O cruzeiro Estrela do Atlântico cortava as ondas escuras do oceano com a graça de um predador silencioso, suas luzes brilhando como estrelas caídas contra o céu sem lua. A bordo, o som de risadas e taças tilintando preenchia o ar quente da noite tropical, enquanto o aroma de sal e perfume caro se misturava em uma dança invisível. Era um cenário de luxo ostensivo, mas para o agente Anderson Lima e sua parceira, a agente Mayara Costa, aquele navio era um campo de batalha disfarçado.
Anderson ajustou o colarinho da camisa social preta que usava, sentindo o tecido roçar contra os músculos largos de seus ombros. Com quase dois metros de altura, pele negra reluzente e um corpo esculpido por anos de treinamento em seis tipos de artes marciais — jiu-jitsu, muay thai, krav maga, boxe, taekwondo e capoeira —, ele parecia um titã entre os passageiros bronzeados e sorridentes. Seus olhos castanhos, porém, carregavam uma intensidade que não combinava com o ambiente festivo. Ele estava ali por um motivo: informações confiáveis apontavam que o Estrela do Atlântico era a rota de um carregamento de armas biológicas destinadas ao Brasil, uma ameaça que poderia devastar cidades inteiras se não fosse interceptada.
Ao seu lado, Mayara caminhava com a leveza de uma pantera, os cabelos loiros soltos caindo em ondas sobre os ombros nus. O vestido vermelho que ela escolhera para a missão abraçava suas curvas de maneira quase criminosa, mas não era apenas beleza que ela carregava. Treinada em espionagem pela Polícia Federal e com habilidades de combate que rivalizavam com as de Anderson, Mayara era uma arma viva, tão letal quanto sedutora. Seus olhos verdes varriam o deque superior do navio, captando cada detalhe: o homem de terno caro apoiado no corrimão, a mulher de salto alto que ria alto demais, o garçom que parecia hesitar antes de servir uma bebida. Nada escapava dela.
— Relaxa, grandão — disse Mayara, inclinando-se para sussurrar no ouvido de Anderson enquanto passavam por um grupo de passageiros dançando ao som de uma banda ao vivo. — Você tá com cara de quem vai quebrar o pescoço de alguém antes da meia-noite.
— Talvez eu quebre — respondeu ele, a voz grave ressoando como um trovão baixo. — Esses riquinhos não fazem ideia do que tá vindo por aí. Armas biológicas, Mayara. Isso não é um jogo de pôquer no cassino.
Ela riu, um som leve que contrastava com a tensão dele. — Por isso mesmo. Se a gente quer pegar o peixe grande, precisa nadar com os peixinhos primeiro. Vamos nos misturar, pegar o cheiro do rastro.
Anderson bufou, mas sabia que ela estava certa. A missão era clara: infiltrar-se como um casal de turistas abastados, identificar os responsáveis pelo contrabando e localizar o carregamento antes que o navio atracasse no porto de Santos em três dias. A inteligência da PF havia rastreado movimentações suspeitas ligadas a um homem chamado Victor Salazar, um empresario colombiano com um histórico nebuloso de negócios na América Latina. Ele estava a bordo, e os agentes tinham a noite para se aproximar dele.
O deque principal estava lotado. Casais giravam na pista de dança, enquanto outros se esparramavam em sofás de couro branco, bebendo champanhe e trocando olhares carregados de intenções. Anderson e Mayara se dirigiram ao bar, onde um bartender de pele bronzeada preparava coquetéis com movimentos teatrais. Mayara pediu um martini, enquanto Anderson optou por uma água tônica com limão — ele nunca bebia em serviço, e aquela noite não seria exceção.
— Então, qual é o plano? — perguntou ele, mantendo a voz baixa enquanto observava o reflexo da multidão no espelho atrás do bar.
— Salazar tá na festa VIP no deque superior daqui a uma hora — respondeu Mayara, girando a azeitona no palito com dedos delicados. — A gente precisa de um convite ou de um jeito de entrar sem chamar atenção. Vi uma das anfitriãs circulando com crachás dourados. Se conseguirmos um, estamos dentro.
— E se não conseguirmos? — Anderson arqueou uma sobrancelha.
