Seis meses atrás. Juliana se consultara com Pérola, a cartomante mais disputada de Campinas. Entre velas derretidas e cartas manuseadas com solenidade. Pérola ergueu os olhos e anunciou o veredicto: o casamento com Rafael seria um naufrágio.
Um amor de adolescência condenado à asfixia dos dias iguais.
Juliana, sempre cética, riu de canto de boca e pensou: ‘Bobagem, charlatanismo.’
No entanto, à noite, após transar com Rafael, na cama, ao lado do noivo, as palavras da vidente tilintavam em sua mente como uma profecia inescapável. Pérola fora categórica: para escapar da infelicidade, ela deveria se entregar a outros homens.
O dilema roía-lhe a alma. Nunca, em toda a sua existência de mulher disciplinada. Juliana pertencera a outro além de Rafael, suas primeiras experiências, seus beijos inaugurais, seus lindos seios suculentos, sua incrível vagina, seu delicioso ânus — tudo era dele e somente do noivo. Havia pureza nisso, porém um peso esmagador.
Juliana não se lançou ao abismo de imediato. A decisão fermentou dentro dela por seis longos meses, lenta, sutil, como um veneno adocicado escorrendo na corrente sanguínea.
Quando finalmente aceitou o chamado do destino, não houve hesitação. Trair Rafael não seria um capricho, tão pouco uma aventura vulgar. Seria uma redenção.
A primeira traição:
Naquele começo de tarde em Campinas. 26° graus, era a temperatura ambiente. O sol morno filtrava-se entre as nuvens esparsas, iluminando as ruas com um brilho difuso.
O asfalto exalava um leve vapor, resultado do encontro do calor com a umidade da manhã chuvosa. Os odores urbanos misturavam-se ao aroma de comida recém-preparada nas mesas dos restaurantes, com os perfumes das flores na banca de esquina.
O burburinho das ruas era constante: buzinas continuas, vozes misturadas e o ronco dos motores, compondo a trilha sonora daquela tarde de quarta-feira.
Juliana, saiu do consultório de decisão tomada, guardando na bolsa sua aliança dourada de noivado. Seus passos eram apressados, o salto branco ressoando contra o piso de granito do prédio. Seus cabelos lisos e alinhados, deslizavam sobre os ombros, e o vestido bege justo, abraçava cada curva.
O tecido aliciava suas coxas, no mesmo momento em que ela caminhava, e a cada movimento, sentia-se mais encorajada, mais dona de si. O batom vermelho acentuava seus lábios, e o aroma adocicado de seu perfume deixava um rastro narcótico no ar.
Ela atravessou a calçada movimentada segurando sua bolsa, os olhos verdes analisando o arredor em um brilho bisonho, faminto.
Os homens que passavam por ela a olhavam, alguns disfarçadamente, outros sem pudor. Mas Juliana havia traçado um plano, buscava algo mais, algo que apenas o desconhecido poderia lhe proporcionar.
Ao chegar na parada de ônibus, um coletivo de cores vermelho e branco, surgiu dobrando a esquina, e ela, que não utilizava transporte público, ergueu o braço, e deu um sinal sutil para sinalizar.
O veículo parou, emitindo um suspiro de ar comprimido, quando as portas se abriram. Juliana deu um suspiro e subiu dois degraus, o olhar já percorrendo os assentos, ao passo que seu corpo se movia com o balançar do veículo.
O cobrador, um homem robusto, careca e mal-encarado, lançou-lhe um olhar curioso, mas Juliana não se importou, o cumprimentou, deslizou a mão pela bolsa, tirou uma nota de dez reais e o entregou ‘sorrindo’, sem mostrar os dentes.
Ao receber o troco, passou pela catraca, seus quadris moveram-se lentamente. Daquela posição, Juliana já tinha escolhido seu alvo.
Era Venâncio: o sujeito estava sentado na parte do fundo do ônibus, com o ombro esquerdo encostado no vidro da janela, as pernas entreabertas num trejeito despreocupado.
Venâncio, tinha 45 anos, casado, cinco filhos e seu aluguel andava atrasado há três meses. Em outras palavras: um fodido da vida.
Sua pele encontrava-se marcado pelo sol e pelo tempo. O rosto forte, de traços rudes, era emoldurado por um cabelo curto e grisalho. Vestia uma camisa listrada de tecido fino, suja de respingos de tinta, e uma calça jeans surrada, manchada com várias de cores de tinta seca. Ele era pintor de residências e pedreiro nas horas vagas, suas mãos eram grandes, calejadas, a pele áspera de quem lidava com trabalho pesado.
