Enquanto Baldur caminhava pelas densas florestas de Vanaheim, sentindo o vento suave acariciar seu rosto, uma presença furtiva se aproximou por entre as árvores. Loki, com sua habitual astúcia e ar sombrio, revelou-se. Seus olhos brilhavam com malícia enquanto um sorriso traiçoeiro se formava em seus lábios. Ele olhou para Baldur, o meio-irmão, e falou com sua voz cheia de segredos e promessas quebradas:
Loki: A profecia está cumprida, Baldur. Tu deitaste com Hela, vossa irmã, e dela foi gerado aquele que trará a ruína de Odin.
Baldur parou abruptamente, surpreso. O eco das palavras de Loki ressoava em sua mente como o trovão distante que prenuncia uma tempestade. O choque era evidente em seu rosto, pois ele mal conseguia compreender o que acabara de ouvir. Não sabia que Hela já havia dado à luz tão rapidamente.
Baldur: Um filho... nasceu?
Loki assentiu, seus olhos brilhando com satisfação.
Loki: Sim, um ser cujo destino é inevitável. O lobo, fruto de incesto, que consumirá o Pai de Todos no Ragnarok. Fenrir. Ele já está entre nós, crescendo em poder e fúria.
Baldur sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A notícia era esmagadora. Ele sabia da importância de Fenrir nas profecias, mas jamais imaginara que o nascimento do lobo seria tão próximo, e que a fera seria seu filho fruto de uma relação incesta. O perigo que pairava sobre Odin, sobre os deuses, era maior do que nunca.
Baldur: E por que me dizes isso, Loki? Queres que eu ceda ao desespero?
Loki deu uma risada seca, sarcástica, cruzando os braços com desdém.
Loki: Desespero? Enquanto o Pai de Todos trama para evitar seu destino, a roda do tempo gira contra ele. Ele não pode escapar. Nem tu, nem eu. Apenas aceite o que está por vir. Hela deu forma ao futuro... e esse futuro é marcado por sangue.
Baldur sentiu uma mistura de raiva e medo crescer dentro de si. Loki sempre havia sido um mestre das mentiras, um agente do caos. Mas agora, as palavras que ele proferia carregavam um peso terrível. A sombra do Ragnarok estava mais próxima do que jamais estivera, e o nascimento de Fenrir era o início do fim.
Baldur: Então o destino já está selado. Não hei me entregar ao medo ou à desesperança. Lutarei até o último suspiro, e se Odin cair, não será porque eu permiti.
Loki sorriu novamente, enigmático.
Loki: Mesmo os deuses não podem lutar contra o que está escrito nas runas do destino. Mas, irmão, não te deixes enganar. Fenrir, Hela... eles são apenas peças de tabuleiro. O verdadeiro inimigo é outro.
Baldur: O que estás dizendo? Fenrir, o filho que eu nunca soube que tinha, está destinado a devorar Odin. Isso não o torna o maior dos perigos?
Loki balançou a cabeça lentamente, seus olhos brilhando com uma mistura de desprezo e frustração.
Loki: Odin... o Pai de Todos... ele manipula a todos nós. Ele orquestrou essa guerra de deuses e mortais. Acha mesmo que ele é vítima do destino? Odin sempre soube do Ragnarok. Sempre soube o que viria, e está se preparando para moldar o fim a seu favor.
Baldur franziu o cenho, sentindo a confusão aumentar.
Baldur: Estás insinuando que tudo isso foi planejado por ele?
Loki: Odin teme a profecia, mas ele não a evita. Não, ele a usa. Assim como usou a mim, assim como te usou, Baldur. Ele manipula o destino para garantir sua própria sobrevivência. Tu achas que ele te amava? Não. Ele sabia que tua morte e eventual retorno trariam mudanças que ele poderia controlar. Cada passo que deste foi calculado por ele.
Baldur: E o que esperas que eu faça com isso? Se Odin é o inimigo, o que eu posso fazer contra ele?
Loki: Unir-te a nós, irmão. Fenrir, Hela... nós somos os únicos que podem derrubar o Pai de Todos. Tu és mais do que uma peça no jogo dele. És o filho que ele mais teme, o que poderia mudar o curso do destino. Sejamos francos, Baldur: ele te jogou para as trevas, te fez sofrer com tua própria maldição de invulnerabilidade. E por quê? Para que tu sempre servisses aos seus interesses.
O vento uivou através das árvores de Vanaheim, e as palavras de Loki reverberaram como trovões no coração de Baldur. Tudo o que ele acreditava estava em ruínas.
Baldur: Então, tudo isso... todo esse caos, destruição, e sofrimento... tudo faz parte do plano de Odin? E tu, Loki, estás buscando o Ragnarok para matá-lo?
Loki: Sim, irmão. Desde o momento em que nasci, Odin sempre quis moldar meu caminho, me usar para seus próprios fins. Mas, desta vez, será diferente."
Baldur olhou para Loki com descrença. As palavras de Odin ecoavam em sua mente, lembrando-o das promessas do Pai de Todos sobre o bem maior, sobre a proteção dos reinos
Baldur: E tu desejas o fim de tudo, Loki? Para quê? Para substituir Odin? Para governar o caos que criaste?
Loki balançou a cabeça, cruzando os braços enquanto observava Baldur com um olhar frio.
Loki: Não quero governar, Baldur. O Ragnarok é o preço que pagamos pela liberdade de Odin. o. Ele sabe que o fim está chegando, e está tentando mudar o que foi profetizado.
Baldur, sentindo o peso da revelação de Loki sobre o Ragnarok e a queda de Odin, encarou o Deus da Trapaça com olhos estreitos, sua voz carregada de desconfiança.
Baldur: Então, todo esse tempo... tu querias minha morte, Loki? Para que o Ragnarok começasse?
Loki, com aquele sorriso enigmático que parecia nunca o abandonar, deu um leve suspiro antes de responder. Ele sabia que não podia mentir agora, mas também sabia que sua explicação precisava ser convincente.
Loki: Sim, Baldur, eu quis tua morte. Mas não por ódio a ti. Tu és essencial para o início do Ragnarok. A tua morte é o gatilho que coloca tudo em movimento. Mas, ouve-me bem, irmão — nunca foi sobre o desejo de ver-te morto por simples vingança ou poder. Foi sobre algo muito maior.
Baldur deu um passo à frente, a raiva contida em sua voz.
