Mais tarde, ao anoitecer, Rafael chegou do trabalho. O cheiro do manjar fresco invadiu-lhe as narinas depois de cruzar a porta.
— “Hmmmmm, que delícia, meu amor!” — exclamou ele, a pegando pela cintura e encoxando Juliana na cozinha.
Ela riu, um riso faceiro, esfregando o traseiro curvilíneo na pica do noivo, antes de oferecer os lábios para uma bitoca demorada.
Mil vezes tonto, ele: Rafael achava que era um homem de sorte. —Achava que era um homem feliz. Seu maior erro foi ignorar os detalhes. O corpo de Juliana vivia com marcas: chupões, marcas de tapas, etc.
Ainda na cozinha. Suas mãos alisaram as curvas da noiva, apertando-lhe o traseiro com gosto.
— “Vai tomar banho e volte para jantar, querido” — disse Juliana, ajeitando a gola da camisa dele, como uma esposa perfeita, dedicada.
Rafael obedeceu e saiu assoviando, entrou no quarto, despiu-se e, ao pisar no box, sentiu a água quente molhar seu corpo. Lavava-se, sem desconfiança, sem pressentimentos. Achando que Juliana o pertencia.
Quando voltou de banho tomado, o jantar já o aguardava na mesa, impecável. O casal se sentou, brindaram com vinho e comeram, enquanto conversavam sobre os últimos preparativos do casamento.
— “Mal posso esperar pela nossa lua de mel em Paris” — disse Rafael, segurando a mão de Juliana.
Ela sorriu, o mesmo sorriso, e apertou os dedos dele com carinho.
— “Vai ser inesquecível, meu amor.”
Mais tarde, entre os lençóis. Juliana deu o ânus de quatro, com a devoção de uma mulher descarada, que horas antes, estava na mesma posição no motel para um ancião de 61 anos.
O noivo beijou-a com carinho, delicadeza, doçura. Suas mãos percorreram o corpo dela com desejo. Ela retribuía com gemidos dosados, na medida exata para inflar o orgulho de macho do seu noivo apaixonado.
Depois, Rafael dormiu de conchinha, colado à mulher que idolatrava. Mal sabia ele que, em outras camas, Juliana havia sido fodida de maneiras que ele jamais sonharia.
E, no sossego da noite, com a cabeça repousada na almofada, Juliana abriu os olhos na penumbra e revelou um sorriso sozinha.
CINCO DIAS PARA O CASAMENTO:
No dia seguinte: A cena se repetia. Era começo de tarde, o sol estalava no asfalto. Juliana saiu do consultório vestida com seu tradicional jaleco branco, ares de mulher profissional e respeitável.
Mas bastou entrar no carro para a transformação começar.
Ali, no seu veículo, soltou os cabelos presos, despiu-se da pureza branca e vestiu a devassidão do vermelho. Um vestido longo, leve, tão rubro quanto um pecado. As sandálias e a bolsa seguiam a mesma paleta escandalosa. Quando Juliana olhou-se no retrovisor, trocou o batom claro por um vermelho vibrante intenso.
Diante do espelho, a pequena viu a mulher que realmente era.
Dirigiu tranquilamente pelas vias de Campinas, até um ponto qualquer da cidade. Estacionou e seguiu até a parada de ônibus.
Pegou o primeiro coletivo que veio. Ao subir lindamente, o motorista travou o tronco. O cobrador a cobiçou. E os passageiros — os pobres-diabos condenados à monotonia — sentiram o dia ganhar uma nova cor.
Quando a linda moça passou pela catraca, como quem atravessa uma passarela de moda, ela avistou um jovem bonito. Ao invés de sentar ao lado do sujeito, como fazia sempre. Escolheu um assento vazio, bem à sua frente, e sentou-se.
O vento foi lhe soprando os cabelos. No assento de trás, o rapaz vergou-se para o lado, querendo ver mais, quando disse:
“A senhorita dá licença?” — disse ele, seu sorriso era tímido.
Juliana virou-se, esboçou um riso curto: “Pois não.”
O moçoilo se levantou e, sem pedir licença, sentou-se ao lado dela.
— “A senhorita não lembra de mim?”
Ela franziu as sobrancelhas, estudando aquele rosto.
— “E deveria?”
