Obsidian: A Primeira Escrava - Parte 05

Da série Obsidian
Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 3349 palavras
Data: 12/02/2025 12:10:39

A noite caía sobre Blumenau. Vincent caminhava a passos firmes, as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta de couro, o capuz puxado sobre a cabeça, protegendo-se da umidade e do frio. Havia meses que ele não pisava naquela rua, e mesmo sabendo que não deveria estar ali, seus pés o haviam trazido de volta como se quisessem confrontá-lo com aquilo que ele passara tanto tempo tentando ignorar.

A casa de seu pai se erguia à sua frente como um fantasma do passado. O portão de ferro enferrujado rangia ao menor toque do vento, a pintura descascada denunciava anos de descuido e a luz da varanda oscilava fracamente. Vincent inspirou fundo antes de girar a maçaneta e empurrar a porta de madeira, que se abriu sem resistência. O cheiro azedo de álcool impregnava o ambiente, misturado ao odor de comida velha e mofo. Nada ali havia mudado.

Rudolph estava sentado no sofá velho e manchado, segurando uma garrafa de cachaça pela metade. O rosto abatido e coberto por uma barba grisalha e desgrenhada demonstrava que a decadência física acompanhava a ruína emocional que ele carregara. Quando ouviu o som da porta se abrindo, ergueu os olhos inchados de cansaço e bebida, demorando um instante para reconhecer a figura que acabara de entrar.

— Então, o grande Vincent Weiser resolveu lembrar que tem pai? — Sua voz saiu arrastada e carregada de rancor.

Vincent não respondeu. Fechou a porta atrás de si e percorreu o ambiente com o olhar, absorvendo o cenário de descuido e abandono. Papeis amassados e garrafas vazias se acumulavam num canto, e o ar era denso, pesado, sufocante. Ele se perguntou, por um breve momento, por que diabos havia achado que essa visita era uma boa ideia.

— Eu não esqueci que tenho pai. Só não sei se ele merece ser chamado assim.

A risada de Rudolph foi curta e amarga. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e esfregou o rosto com as mãos, como se tentasse afastar a embriaguez por um instante. Seus olhos, quando voltaram a encarar Vincent, estavam cheios de ódio e ressentimento, mas havia algo mais ali, algo que Vincent não queria enxergar: dor.

— Claro, claro… O moleque se acha bom demais para o próprio sangue. Foi morar com aquela piranha, não é?

Vincent trincou o maxilar, as mãos dentro dos bolsos se cerrando em punhos. Ele sabia que seu pai falava de Luna. Já ouvira os rumores, as fofocas, as insinuações sussurradas por vizinhos que se deliciavam com a decadência da família Weiser, mas não esperava que seu próprio pai fosse tão baixo.

— Você não sabe nada sobre ela — A voz dele saiu grave, controlada, mas carregada de ameaça.

Rudolph sorriu torto, balançando a cabeça como se ouvisse a maior besteira do mundo.

— Sei que ela não passa de uma vagabunda, igual sua mãe.

O silêncio que se seguiu foi pesado, sufocante. Vincent sentiu um calor feroz subir pelo peito, queimando tudo em seu caminho. Sua respiração tornou-se lenta e profunda, um esforço consciente para conter a fúria que ameaçava explodir.

— Não fala dela.

Mas Rudolph não recuou.

— Por quê? A verdade doi, filho? — Ele cuspiu a última palavra como se fosse veneno. — Doi saber que tua mãe era uma egoísta que fugiu com um macho qualquer e te largou aqui comigo?

Vincent sentiu o estômago revirar. Ele já ouvira essas palavras antes, já havia lidado com essa dor em silêncio, já havia construído muralhas dentro de si para não sentir nada disso. Mas, por algum motivo, naquela noite, ele não conseguia ignorar.

Rudolph tomou um gole direto da garrafa, e, com um suspiro pesado, se afundou no sofá, como se a conversa já o tivesse cansado.

— E agora você segue os mesmos passos dela, né? Fugindo, deixando tudo pra trás. Mas eu sei, Vincent. Sei que você vai voltar. Sei que você vai fracassar.

Vincent deu um passo à frente, sua sombra alongando-se sobre o pai.

— Acha que eu vou fracassar?

Rudolph riu, um riso seco e áspero.

— É claro. No fundo, tu é igualzinho a mim. Pode fingir que é diferente, que é forte, que não se importa, mas… no final das contas, você carrega o mesmo sangue sujo.