Baldur: E o que pode ser maior do que minha vida? Queres destruir tudo, apenas para satisfazer tua própria sede de caos?
Loki, agora mais próximo de Baldur, observou o semblante desconfiado de seu irmão. Sabia que precisava ser claro, sem rodeios, para convencer o Deus da Luz sobre seu verdadeiro destino.
Loki: Baldur, tu não entendes completamente o que tua morte significa. Sim, eu desejei tua morte, mas ela seria apenas... passageira.
Baldur franziu o cenho, sentindo o peso dessas palavras. A morte, por mais poderosa que fosse, sempre fora temida como o fim absoluto. No entanto, Loki parecia sugerir algo além disso.
Baldur: Passageira? O que queres dizer com isso, Loki?
Loki, sempre enigmático, agora falava com uma gravidade rara. Aquele sorriso habitual se desfez, e sua voz assumiu um tom quase paternal, como se estivesse revelando um segredo guardado há eras.
Loki: Estás profetizado, irmão. Assim como tua morte inicia o Ragnarok, tua ressurreição será o fim dela. Tu irás perecer, sim, mas não será o fim de tua jornada. Quando o crepúsculo dos deuses tiver passado e as ruínas do mundo estiverem diante de nós, tu te erguerás novamente, renascido das cinzas do velho mundo. E tu serás aquele que trará luz ao novo ciclo.
Baldur piscou, surpreso. A ideia de sua própria ressurreição era uma revelação inesperada, algo que ele nunca imaginara.
Baldur: Ressuscitar... no fim do Ragnarok? Então, eu sou a chave para o novo começo?
Loki assentiu lentamente.
Loki: Exatamente. Tua morte seria um sacrifício, mas também um caminho para a renovação. Odin sabe disso, por isso teme tanto tua queda. Ele vê o Ragnarok como o fim de sua era, mas para ti, é apenas o princípio de uma nova. Quando os reinos arderem e o Pai de Todos cair, tu voltarás, como aquele que iluminará os novos dias.
Baldur permaneceu em silêncio, digerindo as palavras de Loki. Era difícil processar a ideia de que sua própria morte, algo que ele sempre temeu, pudesse ser a chave para um futuro que ele não conseguia enxergar por completo.
Baldur: E como posso confiar em ti? Sabes que minha morte pode significar mais do que isso. Como sei que não estás apenas te aproveitando da situação?
Loki deu um meio sorriso, sabendo que essa era a pergunta inevitável.
Loki: Se eu quisesse tua morte por simples prazer, eu já teria feito isso. O que te digo agora é para que tu vejas o quadro completo. Eu jogo o jogo longo, irmão. E tu és parte importante desse jogo, não apenas um peão a ser descartado.
Baldur, ainda incerto, ponderou as palavras de Loki. Sabia que havia mais em jogo do que parecia, e que sua morte, por mais aterrorizante que fosse, não seria o fim da história.
Baldur: Então, mesmo que eu morra... eu voltarei.
Loki: Sim, irmão. E quando voltares, o mundo será um lugar muito diferente. O Ragnarok não é apenas destruição, é transformação. E tu serás o farol que guiará essa nova era. Mas até lá... protege-te. Há aqueles que preferem que tu nunca voltes.
Baldur sabia que as palavras de Loki, apesar de enigmáticas, traziam uma verdade amarga. A jornada diante dele era cheia de incertezas, mas agora ele compreendia que sua morte não era o fim — apenas o início de algo muito maior.
Loki: Este é o teu destino, Baldur. E, queira ou não, ele se cumprirá. A única questão é... como tu escolhes encará-lo.
Loki olhou profundamente nos olhos de Baldur, com um brilho intenso que refletia tanto sabedoria quanto artimanha.
Loki: Hela... ela é a chave para tua ressurreição, irmão. Está destinada a trazer-te de volta quando o mundo mergulhar nas trevas do Ragnarok. Ela será tua guardiã no submundo, cuidando de ti até que o momento de tua volta chegue.
Baldur apertou o punho, lembrando-se das palavras de Hela, quando ela o visitara na noite silenciosa, com suas mãos frias e sua voz carregada de presságios. Aquela visita estava repleta de intenções ocultas, mas agora, tudo começava a se encaixar.
Baldur: Hela já mencionou isso... disse que me protegeria, que eu só retornaria após o fim do Ragnarok. Falou de minha ressurreição, mas não dei muita atenção. Agora percebo que havia algo mais profundo em suas palavras.
Loki sorriu, satisfeito ao ver que Baldur começava a entender o verdadeiro alcance dos acontecimentos. Sua voz se suavizou, quase como se ele estivesse cuidando de uma chama delicada que acabara de acender no espírito de seu irmão.
Loki: Hela conhece seu destino, assim como tu agora conheces o teu. Ela se lembra do pacto que fizemos, das sombras que a cercam e do papel que ambos desempenharão. Não há escapatória dessa teia de destino. E ela te ama, Baldur. Ama-te da maneira como uma deusa da morte pode amar, pois, para ela, tu és a luz em meio à escuridão eterna que a rodeia.
Baldur sentiu um arrepio ao ouvir as palavras de Loki. Não era apenas sobre profecias e destinos; havia algo de pessoal naquela relação com Hela, algo que ia além do mero papel que eles deveriam desempenhar no grande ciclo do Ragnarok.
Baldur: Mas como posso confiar nela, Loki? Se Hela pode me ressuscitar, também pode me condenar. O poder sobre minha vida e minha morte está em suas mãos.
Loki aproximou-se um pouco mais, sua expressão suavizando-se em algo próximo à compaixão, embora ainda carregasse sua costumeira astúcia.
Loki: Ela não te condenaria, irmão. Hela é implacável com seus inimigos, mas tu não és um deles. Ela vê em ti uma ligação que a faz hesitar em te destruir. E eu? Eu apenas te mostro o caminho que já está traçado. Se estás destinado a morrer, tua ressurreição já está escrita. Não temas o futuro, mas prepara-te para ele.
Loki observou o semblante de Baldur com um olhar astuto, quase paternal, como se visse nele algo que o próprio Baldur ainda não conseguia compreender completamente. O silêncio se prolongou por um momento, até que Loki, com uma suavidade incomum, finalmente quebrou a tensão.
