Enfim a sexta chegou, estou saindo do trabalho completamente morto, mas com um pouco de esperança de que amanhã o jogo não seja um completo desastre, afinal não quero mexer com a autoestima dos moleques só porque eles tem pais babacas que não fazem ideia de como funciona um campeonato esportivo. Não é que nosso time reserva seja ruim, existe uns dois que jogam bem e um mediano, agora os outros são abaixo da média.
Essa semana nos esforçamos para entrosar o time e ensaiar jogadas exaustivamente, no fim mesmo perdendo conseguimos melhorar o time pelo menos, já que os reservas melhoraram um pouco depois de uma semana, isso serviu para pensarmos em uma forma de treinar o time como todo para que possa acontecer um rodízio maior de jogadores nos próximos jogos, já que Tales é obrigado a escalar o time inteiro nos jogos.
Queria poder dizer que o ânimo do meu chefe melhorou essa semana, mas não aconteceu, acho até que piorou, Téo por outro lado está bancando o superado, ele come na minha casa todo dia de manhã e nenhum desses dias tocou no assunto Tales, porém fez questão de me contar que saiu com um funcionário da universidade e com um carinha que ele conheceu em um aplicativo.
Estou saindo da escola quando vejo Junior entrando no carro do pai dele, Mauro me viu de dentro do carro e acenou para mim, aceno de volta e sigo meu caminho para minha parada de ônibus, mas ele me segue com o carro até parar do meu lado.
— Tio Ricardo meu pai disse que podemos dar uma carona pro senhor — Junior diz todo animado enquanto Mauro sorri discretamente.
— Não precisa Júnior, mas obrigado.
— Podemos te levar, Ricardo, não é nenhum incomodo — Mauro entra na conversa.
— Tudo bem então — já que foi o Junior quem pediu ao pai, acho que não tem problema aceitar.
— Filho vai pro banco de trás pro Ricardo ir na frente.
— Sim senhor — Júnior passa para o banco de trás sem reclamar, já tinha reparado que ele é muito obediente com o pai.
— Então como vai ser o jogo amanhã? — Mauro me pergunta fingindo que não tivemos essa mesma conversa ontem à noite por telefone antes de dormir.
— Conseguimos formar umas jogadas, Junior vai poder jogar, mas não o jogo todo, vamos fazer um esquema de rodízio com as substituições para tentar um empate.
— Não vamos empatar, vamos vencer tio Ricardo — Junior é um moleque muito confiante.
— É isso ai filho, tem que entrar para vencer — Mauro reforça a competitividade do filho, não acho isso tão saudável, mas não posso me meter na criação do filho dele né.
Mauro conhece meu endereço até vendado, mas por seu filho está no carro ele me perguntou como chegava na minha casa, então fui guiando até lá, mas fiz questão de pegar o caminho mais longo só de zoeira, em alguns momentos ele até tenta pegar um caminho mais rápido, mas o impesso.
— Não, essa rua não dá certo, tem que pegar a avenida mesmo.
— Tem certeza, porque o lugar que você me disse acho que por aqui dá certo — ele até parece está se divertindo com nosso jogo.
— É melhor seguir o caminho que o tio Ricardo tá falando pai, o senhor não sabe onde ele mora.
— Pois é senhor Mauro, a avenida é melhor para chegar lá.
— A avenida está parada com o trânsito um hora dessas, tenho certeza que consigo acertar indo por dentro.
— Mas aí não vou saber qual rua você deve entrar, só conheço o caminho indo pela avenida sinto muito — ele é obrigado a ceder no fim e assim pegamos um senhor engarrafamento, Junior nem liga de ficar no carro com a gente, ele está falando sobre o treino e em como tem ajudado os amigos durante o treino, Mauro se mantém sério com sua casca de policial durão.