Ela sorriu, os dentes brancos reluzindo contra o batom vermelho. — Aí a gente improvisa, como sempre.
Antes que ele pudesse retrucar, uma figura chamou a atenção dos dois. Uma mulher alta, de pele morena e cabelos negros cacheados, passou pelo bar com um vestido prateado que refletia as luzes do deque como um espelho líquido. Nos pulsos, pulseiras douradas tilintavam, mas o que realmente destacou foi o crachá preso ao decote: um distintivo dourado com o símbolo do Estrela do Atlântico. Era uma das anfitriãs VIP.
— Alvo à vista — murmurou Mayara, já se levantando do banco com a graça de uma bailarina.
Anderson a seguiu, mantendo uma distância calculada enquanto ela se aproximava da mulher. Mayara era especialista em extrair informações sem levantar suspeitas, e ele sabia que era melhor deixá-la liderar naquele momento. A loira se aproximou da anfitriã, que estava conversando com um grupo de homens de terno, e tocou seu braço de leve, inclinando-se para dizer algo que fez a mulher rir alto. Em poucos segundos, as duas estavam trocando palavras como velhas amigas, e Anderson quase sorriu com a habilidade da parceira.
Enquanto isso, ele manteve os olhos abertos, analisando o ambiente. Um homem chamou sua atenção: baixo, careca, com uma tatuagem de cobra subindo pelo pescoço. Ele estava perto da escada que levava ao deque inferior, falando ao celular com uma expressão tensa. Algo na postura dele — o jeito como mantinha uma mão no bolso e os olhos correndo pelo deque — gritava problema. Anderson fez uma nota mental para checá-lo mais tarde.
Mayara voltou minutos depois, balançando um crachá dourado entre os dedos como se fosse um troféu. — Pronto. Ela acha que somos um casal de influencers querendo cobertura exclusiva da festa VIP. Disse que Salazar adora atenção, então vai ser fácil nos aproximarmos.
— Boa — disse Anderson, pegando o crachá e examinando-o. — Mas vamos com calma. Se ele é o cabeça disso, não vai entregar o jogo logo de cara.
Os dois subiram as escadas em espiral até o deque superior, onde a festa VIP já estava em pleno vapor. O espaço era mais íntimo, com luzes suaves, sofás circulares e uma piscina de borda infinita que refletia o céu estrelado. A música ali era mais baixa, um jazz sensual que parecia pulsar no ar, enquanto garçons circulavam com bandejas de drinks exóticos. No centro do deque, Victor Salazar segurava corte, um homem de meia-idade com cabelo grisalho penteado para trás e um charuto na mão. Ele ria alto, cercado por um grupo de homens e mulheres que pareciam pendurados em cada palavra sua.
— Lá está ele — sussurrou Mayara, ajustando o vestido para destacar ainda mais o decote. — Hora de jogar.
Anderson segurou o braço dela por um instante, os dedos firmes contra a pele quente. — Cuidado. Ele não chegou onde tá sendo bonzinho.
Ela piscou para ele. — Eu sei me cuidar, grandão. Fica de olho no perímetro.
Com isso, Mayara deslizou para o meio da multidão, aproximando-se de Salazar com a confiança de quem pertencia àquele mundo. Anderson ficou para trás, apoiando-se no corrimão e fingindo observar o mar enquanto mantinha os sentidos alertas. Ele viu Mayara rir de algo que Salazar disse, jogando a cabeça para trás de um jeito que fez os cabelos dourados dançarem. O colombiano parecia encantado, gesticulando para que ela se sentasse ao seu lado no sofá.
A noite avançava, e o clima no deque ficava mais carregado. O jazz deu lugar a uma batida eletrônica lenta, e os corpos começaram a se mover de maneira mais fluida, mais próxima. Anderson notou casais se formando nos cantos, mãos deslizando por costas e coxas, risadas abafadas misturando-se ao som das ondas. A festa estava mudando de tom, e ele sentiu um calor subir pelo peito — não de desejo, mas de alerta.
