Este conto é uma livre adaptação do episódio “ Entre os privilegiados “ da série “Além da Imaginação” – Ano de 2020 S02 Ep05
Meg passou a andar comigo, e nunca mais ninguém mexeu ou tirou sarro dela. Com Meg eu não precisava fingir. Ela parecia entender que eu estava em busca de algo mais profundo do que simplesmente ser uma garota popular. Eu começava a me sentir mais à vontade perto dela.
Ela foi me mostrando que, embora fosse vista como "esquisita" pelos outros, ela tinha algo que eu não via em mais ninguém: uma sinceridade crua e sem pretensões. Quando eu falava sobre os meus medos e inseguranças com ela, algo dentro de mim começava a mudar. Ela não me julgava, não olhava para mim como a garota perfeita da escola, a "estrela" que todos seguiam. Para Meg, eu era apenas Marina. Aquilo me tocou de uma forma que eu nunca imaginei.
À medida que nossos encontros se tornaram mais frequentes, eu percebi que gostava de estar perto dela. Era mais do que os poderes, mais do que qualquer outra coisa. Meg começou a se tornar a única pessoa com quem eu podia ser completamente eu mesma. Era uma amizade verdadeira, uma conexão genuína. Algo que eu nunca tinha experimentado antes.
Para selar de vez nossa amizade, algo extraordinário aconteceu.
Meg e eu estávamos no refeitório, Renata, uma nojenta, que é minha rival, havia acabado de entrar, com aquele sorriso arrogante no rosto, como se fosse a rainha do lugar. Eu sabia que não ia conseguir suportar mais uma das suas atitudes debochadas.
Meg percebeu a tensão no meu rosto e se aproximou. Era ela quem me ajudava a controlar e a desenvolver essas habilidades. Ela acreditava em mim, até quando eu mesma duvidava.
- Você consegue, Marina. Lembre-se, você tem controle. Deixe sua raiva guiar, mas de forma controlada - Meg disse, me olhando com aquele olhar tranquilo que sempre me acalmava.
Eu respirei fundo, tentando me concentrar. Eu sabia o que precisava fazer. Renata já estava se aproximando da sua mesa, com a cabeça erguida, como se estivesse desfilando. A raiva dentro de mim se acumulava, mas Meg estava ao meu lado, me guiando. Eu fechei os olhos por um momento, tentando controlar a intensidade da minha energia. Podia sentir o movimento da cadeira de Renata, a leveza da madeira, o impulso que precisava dar. Focando no objeto, imaginei a cadeira se movendo.
Foi então que a cadeira de Renata se levantou, de uma forma quase imperceptível, mas eu sabia que estava funcionando. Um leve movimento no chão, um tilintar de metal, e de repente, a cadeira foi projetada para trás, fazendo Renata cair de forma desastrosa, espalhando toda a comida no chão, em um estrondo que fez as outras alunas se virarem, rindo e cochichando.
O olhar de Renata foi um misto de surpresa e raiva. Ela estava no chão, completamente sem palavras, enquanto a comida dela se espalhava pelo refeitório. Eu senti uma sensação estranha de vitória, mas ao mesmo tempo uma certa culpa.
Meg sorriu para mim, um sorriso de orgulho. Ela sabia o que eu estava sentindo.
- Você foi ótima - ela disse baixinho.
Eu olhei para Renata, que agora estava se levantando, tentando manter a compostura enquanto todos ao redor observavam. Não pude deixar de sentir uma sensação de satisfação. A vingança que eu não sabia que precisava, mas que me deu uma sensação de poder que eu nunca tinha experimentado antes.
- Obrigada, Meg, murmurei, enquanto as outras alunas começavam a comentar sobre o que acabara de acontecer.
Eu estava grata por ter alguém como ela ao meu lado, alguém que me ajudava a descobrir meu verdadeiro potencial, mesmo que isso significasse fazer coisas que eu nunca imaginaria.
Naquele momento, sentia que finalmente controlava algo. E, por mais que a situação fosse complicada, eu sabia que tinha feito o que precisava fazer.