Loki: Na hora certa, irmão... farás o sacrifício necessário. Tudo o que está escrito no tecido do destino leva a isso. Cada passo que dás te aproxima de teu papel final.
Baldur, ainda processando as revelações, inclinou a cabeça levemente, tentando encontrar a razão por trás das palavras de Loki.
Baldur: Sacrifício? O que queres dizer com isso?
Loki deu um pequeno sorriso, enigmático como sempre, caminhando em círculos ao redor de Baldur.
Loki: Não penses nisso como uma morte comum. O sacrifício que tu farás não será o fim, mas o começo de algo muito maior. O Ragnarok não é apenas destruição, é também renascimento. E tu, Baldur, serás o farol desse novo mundo. Mas, para que a luz nasça, a escuridão deve primeiro consumir-te.
Baldur franziu a testa, uma inquietação crescendo dentro de si.
Baldur: Queres dizer que estou destinado a morrer? A entregar minha vida por este ciclo?
Loki parou de andar, enfrentando seu irmão com um olhar firme e quase solene.
Loki: Não temas a morte, Baldur. A tua morte será apenas o prelúdio para algo muito maior. Já te disse que Hela te trará de volta. Mas o momento de tua entrega precisa ser escolhido com cuidado. Quando o tempo chegar, estarás preparado... e eu estarei lá para guiar-te. Afinal, o ciclo só se completará quando cada peça estiver no seu devido lugar.
Baldur respirou fundo, a gravidade da situação pesando sobre ele. As palavras de Loki eram como facas afiadas, cortando qualquer ilusão de controle que ele ainda pudesse ter sobre seu destino. Mas, ao mesmo tempo, havia uma certeza reconfortante naquela incerteza. O sacrifício que ele teria que fazer, embora amargo, não seria em vão.
Loki: Prepare-te, irmão. Não te resta muito tempo.
Baldur sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas também uma resolução firme começava a se formar dentro dele. Mesmo sem entender todos os detalhes, ele sabia que sua jornada, e seu eventual sacrifício, eram parte de algo muito maior do que ele.
Baldur: E onde irás agora, Loki?
Loki sorriu de forma enigmática, dando um passo para trás enquanto a luz das árvores em Vanaheim dançava ao seu redor. Com um último olhar, Loki se afastou, desaparecendo nas sombras das árvores, deixando Baldur sozinho com suas reflexões e o peso de uma profecia que parecia inevitável. O vento em Vanaheim soprava mais frio agora, carregando com ele a promessa de um futuro incerto.
Baldur, ainda abalado pela conversa com Loki, caminhou instintivamente até a cachoeira de Freya. A luz suave do crepúsculo refletia nas folhas douradas de Vanaheim, enquanto o som das águas caindo oferecia uma melodia serena, mas em sua mente, os ecos das palavras de Loki persistiam.
Ao se aproximar, ele parou. À beira das águas cristalinas, sua mãe, Freya, estava imersa até a cintura, banhando-se nua na cachoeira. Seu corpo reluzia à luz suave, como se cada gota d'água que escorria por sua pele fosse uma joia celestial. O reflexo das águas parecia multiplicar a beleza da deusa, tornando o momento etéreo, quase sagrado.
Freya não percebeu imediatamente a presença de Baldur, envolta na tranquilidade daquele lugar, com seus longos cabelos dourados flutuando levemente nas águas. Era uma visão de pureza e poder, e Baldur sentiu seu coração se apertar. Tudo o que Loki dissera — sobre sacrifício, destino, morte e renascimento — parecia se fundir naquele instante.
Ele deu um passo à frente, as folhas secas sob seus pés estalando suavemente. Freya, então, virou-se lentamente, seus olhos brilhando ao reconhecer a presença de seu filho.
Freya: Baldur, meu querido. O que te traz aqui, sozinho, a esta hora?
A voz dela era acolhedora, como o calor do fogo em uma noite fria. Mas, dentro de Baldur, um turbilhão de emoções fervilhava. A visão dela, tão calma e radiante, contrastava com o peso sombrio que ele carregava após a revelação de Loki.
Baldur: Mãe... Venho a ti para afagar meus sentidos.
Freya sorriu suavemente e acenou para que ele se aproximasse. Ela emergiu das águas, envolvendo-se em um manto leve, enquanto os últimos raios de luz refletiam em sua pele, como se a própria natureza reverenciasse sua presença.
Freya: O que aflige teu coração, Baldur? Sinto que há algo pesado em tua alma. Fala comigo, meu filho. Talvez eu possa aliviar teu fardo.
Baldur hesitou por um momento, olhando para o rosto de sua mãe, tão cheio de sabedoria e compaixão. Ele sabia que, apesar de tudo, Freya sempre tinha as respostas. Mas o que ele enfrentava agora era algo que nenhum deus ou deusa poderia explicar facilmente.
Baldur: Loki... ele veio até mim.
Freya ficou em silêncio por um momento, sua expressão mudando sutilmente, como se as palavras de Baldur tocassem em algo profundo dentro dela.
Freya: Deixa-me adivinhar, esta cobra plantaste a dúvida em teu coração.
Baldur sorriu levemente, um sorriso que não alcançou os olhos.
Baldur: Ele gosta de confundir, mas minha mente está clara. Ele vê Odin como um inimigo, assim como tu vês.
Freya: Nisso, o Deus da trapaça não mente. O Pai de Todos é uma víbora em meio a flores. Sua sabedoria é como um veneno sutil, que desliza por entre os laços familiares e os laços de amizade. Ele pode parecer benevolente, mas suas intenções frequentemente se escondem sob uma camada de traição. Ele deseja controlar os destinos, manipulando as peças em um tabuleiro que ele mesmo criou.
Baldur ouviu as palavras de sua mãe com atenção, percebendo a verdade nelas. A imagem de Odin, uma figura poderosa e carismática, agora surgia como uma sombra ameaçadora, disfarçada de bondade.
A atmosfera ao redor de Freya e Baldur tornou-se pesada e silenciosa, como se a floresta tivesse prendido a respiração. Um arrepio percorreu a espinha de Baldur quando ele notou um movimento entre as sombras das árvores. Seus instintos o alertaram, e ao olhar mais de perto, ele viu uma figura imponente emergindo da penumbra.