Mayara, agora sentada ao lado de Salazar, inclinou-se para sussurrar algo em seu ouvido. O homem riu, passando a mão pelo braço dela de um jeito que fez Anderson cerrar os punhos instintivamente. Ele sabia que era parte do jogo, mas não gostava de ver a parceira tão exposta. Antes que pudesse decidir se interferia, um dos seguranças de Salazar — um brutamontes de cabelo raspado e olhos frios — se aproximou do chefe e murmurou algo. O rosto de Salazar mudou por um instante, endurecendo, antes de voltar ao sorriso fácil.
— Problemas à vista — pensou Anderson, ajustando a postura.
De repente, a música parou, e um grito cortou o ar. Todas as cabeças se viraram para a borda do deque, onde uma mulher de vestido azul cambaleava, o rosto pálido. Ela apontou para a piscina, onde um homem flutuava de bruços, imóvel. O silêncio durou apenas um segundo antes que o caos explodisse: gritos, passos apressados, seguranças correndo para o local.
Anderson trocou um olhar com Mayara, que já estava de pé, aproveitando a confusão para se afastar de Salazar. Eles se encontraram perto da escada, os corações acelerados.
— Isso não foi acidente — disse ela, os olhos brilhando com adrenalina. — Vi o cara antes. Ele tava falando com o tatuado do deque principal.
— Armas biológicas, um morto na piscina... Isso tá fedendo a encrenca grande — respondeu Anderson, já descendo os degraus dois a dois. — Vamos pro porão. Se o carregamento tá aqui, é lá que vamos achar.
Mayara assentiu, os saltos clicando contra o metal enquanto o seguia. A festa ainda ecoava acima deles, mas o clima de sensualidade havia sido substituído por um mistério sombrio. Eles não sabiam quem era o homem na piscina nem por que ele morrera, mas uma coisa era certa: o Estrela do Atlântico escondia mais do que champagne e corpos suados.
No corredor estreito que levava ao deque inferior, o ar ficou mais frio, carregado de um cheiro metálico que Anderson reconheceu imediatamente: sangue e pólvora. Ele sacou a pistola escondida sob a camisa, um movimento fluido que denunciava anos de treino. Mayara fez o mesmo, a arma surgindo como mágica de uma bolsa minúscula que ninguém suspeitaria.
— Pronta? — perguntou ele, os músculos tensionados como cordas de aço.
— Sempre — respondeu ela, o sorriso afiado como uma lâmina.
Os dois avançaram pelo corredor, o som de seus passos abafado pelo ronco distante dos motores do navio. O porão os esperava, um labirinto de sombras e segredos, onde o perigo e o desejo se entrelaçavam como amantes em uma dança mortal.
O ar no porão do Estrela do Atlântico era denso, um misto de umidade salgada e o cheiro acre de óleo e metal. Anderson liderava o caminho, os passos firmes ecoando nas placas de aço do chão, enquanto Mayara o seguia de perto, os olhos verdes faiscando na penumbra. As luzes fluorescentes piscavam intermitentemente, lançando sombras que dançavam pelas paredes como espectros. Eles estavam no ventre do navio, um lugar que nenhum passageiro em sã consciência visitaria, mas que para os dois agentes da Polícia Federal era o coração da missão.
O corredor estreito se abriu em um espaço maior, uma área de carga com caixas empilhadas até o teto e contêineres alinhados como sentinelas silenciosas. Anderson fez um sinal com a mão, indicando para Mayara cobrir o flanco esquerdo enquanto ele avançava para a direita. A pistola em sua mão — uma Glock 19 compacta, perfeita para operações furtivas — parecia uma extensão natural de seu corpo, os dedos calejados prontos para reagir a qualquer movimento.
— Ali — sussurrou Mayara, apontando com o queixo para um contêiner azul escuro no canto, selado com cadeados pesados e uma placa que dizia “Carga Especial – Acesso Restrito”. Havia algo errado na forma como ele estava posicionado, isolado dos outros, como se alguém quisesse escondê-lo sem parecer óbvio demais.
Anderson se aproximou, os músculos do pescoço tensionados enquanto examinava os cadeados. Ele sacou uma pequena ferramenta de arrombamento do bolso — um presente de anos de treinamento em operações clandestinas — e começou a trabalhar no mecanismo. O clique seco reverberou no silêncio, e Mayara se posicionou atrás dele, vigiando o corredor com a arma em punho.
