O Casamento Arranjado! Cap.9

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2462 palavras
Data: 01/03/2025 14:28:32

Os momentos seguintes ao soco de Eduardo em Edward passaram como flashes borrados. Como já era de se esperar, eu não fiz nada além de ficar ali, olhando feito um idiota para a cena ridícula diante de mim, implorando para que Deus me levasse logo; enquanto isso, Gustavo ainda tentava segurar o “amigo” dele, que atendia pelo nome de Eduardo. Edward, por sua vez, não ficou quieto. Sim, ele levou um golpe, mas também revidou, e isso, de certa forma, me fez sentir um pouco melhor por ele, mas, no geral, foi uma verdadeira tragédia. Só depois de o Gustavo praticamente pular em cima de Eduardo e segurá-lo no chão, e eu puxar Edward para longe, foi que tudo finalmente se acalmou.

Agora, quatro homens estão sentados um em frente ao outro em uma sala que, apesar de grande, parece minúscula devido à quantidade de testosterona no ar. Edward está ao meu lado, com um saco de gelo no rosto, e eu já ajudei a colocar um algodão no seu nariz, que sangrava bastante. Quanto a Eduardo, Gustavo o ajudou e agora ele está sentado no outro sofá, nos encarando com um olhar assassino. O olho esquerdo dele está um pouco inchado e ele tem um hematoma avermelhado no canto da boca, mas, fora isso, ele parece bem.

- Você só pode estar maluco! - digo, não conseguindo mais me conter.

- Cala a boca... Ele mereceu!

- O único que merece apanhar aqui é você, seu idiota. Quão infantil você é, afinal de contas?!

- André, tô te avisando, não enche o meu saco, beleza?! - ele diz, e seu olhar prende o meu com uma seriedade tão forte que me faz calar a boca, pelo menos por enquanto.

****

Edward está sentado com a cabeça baixa, apoiando um cotovelo na coxa enquanto a outra mão segura o saco de gelo, agora no nariz. Odiava vê-lo assim, ainda mais porque fui eu quem o convidou; nesse momento, o peso da culpa quase me consome. Aquele imbecil estragou o rosto dele, e isso me machuca também. O que ele vai dizer no trabalho?! Isso também afeta a imagem dele, meu Deus...

- Olha, eu sinto muito mesmo, Edward! Por minha causa você teve que pagar caro... Eu não deveria ter brigado com o Eduardo!

- Você sabe que a culpa não foi sua, né?! - ele me encara e sorri de forma divertida. - Eu não sei se você percebeu, mas ele estava só com ciúmes, ficou tão óbvio que até o amigo dele percebeu.

- Não, eu não acho que seja isso... Eu não sei de onde ele tirou isso, mas ele pensa que a gente tá se pegando e ficou com raiva, porque faz um mês que ele não transa e acha que eu estou transando. - ele ergue as sobrancelhas - Eu sei, ele é um idiota!

- Você não tá com fome?! Pode ir comer, eu vou pra casa.

- Obrigado, fiz o jantar especialmente pra você, uma pena que aconteceu esse... hum... acidente...! - ele ri - Mas não vou deixar você ir embora de barriga vazia... Nem pensar! Vem, vamos comer, o Eduardo já deve ter comido com o Gustavo.

- Você tem certeza?! - ele me encara, parecendo em dúvida, mas eu concordo insistentemente e então ele se levanta e me segue - Se você insiste.

- Já lavei os pratos. - Eduardo fala, passando por nós com Gustavo, que me olha como se pedisse desculpas. Respiro fundo e entro na cozinha já sabendo que vou ficar com raiva de novo.

- EDUARDOO!!! - grito, furioso, e ele aparece na porta da cozinha com a cara mais cínica do mundo.

- O que é?! Pra quê todo esse escândalo?!

- Cadê a merda da comida que eu fiz?! - aponto para as panelas, agora vazias.

- Ué, eu pensei que tinha sido feita para ser comida, então, obviamente, eu e o Gustavo comemos. - ele responde como se isso fosse algo óbvio, fazendo meu ódio crescer.

- Na verdade, você comeu praticamente tudo!

- Cala a boca, Gustavo!

- Eu não acredito que vocês comeram tudo... Esse jantar dava para alimentar umas oito pessoas!

- E eu já te disse o que acontece quando eu fico com raiva! - ele sorri sarcasticamente - Então, tecnicamente, 50% da culpa é sua... A outra metade é desse cara aí! - ele diz, apontando para Edward.

- É mesmo?! Pois eu também vou te mostrar o que acontece quando eu fico com raiva! - tiro a havaiana do pé e ele corre enquanto Gustavo ri - NÃO OUSE CORRER, EDUARDO, SE VOCÊ CORRER VAI SER PIOR... EU TÔ AVISANDO! - falo, correndo atrás dele com um desejo de vingança nas veias - Eduardo, pare aí! Eu vou te fazer virar homem agora!

Ele vai em direção ao jardim; o infeliz é bem mais rápido que eu, então obviamente fico para trás, mas por algum motivo, não demora muito e ele para, sentando no chão enquanto segura o pé com as duas mãos e xinga alto; acho que ele pisou em algum espinho das rosas. Isso me faz rir internamente de forma maldosa... Bem feito, quem mandou correr descalço pelo jardim!