Juliana, que media 1,60 cm de altura, se aproximou lentamente, sentindo o olhar de Venâncio sobre si. Ele a observava como quem vê algo raro, algo fora do seu universo costumeiro. E era exatamente isso que ela queria.
“Posso me sentar aqui?” — perguntou Juliana, sua voz pejada de doçura e astúcia.
Venâncio desconfiou por um segundo, ajustando-se no banco para lhe dar espaço.
“Claro… à vontade.” — Sua voz era roufenha, baixa, e Juliana percebeu um leve tremor nas mãos dele ao ajeitar-se.
Ela acomodou-se ao lado dele, movimentando-se as pernas com demora. O vestido subiu um pouco, salientando a pele macia de suas belas coxas. Juliana observou o olhar de Venâncio deslizando, cauteloso sobre seu corpo. Um sorriso brincou nos lábios dela.
O jogo estava apenas começando:
O ônibus seguiu seu percurso, sacudindo sem brusquidão os corpos ali dentro. O contato entre eles tornou-se inevitável. O braço de Venâncio roçou o dela, e Juliana não se afastou. Pelo contrário, moveu-se levemente, aproximando-se mais. Sua perna tocou a dele.
Eles fizeram o primeiro contato visual, se olharam por alguns instantes e sorriam em uníssono, um riso curto e tímido.
“O senhor trabalha com o quê? — perguntou ela, de repente, curiosa, desnivelando-se um pouco mais para perto do sujeito, o hálito quente atingindo a pele do pescoço de Venâncio.
“Pintor… encanador… pedreiro, faço um pouco de tudo, dona.” — Ele respondeu, tentando manter-se calmo.
No entanto, Juliana percebeu sua respiração ganhar um ritmo diferente, quase imperceptível, mas ali, latejando entre a expectativa e o desejo.
— “Imagino que seja duro, não? Trabalho pesado… exaustivo… árduo…” — Sua voz desceu uma oitava, roçando a provocação.
Em um gesto estudado, seus dedos deslizaram preguiçosos pela própria perna, subindo sutilmente a barra do vestido. O tecido fino cedeu, revelando mais da pele, enquanto seus olhos se cravavam nos dele, firmes, lascivos, irremediáveis.
Venâncio ficou em silêncio, fitou seus olhos nos dela. Juliana sorriu timidamente, adorando aquele jogo de inquietude.
“É...” — o pintor murmurou, desviando o olhar por um segundo para o corredor do ônibus, talvez para garantir que não havia testemunhas atentas.
Juliana se inclinou com um ar displicente, os lábios levemente entreabertos, como se o calor da tarde lhe pesasse no corpo.
Fingiu ajustar a alça do vestido, mas, num gesto ousado, os dedos deslizaram até o fecho, desabotoando três botões com a naturalidade de quem abre uma janela para deixar o vento entrar.
Ela esticou tecido discretamente para frente, revelando o contorno suave de uma de suas mamas, um vislumbre breve, mas incendiário, para quem testemunhou. O ombro quase desnudo roçou o braço dele, um toque fugaz, repleto de provocação e erotismo.
Venâncio, que até então mantinha a postura contida de quem encara uma situação perigosa, esbugalhou os olhos. O ar lhe fugiu dos pulmões num engasgo seco, imperceptível, mas Juliana percebeu.
Viu a tensão retesar-lhe os músculos, a hesitação se debaterem contra o desejo que lhe faiscava no olhar.
Ele não disse nada, porque não havia mais o que dizer. O jogo já estava em andamento, e Juliana sabia que havia vencido.
“Sabe… eu gosto de homens fortes… de verdade…” — cochichou ela, a voz quase inaudível, todavia, repleta de insinuações.
Venâncio tomou coragem e a encarou, o olhar escurecendo de dúvida e desejo. Ele sabia o que ela estava fazendo. Mas não resistia.
“O que você quer, moça? Tá a fim de uma sapecada?” — A voz de Venâncio saiu rouca, um mesclado de perplexidade e excitação.
Seus olhos escuros fitaram os de Juliana, com uma intensidade crua, animalesca, como se tentassem decifrá-la, como se precisassem de uma confirmação para acreditar no que estava acontecendo.
