Era um sábado de verão escaldante, o tipo de dia que faz o suor escorrer pelas costas só de ficar parado. O quintal da casa tava tomado pela fumaça do churrasco, o cheiro de picanha e linguiça se misturando com o som de conversas altas e latas de cerveja sendo abertas. Meu sobrinho, Lucas, chegou atrasado, como de costume, trazendo ela: Talita. "Tio, essa é a minha namorada, a Tali", ele disse, com um orgulho estampado no rosto que eu conhecia bem. Eu me levantei da cadeira de plástico, joguei o pano de prato no ombro e fui cumprimentá-la, sem saber que aquele momento ia me marcar como um ferro quente.
Talita tinha 19 anos e era uma visão que parava o tempo. Baixinha, mal chegava ao meu peito, mas o corpo dela era uma obra-prima esculpida em detalhes que eu não consegui ignorar. A pele morena brilhava sob o sol, um tom de caramelo quente que parecia absorver a luz e devolver em reflexos dourados. O short jeans que ela usava era desfiado nas bordas, curtinho o suficiente pra revelar coxas grossas e torneadas, com aquela musculatura suave de quem não precisava malhar pra ter tudo no lugar. A cintura era fina, mas não magrela — tinha uma curva macia que subia até os quadris largos, dando um balanço natural quando ela andava. A blusinha de alcinha amarela, leve e quase transparente no calor, grudava de leve na pele suada, marcando os seios pequenos, mas cheios, que se erguiam firmes, os mamilos discretamente apontados contra o tecido fino.
O rosto dela era o golpe final. Redondo, com bochechas altas que davam um ar quase infantil, mas os olhos... Meu Deus, os olhos. Castanhos, grandes, emoldurados por cílios longos e curvados, eles ficavam ainda mais intensos por trás dos óculos grandes que escorregavam um pouco no nariz pequeno e arrebitado. O cabelo era um castanho escuro, liso e brilhante, caindo em camadas até os ombros, com umas mechas grudando na testa por causa do suor. A boca era pequena, mas os lábios carnudos tinham um desenho perfeito, o inferior um pouco mais cheio, sempre curvado num meio sorriso sapeca que dizia "eu sei mais do que você pensa". Quando ela falava, mordiscava o canto do lábio de leve, como se estivesse segurando um segredo, e o jeito que ajustava os óculos com o dedo mindinho era puro charme — um gesto inocente que, nela, parecia calculado pra provocar.
"Oi, tio", disse ela, estendendo a mão. A voz era doce, mas rouca nas bordas, como se tivesse acabado de acordar ou estivesse segurando um riso. Apertei a mão dela, sentindo a palma quente e um pouco pegajosa do calor, e ela me olhou por cima das lentes, o sorriso torto abrindo um buraco no meu peito. "Lucas fala muito de você", completou, inclinando a cabeça de leve, o cabelo balançando e deixando o pescoço à mostra — uma linha fina e bronzeada que eu tive que me forçar a não encarar. "Espero que sejam coisas boas", retruquei, tentando soar casual enquanto voltava pra churrasqueira, mas o coração já tava batendo fora de ritmo.
O dia seguiu, e eu fiquei no meu canto, virando carne e trocando ideia com os tios mais velhos, mas ela tava em todo lugar que eu olhava. Sentada com Lucas numa cadeira dobrável, as pernas cruzadas, mexendo no celular enquanto ele contava alguma história pros primos. De vez em quando, ela erguia os olhos, ajustava os óculos e me encarava — não era um olhar direto, era de canto, rápido, mas o suficiente pra me fazer sentir um calor subindo pela nuca. Eu tentava me concentrar no fogo, no chiado da gordura pingando no carvão, mas a imagem dela ficava voltando: as coxas brilhando de suor, o jeito que a blusa subia um pouco quando ela se inclinava pra pegar o copo de suco, mostrando a barriga lisa e o umbigo pequeno, perfeito.