- Olha só... - me aproximo balançando a chinela, mas ele ergue a mão pedindo tempo.

- Espera aí, porra... Acho que furei meu pé em alguma coisa nesse maldito jardim.

- O jardineiro tava trabalhando aqui hoje. - ele faz uma carranca e xinga mais uma vez, olhando para o pé - Agora, voltando à conversa de antes... Você comeu toda a comida que eu fiz, seu cuzão! Agora o quê que eu vou dar pro Edward comer? - ele me olha de forma maldosa e sorri maliciosamente.

- Que tal você?! Tenho certeza que ele não vai reclamar. - estreito os olhos e lhe dou um empurrão, ele tenta se equilibrar, mas acaba caindo com a cara no chão.

- Vou te ensinar alguns modos, seu merda! - sento na cabeça dele e lhe dou sandalhadas na bunda.

- Sai de cima da minha cabeça, merda... - ele consegue me empurrar e se virar, sentando, e eu acabo sentado em suas pernas, nossos rostos a centímetros de distância; ele engole em seco e me empurra. Eu saio de cima, e ele se ergue com uma ereção visível. Como viemos parar aqui, nessa situação estranha?!

- Você ficou excitado comigo te batendo?! Você é um pervertido?! - pergunto, zoando com ele, mas confesso que estou em choque com a reação dele.

- Não fode... Eu tava pensando na vizinha... - ele faz uma pausa, me encara, e depois se inclina para falar mais perto, me deixando desconfortável. - Quer saber, eu fiquei mesmo, e daí?! Não é minha culpa se você gosta de esfregar essa sua bunda gigante na cara dos outros, afinal bunda é bunda, não posso evitar se ela é gostosa! - eu o encaro, sem falar nada, ele se inclina ainda mais, chega perto da minha orelha e diz baixinho - Da próxima vez que você fizer isso, eu vou te pôr no meu ombro, te levar praquele quarto e te fazer gemer tão alto que todos os vizinhos vão saber que você está de quatro comigo, metendo bem fundo dentro de ti... Inclusive aquele seu amiguinho ali. Aí eu quero ver você conseguir correr, olhe lá se você conseguir levantar da cama de manhã!

Ele fala e se afasta, me encarando com um sorriso torto e malicioso. Vira-se e me dá as costas, indo embora ainda sorrindo. Eu, por outro lado, estou completamente escandalizado! Volto para a cozinha pensativo; será que o Eduardo sente algo por mim...?! Não, não pode ser... Ele deve estar apenas brincando com a minha cara!

- Desculpa a demora! - digo, entrando na cozinha e vendo Edward sentado à mesa.

- E então, bateu nele?

- Um pouco, mas ele merecia mais!

- Pensei que você não tivesse batido, porque ele passou pra sala sorrindo como um idiota! Na verdade, era quase como se tivesse sido beijado!

- Credo, não! Foi só uma idiotice que ele disse e achou que arrasou, como sempre.

- Hum... e então, o que tem pra comer?! - "Eu, você quer?!" Era isso que eu queria dizer... Que mundo injusto... Nem posso transar com quem eu quero.

- Hum... Quer sorvete?

- Claro!

Estamos conversando tranquilamente quando Eduardo entra na cozinha, agarra meu pulso, me faz levantar e me puxa para perto, abraçando minha cintura e minha nuca, me dando um beijo arrebatador. Ele acaricia meus lábios com os dele, enfia sua língua na minha boca com força, me arrancando um pequeno arfar, e me morde a mandíbula e o lábio inferior antes de partir para outro beijo, ainda mais intenso que o primeiro; seus dedos tocam meu pescoço, e sua mão aperta minha cintura, colando meu corpo ao dele, tão perto que sinto os músculos do abdômen dele contra minha barriga e sua temperatura esquentando tudo, ainda mais com seus braços ao redor de mim.

Nesse beijo, ele me rouba três beijos quentes que, confesso, me deixaram queimando. Mas claro que isso é porque não transo há muito tempo e também não me masturbo com frequência devido ao tempo e ao cansaço. Depois que ele se afasta, eu o encaro, confuso, e ele dá de ombros, parecendo muito satisfeito, até lançando um sorrisinho para Edward.

- A monitoria ligou! - ele diz, e eu não consigo responder, porque minha mente ainda está em branco - Por que você não tá falando nada?

- Tô tentando recuperar o ar que me foi roubado! - ele sorri, beija minha testa e sai rindo; eu encaro Edward sem graça, e ele não parece muito feliz - Desculpe por isso!

- Vocês são casados, não é?! - ele diz, sem me olhar - Não é da minha conta a vida pessoal de vocês. - Ele está realmente chateado.

- Hum, você tem razão, eu acho... Vamos acabar logo com esse sorvete!