Se nossa relação não tivesse que ser um segredo teria chegado em casa umas meia hora antes — no mínimo — mas sou o segredo dele né, fazer o que, me despeço deles e desço do carro agradecendo a carona, eles vão embora assim que entro no meu prédio, meu apartamento está com a janela aberta e com a luz acesa, quando entro vejo Téo cozinhando camarão na minha cozinha — ele passa tanto tempo aqui que lhe dei uma chave logo e ele me devolveu a da casa dele é quase como se tivéssemos dividindo apartamento ainda, só que com dois quarteirões de distância um quarto do outro.
— Nós jantamos juntos agora também? — Estou mexendo com ele desde que ele se “mudou” por meu apartamento.
— Eu disse ao Tales que tinha um compromisso e que não estaria em casa.
— E por que você disse isso? — Então eles se falaram.
— Ele disse que queria conversar comigo, então disse que já tinha marcado de jantar com uma pessoa.
— Você acha que o Tales é psicopata para ir no seu apartamento mesmo você dizendo que não ia está em casa? — Ainda não entendi nem porque ele está fugindo e nem por que veio para cá.
— Ganhei esse camarão, mas é muito para mim, se quiser posso levar para minha casa e comer sozinho.
— Ei ei, não disse que não quero camarão e segundo você mesmo fala você está em casa — deixo minha mochila no quarto e volto para cozinha para ajudá-lo em algo.
— Tales ama camarão — Téo solta a informação do nada e se cala.
— Então porque não chama ele pra jantar com a gente e depois vocês podem conversar?
— Ele quis terminar, para ele é oito ou oitenta, agora que está sentindo falta de mim ele vem querendo conversar, depois de me expulsar quando fui falar com ele, dessa vez quem não quer papo sou eu — dá para ver que ele está falando isso da boca para fora.
— Não entendo vocês — digo.
— Não tem nada para entender, Tales é passado, estou em outra agora — Téo está tentando convencer a ele mesmo que não se importa, porque comigo esse papo não cola.
— Saindo com quem? Você passou a semana comigo, quando não estava aqui tava no trabalho ou na sua casa dormindo — ele me encara com cara amarrada — tá você fodeu duas vezes essa semana, mas se isso que vocês dizendo fosse mesmo verdade você estaria comendo camarão com seus pretendentes e não com seu aluno.
— Você é meu amigo, pode ficar do meu lado por favor?
— Eu estou e é por isso que acabei de mandar uma mensagem para o Tales convidando ele para jantar com a gente e ele disse que chega aqui em vinte minutos, que é o tempo que tudo fica pronto imagino — Téo me fuzila com os olhos.
— Eu vou matar você, Rick.
— Ai nem vem Téo, eu te amo macho, mas tomar café da manhã com você todo dia já basta, não quero você aqui toda noite também chorando por que não consegue se acertar com seu namorado — mando a real para ele, pois nossa amizade é forte para isso.
Mesmo contrariado, Téo ficou e esperou Tales chegar, fiz ele prometer que não iria brigar antes de abrir o portão. Tales chegou com uma sacola de supermercado, ele me comprimentou e depois diz boa noite para o Téo, por um momento chego a pensar que ele não vai responder, mas para me surpresa ele respondeu de forma educada, só espero que eles se entendam, porque não aguento mais um chefe rabugento.
— Você disse que iria jantar fora? — Tales o questiona com a voz serena, não parece uma acusação pelo menos.
— Bem, estou fora e vou jantar então não menti — Embora sua resposta seja sarcástica ele pelo menos disse com um tom mais amigável.
— Então vamos comer — melhor entrar no meio antes que eles comecem a brigar.
— Você falou tanto dessa sua receita, fiquei curioso para provar — Tales comenta — ah trouxe sorvete e um vinho para gente.
— O sorvete eu aceito, agora o vinho vou ter que passar — pego o sorvete e coloco no congelador para não derreter, depois pego dois copos para que eles tomem o vinho deles — não tenho taças nessa casa, afinal né não fiz chá de casa nova ainda e para falar a verdade não tenho abridor de vinho também.