Meg e eu estávamos cada vez mais próximas, e eu resolvi convidá-la para uma das nossas festas no terraço.
Uma vez por mês eu ia, escondida, com minhas melhores amigas para o Terraço do prédio do alojamento, de madrugada.
Costumamos levar bastante bebida e dançarmos nuas numa “festinha” no Terraço.
Nos aprontamos e quando todas as alunas já estavam recolhidas em seus quartos, me reuni no corredor principal com a Meg e mais seis meninas, que eram mais próximas de mim.
Como de costume, fomos escondidas subir as escadas em direção ao terraço.
Estávamos bem animadas, mas quando faltava apenas um lance de escada, nos deparamos com uma porta fechada, trancada. Era a primeira vez que aquele porta estava fechada, e nos impedia de chegar ao Terraço.
Olhei fixamente para a porta diante de mim.
A chave… a chave que abriria essa porta estava em minha mente, esperando para ser trazida à realidade.
Fechei os olhos por um momento e respirei fundo, sentindo a energia ao meu redor, a energia que eu controlava. Com um movimento sutil da minha mão, imaginei a chave, visualizei seus detalhes — o metal frio, as linhas finas que formavam a sua estrutura, o formato preciso para encaixar na fechadura. Senti a pressão nas minhas palmas, a vibração da matéria prestes a se formar.
De repente, a chave apareceu, como se o espaço entre meus dedos a criasse. Ela foi se materializando lentamente, a textura do metal tomando forma, até que, finalmente, a segurava com firmeza. Abri os olhos, admirando a simplicidade daquilo. Era real.
Olhei para a porta novamente e me aproximei. Girei a chave na fechadura com um sorriso sutil nos lábios. Não havia desafio para mim. Eu tinha o poder de criar o que fosse necessário, e aquela porta, assim como qualquer outra barreira, não era mais um obstáculo.
.Eu já tinha comentado com as meninas que eu tinha poderes, mas a cara de espanto delas quando viram a chave materializando ficou evidente.
Logo após eu ter aberto a porta . eu senti a chave esquentar nas minhas mãos. Olhei para ela, e, à medida que a observava, sua textura começou a mudar. De metal, ela foi se tornando rugosa, parecendo pedra. A chave virou marrom, como se fosse feita de barro. Eu vi aquele objeto, algo que eu tinha acabado de materializar com tanto cuidado, desmoronar diante dos meus olhos.
As bordas começaram a se desfazer, como se o material que a compunha estivesse se desintegrando lentamente. Primeiro, foi só uma lasca. Depois, as partes foram se fragmentando, caindo como se fossem pedaços de terra se desmanchando na minha mão. A chave virou pó, e eu senti o vazio no lugar onde ela estava, como se nada jamais tivesse existido ali.
Não ficou dúvida que os objetos que eu criava não duravam para sempre. Eles tinham uma missão, uma função que precisavam cumprir, e assim que a cumprissem, desapareciam, como se nunca tivessem existido.
Nós subimos ao Terraço animadas para começar a nossa festa.
Eu nunca imaginei que essa noite poderia dar tão errado. O terraço estava perfeito, como sempre. As estrelas lá em cima, as luzes suaves ao redor, a música tocando ao fundo. Era nossa noite, a nossa reunião mensal, e este mês, eu finalmente tinha decidido convidar a Meg. Ela parecia animada, talvez até um pouco nervosa, mas eu sabia que ela ia se divertir. Eu sempre me divertia ali.
Nos primeiros minutos, estava tudo ótimo. Rimos, dançamos, conversamos sobre a semana, e as garrafas começaram a se esvaziar, as roupas começara a ser tiradas e os corpos nus das meninas começaram a aparecer.
Eu e Debora começamos a nos beijar, e masturbar-nos mutuamente.
Eu me entregava ao prazer, mas ao mesmo tempo ficava de olho em Meg, era a primeira vez dela na festa.
A Meg não estava acostumada a beber, eu sabia disso, mas ela estava se soltando. A cada gole, a cada risada, ela parecia relaxar mais.