Era um lobo gigante, seus olhos brilhando como estrelas em uma noite sem lua, fixados neles com uma intensidade que parecia atravessar suas almas. O corpo do animal era musculoso, coberto por uma pelagem espessa e escura, e suas patas pareciam fazer eco nas folhas secas à medida que ele avançava lentamente, com a graça e a determinação de uma força da natureza.
Baldur: Este lobo é neto da senhora... filho da minha carne. Ele é o fruto do incesto entre Hela e eu.
Freya ficou momentaneamente surpresa, a revelação de que o lobo era, na verdade, seu neto, trouxe à tona um mar de emoções. O peso da herança que agora se apresentava diante dela era monumental. Por horam freya ignorou a informação de que Baldur tinha se deitado com Hela;
Ela foi a fera lentamente, a luz do luar filtrando-se através das folhas, iluminando o lobo com uma aura dourada. Freya estendeu a mão, acariciando a pelagem espessa e macia do animal, e, ao tocá-lo, sentiu uma energia pulsante, como se o próprio destino estivesse entrelaçado com aquele ser.
Fenrir: Eu sou Garm, o lobo que carrega o peso do vosso sangue e a essência de um destino que ainda está por se desdobrar. Nascido das sombras do submundo, mas destinado a trazer a luz na escuridão que se aproxima. As profecias me chamam de Fenrir
Freya: O destino te chamou, Garm. Com você ao nosso lado, estaremos fortes.
Fenrir: Hela me enviou a Vanaheim. Ela disse que a bênção de uma deusa como a senhora é essencial para meu destino. Desejo me tornar um licantropo, não apenas para carregar a força e a ferocidade do lobo, mas para experimentar a humanidade, mesmo que por um breve momento. Anseio sentir a vida pulsar em minhas veias, conhecer o calor do amor e o peso da dor.
Freya, tocada pela vulnerabilidade do lobo, refletiu sobre as palavras de Fenrir. Sua expressão se suavizou enquanto ela ponderava o que isso significava para ambos.
Freya: Há um risco em desejar tal bênção. Estar entre os humanos significa sentir a alegria e a tristeza, a esperança e o desespero.
Fenrir olhou fixamente para Freya, seus olhos brilhando com um desejo intenso e profundo, uma necessidade que transcendeu sua natureza de lobo.
Fenrir: Desejo ser humano, não apenas para conhecer o mundo, mas para sentir a carne de minha mãe pulsando, como Baldur fez com a sua. Quero experimentar a essência do incesto entre com minha mãe para cumprir a profecia. Quero o calor do toque e a profundidade do amor que existe entre nós. Essa é uma experiência que, como lobo, nunca poderei ter plenamente.
Freya sentiu um nó se formar em sua garganta ao ouvir aquelas palavras, lembrando-se da relação profunda que compartilhara com Baldur. Ela sabia que a ligação entre mãe e filho era algo sagrado, um vínculo que ia além do físico.
Freya: Fenrir, a conexão que buscas é poderosa e pode ser tanto um dom quanto uma maldição. O amor entre mãe e filho é uma força que pode moldar destinos e transformar vidas. Ao desejá-la, você também deve estar preparado para os desafios que essa intensidade traz.
Fenrir: Assim como Baldur teve a coragem de se entregar à sua mãe, desejo ter a mesma coragem de explorar esse laço que nos une.
Baldur, ouvindo a declaração de seu filho, sentiu um misto de orgulho e proteção. Ele sabia que esse desejo de Fenrir era um reflexo de algo muito maior, uma busca por identidade e conexão.
Baldur: Fenrir, ao buscares essa bênção, não estás apenas desejando o toque da carne, mas o reconhecimento da nossa tradição.
Freya, tocada pela determinação de Fenrir e pela irmandade que havia entre eles, olhou profundamente nos olhos do lobo.
Freya: Fenrir, aceito sua súplica. Com minha bênção, você poderá sentir o que deseja. Ao tocar o que é sagrado, você deve honrar esse laço e respeitar a vida que pulsará em você.
Com isso, Freya se preparou para invocar a magia, consciente de que a transformação de Fenrir seria não apenas uma mudança física, mas um passo significativo em direção ao que eles todos estavam prestes a enfrentar nos tempos difíceis que se aproximavam.
Baldur, com o coração cheio de amor e determinação, envolveu Fenrir em um abraço apertado, sentindo a força e a vulnerabilidade do irmão. O lobo gigante, em sua forma atual, era imponente e selvagem, mas naquele momento, era apenas Fenrir, seu filho, um ser que buscava sua verdadeira identidade.
Baldur olhou para Fenrir, a seriedade se instalando em seu semblante. O peso do destino pairava sobre eles, e ele sabia que precisava esclarecer algumas coisas com seu irmão lobo.
Baldur: Fenrir, tu sabes sobre nossos destinos no Ragnarök? Sobre as profecias que envolvem nossas vidas e a luta que se aproxima?
Fenrir: Sim, ouvi sussurros nas brisas de Helheim. Fui avisado de que as sombras do destino se aproximam.
Baldur: Devo pedir que não revele nada a Freya sobre isso. A morte e a ressurreição são parte do que está escrito, mas não quero que ela viva com o temor do que pode acontecer. Ela já carrega o fardo de ser minha mãe, e não quero que seu coração seja consumido pela ansiedade.
Fenrir: Que assim seja, meu pai.
Baldur olhou nos olhos de Fenrir, percebendo a intensidade das emoções que o filho lobo estava tentando esconder. Ele decidiu tocar no assunto, sentindo que a verdade era um caminho que não poderia ser evitado.
Baldur: Amor e dor estão frequentemente entrelaçados, Fenrir. Hela carrega em si a carga de sua própria existência, e sua conexão com você é um eco das profundezas de nossos laços familiares. Apenas lembre-se de que os sentimentos são poderosos, e eles podem nos levar a lugares inesperados.
Enquanto a luz do crepúsculo filtrava-se através das árvores de Vanaheim, Freya preparava-se para realizar o ritual. Um manto de folhas verdes e flores silvestres envolvia o espaço ao redor, criando uma atmosfera mágica e reverente. O cheiro de ervas frescas pairava no ar, enquanto a brisa suave trazia consigo sussurros de antigas histórias, quase como se os próprios espíritos da floresta estivessem assistindo.