Quando a tampa do contêiner se abriu, o que eles viram fez o sangue de Anderson gelar. Dentro, protegidos por espuma de alta densidade, estavam dezenas de cilindros metálicos, cada um marcado com símbolos de risco biológico em vermelho vivo. Tubos de vidro selados, cheios de um líquido amarelado que parecia pulsar sob a luz fraca, completavam o cenário. Não havia dúvida: eram as armas biológicas que a inteligência da PF rastreara.
— Filho da puta — murmurou Anderson, a voz carregada de raiva contida. — Isso é suficiente pra transformar São Paulo num cemitério.
Mayara se aproximou, o rosto pálido mas determinado. — Não podemos tocar nisso agora. Se mexermos, eles vão saber que alguém esteve aqui. Precisamos de reforços, Anderson. Isso é grande demais pra nós dois.
Ele cerrou os dentes, sabendo que ela estava certa. Sem equipamento de contenção ou uma equipe de apoio, mexer naquele carregamento seria como acender um fósforo num barril de pólvora. Relutante, ele fechou o contêiner, trancando-o novamente com um movimento rápido. — Vamos voltar, pegar Salazar na festa e arrancar dele quem tá por trás disso.
Os dois começaram a recuar pelo corredor, os sentidos em alerta máximo. O som distante da festa no deque superior mal chegava ali embaixo, substituído pelo ronco grave dos motores e pelo gotejar de água em algum canto escuro. Mas antes que pudessem alcançar a escada, uma figura emergiu das sombras à frente deles.
Era uma mulher. Alta, esguia, com cabelos negros que caíam em ondas sobre os ombros e um vestido dourado que abraçava seu corpo como uma segunda pele. Os olhos dela, castanhos e profundos, fixaram-se em Anderson com uma intensidade que o fez parar no lugar. Era Carmen Salazar, a esposa de Victor, uma presença que até então eles só conheciam por fotos no dossiê da missão. Mas ali, em carne e osso, ela exsudava algo que ia além da beleza: uma mistura de poder e luxúria que parecia encher o ar ao seu redor.
— O que temos aqui? — disse ela, a voz rouca e melíflua, como se cada palavra fosse um convite. Seus olhos deslizaram pelo corpo de Anderson, demorando-se nos ombros largos e na postura de quem estava pronto para lutar ou... algo mais. — Um homem como você não pertence a esse porão sujo.
Mayara, ainda com a arma abaixada mas os músculos tensos, percebeu o olhar de Carmen e o efeito que ele teve em Anderson. O agente ficou imóvel por um segundo, o maxilar travado, mas ela viu o leve franzir de suas sobrancelhas — ele estava desconfortável, mas não imune. Um sorriso quase imperceptível curvou os lábios de Mayara. Aquela mulher podia ser uma ameaça, mas também uma oportunidade.
— E você, querida? — continuou Carmen, agora voltando os olhos para Mayara. — Uma loira tão... encantadora. Não deveriam estar aproveitando a festa lá em cima?
Mayara deu um passo à frente, inclinando a cabeça com um ar de falsa inocência. — Estávamos curiosos, sabe? Queríamos explorar o navio. Mas parece que encontramos algo mais interessante... ou alguém.
Carmen riu, um som baixo e sensual que ecoou no corredor. — Adoro curiosidade. É o que torna a vida tão... saborosa. — Ela se aproximou, o perfume dela — algo floral com um toque de almíscar — invadindo o espaço entre eles. — Meu marido está ocupado com seus negócios, mas eu... eu gosto de me divertir de outras formas.
Anderson trocou um olhar rápido com Mayara, um aviso silencioso para manter o controle da situação. Mas antes que ele pudesse falar, Carmen estendeu a mão e tocou o peito dele, os dedos longos traçando o contorno dos músculos sob a camisa. — Você é forte. Gosto disso. Talvez possamos nos conhecer melhor.
Mayara agiu rápido, percebendo a chance de virar o jogo. Ela deslizou para o lado de Carmen, colocando uma mão leve no ombro da mulher. — Ele é impressionante, não é? Mas eu também sei brincar. Que tal nos mostrar algo especial? Algo que só alguém como você conhece neste navio?