Vi que ela já estava nua da cintura para cima, Caroline começou a jogar cerveja nos seios dela, ao mesmo tempo que sugava seus mamilos.
Tentei não prestar atenção, mas ao mesmo tempo, minha mente estava alerta.
- Ei, Meg, está se divertindo? eu disse, tentando soar tranquila, mas o tom de preocupação na minha voz era claro.
Ela sorriu , e me respondeu, entre gemidos:
- Estou adorando isso aqui Marina! – falou eufórica, enquanto Caroline chupava sua boceta.
A festa continuou, mas minha atenção estava nela. Eu podia ver que ela já estava um pouco tonta, os passos desajeitados, a maneira como ela falava, arrastando as palavras.
Num determinado ponto, notei que ela estava se afastando do grupo, andando lentamente para a beira do terraço. Eu não queria ser chata, mas sentia aquele frio na espinha:
-Meg! Cuidado aí, não chega tão perto da beira! - gritei, tentando chamar sua atenção, mas ela estava perdida em seus próprios pensamentos, os pés arrastando, tonta, sem perceber o perigo.
Antes que eu pudesse dar mais um passo, vi seus pés escorregando. A imagem se desenhou em câmera lenta, o olhar vazio no rosto dela, os braços flutuando para o lado, e então… o som. Um estalo seco, o grito de alguém ao fundo, e o vazio onde ela estava. O pânico tomou conta de mim de imediato. Eu não consegui pensar direito, meu coração disparou, e as pernas quase não me sustentaram.
Corri até a beira do terraço, mas já não havia nada ali. Nada além do vazio e do silêncio ensurdecedor.
- Meg! - gritei, minha voz tremendo. “O que eu fiz? Eu deveria ter parado ela. Eu deveria ter sido mais firme”.
O medo me congelou, mas ao mesmo tempo, uma urgência me empurrou para agir.
Tudo o que eu conseguia pensar era que ela não podia estar ali embaixo, ela não podia ter caído…
Meu corpo ainda tremia, vestimos as roupas, peguei também as roupas de Meg e descemos correndo escada abaixo, os passos apressados ecoando nas paredes do internato. O pânico me impedia de pensar claramente, mas a imagem de Meg caindo do terraço, desaparecendo para o vazio, não saía da minha cabeça. Eu estava aterrorizada.
- Vamos, vamos! Rápido! - Eu gritava, minhas pernas estavam pesadas, como se estivessem imersas em areia movediça, mas eu precisava chegar lá. Precisava ver Meg, garantir que ela estivesse bem, ou pelo menos, que ela tivesse sobrevivido.
Quando finalmente chegamos ao local onde ela caiu, a cena que encontramos me deixou sem palavras. Meg estava ali, deitada no chão, mas… ela estava bem. Não havia sangue. Não havia nenhum sinal de que ela tivesse se machucado. Ela estava deitada de costas, com os olhos fechados, mas respirando calmamente, como se tivesse simplesmente se deixado cair no chão para descansar.
- Meg! - Eu me ajoelhei ao seu lado, tocando seu ombro. A pele dela estava quente, mas não parecia ferida de forma alguma. Não havia nada. Nada que sugerisse que ela tivesse caído de um terraço alto. Não havia hematomas, nem arranhões, nem cortes. Era como se, de algum jeito, ela tivesse caído sem sofrer nenhum dano.
As outras meninas estavam ao meu lado, todas igualmente perplexas, olhando para ela em silêncio.
- Isso não faz sentido, disse Débora, sua voz baixa e tremendo. - Como... como ela não se machucou?
Eu também estava sem palavras, minha mente tentando encontrar alguma explicação lógica, alguma razão científica, mas tudo parecia impossível. Ela tinha caído de uma altura considerável. A gravidade tinha feito seu trabalho com todas as outras coisas que já caíram por ali. Como, como Meg poderia estar ali, inteiramente ilesa?
Fiquei ali, observando Meg enquanto ela começava a abrir os olhos lentamente. Ela piscou, confusa, antes de finalmente olhar para mim, ainda com aquele sorriso bobo no rosto.