Freya, com seus olhos de um verde profundo e seus cabelos dourados, movia-se com graça, uma dançarina entre os elementos da natureza. Ela começou a dispor as ervas ao redor de Fenrir, formando um círculo que pulsava com a energia vital de Vanaheim. O som de sua voz era suave e melodioso, enquanto recitava palavras antigas, evocando a essência do poder que estava prestes a manifestar-se.
Fenrir observava com admiração, sentindo a energia da deusa à sua volta. Cada palavra que ela pronunciava parecia vibrar nas fibras de seu ser, despertando algo adormecido dentro dele. Ele não era apenas um lobo, mas um ser com um destino grandioso, e a presença de Freya tornava essa jornada palpável.
Freya continuou agora levantando as mãos em direção ao céu, como se quisesse tocar as estrelas. Ela invocava a proteção dos deuses e a bênção dos ancestrais, enquanto a luz começava a brilhar intensamente ao seu redor.
Com um gesto final, Freya encerrou o encantamento, e a luz ao redor de Fenrir intensificou-se até que ele se viu envolto em um brilho ofuscante. Quando a luz finalmente se dissipou, ele estava lá, de pé, em sua forma humana, os olhos ainda reluzindo com a essência do lobo que ele sempre fora.
Fenrir tocou seu próprio rosto, sentindo a pele macia e o calor da carne viva. Ele olhou para Freya, uma mistura de gratidão e espanto nos olhos
Freya, com um olhar profundo e intenso, convidou Fenrir a se deitar ao seu lado, numa expressão de confiança. A atmosfera ao redor deles parecia vibrar com uma energia palpável, enquanto as folhas dançavam suavemente ao ritmo do vento, criando um ambiente acolhedor.
Freya: Venha, meu neto. Deite-se aqui ao meu lado, sob as bênçãos da natureza.
Fenrir hesitou por um momento, surpreso pela vulnerabilidade e pela intimidade implícita nas palavras da deusa. Mas a sensação de segurança e acolhimento que emanava dela dissipou suas dúvidas. Ele se deitou ao lado de Freya, sentindo a grama macia sob ele e a brisa fresca envolvendo seus corpos.
Freya: Aqui, sob o céu aberto, podemos sentir a pulsação da vida e o vínculo entre mãe e filho.
Enquanto estavam ali, deitados sob o céu estrelado, Freya começou a falar sobre as antigas tradições, os rituais que uniam os seres, e como a força
Fenrir, após ouvir as palavras de Freya e sentir a profundidade de sua conexão, foi tomado por um desejo irresistível. Ele sabia que seu destino estava em constante movimento, e a presença de sua mãe, Hela, o chamava com força inescapável. Em um impulso, ele se ergueu.
Fenrir: Mãe Freya, minha gratidão é infinita pela senhora, mas agora, uma chama ardente dentro de mim me leva. Preciso estar com Hela.
Antes que Freya pudesse responder, Fenrir abriu uma fenda no espaço, um portal cintilante provocado pelo poder da Bifrost. O som do estilhaçar dimensional encheu o ar, enquanto ele atravessava o espaço e o tempo num instante, sendo transportado para as profundezas do Helheim.
Baldur, que observava em silêncio, sentiu o peso da escolha de seu filho, mas compreendia o chamado inescapável que o atraía para sua mãe, Hela O pai deixa seu filho partir, e aós disso, com Freya fornica mais uma vez à luz das estrelas.
Ao emergir do outro lado, Fenrir sentiu o peso das sombras ao seu redor. Estava diante de um vasto trono feito de ossos antigos, envolto em névoas eternas. No centro do salão sombrio, estava Hela, a deusa da morte, nua em toda a sua glória melancólica. Seu olhar frio e penetrante encontrou o de Fenrir.
Hela: Sabia que virias até mim.
Sua voz era como um sussurro de vento em um campo de túmulos, ao mesmo tempo acolhedora e implacável. Fenrir, ofegante de sua viagem, sentiu um misto de reverência e desejo crescer dentro dele.
Fenrir: Mãe, ansiava por ti... Não pude resistir a força que me chama a ti. o O chamado em meu sangue tornou-se insuportável. Preciso de ti... agora.
Hela se levantou lentamente, seu cabelo negro fluindo como sombras vivas ao redor de seu corpo. Ela caminhou na direção de Fenrir com passos firmes, cada movimento ecoando com o peso de eras passadas.
Hela: "A natureza do nosso vínculo é inevitável. Estamos destinados a caminhar juntos como forças que moldarão o destino dos deuses e dos mortais."
Ao se aproximar de Fenrir, Hela o tocou com dedos gélidos, mas não houve repulsa. Ao contrário, Fenrir sentiu um conforto inexplicável na frieza dela, como se estivesse finalmente onde pertencia.
Fenrir, com os olhos ardendo de desejo, revela um monstruoso falo para sua mãe. Hela sorriu, um sorriso enigmático, como se soubesse de tudo desde o início. Seus olhos analisando cada detalhe da transformação que ele havia passado após o ritual de Freya.
Hela: Vejo que Freya cumpriu seu papel.
Ela percorreu os dedos gélidos pelo rosto de Fenrir, como se inspecionasse o poder latente que agora corria em suas veias. Fenrir permaneceu imóvel, sentindo a intensidade daquele toque, mas seus olhos refletiam a mesma ânsia de quando deixara Vanaheim.
Hela: Cada músculo, cada traço em teu rosto... és a perfeita criação, esculpida com dedicação.
Ela deslizou suas mãos por seu peito, como se admirasse uma escultura viva, a frieza de seu toque contrastando com a intensidade de sua presença. Fenrir, que ainda tentava se adaptar ao novo corpo, olhou para Hela com uma mistura de adoração e desejo.
Fenrir: Eu nasci de ti, e agora, desejo esposar o ventre que me concebeste. Não há forma de vida que iguale o que vejo em ti. Tua frieza é a única que aquece meu coração.
Hela sorriu novamente, desta vez mais feroz, seus olhos cintilando como estrelas frias.
Hela: Que assim seja, meu filho. A ruína do Pai de Todos trará consigo todos os meus cuidados e atenção
Ela envolveu Fenrir em um beijo gélido, suas palavras ecoando como um juramento ancestral. Havia uma ternura sombria em sua voz, como se, no fundo da destruição que prenunciava, ainda houvesse amor pela criatura que ela própria trouxe ao mundo.
Fenrir, agora mais consciente de sua forma humana, retribuiu o abraço, sua respiração pesada se misturando com o ar frio do submundo. A transformação física não mudara sua essência bestial, mas o poder latente em suas veias agora pulsava de forma mais controlada.