Lá pelo meio da tarde, Lucas foi pra dentro pegar mais cerveja, e ela ficou sozinha. Pegou o copo de suco, o canudo entre os lábios, chupando devagar enquanto me olhava. "Tio, você é bom nisso, hein?" disse, apontando pro espeto com um aceno de queixo. Virei pra ela, o garfo na mão, e vi aquele sorriso de novo — malicioso, mas disfarçado de inocência. "No churrasco? Acho que sim, anos de prática", respondi, rindo pra disfarçar o nó na garganta. Ela se levantou, o short subindo um pouco mais nas coxas enquanto caminhava até mim, o quadril balançando num ritmo que parecia lento de propósito. Parou do meu lado, o cheiro dela me acertando em cheio — baunilha doce misturada com o calor da pele, um perfume que dava vontade de fechar os olhos e respirar fundo.
"Não é só isso", disse ela, baixinho, olhando pro fogo antes de virar os olhos pra mim. "Você tem um jeito... confiável. Gosto disso." A voz dela deslizou como mel, e eu fiquei ali, parado, sem saber o que dizer. Ela ficou mais um segundo, o silêncio entre a gente carregado, o ar quente pulsando ao redor. "Tali, teu refri!" Lucas gritou da porta, e ela se virou, jogando o cabelo pra trás com um movimento que fez a blusa subir mais um milímetro, só o bastante pra me deixar vidrado. Voltou pra cadeira como se nada tivesse acontecido, mas eu sabia que tinha.
Quando a festa acabou e Lucas a levou embora, ela acenou da janela do carro, os óculos refletindo as luzes do poste. "Tchau, tio", disse, a voz cantada, e eu acenei de volta, com um peso no peito que não explicava. Naquela noite, deitado na cama com o ventilador zumbindo no teto, eu não conseguia tirar ela da cabeça. O jeito que os óculos emolduravam aqueles olhos, o balanço do cabelo no pescoço, a curva das coxas no short jeans. "É a namorada do Lucas, seu idiota", repeti pra mim mesmo, virando pro lado na tentativa de dormir. Mas o cheiro imaginário de baunilha ficava voltando, os lábios dela mordendo o canto da boca, o olhar por cima das lentes. Fechei os olhos e vi ela parada na churrasqueira, o sorriso sapeca me desafiando, e soube que ia passar os próximos dias remoendo aquilo, esperando — contra todo bom senso — o próximo encontro.
Duas semanas se passaram desde o churrasco, e eu achei que tinha conseguido tirar Talita da cabeça. Aos 42 anos, solteiro, careca e com o corpo esculpido por anos de academia — ombros largos, peitoral definido e braços que esticavam a manga da camiseta —, eu não era o tipo de cara que ficava sonhando acordado com uma garota de 19 anos, ainda mais a namorada do meu sobrinho. Mas ela ficou lá, um eco insistente. O jeito que mordia o lábio, o perfume de baunilha, as coxas brilhando no sol. Eu me pegava pensando nela nas horas mais idiotas — levantando peso na academia, assistindo filme no sofá —, e toda vez me xingava mentalmente. "É a garota do Lucas, seu trouxa. Para com isso."
Aí veio o sábado, duas semanas depois. Eu tava no mercado, empurrando o carrinho com uma mão enquanto checava o celular com a outra, quando o Lucas ligou. "Tio, bora fazer um rolezinho hoje? Chamei uns amigos pra casa, vai ter pizza, cerveja. Você topa?" Minha ideia era dizer não — tava planejando uma noite tranquila, talvez um filme e uma proteína —, mas ele insistiu. "A Tali também vai, ela perguntou de você esses dias." Meu estômago deu um nó, mas mantive a voz firme. "Beleza, passo aí mais tarde." Desliguei, e enquanto jogava um pacote de peito de frango no carrinho, já sabia que não ia ser uma noite qualquer.
Cheguei na casa do Lucas por volta das sete. O sol ainda tava se pondo, pintando o céu de laranja, e o bairro tava quieto, só com o som de música vindo de dentro. Eu tava com uma regata preta que marcava o peitoral e os bíceps, calça jeans escura e um tênis surrado — nada demais, mas o espelho de casa tinha confirmado que eu parecia o Vin Diesel numa versão brasileira, com a pele bronzeada e o porte de quem levanta ferro todo dia. Toquei a campainha, e o Lucas abriu, uma cerveja na mão. "Tio, entra aí! Tá rolando já."
O lugar tava cheio — uns cinco ou seis amigos dele espalhados entre o sofá e a varanda, rindo alto e jogando conversa fora. A TV passava um jogo qualquer, e a mesa de centro já tava coberta de caixas de pizza. Dei um aceno pros conhecidos e fui pegar uma cerveja na cozinha, tentando manter a cabeça no presente. Foi aí que ela apareceu.
