro por aplicativo, mas ninguém aceitava a corrida por causa da chuva.
— Acho que vou pro metrô. Tá ficando tarde. — disse ele, pegando suas coisas.
— Você vai embora nessa chuva? — questionei, um pouco preocupado.
— Relaxa. O coletivo passa em dez minutos. — respondeu ele, já tirando a roupa de cosplay para trocar.
— Ei, fica. — pedi, sem pensar. Arrependi-me no mesmo instante.
— Tem certeza? — perguntou ele, surpreso.
— Tá chovendo, e você me ajudou. O mínimo que posso fazer é te dar abrigo.
— Posso dormir no sofá. — sugeriu ele.
— Dorme comigo. — falei sem pensar. Afinal, não seria a primeira vez. Não significava nada... certo?
— Tudo bem. Ah, eu coloquei umas roupas suas. O traje do cosplay estava incomodando. — Fernando explicou.
— Sem problemas, cara. E obrigado pela sopa. Estava deliciosa. — agradeci, levando para colocar o prato e copo na pia.
A febre ainda me consumia, e os remédios, com seus efeitos colaterais, tornavam tudo pior. A sonolência me fazia querer ficar na cama o dia inteiro, mas a chuva lá fora não ajudava. Ela caía incessantemente, atravessando a noite e se estendendo pela madrugada. Quando finalmente abri os olhos na manhã seguinte, um cheiro reconfortante invadiu o quarto: café fresco. Olhei para o relógio e me assustei. Já passava das dez.
— Meu Deus, Fernando! Você não me acordou? — perguntei, ainda com a voz rouca.
— Claro que não. — ele respondeu, concentrado no fogão.
Tentei me levantar, mas meu corpo pesava como chumbo, e a cabeça parecia prestes a explodir. Fiquei deitado, sentindo-me miserável. Além de febril, estava feio, suado e fedido. O que Fernando pensaria de mim? A ideia de alguém me vendo assim me deixava desconfortável.
— Sua temperatura continua alta. Sério, você precisa comprar um termômetro para essas situações. — disse ele, sem se virar, enquanto mexia algo no fogão. — Estou preparando uma sopa de aveia pra você. E, aliás, passei no mercado e comprei banana e mais laranjas. A cidade está um caos. A chuva deu uma trégua de manhã, mas voltou com tudo. E, para melhorar, a energia caiu.
— Caramba... — murmurei. — Acho que vou tomar um banho gelado mesmo, já que não tem chuveiro quente. — Tentei levantar, mas caí de volta na cama, frustrado. — Merda...
— Espera aí. — pediu Fernando, desligando o fogão e vindo até mim em poucos passos. O apartamento era pequeno, o que facilitava as coisas. — Eu te ajudo. Vou te dar banho.
— Não precisa, Fernando. — protestei, tentando afastar a ideia. Mas ele não se deu por vencido.
— Qual é, Joel. Já te vi pelado e suado antes. Dar um banho em você é o menor dos problemas. — respondeu ele com um tom prático, quase como se fosse óbvio.
Sem forças para argumentar, acabei cedendo. Ele me ajudou a levantar e me apoiou até o banheiro. A cena era tudo menos sensual. Ele manteve o olhar respeitoso, e seus gestos eram cuidadosos, como se estivesse lidando com algo frágil. Abriu o chuveiro, testando a água, e depois me ajudou a sentar no banquinho que ficava no canto do box.
— Relaxa. Só vou lavar o básico pra você não se sentir tão ruim. — disse ele, pegando o sabonete.
Eu me senti vulnerável, mas não de uma maneira ruim. Era estranho... mas também reconfortante. Pela primeira vez em muito tempo, alguém estava cuidando de mim sem esperar nada em troca. Ele lavou meu rosto, meus braços e o tronco com cuidado, e em nenhum momento a situação pareceu constrangedora. Naquele momento, percebi que Fernando tinha razão. Já tínhamos passado por tanta coisa juntos que aquilo era só mais um gesto de amizade.
Depois do banho, ele me ajudou a vestir um pijama limpo e me levou de volta para a cama. A febre ainda me deixava mole, mas pelo menos eu me sentia mais humano.
— Agora você vai comer, nem que eu tenha que te obrigar. — avisou Fernando, voltando à cozinha.
Sem apetite, acabei engolindo o mingau de aveia aos poucos, junto com uma banana e alguns gomos de laranja. Não era muito, mas já me ajudava a ganhar alguma energia. Tomei os remédios indicados pelo médico enquanto Fernando limpava tudo e organizava o espaço.
— Pronto. Agora você descansa. — disse ele, deitando-se ao meu lado na cama, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Vamos assistir algo. Escolhi uns vídeos idiotas no YouTube. Tenho certeza de que você vai rir.
E foi o que fizemos. Entre um vídeo de pegadinhas e outro de animais fazendo coisas engraçadas, percebi como a presença dele tornava aquele dia ruim um pouco mais suportável. A chuva lá fora continuava implacável, e as ruas do bairro estavam alagadas, mas pelo menos eu não estava sozinho.
Na hora do almoço, ele esquentou a sopa para mim e preparou iscas de carne para ele mesmo. Quando a noite chegou, jantamos à luz de velas, acompanhados apenas do som da chuva e dos vídeos que assistíamos no celular dele, graças ao carregador portátil que ele sempre carregava consigo.
Era um cenário improvável, mas não totalmente ruim. Enquanto ele ria de algo na tela, percebi o quanto era bom ter alguém por perto. Mesmo que fosse apenas por um dia.