A raiva de Vincent explodiu como uma represa se rompendo.

Ele avançou e agarrou Rudolph pelo colarinho da camisa, puxando-o para cima com força. A garrafa de cachaça caiu da mão dele, espatifando-se no chão, espalhando estilhaços e o cheiro forte de álcool pelo ambiente.

Os olhos de Rudolph se arregalaram, mas não havia medo neles.

Apenas desprezo.

— Me solta, moleque — Murmurou, a voz mais fraca agora.

Mas Vincent não soltou. Ele o encarou por longos segundos, sua respiração pesada, os punhos tremendo.

E então, de repente, ele percebeu. Percebeu que não valia a pena. Não havia nada ali para ele. Não havia amor, não havia laços, não havia família. Só ruínas.

Ele soltou Rudolph com um empurrão, fazendo o velho cair de volta no sofá. O impacto foi fraco, mas a humilhação foi clara. Vincent se endireitou, passando as mãos pelo próprio rosto, como se quisesse apagar toda aquela cena.

— Eu não sou como você — Sua voz saiu baixa, mas firme — E nunca vou ser.

Ele se virou e caminhou até a porta.

Rudolph não o chamou de volta. Não pediu desculpas. Não implorou para que ficasse. Apenas riu baixinho, o riso de um homem quebrado e derrotado.

— Você pode fugir o quanto quiser, Vincent. Mas um dia vai se olhar no espelho e ver a mesma desgraça que você viu em mim.

Vincent parou na soleira da porta, sem olhar para trás.

— Prefiro quebrar o espelho.

E saiu, para nunca mais voltar.

**********

Vincent seguia com os passos arrastados no asfalto frio enquanto caminhava sem pressa, sem um destino definido. O peso da discussão com Rudolph ainda reverberava em seu peito, como um soco seco que não cessava.

Odiava admitir, mas o velho tinha o poder de atingir suas feridas mais profundas, cutucando-as até que sangrassem de novo. Por mais que tentasse ser diferente, por mais que se convencesse de que estava acima daquilo, a voz de Rudolph martelava em sua mente, repetindo aquelas palavras venenosas:

"Você carrega o mesmo sangue sujo."

Vincent apertou os punhos nos bolsos e acelerou o passo. Não queria pensar naquilo. Não queria pensar em nada.

Virou uma esquina sem prestar muita atenção e então viu a placa de néon tremeluzindo no fim da rua: "Golden Dog Bar". O letreiro meio apagado piscava intermitentemente, derramando uma luz avermelhada sobre a calçada. Vincent parou por um instante, encarando o brilho difuso das lâmpadas desgastadas.

Era exatamente o que ele precisava.

O bar estava cheio de vozes e risos altos, uma mistura de jovens comemorando o fim do dia e rostos desconhecidos bebendo em silêncio. Vincent entrou, ignorando os olhares curiosos e se enfiando no balcão com uma expressão fechada. O som da música e o calor do lugar eram um alívio temporário, algo para silenciar os ecos da discussão com Rudolph que ainda martelavam em sua cabeça.

.

Vincent passou direto por eles e se sentou no balcão.

— Whisky — Pediu sem olhar para o bartender, que apenas assentiu e deslizou um copo baixo para ele.

Era fácil se passar por maior de idade quando a vida lhe dava um aspecto mais velho do que realmente era.

O líquido dourado desceu queimando, e ele apertou os olhos por um instante antes de soltar o ar lentamente. A primeira dose nunca era suficiente.

Ele pediu outra. Depois mais uma.

Quando o efeito do álcool começou a criar aquela sensação entorpecente nos músculos, ele se recostou no banco e observou os arredores com um olhar vago. Foi então que a viu.

Do outro lado do bar, Clara. Ela estava sentada em uma mesa com algumas amigas, rindo de algo que uma delas dizia. Seu sorriso era iluminado, natural, e contrastava com o ambiente pesado ao redor. Parecia deslocada ali, como uma flor crescendo entre rachaduras no asfalto.

Vincent franziu a testa, não esperando vê-la ali. Ela não parecia do tipo que frequentava bares como aquele. E, naquele exato momento, como se pressentisse seu olhar sobre ela, Clara virou a cabeça e o viu. O sorriso nos lábios dela vacilou levemente, e os olhos se estreitaram, percebendo algo em Vincent que os outros ao redor não viam.