Juliana olhou com discrição ao redor, certificando-se de que ninguém prestava atenção no pequeno teatro de sedução que encenavam ali nos últimos assentos.
O ônibus seguia seu curso, os poucos passageiros imersos em seus próprios problemas — olhos presos às telas dos celulares, cabeças recostadas nos vidros manchados de poeira, alheios ao que acontecia a poucos metros.
Então, num sorriso de moleca travessa, Juliana se inclinou, deixando seu perfume doce invadir o ar entre eles. Roçou os lábios contra o ouvido de Venâncio, quase sem tocá-lo, em um cochicho apinhado de prometimento proibido, disse:
“Quero que venhas comigo.”
À medida que falava, seus dedos ágeis subiram até o decote e abotoaram, uma a uma, as casas do vestido que há poucos segundos haviam se aberto para ele. Era como fechar uma porta que, em breve, seria escancarada de novo — mas em outro cenário, onde o jogo poderia ser jogado sem subterfúgios.
Venâncio passou a língua pelos lábios secos, nervoso. Olhou para ela, depois para a rua, como um homem prestes a saltar de um penhasco. Mas Juliana já sabia a resposta dele antes mesmo que ele respondesse. Não havia retorno.
Sentindo o instante exato em que a indecisão dele se dissolvia, Juliana pousou a mão em sua coxa, os dedos pressionando com leveza, como quem dá uma ordem sem palavras.
“Vai, anda, levanta.” — disse ela.
Venâncio prendeu a respiração. Por um segundo, ficou ali, olhando para ela, talvez tentando entender como uma mulher como aquela, elegante e inalcançável, acabou de escolhê-lo. Mas não havia tempo para raciocínios — apenas instinto.
Levantou-se primeiro, os dedos agarrando o apoio dos bancos para manter o equilíbrio. Juliana esperou apenas um instante, depois fez o mesmo, ajeitando discretamente o vestido sobre as coxas enquanto sentia o bafo quente dele em sua nuca.
A tensão entre os dois era corpóreo, um fio invisível que os ligava e queimava.
O ônibus desacelerou, parando no ponto seguinte com um solavanco suave. Sem trocar uma única palavra, desceram, as solas dos calçados batendo contra o asfalto quente da calçada.
O sol de Campinas caía sobre eles como um holofote, expondo-os ao olhar fugaz dos passantes. Algumas cabeças se viraram, curiosas, mas Juliana não se importou.
Ela caminhava na frente, determinada, ciente de que o pintor a seguia, como um leão segue sua presa.
Venâncio conhecia aqueles becos como a palma da mão. Seguiram juntos, lado a lado, pisando firme nas calçadas rachadas, entre postes, muros pinchados e sombras espichadas pelo entardecer.
O silêncio ali tinha um peso diferente, cortado apenas pelo som distante de um motor ou pelo farfalhar inquieto de algum morador de rua revirando sacos plásticos.
Dobraram uma esquina e chegaram ao destino: um casebre esquecido pelo tempo, escondido próximo a uma fábrica desativada, refúgio de viciados e moradores de rua. Antro de abandono — e, naquela tarde, cenário da primeira traição de Juliana.
O casebre respirava a um ar de filme de terror. Paredes descascadas, janelas quebradas, um telhado que rangia a cada rajada de vento.
No entanto, Juliana não recuou. Pelo contrário. Havia um certo atrativo naquele isolamento, um fascínio na decadência.
A porta rangeu ao ser empurrada pelo pintor, revelando um interior impregnado pelo cheiro de poeira e umidade.
A meia-luz do casebre, tornava tudo mais clandestino, mais secreto. O chão sujo, garrafas sem rótulos, latas de cervejas amassadas, os poucos móveis decrépitos, um sofá rasgado que resistia no canto.
Detalhes irrelevantes. Ela entrou sem olhar para trás. Ali, no meio da ruína, Juliana encontrou o local perfeito para o que estava prestes a fazer.
A noiva trepidada pela empolgação, aproximou-se de Venâncio e o beijou excessivamente. Ela parecia possuída, seus lábios se encontraram em um beijo esfomeado, cheio de apetite.
As mãos de Venâncio trespassaram o corpo de Juliana, deslizando pelo vestido bege, sentindo a suavidade de sua pele.
Decidida a não desistir. Ela, replicou ao toque, descendo a mão direita, tocando no pênis do amante. Mas ela subiu a mão e começou desabotoando a camisa dele, revelando um peito pouco definido e peloso. A respiração deles dois acelerou, à medida que se tocavam e examinavam os corpos um do outro.