“Meu nome é Breno. Fui vigilante lá da construtora do Seu Frederico.” — Respondeu ele, sem graça.
Juliana então entendeu.
— “Ohhhh, sim…”
Ele continuou falando: “O Seu Rafael me demitiu por justa causa. Me pegou dormindo na guarita. Isso já faz mais de seis meses, e até hoje não consegui emprego.”
Juliana curvou a cabeça, estudando-o como quem avalia um investimento.
— “Só por isso ele te mandou embora?”
Breno assentiu, cabisbaixo, muito constrangido.
— “Não consigo encontrar trabalho em lugar nenhum. A senhorita não poderia me ajudar? Não quero dinheiro, só preciso de uma indicação.”
Ela o olhou por um instante, depois olhou para fora, pensou e decidiu. Virou para ele e disse:
“Posso, como vou te ajudar, mas tem que vir comigo.”
Breno, ingênuo, aceitou de animado. Desceram na próxima parada e andaram por três minutos até pararem em frente a um motel.
O rapaz empalideceu ao reconhecer o local, sem entender nada.
— “Você me acha bonita?” — perguntou Juliana, segurando a cintura dele.
Breno afligiu-se e abriu um meio sorriso.
— “Quando a senhorita ia na construtora, todos os vigilantes te elogiavam, te achavam linda. Mas não sei por que está me perguntando isso…”
Juliana não respondeu. Pegou a mão dele e sussurrou:
— “Não fique aí parado. Vem comigo.”
E entraram no motel. Na recepção, um senhor de baixa estatura, de óculos de aro grosso, arregalou os olhos ao vê-la tão bela.
Juliana segurou os punhos de Breno e o provocou:
— “Você tem coragem de fazer comigo, o que faz com as outras mulheres por aí?”
Breno, apavorado, balançou a cabeça negativamente.
— “Tenho muito respeito pela senhorita… A senhorita está se comportando como, como…”
“Como uma puta? Não era isso que você ia dizer?” — respondeu à pequena, emitindo um sorriso, olhando para ele e para o velho.
Ele ficou lívido, lúrido, pálido.
— “Desculpa, mas não sabia que a senhorita se comportava assim.”
O senhor da recepção pigarreou, tentando esconder o espanto. Juliana puxou algumas notas da bolsa, pagou o quarto e pegou a chave da mão enrugada do ancião da recepção.
— “Ou você me segue, ou continua desempregado.” — disse ela, em tom alto e claro, para o ex-vigilante da construtora do noivo.
Ele e o velho… ficaram abismados com as palavras dela. Breno, sem opção, seguiu-a. Eles sumiram no corredor escuro, porta adentro, tragados pelo destino.
O quarto da espelunca, era de um luxo pobre. Cama de casal, lençóis gastos, paredes de um amarelo e luzes foscas, dessas que fazem os pecadores parecerem santos. Assim que a porta se fechou. Juliana virou-se para Breno, tão próxima que ele sentiu o hálito quente dela.
“Cuspa no meu rosto.” — Ela pedia, abrindo um meio riso.
Breno esbugalhou os olhos. A bolsa dela pendia de uma das mãos, porém o que realmente pesava ali era aquela ordem absurda, obscena. — “O quê? Não posso fazer isso…”
Juliana inclinou-se ainda mais, os olhos acesos num lampejo diabólico: “Anda, cuspa no meu rosto, estou mandando.”
Breno não moveu um músculo. Não esperava aquilo, não daquela mulher que, até então, parecia uma princesa de tão linda.
Juliana respirou, impaciente. Pegou a iniciativa. Cuspiu na cara dele como uma flecha que atinge o seu algoz. Breno ficou boquiaberto. O tempo parou, apenas para ser destroçado na sequência.
“Agora você vai cuspir no meu rosto, seu pobretão e morto de fome.” — Ela disse sorrindo, um sorriso diabólico, devasso.
A moça era a encarnação da perdição, vestida de vermelho e com a boca úmida. Breno sentiu uma vertigem. Uma febre súbita. Uma raiva. Então cuspiu de volta. Uma cusparada quente, espessa, direto na face dela. Juliana gemeu, não de nojo, mas de desejo, de deleite. — A pequena lambeu o cuspe nos beiços. E atirou-se nele como uma mulher que desce ao inferno por própria escolha.