Ela disse algo para as amigas, que assentiram, e então se levantou.

Antes que Vincent pudesse reagir, Clara já estava caminhando até ele.

— O que tu tá fazendo aqui? — A voz dela não era acusadora, mas carregava uma preocupação genuína.

Vincent bufou, desviando o olhar e tomando outro gole de uísque.

— Bebendo, não é óbvio?

Clara se apoiou no balcão, inclinando-se levemente para estudá-lo melhor.

— Tu não parece bem.

Vincent soltou uma risada seca.

— E você parece surpresa.

Clara ignorou o sarcasmo e deslizou para o assento ao lado dele, cruzando as pernas com naturalidade.

— O que aconteceu?

— Nada.

— Tu sempre diz isso.

Vincent finalmente virou o rosto para encará-la, seus olhos ligeiramente turvos pelo álcool.

— Porque é verdade.

Clara não respondeu de imediato. Apenas continuou olhando para ele, e havia algo naquele olhar que o incomodava profundamente. Ela via através dele e isso o irritava. Ele passou a mão pelos cabelos, soltando um suspiro cansado.

— Não é da sua conta, gata.

Clara inclinou a cabeça, o sorriso suave tocando os lábios.

— Talvez não seja, mas isso não significa que eu não me importe.

Vincent fechou os olhos por um instante. Por que ela fazia isso? Por que insistia?

— Você é insuportável, sabia?

Clara riu, e o som foi suave, quase delicado.

— Já me disseram isso antes.

Ela então fez um gesto para o bartender.

— Dois copos de água, por favor.

Vincent ergueu uma sobrancelha.

— Sério? Água?

— Alguém tem que te impedir de fazer besteira.

— Talvez eu queira fazer besteira.

— Talvez tu só precise de alguém pra te impedir.

O silêncio que seguiu foi denso. Vincent não sabia o que responder.

O bartender colocou os copos à frente deles, e Clara pegou um, estendendo para ele.

Vincent olhou para o copo como se fosse um insulto, mas, por algum motivo que nem ele mesmo entendia, pegou a água e bebeu um gole.

Clara sorriu, satisfeita.

— Viu? Não foi tão difícil.

Vincent revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso de canto.

— Ainda acho que você devia ir embora.

— E eu ainda acho que tu precisa de alguém por perto.

Vincent não respondeu.

A verdade é que, pela primeira vez naquela noite, o peso em seu peito parecia um pouco mais leve e talvez, só talvez, Clara estivesse certa.

Depois de passarem um tempo no bar, Clara se levantou do banco e olhou para Vincent com um meio sorriso.

— Vem comigo.

Vincent arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Pra onde?

— Uma caminhada. Tu precisa sair um pouco daquele buraco de fumaça e álcool.

Ele bufou, inclinando-se sobre o balcão.

— E se eu disser que não tô a fim?

Clara cruzou os braços, o olhar brincalhão, mas decidido.

— Daí eu vou sozinha e te deixo aqui. Mas tu sabe que eu sou teimosa… e posso acabar voltando pra te arrastar.

Vincent soltou um suspiro longo.

— Você realmente não desiste, né?

— Não — Clara sorriu — Então, tu vem ou não?

Ele a observou por alguns segundos, como se tentasse decifrar o que havia nela que o fazia sempre ceder, mesmo quando não queria.

Por fim, terminou seu copo d’água e se levantou.

— Tá, tá… Mas se isso for uma armadilha pra me convencer a ser um ser humano melhor, eu volto pro bar.

Clara riu.

— Não te prometo nada.

O ar da noite estava frio e úmido, carregado pelo cheiro fresco da terra molhada pela garoa anterior. As ruas estavam mais silenciosas àquela hora, e a cidade parecia respirar com menos pressa. Eles caminharam sem pressa pelas ruas vazias, seguindo sem um destino específico. O som dos passos no asfalto molhado ecoava suavemente, e a conversa começou de forma leve, pequenos comentários sobre a noite, sobre as pessoas no bar, sobre o cheiro de chuva que ainda pairava no ar, mas, pouco a pouco, o silêncio entre eles foi mudando. E, quando chegaram a um pequeno parque afastado, onde as árvores balançavam suavemente sob a brisa noturna, Clara finalmente quebrou a barreira.

— O que aconteceu hoje?

Vincent, que caminhava com as mãos nos bolsos, pensou antes de responder.

— Nada que eu já não esperasse.

Clara olhou para ele de soslaio.