Sem apressar. — Juliana deslizou as mãos para baixo, alcançando suas coxas, subiu o vestido. Com um deslocamento rápido de mãos, também baixou a calcinha. Era preta, fio-dental bem pequeninha, escolhido a dedo para a ocasião.
Quase nua, ela expôs seu capô de fusca, deixando-o livre e pronto para o amante.
“Vem, mas, qual é o seu nome?” — ela brincou, guiando-o em direção a uma mesa velha de madeira empoeirada no centro do cômodo da antiga sala.
Venâncio, dominado pela libido, baixou as calças, revelando uma rola amarronzada, ereta e latejante.
A visão do seu membro rígido, fez Juliana murmurar. Ela ofegou e se debruçou de costas sobre a mesa, erguendo o vestido até a linha da cintura, empinando a bunda para cima, feito uma cadela no cio, oferecendo-se a ser penetrada ao primeiro amante.
Ele gemeu ao olhá-la toda oferecida naquela posição. O pintor se aproximou por trás, posicionando-se entre as pernas abertas de Juliana. Com a mão esquerda, segurou o quadril dela. Com a mão direita, segurava a pica e a guiou, apontando a glande para a abertura úmida e convidativa vagina de sua amante.
Num incitamento poderoso — Venâncio empurrou a rola toda dentro dela, fazendo-a soltar um ganido alto e rouco. A penetração foi selvagem, profunda e intensa, preenchendo-a completamente.
“Meu nome é Venâncio, e o seu, gatinha? — disse o sujeito, sua voz saiu baixa, trêmula, com rouquidão, antes de começar a invadi-la centenas de vezes.
“Ohhh… sim! O meu é Camila” — Juliana mentia em gemidos, gritava, agarrando-se à lateral do móvel para se sustentar.
A mesa rangeu sob a força de seu corpo, à medida que Venâncio empurrava o membro contra ela, desferindo golpes tenebrosos e viris. O casebre, antes sepulcral, agora estremecia com o som febril de corpos em colisão. Os estalos das peles se misturavam ao eco dos gemidos bochornoso, ao roçar de pele contra pele.
Venâncio, segurava as coxas de Juliana com mãos de operário, abrindo-as sem cerimônia, escancarando-a ao desejo bruto que os consumia. Seus movimentos eram firmes, mas não cadenciados.
O sujeito mergulhava fundo a rola nela, arrancando-lhe burburinhos entrecortados, arquejos que pareciam dissolver-se na poeira suspensa do ar.
“Que xana gostosa é essa, dona? — ele soprou entre gemidos, desferindo beijos em seu pescoço. — “Não consigo me controlar.”
A cada virial estocada — Juliana sentia ondulações de sua pele percorrerem seu corpo. Ela curvava as costas, oferecendo-se ainda mais a ele, desejando que o amante a satisfizesse por completo.
Mas Venâncio, consumido pelo desejo, não conseguiu segurar a ereção por muito tempo. O calor, o tesão, o dominou, e com um gemido, ele retirou a rola, deixando-a vazia, pulsante e ansiando por mais.
“Ajoelhe-se”, ele ordenou, a voz rouca de desejo.
Juliana afastou os cabelos úmidos, lançando-os para trás num gesto lânguido, quase felino. Com a obediência pecaminosa de quem já nascera condenada, deslizou os joelhos para o chão diante de Venâncio. Seus olhos, verdes e impuros, fixaram-se no pênis pulsativo entre as pernas dele. Um sorriso sinuoso brincou em seus lábios vermelhos — não havia inocência ali, apenas a antecipação de quem conhece, de antemão, o que estava por vir, o gosto do próprio pecado.
Venâncio segurou a cabeça dela com uma mão, guiando-a para seu membro pulsante. — “Me suga, vagabunda”, ele sussurrou, e ela obedeceu, tomando-o em sua boca com fome, movimentando a cabeça para trás e para frente.
Juliana sugou e devorou, sentindo o gosto salgado do cacete do seu amante em sua língua. Ela o acariciou com os lábios, masturbando-o, sugando-o profundamente, provocando ganidos de prazer que estrugiram pelo casebre todo.