Talita saiu do corredor como se tivesse ensaiado o momento. Vestia um vestidinho preto, daqueles soltinhos que caem leves no corpo, mas que não escondem nada. O tecido era fino, quase transparente nas laterais, terminando uns bons palmos acima do joelho, deixando as coxas morenas à mostra — grossas, lisas, com aquele brilho que só o calor e um bom creme dão. O decote era discreto, mas o jeito que o pano abraçava os seios pequenos e firmes fazia parecer que ela não usava sutiã. E a tanginha... Meu Deus. Era uma daquelas minúsculas, tipo fio-dental, que as meninas de hoje adoram usar pra provocar "sem querer". Dava pra ver o contorno dela subindo um pouco na lateral do vestido quando ela se movia, uma faixa de renda vermelha que contrastava com a pele bronzeada e gritava perigo.
Ela parou na entrada da sala, ajustando os óculos grandes no nariz com aquele gesto de mindinho que eu já conhecia, o cabelo liso caindo emoldurando o rosto sapeca. Os lábios carnudos tavam pintados de um gloss brilhante, e os olhos castanhos me acharam em meio segundo. "Oi, tio", disse, a voz doce cortando o barulho da festa, o sorriso torto aparecendo enquanto vinha na minha direção. "Chegou agora?" Eu levantei a cerveja na mão, tentando parecer tranquilo. "Cheguei sim. E tu, pronta pra pizza?" Ela riu, mordendo o canto do lábio de leve, e se aproximou mais, o cheiro de baunilha me acertando como um soco. "Sempre pronta pra comer, você sabe."
Lucas gritou do sofá: "Tali, vem cá escolher o sabor!" Ela virou pra ele, mas antes me lançou um olhar por cima das lentes — rápido, mas pesado, como se tivesse me medido de novo. Fui pra varanda com a cerveja, o coração batendo forte no peito, e enquanto o ar quente da noite batia no meu rosto, eu sabia que aquela tanginha vermelha e aquele vestidinho iam ficar na minha cabeça por mais duas semanas, no mínimo.
A festa tava rolando solta dentro da casa do Lucas — risadas altas, o som da TV misturado com o barulho de latas sendo abertas e alguém gritando sobre o jogo. Eu tava na varanda, encostado no corrimão, a cerveja gelada na mão enquanto tentava me convencer que o calor subindo pelo meu corpo era só o clima abafado da noite. Mas não era. Era ela. Talita.
Eu a vi pelo canto do olho antes mesmo de ela chegar. Ela atravessou a sala com aquele vestidinho preto que parecia flutuar no corpo, o tecido fino dançando nas coxas morenas e revelando, por um segundo, o contorno daquela tanginha vermelha de renda que eu já tinha gravado na memória. Ela parou perto da mesa de pizza, se inclinando pra pegar um pedaço — e, claro, o vestido subiu um pouco mais, mostrando a curva da bunda firme e o início daquela faixa minúscula de tecido que mal cobria o necessário. Não dava pra saber se ela fazia de propósito, mas o jeito que ajustava os óculos grandes logo depois, com um sorrisinho sapeca, dizia que sim. Ela sabia exatamente o que tava fazendo.
"Tio, tá fugindo da bagunça?" A voz dela me puxou de volta. Ela tava vindo na minha direção, o prato de pizza na mão, o quadril balançando num ritmo que parecia coreografado. Parou a uns dois passos de mim, perto o suficiente pra eu sentir o cheiro de baunilha misturado com o gloss brilhante que fazia os lábios dela parecerem molhados. "Não, só pegando um ar", respondi, levantando a cerveja como prova. Minha voz saiu firme, mas por dentro eu tava lutando pra não encarar as coxas dela ou o jeito que o vestido marcava os seios quando ela respirava.
Ela riu, mordendo o canto do lábio de leve, e se encostou no corrimão do meu lado, o braço roçando no meu de um jeito que podia ser acidental — mas não era. "Você não parece o tipo que foge de nada", disse, os olhos castanhos me estudando por cima das lentes. "Lucas disse que você tem uma empresa, é verdade?" A pergunta veio com um tom curioso, quase provocador, como se ela quisesse me testar.