Beijaram-se com frenesi, um devorando o outro. Línguas se entrançando, mordidas, hálitos misturados em um só. As mãos de Breno vagavam pelo corpo dela, apertando as coxas carnudas, subindo pelos quadris, esmagando os seios por cima da blusa.
Juliana rangia entre os beijos, incentivando-o, enlouquecendo-o.
E o que aconteceu depois foi pura carnificina do desejo, do prazer, da devassidão. Sem conseguir controlar o tesão. Breno puxou para baixo o vestido vermelho da bela dama, expondo não só seus seios fartos, mas como o corpo inteiro.
Era os seios mais belos que vira na vida. O sujeito abaixou a cabeça e sugou um mamilo rijo, depois o outro, fazendo-a curvar as costas e gemer alto. Juliana retribuiu, desabotoando a calça dele e deslizando a mão dentro, agarrando a rola enfurecida de rija.
“Vamos pra cama.” — Juliana o ordenou, empurrando o moço para o leito e ajoelhou-se entre suas pernas.
Ela o olhou, era um olhar impudico, carnal. A noiva segurava a pica com ânimo, começou a lamber a bolota. Breno gemia, e se contorcia sentindo a quentura de sua boca. Ela o engoliu todo, descendo até a garganta, fazendo-o soltar um gemido asfixiante.
A moça tinha habilidade — Juliana lambia e sugava. Sua outra mão massageava os bagos. Breno estava em arrebatamento, sentia um prazer como nunca. Ele agarrou os finos fios de cabelos dela, incitando-a a continuar. Juliana ouvindo, aprofundou ainda mais a felação, provocando-o com locomoções repetitivas.
Quando Breno estava à beira do gozo. A moça parou repentinamente de mamá-lo, deixando-o extenuado e confuso.
Ela levantou, exibindo seu impecável corpo nu, e deitou-se na cama, abrindo as pernas em um convite explícito. Breno, cobiçoso, se posicionou entre elas, a rola babando, pronto para penetrá-la.
“Espere um segundinho” — ela pediu, com dois dedos, separou os grandes lábios vaginais, revelando sua abertura rosada e úmida.
“Toque-me. E chupe-me” — a moça pedia, enquanto o fitava nos olhos, à medida que esticava a pele fina da vagina salivando.
Breno obedecia a cada comando, excitado pela submissão dela.
O sujeito lambeu os dedos, saboreando seu gosto. Juliana gemia e pedia por mais. O amante se vergou e começou a lamber sua vulva, aproveitando cada dobra com a língua, à medida que as mãos massageavam seus seios.
“Porra, sua buceta é deliciosa, dona Juliana” — disse Breno, sugando-a com fervor e entusiasmo.
Ela, possuída pelo desejo, puxou o amante para cima e o beijou. —Eles se rolaram na cama e riram, abusando-se dos seus corpos sedentos e suados.
Breno se posicionou sobre ela, pronto para meter. Juliana, ansiosa, guiou a rola dele para dentro de sua entrada, gemendo, murmurando e suspirando, quando sentiu a pica espessa preenchendo-a.
O moçoilo começou a se mover deslizando, penetrando a rola inteira para dentro e para fora, provocando gemidos em Juliana. — Ela o agarrava, unhas cravadas em suas costas, incentivando-o a ir mais fundo.
“Me fode, seu safado…” — ela gemia e chiava, perdendo o controle nos braços do amante.
Breno aumentou o ritmo, a chama dela o envolvia. Num gesto primitivo, a fulana mordeu o ombro dele. Ele sentiu a dor, inclinando sua cabeça para trás, e a tomou, possuiu com toda força, atingindo seu ponto mais profundo. Juliana berrou, sentindo prazer.
Os estrondos de peles se chocando, era tão alto, dava para ouvir de longe, entre as paredes.
“Ah. Oh. Oh. Oh… caralho, vou gozar” — o sujeito avisou, desferindo suas últimas estocadas na xoxota dela.
Após gozar, deleitar-se. Exaustos, Juliana e o amante, permaneceram deitados, ouvindo a respiração um do outro. Mas o tesão não havia acabado. Juliana queria mais, virou-se e montou em Breno, apresentando-lhe suas nádegas redondas, pronta para outra rodada.
“Agora, por trás, meta no meu cuzinho” — ela pedia, rebolando.
