PESSOAL, O PRÓXIMO CAPÍTULO É O ÚLTIMO. ESPERO QUE VOCÊS TENHAM GOSTADO ATÉ AQUI. INCLUSIVE, EU ESTOU REPUBLICANDO UMA VERSÃO CORRIGIDA DE AMOR DE PESO. PROCUREM NO MEU PERFIL, POR FAVOR.
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Quer saber uma coisa? Estou feliz. Sim, feliz. Tudo bem que estou ensopado de suor, correndo no meio da 25 de Março, com sacolas pesadas nas mãos e o calor de dezembro grudando na pele. Mas, ao meu lado, corria o homem mais lindo do mundo. O Fernando. E, naquele momento, eu me perguntei: é isso que é o amor? Ele nos deixa besta, nos faz sorrir sem motivo, nos faz correr em meio ao caos de uma das ruas mais movimentadas de São Paulo só para comprar presentes de Natal?
Sério, eu amo o Fernando. Depois de tanto tempo enrolando a mim mesmo, de tanto medo de me entregar, eu finalmente decidi aceitá-lo. Aceitar que ele faz parte da minha vida, que ele é importante. E que eu quero que ele continue sendo.
Mas, vamos combinar, em um relacionamento nem tudo é amor e sexo. Por causa da nossa última "aventura" — uma noite que acabou se estendendo até o amanhecer —, eu não consegui comprar os presentes para as crianças da instituição onde cresci. Eu tinha planejado algo simples, mas o Fernando, sempre generoso, decidiu ajudar e investiu em alguns presentes também. Ele é assim, sabe? Do tipo que não pensa duas vezes antes de estender a mão. E eu amo isso nele.
Só que o meu namorado... Meu namorado. Nossa, como é gostoso chamar o Fernando de "meu namorado". Enfim, o meu namorado estava mais perdido do que eu na 25 de Março. Aquele lugar é um caos em qualquer época do ano, mas faltando dois dias para o Natal? Era o inferno na Terra. Gente para todo lado, lojas abarrotadas, vendedores gritando ofertas, e nós dois no meio daquela bagunça, tentando achar os melhores presentes sem gastar uma fortuna.
Depois de horas — e várias sacolas depois —, finalmente conseguimos sair dali. Chegar ao estacionamento foi uma missão quase impossível, e dirigir até em casa foi outro parto. Mas valeu a pena. Chegamos e começamos a operação "embrulhar presentes". Para fugir dos estereótipos, escolhi fita amarela para os meninos e verde para as meninas. Fernando riu da minha "ousadia", mas ajudou sem reclamar.
Os brinquedos eram simples, mas feitos com carinho. Havia bonecas, carrinhos, mochilas e alguns jogos de tabuleiro que eu sabia que fariam sucesso. Eu queria que cada criança sentisse que tinha sido lembrada, que alguém se importava com elas. Afinal, eu sei como é crescer sem presentes no Natal.
Como estava de folga da academia, aproveitei para fazer o mercado. Eu queria levar minha especialidade para o instituto: lasanha. Só que eram 30 crianças, o que significava que eu teria que fazer duas grandes. Fernando riu quando eu disse isso, mas prometeu ajudar na cozinha. Ele é péssimo cozinhando, mas a intenção é o que conta, né?
No meio disso tudo, o Fernando teve que ir trabalhar. Ele me contou que a polícia ligou para atualizá-lo sobre as investigações do pervertido. Aparentemente, as outras vítimas foram até a delegacia, e o homem que o chantageou seria transferido para a penitenciária. Aqui se faz, aqui se paga, como dizem. Fiquei aliviado, mas também com um peso no peito. A vida é complicada, e às vezes as coisas não são tão preto no branco assim.
Voltando para casa, depois de uma longa tarde de compras e preparativos, me deparei com o Caio, um dos rapazes de uma das minhas últimas "experiências" antes de começar a namorar o Fernando. Ele estava na esquina, com aquele jeito descolado e um sorriso malicioso.
— Tá afim de diversão? Os moleques estão com saudades — ele disse, passando a mão no pau de forma provocante.