Eu sorri, girando a lata na mão antes de dar um gole. "É verdade. Tenho uma agência de marketing digital. Nada de outro mundo, só trabalho duro e umas ideias que deram certo." Ela ergueu uma sobrancelha, o prato de pizza esquecido enquanto se virava mais pra mim, o vestido subindo um milímetro quando cruzou as pernas. "Hmm, então você é tipo... um chefe? O cara que manda?" O jeito que ela disse "manda" tinha um peso, e eu senti o ar ficar mais denso.
"Mais ou menos", respondi, deixando o sorriso crescer. "Sou o dono, então mando sim, mas também corro atrás. Construí a empresa do zero — comecei com um notebook velho e um cliente que pagava mal, hoje tenho uma equipe de 20 pessoas e contratos com marcas grandes. É cabeça, sabe? Estratégia." Eu tava no meu elemento agora, o papo fluindo fácil. Aos 42 anos, careca, malhado e com um porte que enchia a regata preta, eu sabia que tinha presença — mas era a cabeça que me levava longe, e eu gostava de mostrar isso.
Talita ouviu com atenção, os olhos brilhando de um jeito que não era só curiosidade. "Inteligente e bem-sucedido, hein? Gosto disso num homem", disse ela, a voz baixando um tom enquanto dava uma mordida na pizza, o queixo se movendo devagar, os lábios se fechando no pedaço com uma lentidão que me fez engolir seco. Um restinho de molho ficou no canto da boca, e ela limpou com o dedo, chupando ele depois como se fosse a coisa mais natural do mundo. Meu cérebro travou por um segundo.
"Num homem, é? E o que mais você gosta?" perguntei, entrando no jogo sem nem perceber. Ela riu, jogando o cabelo pra trás, e o movimento fez o vestido escorregar um pouco no ombro, mostrando a pele morena e lisa. "Gosto de alguém que sabe o que quer. Que não fica só na promessa, entende?" Ela se inclinou um pouco mais pra mim, o prato agora no corrimão, e a tanginha vermelha apareceu de novo na lateral, um flash de renda que me acertou como um soco. "E você, tio? Parece que sabe bem o que quer."
Eu respirei fundo, mantendo o controle. "Sei sim. Mas também sei o que não devo querer", retruquei, olhando nos olhos dela pra deixar claro que eu tava no limite. Ela sorriu, aquele sorriso torto e sapeca, e ajustou os óculos com o mindinho. "Às vezes o que a gente não deve querer é o que mais vale a pena", disse, antes de pegar o prato e se virar pra voltar pra sala. O vestido balançou, a tanginha deu um último aceno "sem querer", e ela me deixou ali, com a cerveja quente na mão e a cabeça girando.
Fiquei na varanda mais uns minutos, o coração batendo forte no peito. Ela era um perigo ambulante, mas eu não conseguia parar de pensar no jeito que me ouviu, no brilho nos olhos quando falei da empresa. Eu tava encantando ela — dava pra ver —, mas ela tava me levando à loucura primeiro. E eu sabia que ia passar a noite inteira repassando cada palavra, cada gesto, até não aguentar mais
A noite na casa do Lucas tava no auge — a sala cheia de vozes altas, o cheiro de pizza misturado com cerveja, e a varanda onde eu tava começando a parecer meu refúgio particular. Eu ainda sentia o eco da conversa com Talita na cabeça, o jeito que ela me olhou enquanto falava da empresa, a tanginha vermelha aparecendo "sem querer" toda vez que ela se movia. Tentei me concentrar na cerveja na mão, no jogo na TV que eu nem tava assistindo direito, mas ela tava me puxando como um imã, e eu sabia que não ia escapar tão fácil.
Foi quando o Lucas apareceu na varanda, uma lata na mão e um sorriso animado no rosto. "Tio, boa que você tá aqui ainda!" disse ele, alto o suficiente pra cortar o barulho da festa. Talita tava logo atrás, o vestidinho preto balançando enquanto caminhava, o prato de pizza já vazio na mão. Ela parou perto dele, os óculos grandes refletindo a luz da sala, e eu senti o peito apertar só de olhar pra ela de novo. "Tava pensando uma coisa", Lucas continuou, apontando pra mim com a lata. "A Tali tá querendo se aventurar no mercado de trabalho, sabe? Ela tá no primeiro ano de publicidade na facul, mas quer experiência prática. Você não tem um estágio na sua empresa pra ela?"