Seus olhos, antes selvagens e ferozes, agora refletiam uma adoração profunda, quase incontrolável, pela beleza de sua mãe. A frieza que normalmente emanava de Hela parecia ser apenas uma camada superficial, pois sob sua pele pálida e gélida, havia um magnetismo irresistível que atraía Fenrir.
Hela: "Meu ventre responde a ti, meu filho. Tua presença aqui é mais do que predestinada. És parte da ruína e também parte da criação.”
Com um silêncio profundo que parecia ressoar pelos confins de Helheim, Hela e Fenrir se encararam, como dois poderes antigos à beira de um evento cataclísmico. O ar ao redor deles estava carregado, quase tangível, como se as forças do destino estivessem prestes a se desenrolar em sua plenitude. O vasto reino da deusa da morte parecia congelar no tempo, enquanto o lobo gigante, agora transformado em um varão de inigualável poder, se aproximava de sua mãe.
O olhar de Fenrir ardia, não com a violência característica dos predadores, mas com a veneração profunda que só aqueles destinados ao grande fim podiam carregar. Hela, por sua vez, observava-o com a intensidade de quem contempla a obra final da criação. A união deles era como o encontro do gelo primordial e o fogo destruidor dos mundos. Era o ciclo inexorável de destruição e renascimento que rege o cosmos.
Quando o cajado de Fenrir tocou o solo de deusa de Helheim, foi como se o próprio tecido do universo estremecesse. O chão fértil da deusa, carregado de morte e renovação, se abriu para receber a semente destinada a moldar o fim de todas as coisas. Fenrir, filho da morte e do deus da luz, lançou-se à sua mãe como quem responde a um chamado ancestral, e os dois tornaram-se um só, numa dança cósmica que transcendia a mera carne.
As sombras ao redor pareciam ganhar vida, envolvê-los, dançando ao ritmo da pulsação que seu falo invadia a terra da deusa mortífera. Cada toque retumbante nas paredes uterinas da deusa ecoava na eternidade, marcando o destino que havia sido traçado desde a aurora dos tempos.
O lobo e a deusa representavam forças primordiais, a inevitabilidade do fim e o renascimento que se seguiria após o Ragnarok. Quando o momento da ejaculação de Fenrir culminou, não houve gritos ou explosões, mas um silêncio absoluto, pesado como a escuridão do fim dos tempos. Fenrir e Hela se entreolharam, conscientes do que haviam feito, do ciclo que haviam selado.
O destino estava em marcha, e nada mais poderia detê-lo.
Após consumar o ato com Hela, Fenrir sentia um poder crescente pulsar por todo o seu ser. Cada fibra de seu corpo parecia vibrar com a energia antiga e primal que havia herdado da mãe e do pai. A união com a deusa da morte havia completado um ciclo de poder, despertando nele a força necessária para cumprir seu destino sombrio.
De repente, a vontade de destruir Odin, o Pai de Todos, tornou-se irresistível. Sem hesitar, ele invocou a Bifrost, a ponte do arco-íris que conectava os reinos, e em um instante, Fenrir se transportou para Asgard. À medida que se materializava nos campos dourados do reino dos deuses, ele retomou sua forma natural, transformando-se novamente em um lobo gigantesco, maior e mais feroz do que qualquer ser já visto.
Seu corpo massivo avançava sobre os portões de Asgard, suas patas pesadas fazendo o solo tremer, os olhos fixos no salão de Valhalla onde Odin se encontrava. A sede de sangue e vingança o guiava, e ele estava determinado a destruir o Pai de Todos e consumar a profecia que o levaria a ser o algoz do deus.
No entanto, quando estava prestes a invadir o grande salão, uma figura se interpôs em seu caminho. Tyr, o deus da guerra e da justiça, o aguardava. Mesmo diante de um adversário tão gigantesco, Tyr não vacilou. Ele sabia que o momento do confronto final havia chegado. Bradou Tyr, sua voz ecoando nos céus.
Tyr: Fenrir, teu destino ainda não está selado, lobo das profecias.
Antes que o lobo pudesse atacá-lo, Tyr puxou a corrente mágica Gleipnir, feita pelos anões, forjada a partir de seis coisas impossíveis: o som de uma pata de gato, a barba de uma mulher, as raízes de uma montanha, os tendões de um urso, a respiração de um peixe, e a saliva de um pássaro.
A corrente reluziu ao sol, uma arma aparentemente fina, mas imensuravelmente poderosa. Com a habilidade de um guerreiro supremo, Tyr lançou Gleipnir ao redor de Fenrir, e a corrente se apertou com uma força sobrenatural. O lobo gigantesco lutou, rugiu e tentou se libertar, mas a magia de Gleipnir era forte demais.
Fenrir se contorceu e lutou, mas estava preso. A corrente mágica o segurava, restringindo cada movimento. A ira em seus olhos ardia, mas o poder de Gleipnir era inquebrável. Sabia que sua batalha com Odin teria de esperar. Tyr, com sua força implacável, o havia impedido... por enquanto.
Mas o destino de Fenrir ainda estava traçado.
Quando a notícia de que Fenrir, o gigantesco lobo, havia sido capturado por Tyr e aprisionado com a corrente mágica Gleipnir chegou aos salões de Valhalla, Odin e Thor sabiam que o momento exigia sua intervenção. O Pai de Todos, com sua sabedoria ancestral, reconhecia que essa captura era apenas uma pausa temporária no cumprimento das profecias, e Thor, com sua impetuosidade e desejo de proteger Asgard, não podia ignorar o perigo iminente.
Ambos, armados com suas icônicas armas — Odin com sua lança Gungnir, e Thor com o poderoso Mjölnir — partiram rumo ao local onde a fera havia sido contida. Quando chegaram, a visão de Fenrir preso pela fina, mas inquebrável corrente Gleipnir, era impressionante. O lobo era imenso, seus olhos brilhavam como chamas de ódio e dor, sua mandíbula capaz de partir qualquer coisa com um único golpe estava imóvel, apenas rosnando em frustração. Thor falou, observando o lobo com uma mistura de raiva e admiração.
Thor: Este é o monstro que o destino reservou para ser teu fim, Pai de Todos?