Eu parei por um instante, olhando para ele. Caio era bonito, tinha um charme que sabia usar, mas não era o que eu queria mais. Não era o que eu precisava.
— Cara, não rola mais. Eu tô namorando — respondi, tentando ser firme.
— Deixa de caô — ele soltou, rindo, como se eu estivesse brincando.
— Foi mal, bebê — falei, dando de ombros. — Feliz Natal. — E continuei andando na direção do meu kitnet.
— Vou estar por aqui quando ficar solteiro! — ele gritou, enquanto eu me afastava.
Eu ri sozinho, sacudindo a cabeça. Caio era divertido, mas ele não era o Fernando. E, pela primeira vez, eu senti que estava no lugar certo, com a pessoa certa. Mesmo que isso significasse correr na 25 de Março, embrulhar presentes e fazer lasanhas gigantes. Porque, no final das contas, era isso que eu queria. E eu estava feliz.
Sabe quem não estava feliz? O meu forno. Depois de um bom tempo, as lasanhas estavam prontas e as deixei descansando no balcão. O meu fogãozinho, coitado, sofreu para assar as duas ao mesmo tempo. Assim que terminei, resolvi tomar um banho para tirar o cheiro de comida grudado em mim.
Foi aí que o Fernando mandou mensagem avisando que estava chegando. Um sorriso atravessou meu rosto, e uma ideia atravessada passou pela minha cabeça. Por que perder tempo me vestindo?
Quando ele bateu à porta, abri sem pensar duas vezes — e completamente pelado. O susto dele foi hilário, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o puxei para dentro e o beijei. O riso virou desejo num instante. As roupas dele foram desaparecendo, e eu fui descendo.
— Eu já falei que amo o seu pau? — perguntei, enquanto o punhetava.
— Pode chupar.
Assim que senti o gosto salgado em minha língua, fechei os olhos e aprofundei ainda mais a boca em seu membro quente e rígido. Fernando soltou um gemido baixo, afundando os dedos em meu cabelo, guiando os movimentos com um misto de urgência e prazer. Eu adorava sentir o peso dele na minha boca, a pulsação firme contra minha língua enquanto eu o sugava com vontade.
Minha saliva escorria pelo eixo, facilitando os movimentos enquanto eu alternava entre chupadas profundas e lambidas lentas pela extensão. Fernando arfava, o peito subindo e descendo rápido. O puxei para mais fundo, o engolindo por completo, e a resposta veio imediata: um gemido mais alto e um tremor sutil no corpo dele.
Ele me puxou para cima, seus lábios colidindo nos meus com desejo bruto. Nos beijamos com fervor, o gosto dele misturado ao meu. As mãos dele deslizaram pelo meu corpo, explorando minha pele quente. Seu toque era firme, possessivo. Logo, ele me virou contra a parede, suas mãos deslizando pela minha cintura até meus quadris, apertando minha cintura com desejo.
Senti sua respiração quente contra minha nuca antes de ele mordiscar meu ombro. Meu corpo se arqueou, instintivamente se oferecendo para ele. Fernando se alinhou atrás de mim, e eu gemi baixo ao sentir a pressão firme contra mim. Com um pouco de paciência e lubrificante que ele pegou da mochila, se posicionou e foi me preenchendo aos poucos.
O primeiro momento foi um misto de ardência e prazer. Ele esperou, beijando minha nuca, sussurrando palavras sujas e doces ao mesmo tempo. Assim que me acostumei, movi os quadris em resposta, e ele entendeu o sinal. Começou com estocadas lentas, segurando meus quadris com firmeza, puxando-me de encontro a ele.
Cada investida fazia meu corpo esquentar ainda mais, meu coração martelando no peito. Os sons do nosso prazer ecoavam pelo kitnet – gemidos, o som úmido de nossos corpos se chocando, a respiração entrecortada de Fernando enquanto acelerava os movimentos.
Ele agarrou meu cabelo, puxando minha cabeça para trás, os lábios roçando em minha orelha.