Eu pisquei, pego de surpresa. "Um estágio?" repeti, olhando pro Lucas e depois pra Talita, que já tava com os olhos arregalados de animação. Ela deu um passo à frente, o sorriso sapeca se abrindo devagar enquanto mordia o canto do lábio — um gesto que eu já tava começando a reconhecer como um sinal de encrenca. "Sério, tio? Você tem vaga?" perguntou ela, a voz doce subindo um tom com a empolgação. O vestidinho subiu um pouquinho quando ela se inclinou pra frente, as mãos juntas na frente do corpo como uma criança pedindo um presente, mas o brilho nos olhos dela era tudo menos infantil.
"Olha, não é bem assim", comecei, mantendo o tom firme, mas já rindo por dentro da situação. "Minha agência é pequena, mas a gente sempre precisa de gente boa. Você já trabalhou com algo tipo redes sociais, criação de conteúdo?" Ela assentiu rápido, o cabelo balançando e caindo no rosto. "Sim, sim! Eu faço uns posts pro Instagram da minha amiga que vende bolo, e na facul já fiz uns trabalhos de campanha. Sou boa com ideias, juro!" O entusiasmo dela era contagiante, e o jeito que ela falava, gesticulando com as mãos pequenas, fazia o vestido mexer de um lado pro outro, dando flashes daquelas coxas morenas que eu tentava — sem sucesso — não encarar.
Lucas riu, dando um tapinha no ombro dela. "Viu, tio? Ela é esperta pra caramba. Acho que ia ser perfeito pra sua empresa." Ele tava orgulhoso, e eu acenei com a cabeça, ainda processando a ideia. "Beleza, a gente pode marcar uma entrevista pra conversar direito. Mas hoje é dia de festa, né? Nada de trabalho por agora", falei, levantando a cerveja pra mudar o clima. Lucas concordou e voltou pra sala, gritando pra alguém trazer mais pizza, mas Talita ficou.
Ela se aproximou de mim, o cheiro de baunilha me envolvendo de novo enquanto parava a poucos centímetros. "Obrigada, tio", disse ela, baixinho, os olhos castanhos brilhando por trás dos óculos. "Eu tava tão querendo uma chance assim. Você não sabe como eu tô feliz." Ela deu um pulinho de animação, e o vestido subiu o bastante pra mostrar a tanginha vermelha de novo, um pedaço de renda que parecia gritar "olha pra mim". Eu respirei fundo, mantendo o controle, e sorri. "Que bom, Talita. Se você for tão boa quanto diz, a entrevista vai ser moleza."
Ela riu, jogando o cabelo pra trás com um movimento que fez o decote do vestido escorregar um milímetro no ombro, revelando mais daquela pele morena e lisa. "Eu sou boa, você vai ver", disse ela, o tom carregado de uma promessa que ia além do estágio. Depois se inclinou um pouco mais, o braço roçando no meu enquanto ajustava os óculos com o mindinho. "Quando eu posso ir lá? Tipo, na sua empresa?" A voz dela era quase um sussurro agora, e o jeito que me olhava, com aquele sorriso torto, me fez sentir o sangue pulsar mais rápido.
"Sem pressa", respondi, firme, mas com um tom leve pra não deixar o clima pesar. "A gente marca um dia na semana que vem. Hoje é só pizza e cerveja, combinado?" Ela assentiu, mordendo o lábio de novo, e ficou ali mais um segundo, o silêncio entre a gente carregado de algo que nenhum dos dois dizia em voz alta. "Combinado, tio açúcar", falou por fim, com uma piscadinha rápida antes de voltar pra sala, o quadril balançando e o vestidinho dando um último aceno provocador.
Fiquei na varanda, a cerveja esquecida na mão, o coração batendo no peito como se eu tivesse corrido uma maratona. Ela tava feliz com o estágio, sim, mas aquele "tio açúcar" e o jeito que ela se aproximou... aquilo era mais que animação por trabalho. Eu sabia que a entrevista ia ser um teste — não só pra ela, mas pra mim também. E enquanto ouvia o som dela rindo com o Lucas lá dentro, já imaginava ela no meu escritório, com aquele vestidinho e aquele olhar, me puxando pro limite de novo.