— Relaxa, esse louco dos vinhos tem um abridor de vinho no chaveiro dele — Téo diz se referindo ao Tales, mas ao invés de se irritar ele apenas puxou seu chaveiro abridor e sorriu.
— Culpado, depois de passar por tanto sufoco para abrir vinho, comprei esse chaveiro na internet e ele tem sido muito útil.
— Massa, agora só falta andar com taças na mochila — brinco para aliviar o clima.
— Eu dei uma térmica para ele, que ela vira copo e taça — Téo diz com um sorriso.
— Verdade, está no carro, vou pegar para gente tomar nela, nada contra seus copos Ricardo, mas vinho é para beber em taça — até que enfim meu chefe está de bom humor.
Ele foi buscar a taça e para minha surpresa Téo está felizinho também, acho que por ver que Tales não deu fim aos presentes que ganhou e que eles dois estão se falando de novo, meu mentor pode ser duram e meu chefe também não é a pessoa mais fácil de lidar, mas acho que esses dois se gostam de verdade então não tem porque continuar com essa briga besta.
Tales e Téo conversaram sobre trabalho e como foi a semana de cada um, fico só observando e contribuindo minimamente para conversa, aos poucos os dois voltam a ter uma sintonia boa, taça após taça eles vão se entendendo, assim quando acabamos o jantar a briga dos dois já não existe mais, diferente da louça que sobrou para mim, mas só em esses dois fazerem as pazes para mim já é de boas.
— Vou indo — Tales começa a se despedir.
— Não macho, tu bebeu, não vai dirigir não, vai dormir lá em casa, vamos — Téo pega a chave do carro para que ele não saia.
— Na verdade nenhum dos dois pode dirigir, vou deixar vocês em casas e assim nenhum dos dois dirige — digo, Téo veio andando aqui para casa, levo os dois no carro do Tales para casa do Téo, estaciono o carro na vaga de frente a ao carro do meu amigo e volto caminhando para casa.
Por esta meio tarde deixei o celular em casa — já que voltei a pé, não quis arriscar — tem uma mensagem do Mauro me dando boa noite e outra do Ciço, respondo boa noite para o Mauro e depois abro a mensagem do Ciço para saber o que ele quer.
— Rick vou com você amanhã, o jogo começa às oito e meia da manhã né, então eu passo ai umas sete para te buscar pode ser? — Ciço não perdeu um jogo desde que comecei a trabalhar com esse time, é legal ter um amigo me apoiando dessa forma.
— Beleza, mas não atrasa porque tenho que chegar antes dos moleques — em outros tempo recusaria a carona, mas Ciço e eu já passamos da fase probatória da amizade.
Enfim minha semana acabou e foi com um saldo positivo eu diria, afinal Téo e Tales fizeram as pazes, Raylan e Guilherme em fim conversaram e parece que agora não existem mais segredos entre eles, meu amigo me agradeceu depois de ter meio que forçado ele a se abrir com o namorado, de qualquer forma continuo fiscalizando as consultas do Raylan, ele não pode parar com a terapia, ainda mais agora que está começando a fazer efeito de novo.
O despertador me acorda às seis, o que foi uma péssima escolha já que dormi muito tarde ontem — graças as minhas visitas — meu celular já conta com uma mensagem de bom dia do Mauro, respondo com uma carinha de sono e vou tomar um banho frio, talvez isso me ajude a acordar. Passei a semana acordando com Téo aqui em casa para tomarmos café da manhã e acho que já me acostumei com essa rotina, o chato é que adoro o pão quentinho que ele trás, mas hoje ele está com Tales e também é sabado, preciso fazer compras.