É evidente que o sujeito não negou fogo. Estava diante de uma das mulheres mais bonitas de Campinas. Em poucos instantes, a rola dele já roçava o traseiro da pequena. Ela fez questão de guiar a pica do moçoilo, para a abertura do seu butico.
O fulano a penetrou, e sentiu, a resistência do orifício. — Juliana gemia intensa e o encorajava, pedindo mais. O amante a golpeava com robusteza. O impacto era intenso, e ele lutou para controlar o orgasmo.
“Me xingue. Me bata…” — ela pedia, e repetia a fala, à medida que sua corpulência sacolejava na cama.
O quarto atroava em gemidos e burburinhos. Breno, tendo o gozo se aproximado, derramou o deleite viscoso nas entranhas da moça. • Eles caíram na cama, esbaforidos e exultantes.
Mas a tarde de sexo ainda não havia acabado. Após de um breve repouso. Breno ergueu-se, ostentando uma rola ereta. E Juliana, vendo-o, expôs um sorriso dissimulado.
Deslocaram-se para o banheiro. Debaixo de água morna. Breno a possuiu de frente e, em pé, contra a parede, levantando-a e penetrando-a com impetuosidade, rudeza e violência.
Juliana, chiava, enrolava as pernas em volta dele, puxando-o para si.
Os amantes buliam em simultaneidade. Breno, ao notar o gozo se aproximar outra vez, mandou Juliana ajoelhar no chão, fazendo-a mamar na sua pica úmida. A moça movia a cabeça para trás e para frente, guiando o membro no fundo da boca.
O sujeito, incapacitado de se controlar o tesão, gozou, recheando os lábios, a língua e a boca da amante com seu sêmen. A cretina engoliu, saboreando-o, à medida que ele se apoiava nela, cansado, risonho e realizado. Para Breno: foder a futura esposa do dono da construtora, era um milagre.
Juliana, depois de transar com o ex-vigia, tomou banho com o sujeitinho. A água quente fluía pelos corpos colados, e ele, como um recém-nascido insaciável, mamava nos belos seios dela com fome. Juliana ria. Não se sabia ao certo se por cócegas ou por um acesso de loucura.
Mas, de repente, algo nela mudou. Segurou o rosto de Breno com as duas mãos e o obrigou a encará-la.
— “Eu não presto, está entendendo? Amo o Rafael, mas traio ele com outros homens.” — disse a moça, em tom de voz alto.
A confissão desceu sobre a terra feito bomba. Breno, nu e ensaboado, ficou sem resposta. O cérebro mastigava a informação, mas a digestão era lenta.
— “Você é a mulher perfeita pra nós, homens: bonita, gostosa e vadia.” — respondeu o sujeito.
Juliana, ao ouvir aquilo, bosquejou um riso curto, maldoso.
O moçoilo era sincero, tinha que se admitir. Acabaram se beijando, um beijo úmido, como se fossem velhos amantes.
Vestidos e prontos para ir embora, Breno, esperançoso, entregou um currículo amassado nas mãos dela.
— “Vê se consegue alguma coisa pra mim, dona Juliana.”
Ela pegou o papel e sorriu, a boca tingida de batom vermelho.
— “Vou fazer o possível.”
Na calçada, despediram-se. Juliana chamou um táxi e sumiu pelas vias da cidade. Quinze minutos depois, fora do próprio carro, ela abriu a bolsa, pegou o currículo e, sem hesitação, rasgou-o em pedacinhos e jogou tudo na primeira lixeira que encontrou.
No possante, o vestido vermelho saiu e a roupa de trabalho voltou ao seu corpo. O batom escandaloso foi apagado. A devassa do ônibus e do motel deu lugar à dentista séria.
Juliana voltou para o consultório como se nada tivesse transcorrido.
QUATRO DIAS PARA O CASAMENTO:
No começo de tarde do dia seguinte, na sala de reuniões da construtora. Frederico cruzou as mãos sobre a mesa de jatobá e fixou o olhar no filho numa expressão hermética.
“Você ama a Juliana, meu filho?” — perguntou Frederico.
Rafael estranhou a pergunta. Franziu a testa, ajeitou a gravata, como se o nó tivesse apertado de repente.
— “Que pergunta é essa, meu pai? O senhor sabe que amo essa mulher mais-que-tudo nessa vida.”