Odin permaneceu em silêncio por um momento, os olhos fixos no lobo, observando cada movimento da criatura. Havia algo ali, algo que ele compreendia bem, mas que não poderia simplesmente resolver com a força de um martelo. Ele sabia que era parte de uma profecia maior.
Odin: Esta criatura, este lobo, é filho de Hela, gerado pelo sangue de Loki. Ele traz em si o poder da morte e do renascimento.
Thor, com os punhos apertados ao redor de Mjölnir, rangeu os dentes.
Thor: Eliminemos esta aberração asquerosa, não esperemos o momento em que esta criatura se libertará e atacará Asgard!
Odin olhou profundamente nos olhos de Fenrir, e por um breve momento, o lobo parou de lutar contra as correntes. Parecia haver uma conexão silenciosa entre eles, um reconhecimento mútuo da inevitabilidade do destino.
Odin: O Ragnarok está se aproximando, e não podemos impedir.
Thor respirou fundo, ainda insatisfeito.
Thor: E o que dirias a Loki, Pai de Todos? Teu próprio filho gerou essa criatura horrenda, por meio do incesto, e agora ele caminha para o fim de tudo o que conhecemos.
Os olhos de Fenrir brilhavam de ódio. Ele não falava, mas os deuses podiam sentir que a fera sabia muito mais do que aparentava. Odin se virou para Tyr, que mantinha a corrente firmemente em suas mãos.
Odin: Continue a vigiar a criatura. Sua liberdade trará o fim, mas até lá, devemos usar este tempo para nos preparar para o destino. Thor, ainda com relutância, concordou em silêncio.
Enquanto Tyr se aproximava de Fenrir, confiando no poder da corrente Gleipnir para manter a fera contida, ele subestimou o ódio crescente do lobo gigante. Fenrir, apesar de preso, observava cada movimento com olhos flamejantes, movido pelo rancor profundo e pela sede de vingança.
Quando Tyr deu mais um passo à frente, talvez se sentindo confiante de que a corrente mágica era suficiente, Fenrir agiu com uma velocidade avassaladora. O lobo, movido por sua raiva contida e pelo desejo de liberdade, abriu suas mandíbulas enormes e, com um único movimento feroz, abocanhou o braço de Tyr. A dor foi imediata e intensa, mas Tyr, o deus que havia sacrificado sua mão para conter a fera uma vez antes, não vacilou.
O braço de Tyr foi arrancado com força brutal, e o sangue do deus jorrou sobre o solo. O grito de dor de Tyr ecoou pelos arredores, enquanto Fenrir rosnava triunfante, sacudindo a cabeça para provar que, mesmo preso, ele ainda tinha poder sobre os deuses. Ele sabia que não iria ser libertado, e essa traição havia selado sua fúria. Fenrir apenas riu, um som grave e ressoante que parecia ecoar das profundezas de Helheim. Rosnou Fenrir, suas palavras cheias de desprezo.
Fenrir: Vocês, Aesir... irão perecer um a um no Ragnarok. Você, Pai de Todos, irá ser dilacerado no fim dos tempos. seu deus covarde, apavorado pelo destino.
Thor imediatamente ergueu Mjölnir, pronto para retaliar, mas Odin estendeu uma mão, interrompendo-o. Tyr, sangrando e agora sem o braço, apertou os dentes, mantendo sua honra intacta apesar da dor. Thor, visivelmente furioso, deu um passo à frente.
A corrente podia segurá-lo por enquanto, mas Thor, tomado por uma fúria incontida ao ver o braço de Tyr arrancado e ouvir as palavras desdenhosas de Fenrir, não pôde mais conter sua ira. Com um grito de raiva que sacudiu os céus, ele ergueu Mjölnir e avançou contra a criatura, sua fúria divina alimentando cada instante.
Mjölnir, o martelo sagrado, desceu com o peso de trovões e relâmpagos, em direção à cabeça de Fenrir. A força do golpe era esmagadora, e o ar ao redor tremia com o poder concentrado no impacto. No entanto, ao invés de destruir o lobo gigante, algo inesperado aconteceu.
A corrente mágica Gleipnir, que segurava Fenrir com firmeza até aquele momento, não suportou a imensa energia do golpe. O martelo de Thor, com sua força incomparável, não feriu a criatura, mas quebrou o feitiço que o mantinha aprisionado. As correntes vibraram e, com um estalo violento, se partiram em pedaços, espalhando faíscas mágicas pelo ar.
Fenrir, agora livre, deu um salto para trás, seus olhos ardendo de triunfo e malícia. Ele ergueu a cabeça e soltou um uivo colossal, um som que reverberou pelo cosmos e que fez o chão tremer sob seus pés. O lobo gigante, antes contido e acorrentado, agora se erguia em sua forma plena, mais poderoso do que nunca, o terror de Asgard encarnado.
Thor, percebendo o que havia feito, ficou paralisado por um breve momento, sentindo o peso de sua decisão. Fenrir avançou, seus dentes expostos em um sorriso cruel.
Fenrir: Começarei a vingança com teu sangue!
Vendo o caos iminente e o perigo que Fenrir representava para Asgard, Odin sabia que precisava agir rapidamente. Seu olhar, normalmente calmo e calculado, revelava agora a intensidade da situação. Com um gesto firme, ele levantou Gungnir, sua lança, e murmurou palavras antigas e poderosas, invocando a magia profunda que fluía em suas veias de Pai de Todos.
Antes que Fenrir pudesse avançar e trazer sua destruição, um redemoinho de energia começou a se formar ao redor da fera. O chão tremeu sob seus pés, e um feixe de luz dourada, vindo do próprio Yggdrasil, desceu dos céus, envolvendo o lobo gigante em um vórtice brilhante.
Fenrir lutou contra o vórtice, suas garras rasgando o ar, mas era inútil. A magia de Odin era poderosa demais, mesmo para ele. Com um rugido de ódio, o lobo foi envolto pela luz e, em um piscar de olhos, desapareceu das terras de Asgard, transportado para longe, para um lugar onde sua fúria não poderia causar destruição imediata.
Thor, ainda em choque pelo que havia feito, baixou Mjölnir, o som da batalha se dissipando lentamente no silêncio pesado que se seguiu. Tyr, segurando o toco ensanguentado onde antes estava seu braço, encarava Odin com um olhar grave, enquanto o Pai de Todos, recuperava seu fôlego.