Bem para minha sorte ainda tem massa de tapioca que deixei pronta na geladeira, não é um pão recém saído do forno, mas modéstia parte minha tapioca é de respeito, pois aprendi a fazer com a Bisa, estou terminando de passar meu café quando a porta do meu apartamento simplesmente se abre e um cheirinho de pão de queijo invade minha cozinha, Téo entra todo animado junto de Tales que parece ainda mais radiante — mesmo com cara de ressaca.
— Te falei que ele foi criado no meio do mato — Téo parece ter acordado de bom humor.
— Pensei que você não ia vir hoje já que é sábado.
— tecnicamente ainda não dormi, estava muito ocupado — Tales ficou envergonhado entregando o que rolou e entre eles ontem a noite.
— Melhor a gente tomar café logo porque tenho que sair daqui a pouco — Tales me encara e percebo sua feição mudar ao notar que também tem que estar no jogo de hoje.
— Relaxa eu levo vocês — Téo o tranquiliza.
— Valeu, mas já tenho carona, Ciço ficou de passar aqui para me levar.
— Eu posso dirigir gente, não estou mais tão bêbado assim.
Depois de comer eles voltam para casa do Téo bem a tempo da minha carona chegar, Ciço veio em sua moto, não como Dan que sempre teve pavor de andar de moto anda por aí com Ciço, já o vi pilotar sua moto mesmo estando bêbado, espero que ele pelo menos tente convencer seu namorado de que isso é um erro perigoso.
— Já tomou café ainda tem se quiser — ele chegou tão cedo que nem sei se já comeu alguma coisa.
— Comi já, a Claudia sempre prepara o café cedo por causa do meu pai — Ciço é rico a ponto de ter empregada isso é meio fora da minha realidade, nunca fiz amizade com gente nesse nível de riqueza.
— Beleza então vamos nessa, não posso me atrasar.
— Você está com uma cara horrível — Ciço deve ter razão, desde que me mudei para Fortaleza minha rotina de sono está meio zoada.
— Só preciso dormir um pouco mais.
— Nem julgo, se pudesse dormiria o dia inteiro também — Ciço tem um bom humor natural que anima qualquer um também.
Seguimos até a escola onde vai acontecer o jogo, meu chefe chegou quase junto com a gente junto do Téo, parece até que combinamos. Téo e Ciço vão juntos para a arquibancada enquanto Tales e eu vamos para quadra falar com o pessoal da organização do campeonato, os moleques começam a chegar também na hora certo ainda bem, eles parecem nervosos, mas não tem erro é só darem o melhor de si e seguir as orientações do treino, nem tudo está perdido.
Que o outro time é forte isso ninguém tinha dúvida, mas os moleques são mais que bons, são quase profissionais, Tales está tentando manter o pessoal focado, mas o placar já está dois a zero para o time rival isso nem acabou o primeiro tempo ainda, nosso time está indo bem, só que não o bastante, assim nos vemos obrigados a pôr em prática o plano do revezamento. Quando Junior entra no jogo ele logo mostra a que veio e faz o primeiro gol do nosso time encurtando a diferença, só que o moleques rivais começam a pôr mais para cima da gente em dar espaço, o primeiro tempo acaba e eles ainda estão na frente, é desanimador pros moleques levar uma surra dessa, mas Tales por sorte está em um ótimo humor e cheio de boas ideias de como podemos reagir.
Nesses momentos é que penso no quanto queria uma chance de jogar, ficar apenas observando sem poder entrar em campo é muito difícil, ainda mais em um jogo tão importante e desafiador como este. O segundo tempo inicia e o moleques partem para o ataque com toda sede, assim como Tales previu uma breja surge meio ao cansaço dos adversários que atacaram nosso time incessantemente no primeiro tempo a fim que desmantelar a moral e a confiança do nosso time, ,Júnior aproveita bem a oportunidade e empatou o jogo.