— Teu pai?

Vincent soltou uma risada sem humor.

— Quem mais poderia ser?

Eles continuaram andando.

O caminho era iluminado apenas por postes distantes, e a luz da lua brincava entre as folhas das árvores, projetando sombras alongadas no chão.

— Ele te disse algo? — Clara perguntou, sua voz suave, mas firme.

Vincent apertou o maxilar, chutando uma pedrinha no caminho.

— A mesma coisa de sempre. Que eu sou um fracasso. Que sou igual a ele.

Clara franziu o cenho, os olhos se suavizando.

— E tu acredita nisso?

Vincent parou de andar por um instante. Olhou para o chão, depois para o céu, como se estivesse procurando alguma resposta nas estrelas ocultas pelas nuvens.

— Por muito tempo, acreditei — Sua voz saiu mais baixa agora — Por muito tempo, eu me olhava no espelho e via o rosto dele no meu. O mesmo sangue, os mesmos olhos. O mesmo destino.

Clara ficou quieta. Não o interrompeu.

Vincent passou uma mão pelo rosto, respirando fundo.

— Minha mãe foi embora quando eu era pequeno. Pegou as coisas e saiu, sem olhar pra trás. Eu lembro daquela noite como se tivesse sido ontem. Lembro do barulho da mala arrastando pelo chão, do som da porta batendo, do motor do táxi indo embora.

Ele fechou os olhos por um breve segundo, antes de encará-la.

— Sabe o que é pior?

Clara negou com a cabeça.

— Ela nem me olhou.

O silêncio que seguiu foi pesado.

Clara engoliu em seco.

— Ela não se despediu?

Vincent balançou a cabeça, rindo amargamente.

— Nem uma palavra. Nem um "adeus", nem um "eu te amo". Nada — Ele olhou para frente novamente, tentando mascarar a vulnerabilidade que ameaçava transparecer — — Acho que ali eu aprendi que as pessoas sempre vão embora, mais cedo ou mais tarde. Não importa o que você faça, não importa o quanto você tente segurar. No final, todo mundo vai embora.

Clara sentiu o peito apertar. Era difícil imaginar a versão mais jovem de Vincent, um menino de seis anos, esperando por um adeus que nunca veio. E, naquele instante, ela entendeu algo sobre ele. Entendeu por que ele construía muralhas ao seu redor. Porque evitava laços, porque preferia o controle absoluto a depender de alguém. Ele passou a vida inteira esperando que as pessoas o abandonassem e isso a fez querer nunca ser mais uma a fazer o mesmo.

Eles chegaram a um pequeno descampado no centro do parque, onde o solo era coberto por flores noturnas brancas e lilases, desabrochando sob a luz difusa da lua.

Clara parou, olhando ao redor com um brilho nos olhos.

— Olha só…

Vincent a observou em silêncio.

Ela se ajoelhou e passou a mão suavemente sobre as pétalas delicadas.

— São lírios-do-campo. Eles só abrem à noite.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— E como sabe disso?

Clara sorriu, olhando para ele.

— Eu gosto de coisas que florescem no escuro.

Vincent ainda a observava.

— Isso é poético demais pra mim.

Ela riu, erguendo-se. E então, antes que pudesse raciocinar, Clara deu um passo à frente e tocou o rosto dele.

Vincent prendeu a respiração.

— Tu não precisa ser o que ele disse que tu é — Ela sussurrou — Tu não precisa ser o que te fizeram acreditar.

Ele sentiu os dedos dela roçarem sua pele com uma suavidade que ele não estava acostumado. Naquele momento, todas as barreiras que ele havia erguido começaram a ruir. O mundo ficou mais silencioso. E então, Vincent a beijou. Sem hesitação. Sem medo. Apenas entrega. E, pela primeira vez, ele não sentiu que precisava fugir.

Ele aprofundou o contato, segurando-a pela nuca, sentindo o calor da pele dela sob seus dedos. Havia algo viciante na doçura dela, algo que o puxava para mais perto, algo que o fazia querer tomá-la completamente.

Clara, por sua vez, não resistiu. Se entregou ao beijo com a mesma intensidade, como se naquele momento só existissem os dois e a noite ao redor.

A respiração de Vincent ficou mais pesada conforme ele explorava cada pequeno movimento dela. A maciez dos lábios, o toque tímido dos dedos dela em sua jaqueta, o pequeno suspiro que escapou quando ele aprofundou o contato… tudo isso fazia o desejo dentro dele crescer como fogo em palha seca.