Os deuses estavam dilacerados pelo medo, pois nunca presenciaram alguém sobreviver ao Mjölnir. O fim dos Aesir estava à espreita.
Fenrir despertou com um sobressalto, o frio da câmara subterrânea de Helheim sendo um contraste gritante com o calor da batalha anterior. Seu corpo, agora humano e nu, tremia levemente, não apenas pela temperatura, mas pela lembrança da feroz luta que travara em Asgard. Seus sentidos voltavam lentamente, e ele percebeu que estava em um local diferente. O ar pesado e denso de Helheim preenchia seus pulmões, cada respiração parecendo mais difícil que a anterior.
Ele abriu os olhos e, à sua frente, Hela o observava com um olhar penetrante e calculado. Ao lado dela, Loki, com um sorriso enigmático nos lábios, inclinava-se casualmente contra uma parede de pedra sombria. Eles estavam ali, expectantes, como se soubessem que aquele momento era crucial.
Mas o que fez seu sangue gelar foi a criatura gigantesca que se erguia além deles. Nas sombras da câmara, a silhueta imensa e sinuosa da Serpente do Mundo, Jörmungandr, espreitava silenciosamente, seus olhos brilhando como brasas. Fenrir sentiu sua pele se arrepiar. O vínculo entre eles era visceral, como se ambos fossem parte de um mesmo destino.
Hela, ajoelhou perante seu filho, e por retribuição pelo seu feito, começou a salivar a sua glande, enquanto Loki orgulhosamente assistia.
Loki: Tu fizeste algo grandioso. Em Asgard, o temor agora corre entre os deuses como uma doença silenciosa. Odin e Thor sentem o peso da profecia se aproximando. O martelo de Thor não te feriu, mas liberou algo dentro de ti. Tu mereces os afagos de sua mãe.
Hela, ao lado de Loki, sorriu de forma enigmática. Seu olhar para Fenrir era de aprovação, como se o considerasse não apenas um filho, mas uma peça fundamental em seu plano sombrio. Ela o retribui, acariciando seu falo enquanto o Pai da Mentira falava. Sua mãe Hela carinhosamente se dedicava ao falo do filho, derramando sua saliva em sua carne como forma de triunfo.
Loki: Eles acham que tu és apenas um filho de Loki. Eles não fazem ideia do sangue de Baldur que se esconde em ti. Acreditam que o veneno e a astúcia dos Aesir são suficientes para controlar o destino.
Fenrir, por sua vez, sentiu o peso de seu destino pulsando dentro dele. A batalha em Asgard fora apenas o início, mas agora, ele sabia que o terror estava plantado nos corações dos Aesir.
Loki: Enquanto as sombras do Ragnarok se aproximam, é hora de você aproveitar o que é seu por direito. Desfrute da carne de sua mãe. O tempo está se esgotando, Fenrir. Prepare-se.
Hela, com um olhar penetrante, tomou o cajado de Fenrir em suas mãos, admirando seu brilho intenso sob a luz etérea que permeava Helheim. Com delicadeza, começou a lustrá-lo com sua saliva sagrada. O falo não era apenas um objeto de desejo, mas um símbolo do poder.
Enquanto Hela continuava a lustrar o cajado, ela infundia nele a energia vital de Helheim, um poder que transcendeu o tempo e o espaço. O brilho do cajado parecia pulsar, como se respondendo à energia que emanava da deusa.
Hela: Que este objeto nunca apenas simbolize sua força, mas também seu vínculo comigo. Nós estamos ligados por algo muito profundo, e, juntos, formamos um exército que poderá balançar os alicerces de Asgard.
Fenrir observou, a admiração crescendo em seu coração. O contato entre as mãos de Hela e o cajado parecia despertar algo primordial dentro dele, uma conexão que o fazia sentir-se mais forte, mais capaz.
Hela, sentindo a força do destino se cumprindo, fechou os olhos enquanto seu ventre começava a pulsar com uma energia desconhecida. Fenrir a observava com admiração e reverência, ciente de que sua união não era apenas um ato de paixão, mas um cumprimento da profecia que moldaria os eventos do Ragnarok.
Loki, sempre astuto e atento às reviravoltas do destino, aproximou-se com um olhar enigmático. Ele deslizou os dedos sobre o ventre de Hela, e no instante em que sua pele tocou a deusa, uma onda de poder percorreu seu corpo. Seu ventre cresceu em segundos, esticando-se como se carregasse o peso de eras inteiras dentro de si. Hela arquejou, sentindo a vida se multiplicar dentro dela em uma intensidade avassaladora.
Loki: O destino não espera.
Murmurou Loki, seus olhos brilhando com um misto de fascínio e orgulho.
Hela segurou a mão de Fenrir com força, suas unhas cravando-se na pele do filho-amante enquanto o momento da criação chegava ao ápice. Sua respiração tornou-se um rugido que ecoou por todo Helheim, reverberando nos salões sombrios e chamando os mortos para testemunhar o nascimento do exército profetizado.
Loki ajoelhou-se diante dela, suas mãos ágeis guiando o parto que não era apenas um nascimento, mas uma criação em massa, um fenômeno que desafiava o próprio fluxo da natureza. De dentro do ventre de Hela, emergiram os primeiros Wulvers — criaturas meio-lobos, meio-humanos, guerreiros forjados na escuridão para cumprir a destruição dos Aesir. Cada um deles saía do ventre de sua mãe já com presas afiadas, olhos selvagens e garras prontas para rasgar o destino.
E eles não paravam.
Um a um, os Wulvers caíam ao chão sombrio de Helheim, e antes mesmo de tocarem a terra gelada, já erguiam-se em postura de batalha. A cada novo nascimento, o ar de Helheim tremia, a paisagem se modificava, e a própria essência da morte parecia se expandir para acomodar a legião que emergia do ventre da deusa.
Cem mil.
Loki sorriu, satisfeito.
Hela, ofegante, ergueu-se com majestade, sua pele reluzindo com um brilho sobrenatural. Ela olhou para Fenrir e Loki, seus olhos carregando um orgulho silencioso e uma promessa de destruição iminente. Ela declarou, sua voz ecoando como um trovão através dos salões da morte.
Hela: O Ragnarok começou. E esses são os filhos que marcharão para apagar a luz tirânica dos Aesir.
Fenrir uivou para os céus sombrios, e cem mil vozes responderam, prontos para a guerra.