— Gosta assim? — ele perguntou, a voz rouca, carregada de desejo.
— Sim. — respondi, minha voz entrecortada pelos espasmos de prazer que tomavam conta de mim.
Fernando intensificou o ritmo, suas mãos apertando minha cintura com mais força. Meu próprio prazer crescia rapidamente, uma onda intensa que se acumulava no baixo ventre. Minha mão desceu para me tocar, mas ele foi mais rápido, a afastando e tomando o controle, seus dedos me envolvendo e me masturbando com a mesma velocidade de suas investidas.
Eu não aguentei por muito tempo. O orgasmo me atingiu com força, um espasmo intenso que fez minhas pernas tremerem. Fernando gemeu alto ao sentir meu corpo apertá-lo, acelerando ainda mais até alcançar seu próprio clímax, enterrando-se fundo antes de gozar, ofegante e satisfeito.
Ficamos ali, nossos corpos colados, corações batendo acelerados em sintonia. Ele beijou meu ombro antes de se afastar ligeiramente, ainda me segurando.
— Melhor recepção impossível. — ele murmurou com um sorriso sacana.
Ri, o puxando para um beijo preguiçoso.
— Agora que já me devorou, preparado para virar o bom velhinho? — perguntei o deixando confuso. — Eu comprei uma fantasia de Papai Noel em uma das lojas.
— Você não fez isso?
— Eu fiz.
— Safado. — ele me deu um tapinha no ombro. — Me comprou com sexo gostoso.
— Sim. — assumi, vitorioso. — Mas não esquece que o profissional do cosplay é você.
— Eu faço tudo por você, meu príncipe. — me beijando.
— Diz de novo. Eu sou o que?
— Meu príncipe. — ele se declarou me beijando no pescoço. — Meu príncipe. — beijando minha bochecha. — Meu príncipe.
Fomos tomar outro banho e nos arrumamos para ir ao meu antigo lar. Expliquei para o Fernando que era um lugar simples, mas ele afirmou que queria conhecer o lugar onde cresci. A instituição ficava a 20 quilômetros de casa, mas aproveitei o trajeto para lhe adiantar algumas histórias.
Voltar ali depois de tantos anos era estranho. O portão da instituição de acolhimento "Um Lugar ao Sol" parecia menor do que eu lembrava, e o prédio, que um dia foi o meu mundo inteiro, agora cabia dentro de uma memória empoeirada. Mas eu conhecia cada canto daquele lugar. Cada rachadura no muro, cada árvore do pátio, cada atalho que levava para onde eu costumava me esconder quando precisava de um momento só meu.
Respirei fundo. Tentei não me emocionar, mas foi impossível. As lembranças vinham como uma enxurrada—algumas doces, outras amargas. Aquele era o lugar onde cresci, onde esperei, onde sonhei. E, por dezoito anos, onde nunca fui escolhido.
Fernando estava ao meu lado, discreto, mas presente. Sua mão pousou no meu ombro, apertando de leve, um gesto de solidariedade que dizia mais do que qualquer palavra.
Pegamos as lasanhas no carro e seguimos para a cozinha. O cheiro das panelas fervendo e dos temperos no ar me trouxe de volta para os dias em que ajudava a preparar o jantar. Enquanto Fernando deixava as travessas no balcão, aproveitei para mostrá-lo pelo espaço, contando histórias sobre as brincadeiras no quintal, sobre as noites em que dormíamos espremidos no mesmo quarto, dividindo cobertas e sonhos. Ele ouvia com atenção, como sempre fazia, como se cada lembrança minha também passasse a ser parte dele.
Jaqueline, uma das funcionárias, apareceu com um sorriso animado e disse que estava na hora de Fernando se preparar para a entrega dos presentes. Ele nem teve tempo de reagir antes de ser arrastado para um canto, onde colocaram nele a roupa vermelha e o gorro do bom velhinho. Nem preciso dizer que ele ficou adorável.