O moleque brilhou demais, ele matou a bola no peito e fez um gol de bicicleta, inacreditável, isso ajudou a levantar a moral do resto do time, porém fez com o que o time rival jogasse com mais garra, no fim nosso treino valeu muito a pena, pois já havíamos preparados os moleques para jogar pelo empate e no fim acabou sendo uma estratégia mais segura, assim o segundo tempo acabou em um empate de dois a dois, com dois gols feitos pelo Junior, esse moleque me enche de orgulho.
O empate foi comemorado quase da mesma forma que comemoramos uma vitória, afinal a expectativa era que iríamos perder, Ciço está radiante e ele não é o único Téo também está vibrando de felicidade, quando se é amante do esporte você consegue se divertir com o jogo em si e não só com o resultado, entendo bem o sentimento dos meus amigos em relação ao nosso empate, conseguimos empatar um jogo que foi dito que perderíamos, foi um sufoco, mas até que valeu a pena e os moleques aprenderam uma lição importante hoje, de auto confiança e garra no esporte, posso dizer que o saldo foi melhor até do que se tivéssemos vencido.
— Partiu comemorar — Ciço só quer uma razão para encher a cara, mas hoje essa comemoração é merecida.
— Aproveitem, crianças — Téo adoro se comportar como se ele fosse muito mais velho do que eu.
— Você não vem com a gente? — Ciço questiona.
— Dessa vez não, já tenho um compromisso, mas vocês devem comemorar mesmo, afinal foi um jogo difícil.
Ciço me leva para almoçar no restaurante do pai dele, fico meio envergonhado dele não me deixar pagar, mas ele me garantiu que não tem problema, ele é rico então isso não vai falir sua família e nem é sempre também. Ser amigo dele está sendo muito interessante, tipo estou me desprendendo de ideias tortas que tinha, principalmente sobre pessoas ricas, Ciço está longe de ser um cara babaca, ele é um pouco mimado, mas é humilde para caramba o que compensa um pouco, fora que ele tem uns instinto de querer cuidar dos outros assim como eu, é estranho ser cuidado, mas é legal também, acho que nossa amizade está crescendo o suficiente para que eu comece a pegar no pé dele sobre beber e dirigir.
— Amor estamos no papai — ele diz todo animado no telefone — o Rick veio comigo, você quer que eu vá te buscar ou você vai querer vir de carro?
Deixo ele falando com Dan no telefone e vou me servir, tem tanta variedade de carne e de comida, parece até o natal do sítio, a comida daqui também é uma delícia, o pai do Ciço me comprimenta com um gesto de cabeça e passa por mim indo em direção ao seu filho, agora estou um pouco preocupado do pai dele está achando ruim que eu venha almoçar aqui depois dos jogos e não pague pela comida, quando coloco a comida na balança presto atenção no valor para poder pagar depois, não quero gerar mal estar nenhum, depois vou para mesa, Ciço está com uma mini tromba, o pai dele deve ter lhe dado um esporro, que chato, não queria gerar problemas para ele.
— Eu tenho dinheiro na conta e posso pagar o almoço hoje sem problemas viu — digo assim que ele se junta a mim, mas ele me lança um olhar confuso.
— Não macho, eu te convidei relaxa.
— É que não quero que seu pai pense que sou um folgado — começo a me explicar.
— Meu pai? — Agora eu é quem estou perdido — papai te adora amigo fica tranquilo, ele diz que é bom eu está andando com gente que trabalha e estuda e que não fica vadiando por aí, eu tinha uns amigos que não eram muito legais.
— Então o que está te incomodando? — Ele não tem como negar que tem algo errado, já que ele é o cara mais de boas que eu conheço, ficou nítido na cara dele que algo o chateou.
— Nada de mais, o Dan brigou com a Isabel e está meio chateado.
— Ela é bem difícil de lidar mesmo — foi graças a ela que meu pai descobriu o beijo e deu no que deu.