- Marina… o que aconteceu? - ela perguntou, a voz arrastada, como se tivesse acabado de acordar de um sono profundo.
Eu olhei para ela, sentindo um nó se formar na minha garganta. Não fazia sentido. Nada fazia sentido.
- Você... você caiu - eu disse, tentando manter a calma - Você caiu do terraço, Meg! Como você está... bem?
Ela se levantou, parecendo totalmente fora de sintonia com o que estava acontecendo, como se ainda estivesse em um estado de leve embriaguez. Ela deu uma risada fraca, se espreguiçando como se nada de estranho tivesse acontecido.
- Eu não caí... Eu só dei uma voltinha. Não aconteceu nada.
Entreguei as suas roupas e ela começou a se vestir.
Mas como? Como ela podia estar dizendo isso? Eu queria acreditar, mas uma parte de mim, uma parte muito profunda, sentia que algo muito estranho estava acontecendo.
Eu sabia que algo estava errado.
Eu, a garota mais popular do internato, e Meg, aquela garota que nunca tinha tido amigos, começamos a nos aproximar. Ela me contou sobre “meus poderes", e eu, tola, acreditei. Comecei a mover objetos, a materializar coisas… eu ficava maravilhada, encantada com aquilo, e acreditava que era eu quem estava fazendo tudo. Mas… algo não fazia sentido.
O tempo todo, Meg estava ao meu lado, observando cada movimento meu, sempre perto. E depois, quando eu pensava que tinha controlado alguma coisa, ela estava lá, com aquele sorriso sutil no rosto, como se soubesse algo que eu não sabia. Ela não me dizia nada diretamente, mas eu podia sentir, havia algo de estranho na maneira como as coisas aconteciam. Ela sempre estava perto quando as coisas paranormais aconteciam e, no fundo, uma parte de mim sabia, mas eu não queria acreditar.
Eu a levei para conhecer minhas amigas. Meg começou a ser admirada, bem quista. Ela estava se tornando popular, conquistando as pessoas que eu sempre protegi como se fossem meu território. E, por um tempo, isso foi ótimo. Ela era minha amiga, minha companheira. Eu estava feliz por ter poderes, feliz por ter alguém ao meu lado que parecia entender algo tão único e especial. Mas a verdade, no fundo, estava começando a se formar.
Eu não precisei muito mais tempo para perceber. Cada vez que eu fazia algo, uma pequena manipulação de objetos, uma materialização, sempre tinha a presença de Meg ali. Ela sempre estava perto demais. E então… foi quando a ficha caiu. Eu comecei a observar, e foi claro como o dia: Meg estava controlando tudo. Cada movimento que eu acreditava ser meu, cada feito, cada pequeno truque... era ela quem estava fazendo, não eu. Eu estava sendo usada.
Fiquei enojada com a ideia de que ela havia me manipulado o tempo todo. Tudo o que eu fiz, tudo o que conquistei, foi baseado em uma mentira. Ela me enganou para conquistar minha confiança, para fazer parte do meu círculo de amigas. E eu... eu fui idiota o suficiente para cair nessa.
Não podia mais suportar isso. A raiva dentro de mim borbulhava. Eu sabia exatamente o que tinha que fazer. Chamei Meg para o depósito abandonado
Quando ela chegou, com aquele olhar inocente, como se não soubesse o que estava por vir, eu não consegui mais me conter. A raiva transbordou de mim, e eu a encarei com uma intensidade que ela nunca havia visto antes.
- Você me enganou, Meg, eu disse, a voz baixa, mas carregada de fúria. - Eu achei que tinha poderes. Eu acreditei em você. Acreditei que éramos amigas. E tudo isso foi uma mentira.
Ela tentou dar um passo em direção a mim, mas eu a interrompi, minha mão levantada para impedir.
- Você usou minha amizade. Você usou as minhas amigas. Você usou tudo o que eu sou para conseguir o que queria. E eu fui burra o suficiente para cair na sua armadilha.