Ver meu namorado ali, cercado por trinta crianças e adolescentes, rindo, distribuindo presentes, tirando gargalhadas até dos mais tímidos, me fez perceber—mais uma vez—o quanto eu tinha sorte. Quando saí daquela instituição, tudo o que eu queria era ser desejado. Nunca fui escolhido por ninguém, e por muito tempo isso me perseguiu. Mas ali, vendo Fernando no chão, brincando e deixando tudo mais leve, eu soube: ele era a minha escolha. E mais do que isso—ele me completava. Não apenas de um jeito carnal, mas de uma forma que preenchia todos os espaços vazios que eu carregava.
Sorri. E, sem que eu pudesse evitar, uma lágrima escorreu.
Depois de uma noite cheia de risadas e abraços apertados, Fernando me levou para casa. Assim que entramos, ele tirou do bolso um pequeno embrulho e me entregou.
— Abre — pediu, os olhos brilhando.
Dentro da caixinha, um pingente delicado com as nossas iniciais.
— Fernando... — minha voz saiu mais baixa do que eu queria.
Ele sorriu. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, corri para pegar o presente que tinha comprado para ele. Era uma foto emoldurada do nosso primeiro encontro no evento de cosplay.
— Você lembra? — ele perguntou, admirando a imagem.
— Sim — respondi, sorrindo. — Eu sei que não é nada caro, mas...
Ele me calou com um beijo. Quando se afastou, vi que seus olhos estavam marejados.
— Você já é o presente — ele sussurrou. — Nunca, em toda a minha vida, eu gostei tanto de alguém quanto gosto de você.
O ano novo? Bem, passamos a data ao lado de Murilo, Lucas e Paloma. Eles decidiram alugar uma pousada no litoral. O lugar era perfeito para a virada: aconchegante, com luzes espalhadas pelo jardim e uma área aberta que nos permitia ver os fogos quando a meia-noite chegasse. A mesa estava farta—frutas, assados, petiscos e, claro, muito álcool.
Fernando estava ao meu lado, segurando um copo de caipirinha e sorrindo de canto enquanto ouvia Paloma contar uma história absurda sobre seu último date fracassado. Ele nunca teve muitos amigos, mas ali, cercado por Murilo, Lucas, Paloma e o resto da turma, ele parecia confortável, genuinamente feliz.
— Eu tô adorando isso — ele admitiu, virando-se para mim, a voz levemente arrastada pela bebida. — Nunca tive um grupo assim, sabe? Sempre foi meio solitário... Mas essa galera é incrível.
Sorri. Ele merecia aquilo. Merecia amigos, merecia leveza, merecia tudo.
A música aumentou, e logo Murilo e Lucas começaram a se beijar no sofá, sem se importar com ninguém ao redor. Paloma, por outro lado, girava pelo espaço ao som da batida, rindo enquanto dançava com um amigo. O clima era de pura liberdade—sem pressa, sem preocupações, só o presente importava.
Os fogos explodiram no céu à meia-noite, pintando o mar de reflexos dourados. Todos brindamos juntos, nos abraçamos, desejamos coisas boas para o ano que chegava. Mas meus olhos voltavam sempre para Fernando. Ele estava ali, rindo, vibrando, vivo. E eu sabia que queria mais momentos como aquele com ele.
Mais tarde, quando a bebedeira já tinha tomado conta de todos, encostei em Fernando e sussurrei no ouvido dele:
— Vem comigo.
Ele riu, me deixando puxá-lo pela mão até o nosso quarto. Quando a porta se fechou, ele me encostou contra ela, o olhar quente e a respiração entrecortada.
— Eu te amo — ele disse, antes de me beijar.
Naquela noite, pedi que ele transasse comigo vestido de Link—afinal, ele já tínha profanado aquela fantasia antes. Rimos, fizemos amor e, quando o relógio marcou meia-noite, brindamos ao nosso futuro.
Mas mesmo depois de tudo, enquanto ele dormia ao meu lado, algo não saía da minha cabeça.
A nota do Enem.
Meses de esforço, de dedicação, de luta. E agora, em breve, eu descobriria o que o destino tinha reservado para mim.
O que o futuro me esperava?