— Ela está melhor sabe, tipo foi Isabel quem mais apoiou a gente quando ele se assumiu para os pais, ela teve um caso com meu tio também e por isso não queria se intrigar com a gente, mas tirando o fato dela ser meio mau caráter ela tem sido uma boa irmã e cunhada.
— Olha difícil de acreditar, eu perdi minha virgindade com ela e foi muito louco quando ela descobriu sobre o beijo, tipo ela criou uma grande confusão por ciúmes eu acho.
— Que beijo? — Eu comentei sobre o beijo sem pensar, tipo claro que o Ciço não sabe sobre, será que Dan realmente nunca contou para ele sobre?
— Isso aconteceu a muito tempo, muito mesmo — Não queria ser eu contando isso para ele, mas não vejo uma maneira segura de sair dessa sem causar um estrago maior.
— Vocês ficaram? — Ciço não parece zangado, porém está muito surpreso.
— Não, olha essa história não é só minha para te contar, mas o que posso te falar é que demos um beijo, depois disso Isabel contou ao meu pai e fui obrigado a mudar pro interior — Ciço fica pensativo.
— Então se você não tivesse ido embora, vocês teriam namorado?
— Teríamos nos machucado, eu pensei muito no sitio sobre esse beijo e olha Ciço de verdade eu amo o Dan, mas não dessa forma, ele era meu melhor amigo e beijar ele foi um erro muito grande, mesmo se eu tivesse ficado nossa amizade teria sofrido as consequências desse beijo.
— Dan nunca me falou sobre o beijo, mas eu sabia que ele tinha sentimentos por você — ele parecia calmo, imagino que se fosse com Guilherme estaríamos nos estapeando agora.
— Se ele não te contou é porque já deve ser algo superado — ele me olha nos olhos e não desvio o olhar, quero que ele veja que estou sendo sincero — foi a muito tempo e depois que nos distanciamos percebi a burrada que tinha feito.
— Você contou a ele que se arrependeu?
— Não, pensei que nunca mais nos veríamos de novo e desde que voltei ele não tem estado muito disposto a conversar comigo — isso não ajuda em nada também.
— Porque você procurou o Raylan e não o Dan quando você voltou? — Essa é uma pergunta curiosa, estava tão certo que Raylan me abrigaria, tinha meus receios, mas Dan não era uma opção para mim.
— Não pensei muito sobre isso Ciço, mas acho que depois de todo esse tempo senti que nossa amizade não existia mais e a recepção que ele me fez meio que me passou que ele tinha a mesma ideia.
— Ele está magoado por você ter sumido e não o ter procurado quando voltou, ele soube do seu retorno pelo Raylan e isso o magoou bastante — inconscientemente sabia que isso iria acontecer, mesmo assim não consegui evitar.
— Nem sempre eu acerto — minha voz sai quase como um sussurro.
— Pois é, talvez esse beijo tenha significado algo muito maior para ele do que foi para você — Ciço diz serio.
— Desculpa, não tinha intenção de te enganar e nem deveria ter te contado isso.
— Tá tranquilo, você não tinha como saber e também escapou, estou feliz que tenha sido sincero comigo.
— Você é um cara muito melhor do que eu Ciço — digo com admiração.
— Nem sou Rick, na verdade, assim como você também erro bastante.
Ciço vai precisar de um tempo para digerir o que aconteceu e também estou me sentindo péssimo por ter aberto minha boca, devia ter ficado calado, mas não gosto de mentiras, dessa vez Dan vai ter uma razão real para cortar laços de vez comigo, só espero que isso não gere nenhum problema entre eles. Ciço ainda quis me deixar em casa, mas falei que não era necessário, me despedi dele e desço em direção a avenida, quero pegar uma bicicleta dessas da prefeitura para ir pedalando para casa tem uma estação dessas bikes perto da minha casa e é bom que faço um pouco de exercício, só tenho me aquecido no trabalho e preciso fazer algo para ocupar a mente.