Minha vontade era de dar um tapa na cara dela, mas me segurei e continuei falando:
- Você não tem ideia de como eu me sinto agora, Meg. Eu confiei em você! Eu te dei tudo o que eu sou, e você… você se aproveitou disso. Eu nunca pensei que alguém pudesse me enganar assim. Você tem os poderes, não eu. Você fez tudo, o tempo todo. Eu fui uma idiota por acreditar que eu estava controlando tudo, que eu era especial.
Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva, mas ainda sentindo a dor da traição.
- Não sei o que você quer de mim, Meg, mas não me venha mais com essas mentiras. Eu nunca mais vou ser sua amiga.
Finalmente ela me respondeu:
- Marina, é você que tem os poderes, por favor acredite em mim. Eu sempre serei sua amiga, não importa o que aconteça! Eu te amo Marina, eu sempre estarei aqui por você. Eu sou sua amiga verdadeira!
Ela veio e me deu um abraço.
Foi o melhor abraço que já ganhei na vida! Eu senti verdade! Senti que ela era minha amiga de verdade, e que realmente gostava de mim.
Eu me senti verdadeiramente amada por Meg.
Durante o abraço, algo estranho aconteceu: eu senti o corpo de Meg esquentar. Olhei para ela, e, à medida que a observava, sua textura começou a mudar. Ela foi se tornando rugosa, parecendo pedra. A Meg virou marrom, como se fosse feita de barro. Então eu vi o corpo de Meg desmoronar diante dos meus olhos.
A cabeça começou a se desfazer, como se estivesse se desintegrando lentamente. Depois o restante do corpo foi se fragmentando, caindo como se fossem pedaços de terra se desmanchando diante de mim. Meg virou pó, e eu senti o vazio no lugar onde ela estava, como se ela jamais tivesse existido ali.
Agora eu passei a entender que eu tinha conjurado e materializado Meg, e que ela já tinha cumprido sua missão de ser minha amiga.
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A tela se apaga lentamente, e a música suave e sombria preenche o silêncio.
O narrador, com uma voz grave e reflexiva, quebra o silêncio, trazendo à tona a verdadeira essência do que se passou.
"Embora Marina fosse a garota mais popular do internato, rodeada por risos e olhares, algo dentro dela sempre esteve vazio. Ela tinha amigos, mas não tinha ninguém. Ela possuía o poder de materializar o que quisesse, mas o que ela realmente desejava, ninguém poderia lhe dar: uma amizade sincera, um vínculo verdadeiro. Em sua solidão, em seu desespero, ela criou Meg. Uma amiga. Uma companheira. Mas, como em muitas histórias onde o desejo se mistura com a realidade, ela não imaginou que as consequências seriam tão profundas."
O narrador prossegue, com um tom quase filosófico:
"Porque, como toda criação, tudo tem seu preço. A amizade que Marina materializou, tão genuína em sua aparência, era feita de uma substância frágil e ilusória. Em sua busca desesperada por conexão, ela criou um mundo onde os limites entre o real e o imaginário se confundem. E assim, Marina e Meg permanecem amigas em um lugar além da imaginação.”
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30 dias após:
Irene chegou como aluna nova. Diferente das outras garotas, que já possuem seus grupos formados e uma rotina estabelecida, ela se sente deslocada.
Quando Irene chegou, algo em mim se agitou de um jeito que eu não gostei. Eu não queria admitir, mas foi impossível não perceber aquela menina. Ela é loira, com aqueles olhos grandes e redondos, e um rosto que parecia de bebê. Como se ainda fosse uma criança, vulnerável demais para estar aqui, rodeada de garotas que, na maioria das vezes, só querem arrumar encrenca. Irene era exatamente o tipo de alvo fácil.
Ela estava completamente perdida. Não sabia como se enturmar, como fazer amigos. Vi ela com aquela cara de quem queria se encaixar, mas não sabia por onde começar. E as outras meninas não perdoam. Elas estavam fazendo de tudo para deixá-la desconfortável.
Irene ... havia algo sobre Irene. Algo que me fazia sentir uma estranha conexão com ela ...