Frederico ergueu ambos os sobrecílios. O diabo era que ele sabia mais do que deveria. Lembrava-se com nitidez da noite da festa de seus quarenta anos de casado, a mão delicada de Juliana deslizando por sua virilha. A princípio, ele pensou que era um erro, um acidente de percurso. Mas, ao ver o olhar da nora — um olhar indecente, provocador, desprovido de qualquer pudor — soube que não era um engano. Juliana sabia exatamente o que fazia.
Agora, ali, diante do filho, Frederico pigarreou e disfarçou.
— “Bom, às vezes podemos nos enganar com as pessoas.”
Rafael riu, caçoando da dúvida do pai.
— “Meu pai, eu conheço a Juliana há anos! Sei que ela nunca teve outro homem além de mim.”
“Ah, a inocência dos apaixonados…” Pensou Frederico, respirando fundo. Sentiu-se um covarde. Não foi homem o bastante para dizer ao filho que a noiva era uma dama de mil homens — e que, se tivesse oportunidade, talvez até se deitasse com ele, o sogro.
— “Tomara que esteja certo, meu filho. Espero.”
Mas Rafael não era burro. Olhou o pai com desconfiança.
— “O senhor tem algum motivo para duvidar dela, meu pai?”
Frederico recuou, tossiu, bebeu um gole de uísque, colocou o copo sob a mesa e replicou: “Não, não, meu filho. Nenhuma desconfiança.” Ele, não querendo colocar porcarias na cabeça do Rafael.
Naquele mesmo instante, ao tempo que Rafael jurava amor eterno no escritório da construtora. Sua noiva vivia outro capítulo de sua novela íntima. A quilômetros dali, no ateliê mais caro da cidade, ela se admirava no espelho. Vestida de branco como uma santa, uma madona imaculada.
Dona Jerusa, a costureira das madames, mulher calejada de 30 anos de bainhas, bordados e mantilhas intermináveis, contornava ao redor da nubente, ajeitando os últimos detalhes do vestido — um monumento de renda francesa e pedrarias importadas, custando a bagatela de cinquenta mil reais.
— “Dona Juliana, já vesti muita noiva nesse país, mas poucas ficaram tão esplêndidas quanto a senhora.” — disse a costureira, ajeitando a saia volumosa.
O vestido ainda faltava ajustar um milímetro na cintura. No espelho, Juliana sorria. Via-se esplêndida, pura, casta, digna de um altar. —Quase chorou. E, por um segundo, acreditou na própria santidade. — Era seu grande sonho se realizando. O casamento perfeito. — A cerimônia dos sonhos. O marido ideal.
Juliana saiu do ateliê, todavia, assim que pisou na calçada, teve um arrepio na espinha, um calor subterrâneo, um chamado do ventre. — Algo nela se bulia, como se mil mãos invisíveis a puxassem para o delito, para o pecado.
Entrou no carro como a noiva recatada, saiu dele como a mulher-belzebútica. Trocou a blusinha e a calça jeans por um vestidinho, um modelito rosa-claro, curto o suficiente para atiçar anseios, longo o bastante para fingir inocência. Nos pés, rasteirinhas, quase infantis. — Nos lábios, um red hot fatal.
A moça dirigiu sem norte, até achar um ponto de ônibus. Deixou o carro e subiu no primeiro coletivo que parou.
No veículo, bastou um olhar. E lá estava ele: Severino, o frentista, o nordestino de mãos rachadas pelo diesel, o homem de calça e camisa encardida e um olhar triste, cansado.
A dama se sentou ao seu lado, o joelho roçando de leve no dele. — Em poucos instantes, ela principiou o ataque. Passou os dedos na coxa do homem, como quem testa a paciência de um cachorro.
— Cansado, senhor? — sussurrou ela, com um sorrisinho oblíquo.
O homem diante de um acontecimento inesperado. Olhou ao redor, desconfiado. Mas Juliana já tinha um plano em mente.
Quando desceram do ônibus, ela caminhava na frente, ele atrás, obediente, domado como um cão vira-lata que acaba de ganhar um osso suculento.
No motel barato, Juliana pagou o quarto. Pegou a mão calejada de Severino e, puxou-o pelo corredor sombrio. Sumiram na porta do número 23.