Estou quase no ponto para pegar a bicicleta quando meu celular começa a vibrar, Mauro está me ligando, deve ter tido um intervalo no trabalho, a rua está meio deserta e não acho que tenho problema em atender na rua.
— Oi, estou na rua fala rápido — digo.
— Onde você está? — Sua voz no meu ouvido me excita mesmo sendo por telefone.
— Perto da Bezerra, vim almoçar com Ciço no restaurante do pai dele — ele grunhiu algo que não entendo.
— É perto daqui de casa, me espera na bezerra que eu te levo para casa.
— Você não está trabalhando?
— Não, hoje só fiquei na delegacia pela manhã, tô indo me esperar.
Fico em frente ao local onde ele disse para esperar, não passa nem vinte minutos e vejo seu carro encostando para que eu entre, ele está lindo e ainda está usando sua farda — ele me mata vestido assim — acho que ele devia está chegando em casa quando me ligou. Mauro abre um sorriso ao me ver e me beija quando entro no carro.
— Você almoçou? — Pergunto.
— Comi no trabalho, essa semana foi um inferno, mas estou feliz de te ver.
— Quer falar sobre isso? — Me refiro ao estresse no trabalho dele.
— Não estou de folga até segunda então vou deixar a delegacia lá no canto dela, o Junior me falou sobre o jogo queria ter visto — ele muda o assunto e respeita sua vontade de não querer falar.
— Pois é ele foi a salvação do time hoje — Mauro se ilumina de orgulho do filho.
— Vocês foram almoçar para comemorar então.
— Sim, Ciço sempre me chama para comemorar depois do jogo.
— Tales estava com vocês? — Mauro pergunta despretensiosamente.
— Não, só o Ciço e eu — aos poucos o sorriso do Mauro vai diminuindo.
— Esse cara não tem uma namorado?
— Tem sim o Daniel.
— E o Daniel não se importa do namorado dele almoçando sozinho com você? — Percebo que ele se esforça para soar o mais casual possível.
— Não, Ciço é só meu amigo e ele também é completamente apaixonado pelo namorado dele, você por acaso está com ciúmes?
— Não, só perguntando mesmo — ele disfarça.
— Massa, até porque somos só amigos né, e não curto essa parada de ciúmes, gosto de confiar na pessoa com quem estou me relacionando e também que ela confie em mim.
— Eu confio em você — ele diz quase como um sussurro.
— Ótimo porque também confio em você Mauro — ele puxa minha mão e a beija.
Ele coloca o carro na minha garagem e sobe comigo pro apartamento, quando estou com ele esqueço de todas as travas que estou tentando colocar em relação a ele, seu beijo me desmonta e seus braços fortes me seguraram com tanta força, ele não me larga por nada e gosto disso, sem nem pensar muito sobre o que temos aqui estou mais uma vez sem roupa em uma pegação gostosa com ele na minha cama, que saudades que eu estava desse macho.
Mauro me chupa com tanta fome e desejo, ele parece que vai sugar minha alma pelo minha rola, quanto mais ele me mama mais fico louco para mamar ele também, a rola dele é muito grossa mal cabe na boca, mas gosto de mais de sentir seu gosto, meia nove com Mauro é oficialmente minha posição favorita. O safado atolou a rola na minha boca e gozou la no fundo me fazendo engolir sua porra.
— Nossa que saudade que eu tava de ti — ele diz gozando na minha boca.
— Também tava.
— Aproveita que não gozou ainda e me pega.
Um macho desse de quatro para mim é maluquice velho, deito meu corpo sobre o dele e enquanto meu pau entre nele sem dificuldade, Mauro me quer tanto que sinto seu mau mastigando meu pau, poxa vida vou ficar louco, puxo seu rosto e beijo sua boca enquanto meto dele de quatro, seus gemidos me dão um gás a mais, seguro sua cintura com força e começo a meter sem pena, ele gemendo cada vez mais alto não consigo controlar, mal dá tempo de tirar e meu pau começa a cuspir meu gozo em suas costas.