***

Depois que Edward foi para casa, eu vim para o quarto, tomei um longo e relaxante banho para ver se o estresse da noite ia embora e, depois de me trocar, fui para a cama. Agora estou deitado, encarando o teto e ainda pensando em Edward. Eu sei que ele ficou bem chateado, afinal, quem não ficaria?! Mas, por outro lado, fico meio que feliz com a reação dele em relação aos beijos de Eduardo, porque isso dá a entender que ele tem algum interesse em mim.

Enquanto penso, Eduardo entra, tira a blusa e joga no chão, então entra no banheiro e, depois de alguns minutos, sai; seu cabelo está completamente molhado e pingando em seus ombros, a toalha presa no quadril e a roupa na mão. Ele faz questão de se vestir na minha frente. Reviro os olhos quando ele se deita ao meu lado e me encara com um olhar curioso.

- O quê?! Por que está me olhando com essa cara?! O que foi agora?!

- Deixa eu ver... Você bateu no meu amigo, comeu toda a comida que eu passei a tarde inteira fazendo, me xingou, me beijou do nada, sem me avisar e sem o meu consentimento... Quer que eu continue?!

- Não, não, já entendi, me comportei como um idiota, certo?! Desculpa, eu admito! Mas sobre o beijo, a monitoria ligou, por isso eu...

- Não tem "mas", não! Você ainda precisa me avisar que vai fazer isso pra que eu possa... Espera aí, você me pediu desculpas?! - ele revirou os olhos e me encarou intensamente.

- Pois é... Me desculpe!

- Tá certo, quem é você e o que fez com o Eduardo?! Se você sequestrou ele, tô deixando bem claro que não aceito devolução! - faço uma pausa e estreito os olhos - Ou você quer alguma coisa de mim?! Olha, se for sobre aquela vizinha, eu já disse que não vou te ajudar...

- Rá Rá Rá. Muito engraçado! Será que dá pra calar a boca?!

- Foi mal... Mas sério, fala o que você quer.

- Eu não quero nada, André, só...

- Eu não sou burro, não Eduardo, fala logo o que você quer! Isso tá me incomodando!

- Quero transar com a vizinha!

- Hunf... - me deito na cama - Sabia! Mas você sabe que não pode fazer isso!

- Eu sei, mas...

- Eduardo, isso é inviável. Mesmo que eu te ajudasse, nós seríamos pegos pela monitoria e perderíamos a herança. - ele coça a cabeça - E tudo ficaria pra Charlotte! É isso que você quer?!

- Não, mas também não sei se vou aguentar ficar um ano sem transar, é muito tempo!

- Devia ter refletido sobre isso antes de assinar o contrato de casamento.

- Bom, na hora não parecia tanto tempo assim, levando em consideração a quantia de dinheiro, mas agora... - ele se deita de lado e me encara, eu faço o mesmo - Ah, é... um representante da monitoria ficou de vir no sábado conversar com a gente... Deve ser algo importante!

- Hum... Mas falando sério, eu tenho muito mais tempo do que você sem transar!

- Tá bom, e quanto tempo seria?!

- Dois anos!

- Nossa... Sério mesmo?! Isso tudo?! Você deve tá pegando fogo, hein!? Agora entendo o porquê da sua fixação no Edward! - reviro os olhos.

- Tsk, larga de ser bobo!

- Boom... - ele me encara e por esse olhar eu sei que não vai vir nada de bom - Então... que tal se nos ajudarmos?!

- Como assim? - pergunto receoso.

- A gente pode transar e...

- Não!

- Eu nem terminei!

- Eu não vou transar com você, isso está fora de cogitação!

- Eu sou tão feio assim?! - ele pergunta carrancudo - Pra sua informação, eu sou muito bom na cama... Eu nunca fiz com um cara antes, mas não deve ser tão diferente, certo?! E nós já vimos que eu consigo ficar duro com você, então...

- Não é "não", Eduardo! E você é bonito... por fora! - mordo o lábio o avaliando; percorro seu corpo com o olhar vendo as ondulações de seu abdômen subindo e descendo de acordo com sua respiração, subo por seus mamilos e então paro nas clavículas marcadas, no pescoço forte e na mandíbula, foco em sua boca e então volto aos seus olhos, que também me observam - Mas por dentro, que é o que realmente importa, você tem muito a mudar, muito mesmo!

- Você é muito cruel, sabia?! - ele suspira - Até fica me olhando assim, com esses olhos pidões e mordendo esses lábios, dormindo bem do meu lado só de boxer... Que homem cruel esse que eu casei.

- Larga de drama... - corto ele antes que fale mais besteira - Eu não sou cruel, sou sincero. E se formos falar sobre "crueldade", eu não chego nem aos seus pés quando se trata de ser cruel! - seus olhos ficam muito sérios de repente e eu não consigo quebrar o contato visual que se prolonga.

- Então vamos fazer assim: Eu não te incomodo mais e você também não me incomoda mais.

- Por mim tudo bem! Mas pra isso funcionar, vamos dividir as tarefas, porque é o que mais me irrita!

- Tá certo! Mas você cozinha!

- Óbvio, eu não quero ver essa casa pegando fogo!

- Nisso eu concordo! - rimos juntos e meu coração se sente leve pela primeira vez na companhia dele - E então, paz?!

- Paz!

Continua...

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