Acordei me sentindo outro, bem melhor do que nos últimos dias. A prova disso? A fome absurda que veio junto com a energia renovada. O cheiro da chuva ainda pairava no ar, e o silêncio do apartamento era quase reconfortante. Levantei decidido a preparar algo simples, mas especial: tapiocas com queijo, uma das poucas coisas que aprendi a fazer no orfanato e que sempre me traziam certo conforto.
Enquanto mexia na frigideira, concentrado no calor que emanava do fogão, ouvi uma voz que quase me fez derrubar o queijo.
— Olha quem tá melhor! — era o Fernando, encostado na porta da cozinha, com aquele sorriso que só ele tem e o cabelo todo bagunçado.
— Nossa, Fernando! — soltei, ainda meio assustado. — Esqueci que você estava aqui.
— Pelo visto, já tá bem melhor. — comentou, puxando uma cadeira e se sentando, enquanto me observava.
— Uns 80%, eu diria. — respondi, tentando parecer mais casual, enquanto virava a tapioca na frigideira e sentia o cheiro delicioso se espalhar pela cozinha.
Tomamos café juntos. Fernando falava e ria, deixando o ambiente ainda mais leve. Ele comentou sobre a energia que finalmente tinha voltado e aproveitou para mandar uma mensagem para a chefia, explicando a situação. Fiquei surpreso quando ele disse que queria passar mais um dia comigo. Não estava acostumado com alguém me cuidando por tanto tempo assim, mas confesso que gostei da ideia.
No final da tarde, depois de tomar outro banho – sozinho, dessa vez – me senti ainda melhor. A febre tinha ido embora de vez, e a sensação de frescor me deu ânimo. Quando saí do banheiro, encontrei o Fernando na cozinha, concentrado, preparando o almoço. O cheiro de molho fresco e macarrão me fez perceber o quanto eu estava faminto.
Durante o almoço, comi sem culpa. O macarrão estava maravilhoso, e Fernando parecia se divertir ao me ver devorar o prato. Mas, enquanto comíamos, uma tensão começou a pairar no ar. Algo que, até então, tinha sido deixado de lado por causa da doença. Agora, com a minha melhora, essa tensão parecia quase palpável.
Quando terminei de comer, me joguei na cama, satisfeito. Mas Fernando ficou ali, me observando por um tempo, até se aproximar e sentar na beira da cama. Seus olhos estavam fixos nos meus, sérios, como se ele tivesse tomado uma decisão.
— Tá mesmo melhor, né? — ele perguntou, a voz baixa, mas com uma ponta de algo que não consegui identificar de imediato.
— Melhor que nunca. — respondi, tentando soar confiante, mas o calor que subiu pro meu rosto denunciava meu nervosismo.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se inclinou e me beijou. O gesto foi tão inesperado, tão intenso, que me deixou sem reação por alguns segundos. As mãos dele seguraram meu rosto com firmeza, e o beijo era diferente, carregado de uma energia que nunca imaginei ver nele. Fernando, sempre tão doce e fofo, agora era alguém completamente diferente.
Ele me empurrou de leve para o colchão, e cada movimento dele era certeiro, seguro. O jeito como ele me tocava, como explorava meu corpo com confiança, me deixou surpreso. Era como se ele fosse duas pessoas em uma: o amigo gentil e o homem viril, intenso.
— Não sabia que você era assim... — murmurei, ofegante, enquanto ele beijava meu pescoço, provocando arrepios por todo o meu corpo.
— Assim como? — ele perguntou com um sorriso de canto, a voz rouca de desejo.
— Intenso. — respondi, puxando-o para mais perto, sem conseguir disfarçar a excitação.
Fernando riu baixo, um som que fez todo o meu corpo reagir. Cada toque, cada movimento, parecia calculado para me enlouquecer. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e eu cedi completamente, deixando que ele assumisse o controle. Não tinha como lutar contra aquilo, e, sinceramente, eu nem queria.
Tirei as roupas e me entreguei a ele. Pela primeira vez, o Fernando me fez sexo oral. Lambeu meu pau e as bolas. Em seguida, me colocou na posição de frango assado e linguou meu cú. Gemi gostoso, pois adorava aquela sensação de prazer extremo e Fernando aproveitou para me deixar louco.
— Você tem uma língua maravilhosa. — falei.
— Agora quero sentir a tua língua também. — Fernando admitiu.
Eu amava o pau do Fernando. Ele era proporcional, com uma pele de tom uniforme e saudável, sem manchas ou irregularidades. A glande tinha um contorno suave e harmonioso, com uma cor levemente rosada que contrastava delicadamente com o restante. Com veias discretamente visíveis que me deixavam louco. Passei a língua em cada parte daquele pau.
Com as mãos, Fernando forçava a minha cabeça contra o seu pau, mas logo parou. Acho que lembrou da minha febre e ficou com pena. Então, pedi para o sentir dentro de mim. O Fernando encapou o pau e meteu gostoso.
— Caralho. Não para, por favor. — pedi, enquanto me masturbava.
Os momentos que se seguiram foram um turbilhão de sensações. Fernando era atencioso e, ao mesmo tempo, selvagem. O contraste me deixou sem fôlego, e quando tudo terminou, estávamos deitados lado a lado, tentando recuperar o fôlego. A chuva lá fora era o único som que preenchia o silêncio confortável entre nós.
— Eu te disse que tenho cartas na manga. — ele disse, rindo enquanto passava os dedos pelo meu cabelo.
— E eu claramente subestimei você. — respondi com um sorriso preguiçoso, sentindo uma paz estranha, algo que eu não sabia que precisava até aquele momento.