— Passei a semana querendo fazer isso — Mauro diz me beijando.
— Também passei a semana com você na cabeça — admito, não tem porque mentir.
— Posso dormir aqui hoje? — Sou pego de surpresa com sua pergunta e quero muito que ele durma aqui, mas tem um fator que pode estragar esse plano.
— Olha por mim sim, mas toda manhã Téo está vindo tomar café da manhã comigo e não sei se ele vem amanhã, mas tipo hoje ele veio então é provável que ele venha.
— Você não pode pedir para ele não vir? — O Mauro me pede com uma carinha difícil de recusar, mas preciso me manter firme, não vou ser arrastado para um armário por causa de homem nenhum, são nas pequenas situações que se entra em uma grande enrascada sem nem perceber.
— Desculpa, mas gosto dos nossos momentos de café da manhã, me fazem lembrar do sítio.
— Sem problema, depois do jogo te deixo aqui e vou para casa então — a carinha que ele faz me deixa tentado a voltar atrás, mas não posso fazer isso, não vou ceder.
Mauro e eu tomamos banho juntos depois servi sorvete para ele — ainda tem do que o Tales trouxe ontem, até coloco um filme, mas nem prestamos muita atenção, ficamos nos pegando a tarde toda até o início da noite, como ele não trouxe roupa — nem estava em seus planos vir aqui para casa agora a tarde — ele precisa ir em casa antes de ir pro jogo.
— Vou em casa depois passo aqui para gente ir pro jogo — ele diz enquanto veste suas roupas, mas no mesmo momento Ciço me envia uma mensagem falando que vai passar aqui para irmos juntos pro jogo, é um bom sinal pelo jeito.
— O Ciço vai me levar é caminha dele a gente se vê lá, assim você não precisa correr — digo até porque ele vai chegar depois que o jogo já tenha começado e os caras podem achar estranho eu ter me atrasado para esperar por ele ainda mais comigo morando tão perto.
— É meu caminho também — ele argumenta.
— Eu iria a pé, então não nem preciso de carona e tipo quero chegar cedo, esse racha tem sido um alívio pro meu estresse da semana — depois que explico meus motivos ele fica mais de boas e até me beija.
— Quero ser o seu alívio dos estresses da semana — ele me beija de novo.
— Não me promete o que você não pode me dar Mauro, combinamos que não haveriam promessas ou compromissos, lembra? — Estou citando suas próprias regras.
— Ainda vou te amolecer Ricardo — Mauro me beija mais uma vez.
— Eu estou aqui Mauro — ele me encara por um breve momento, Mauro não é maluco, ele sabe que sua própria condição é o que me impede de dar um passo em sua direção, isso não quer dizer que eu não queira, mas sou vou andar se ele estiver disposto a andar também.
— Eu gosto de ti — ele diz com sua boa na minha.
— Também.
— Também o que? — Ele vai me fazer falar.
— Também gosto de ti Mauro.
Mauro sorri e me beija uma última vez antes de ir, nosso como é difícil não me entregar pra esse cara e viver um segredo gostoso e quente, mas eu posso ouvir a voz do pai Gustavo na minha mente me falando que não é pecado amar alguém, se meus pais que são evangélicos fervorosos me dizem para viver minha vida sendo eu mesmo, não posso viver como se fosse errado ser quem sou.
Ciço parece um relógio suiço, o cara é pontual como um inglês, gosto disso — odeio esperar — ele está de carro, acho que por conta do tempo meio chuvoso, o que ele me confirma quando entro no carro pergunto sobre a moto. Não sei se ele falou com Dan sobre o que conversamos mais cedo, mas ele parece está de boas com a isso, não toca no assunto e acho que já me meti de mais na relação deles então vou ficar calado dessa vez, aprendi minha lição já.