Carmen hesitou, os olhos brilhando com uma mistura de desconfiança e excitação. Então, com um sorriso malicioso, ela assentiu. — Venham comigo. Mas cuidado... algumas coisas aqui embaixo mordem.
Ela os guiou por um corredor lateral, os quadris balançando de maneira quase hipnótica. Anderson e Mayara a seguiram, as armas agora escondidas novamente, mas os sentidos afiados como lâminas. O som de um gemido abafado os fez parar de repente. Carmen não pareceu surpresa, apenas virou-se com um olhar cúmplice.
— Não se assustem — disse ela, apontando para uma porta entreaberta à esquerda. — Alguns passageiros gostam de aproveitar a privacidade do porão.
Curiosos, Anderson e Mayara se aproximaram, espiando pela fresta da porta. Dentro do pequeno depósito, sob a luz fraca de uma lâmpada pendurada, um casal estava perdido em um momento de paixão crua. O homem, de pele bronzeada e cabelo desgrenhado, segurava uma mulher de vestido verde rasgado contra uma pilha de caixas. Ela gemia alto, as mãos agarrando os ombros dele enquanto ele a tomava com movimentos rápidos e urgentes, os corpos colidindo com uma intensidade quase animal. O suor brilhava na pele deles, e o ar carregava o cheiro inconfundível de sexo e abandono.
Anderson desviou o olhar, o calor subindo pelo pescoço, mas Mayara ficou parada, os olhos fixos na cena por um segundo a mais. Ela sentiu o pulso acelerar, não apenas pelo voyeurismo, mas pela adrenalina de estar tão perto do perigo e do desejo ao mesmo tempo. Carmen, ao lado deles, observava com um sorriso satisfeito.
— Gostam do que veem? — perguntou ela, a voz carregada de provocação. — Esse navio é cheio de segredos. E eu conheço todos eles.
Anderson pigarreou, voltando ao foco. — Segredos como o que tá naquele contêiner lá atrás?
O rosto de Carmen mudou por um instante, uma sombra de surpresa cruzando seus olhos antes que ela recuperasse o controle. — Você é esperto, hein? Mas acho que prefiro mostrar outra coisa primeiro.
Ela os levou até uma sala ao final do corredor, um espaço pequeno mas luxuoso, com paredes revestidas de veludo vermelho e uma cama circular no centro. Havia uma garrafa de champanhe aberta sobre uma mesa, e o som da música da festa agora parecia mais próximo, como se houvesse alto-falantes escondidos. Carmen se virou para eles, abrindo os braços.
— Bem-vindos ao meu cantinho. Aqui, ninguém nos interrompe.
Mayara trocou um olhar com Anderson, percebendo que estavam pisando em terreno perigoso. Carmen sabia mais do que deixava transparecer, e aquela sala podia ser uma armadilha — ou uma chance de arrancar informações dela. A loira deu um passo à frente, deixando o vestido escorregar um pouco mais pelo ombro, expondo a pele clara.
— Então, Carmen... o que uma mulher como você faz num lugar como esse? — perguntou Mayara, a voz suave mas carregada de intenções.
Carmen sorriu, aproximando-se dela até que seus corpos quase se tocassem. — Eu me divirto. E vocês?
Antes que Anderson pudesse intervir, um barulho alto ecoou pelo corredor — o som de botas pesadas contra o metal. Carmen se virou, o rosto endurecendo. — Parece que nosso tempo acabou.
Dois homens armados surgiram na porta, os rostos cobertos por máscaras táticas. Um deles apontou uma submetralhadora para o trio. — Mãos pra cima. Agora.
Anderson reagiu em um piscar de olhos, girando o corpo e acertando o primeiro homem com um chute giratório que o jogou contra a parede. Mayara mergulhou para o lado, sacando a pistola e disparando contra o segundo, que caiu com um grito. Carmen gritou, recuando para o canto da sala, os olhos arregalados.
— Quem são esses caras? — rosnou Anderson, agarrando a submetralhadora do chão.
— Não sei! — respondeu Carmen, a voz trêmula. — Mas se vieram atrás de mim, estamos todos mortos.
CONTINUA