Ele a puxou para mais perto, o corpo dela se moldando ao seu, e Clara sentiu o calor dele contra sua pele, a força dos braços ao redor de sua cintura. A temperatura entre eles subia, tornando incômodos os tecidos que os separavam. Sem quebrar o beijo, Vincent deslizou a jaqueta pelos ombros e a deixou cair no chão macio de grama e terra.

Clara fez o mesmo com o agasalho, sentindo a brisa fria da noite acariciar sua pele quente. Vincent a pressionou contra o tronco de uma árvore, seus lábios descendo pelo pescoço dela, a respiração quente fazendo com que cada pelo de seu corpo se arrepiasse.

Os dedos de Vincent deslizaram sob a camisa de Clara, tocando a pele quente de sua cintura, subindo lentamente, mapeando cada curva. Clara arqueou, seus dedos se apertando nos ombros dele. O toque dele era firme, mas cuidadoso, explorador, mas respeitoso. Ela não conseguia pensar em nada além da sensação dos lábios dele em sua pele, dos dedos que traçavam um caminho tortuoso por suas costas, da maneira como seu próprio corpo reagia a cada pequeno estímulo.

Havia um desejo crescendo entre eles, primitivo e real, e Vincent também sentia isso. Ele deslizou uma das mãos erguendo a camisa dela, querendo mais, querendo senti-la por completo.

Clara mordeu o lábio, sua respiração acelerando. Ela o queria. Deus, como o queria. Mas quando sentiu Vincent levar as mãos ao botão de sua calça, um pânico suave tomou conta de seus sentidos. Ela não queria que ele parasse, mas não queria que fosse ali.

Com os olhos brilhando de hesitação, Clara segurou as mãos dele, interrompendo seus movimentos.

Vincent franziu o cenho, confuso.

Ela não parecia querer recuar, mas com a voz baixa, quase um sussurro, Clara confessou:

— Eu… eu nunca fiz isso antes.

O tempo pareceu parar. Vincent sentiu o peso das palavras dela atingirem seu peito de uma forma inesperada. Ele não sabia o que esperava ouvir, mas não era aquilo.

Os olhos de Clara brilhavam na escuridão, e mesmo no meio daquela confissão vulnerável, ela não desviou o olhar. Vincent engoliu em seco. Ela não estava dizendo que não o queria. Estava dizendo que queria que fosse especial. E, pela primeira vez, Vincent percebeu a diferença entre desejo e significado.

Ele passou os polegares suavemente sobre a pele das mãos dela, sentindo como estavam quentes, como tremiam levemente. Vincent poderia insistir. Poderia tentar convencê-la, poderia dominá-la, mas ele não faria isso, porque, naquele instante, percebeu que Clara não era apenas mais uma noite. E isso mudava tudo.

Com um suspiro pesado, ele afastou suas mãos da calça dela e voltou a segurá-la pela cintura, trazendo-a para um abraço firme. Clara se permitiu relaxar contra ele, sentindo o calor e a segurança em seu toque.

— Não tem problema — Vincent murmurou contra o topo da cabeça dela.

Ele esperaria. Porque, pela primeira vez em sua vida, ele queria mais do que apenas um momento fugaz. Ele queria Clara, de todas as formas.

Quando se afastaram levemente, Clara sorriu, um alívio visível em sua expressão. Ela tocou o rosto dele, passando os dedos suavemente pela linha de sua mandíbula, e sussurrou:

— Obrigada.

Vincent segurou sua mão, beijando a palma com um carinho que nem sabia que era capaz de demonstrar.

— Não precisa agradecer.

Os dois ficaram ali por mais alguns minutos, apenas se encarando, apenas sentindo o momento.

Sem dizer mais nada, Vincent e Clara pegaram suas roupas do chão, protegendo-se do frio que voltava a abraçá-los.

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Foto de perfil de Fabio N.MFabio N.MContos: 122Seguidores: 151Seguindo: 48Mensagem Segredos para uma boa história: 1) Personagens bem construídos com papéis e personalidades bem definidas qualidades e defeitos (ninguém gosta de Mary Sue ou Gary Stu); 2) Conflitos: "A quer B, mas C o impede" sendo aplicado a conflitos internos e externos; 3) Ambientação sensorial, descrevendo onde estão seus personagens, o que estão vendo ou sentindo.

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