O sujeito segurava seus cabelos, guiando-a em um compasso frenético, até que, com um grunhido, ele explodiu em um gozo poderoso. Juliana sentiu os jatos quentes de sêmen em sua boca e rosto, cobrindo-a quase inteira. Ela engoliu o que pôde, e em volta dos lábios, quando recolheu os resquícios com a ponta da língua.
Mas a tarde de pecado não havia acabado. Venâncio, ainda cheio de energia e desejo, pegou Juliana pela cintura e a deitou na mesa empoeirada, abrindo suas pernas, expondo sua intimidade.
“Agora é a minha vez de te dar prazer”, ele disse, a voz rouca e cansada, olhando para o corpo nu e convidativo de Juliana.
Sem demora, ele posicionou-se na frente dela, inclinando-se para beijar e chupar os lábios vaginais. Suas mãos examinaram o corpo dela, acariciando suas coxas, seios e nádegas, preparando-a para o que estava por vir.
O pintor desceu os lábios, abriu as nádegas de sua amante e a lambiscou no ânus. Juliana rugiu, riu, gritou, seu corpo estremeceu e uivou de excitação.
Com dois dedos, Venâncio tocou levemente o acesso apertado de seu ânus rosado, fazendo Juliana arfar de surpresa.
— “Relaxar, branquinha. Agora a diversão, vai ser aqui”, ele sussurrou, beijando-a no ânus, delicadamente.
Juliana galhofou, seu corpo tremia em cima da mesa, seus olhos reviravam-se. Lentamente, ele inseriu um dedo, sentindo a resistência inicial, mas com movimentos lentos e sensuais, ele a preparou, introduzindo um segundo dedo para a penetração.
Juliana gemia em cima da mesa, com as pernas abertas, uma combinação de prazer e tesão, à medida que seu corpo se ajustava à invasão.
“Estou pronta para você”, ela disse, ansiando por mais.
Venâncio, em uma deslocação de corpo, penetrou-a, entrando com sua rola até a metade. Juliana soltou um grito abafante, um composto de dor e prazer extremo.
“Ahh… meu cu… meu cu…”, ela gritava em gemidos, sentindo cada milímetro do membro do pintor, preenchendo-a no ânus.
Venâncio movia-se lentamente no início, permitindo que ela se ajustasse à sensação da penetração anal. Ele a segurava pelos quadris, ficando as pontas dedos na sua pela macia e cheirosa.
Aos poucos, a cadência aumentou, e a mesa voltou a ranger com a força das suas peles se chocando. Juliana agarrava-se à mesa, seus seios balançando com cada estocada, enquanto Venâncio a penetrava com força, impulso e vigor.
“Me fode… me fode mais!”, ela gritava essas palavras repetidamente, incitando-o, dando-lhe total liberdade a ir mais fundo.
Venâncio, gerido pelo desejo, cumpria aos seus pedidos, penetrando-a com força e profundidade. O buraco do ânus, ia se alargando mais a cada golpe.
A transpiração escorria por seus corpos, misturando-se ao calor do ambiente. Finalmente, o gozo se aproximou.
Venâncio grunhiu os dedos dos pés, que estavam nas botinas pretas. Ele alcançou seu limite, estourando em um orgasmo potente.
A lindíssima Juliana, sentiu a quentura de seu sêmen jorrando dentro dela, a enchendo por completo. Ele tirou a rola de dentro e ficou esfregando a cabeça na entrada do ânus, às vezes colocando apenas glande e já tirava.
Venâncio acabado, suado, abatido, afadigado, deu dois passos para trás, e ‘caiu’ no sofá velho, rasgado, empoeirado do casebre.
Juliana, com seu sofisticado vestido bege, estacionado no meio do seu corpo, continuou em cima da mesa. Seu ânus ainda despejando esperma, as pernas balançando de exaustão, respirando pesadamente enquanto olhava para a janela. Sua pele branca e macia, estava marcada por vermelhidões e marcas de dedos.
O casebre abandonado, testemunhou sua primeira traição, e o silêncio que se seguiu por algum tempo, era a prova do pecado.
Exaustos e saciados. Juliana e Venâncio galhofaram, vestiram-se sem pressa, como se ainda prolongassem o crime recém-consumado.
O corpo dela portava marcas de dedos ásperos, o vestido tingido por uma poeira grossa. Ela ergueu-se e desceu da mesa, pegou do chão a bolsa e tirou pequenos lenços umedecidos, limpando o que podia. Alisou o tecido amarrotado, ajeitou os cabelos e, com a dignidade intacta de uma pecadora convicta, cruzou a porta do casebre ao lado do amante.
Na rua quase deserta, o mundo seguiu indiferente ao que acontecera ali dentro. Juliana não lhe deixou palavras, nem promessas, nem sequer um olhar frio de despedida.
O primeiro táxi livre que surgiu foi o suficiente. Entrou, deu o destino, falando para onde queria ir e partiu, sem olhar para trás.
Mais tarde, ao entrar no apartamento que dividia com o noivo e futuro marido Rafael. Juliana repetiu para si mesma, como uma reza, que aquela havia sido a primeira e última vez.
Jurou em silêncio, com a solenidade dos que querem se enganar.
Na cama, ao lado do noivo, após transar com o amado. Ela tentou se convencer de que nada havia mudado.
No entanto, assim que fechou os olhos, sentiu a diferença abismal entre os dois mundos que agora conhecia: de um lado, o homem que a amava, que a respeitava, que sabia seus gostos, que percorria seu corpo desde a juventude; do outro, o desconhecido do ônibus, com quem cruzara olhares e palavras pela primeira vez, e que, ainda assim, a tomara feito um animal, beirando a um defloramento, como se tivesse direito sobre ela.
No dia seguinte, na tarde de quinta-feira, movida por um ímpeto que não ousava nomear. Juliana voltou ao pequeno sobrado de Pérola. Sentou-se à frente da cartomante, contou-lhe absolutamente tudo, com a sofreguidão de quem busca absolvição.
Pérola ouviu em silêncio cada palavra, embaralhou as cartas e, com um olhar de quem enxerga além do tempo, deu-lhe o veredito:
“Ela poderia se casar com Rafael, construir ao lado dele uma vida perfeita, ter filhos, festejar festas de família e emoldurar fotografias sorridentes na sala. Porém, se quisesse ser realmente feliz—e mais do que isso, próspera—teria que dividir sua vida entre o lar e os amantes.”
Ao deixar o sobrado da cartomante. Juliana atravessou a cidade, seus pensamentos latejavam na mente. As palavras da cartomante gotejavam dentro dela, impregnadas na carne, no sangue, no desejo.
À noite, colocou seu melhor sorriso e preparou um jantar caprichado para Rafael. À mesa, luz de velas, vinho tinto e a promessa de um amor eterno, dita em voz delicada e os olhos úmidos. Rafael sorriu, encantado, e beijou-lhe a mão com devoção. Juliana retribuiu, mantendo o sorriso. Eles tiveram uma noite de sexo e dormiram tranquilos.
No dia seguinte, horário de almoço. Ao sair do seu consultório, trajava calça e camiseta branca ajustadas ao corpo, além do jaleco dobrado no braço. Seus passos eram apressados, postura profissional, segurando uma bolsa.
Contudo, ao chegar ao estacionamento, trancou-se dentro do carro e começou a transformação. Despiu-se sem pressa, tirando a camisa, depois deslizando a calça pelas pernas, dobrando-a com zelo antes de colocá-la no banco de traseiro do seu automóvel.
No lugar, uma saia florida, justa, que lhe marcava as ancas. Antes os tênis, agora um par de sandálias de saltos, que a fazia andar com sensualidade, em um compasso ritmado. O cabelo, antes preso, libertou-se, retocou a pintura, delineou os beiços num vermelho intenso e olhou-se no retrovisor. Estava pronta.
Dirigiu tranquila, pelas ruas de Campinas, cruzando avenidas, tibungando no anonimato. Estacionou o carro num supermercado qualquer, pagou o ticket do estacionamento e seguiu a pé, com sua bolsa pendendo no ombro e os quadris rabiscando um caminho próprio.
Ao chegar no ponto de ônibus, não havia preferência. Olhou para os homens ali presentes—jovens e velhos, bonitos, ordinários, brancos e negros. Não importava. O que ela buscava não era beleza, tampouco afeto. Queria a experiência crua, a excitação do risco, a confirmação da profecia de Pérola.
Quando o coletivo parou rente a sarjeta, Juliana subiu segurando a bolsa, deu alguns passos, e o olhar afiado para o fundo do ônibus.
Pronto, ela escolheu um homem e, esperou o primeiro olhar dele se demorar sobre ela. O primeiro que lhe desse abertura. O primeiro que, sem saber, tornaria-se cúmplice de sua nova vida.
Em breve, o terceiro capítulo…