Olá, leitores. O meu nome é Carlos. Sou um professor universitário cinquentão, meio barrigudinho e calvo. Nesta minha série de contos, narro as minhas aventuras tentando comer algumas vizinhas e, quem sabe, conquistar o coração de alguma(s) dela(s). Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar a série.
No mesmo em que esta história se passa, eu ainda era casado com a Odete, uma das maiores pegadoras que conheço. Temos um relacionamento liberal e aberto: cada um pode transar com quem quiser à vontade. Desde que o outro não flagre!
Este conto começa em uma noite de sábado pós-carnaval. Estava deitado no sofá, refletindo sobre o passado.
Dez anos atrás, eu era um verdadeiro garanhão. Naquela época, eu tinha um grupo no WhatsApp que era como, embora não goste desse termo, meu harém particular. Oito mulheres, entre seus 30 e 50 anos, que se reuniram para satisfazermos os desejos que compartilhávamos. Entre mensagens picantes, confissões e nudes, marcávamos encontros que sempre terminavam em sexo. Mas o tempo é implacável. Aos poucos, o grupo foi minguando. Uma casou, outra mudou de cidade, outra se converteu e decidiu levar uma vida mais regrada. E eu, ocupado com a rotina da vida e da universidade, deixei que isso acontecesse. fui envelhecendo, ganhando barriga, perdendo cabelo, e sem perceber, me vi sem aquele refúgio de luxúria e devassidão.
Só que então, ao descobrir que a Carolina, a mulher que eu tinha como musa inatingível, tinha dado para o seu Geraldo, um porteiro barrigudo de sessenta anos, me vi desejoso por reviver um grupo de WhatsApp com minhas amantes.
Mas como e por onde recomeçar? Eu tinha tido um pequeno sucesso parcial no carnaval, quando me peguei aos beijos e amassos com a Eliana, a Letícia e a Andreia. Mas a minha alegria de pobre durou pouco. E era carnaval. No carnaval, todo mundo é mais liberal (para mais detalhes, ver “Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 06”).
Será que eu tinha perdido minha pegada? O que fez aquelas mulheres saírem do grupo? Será que foi apenas que a vida seguiu seu curso e eu que fiquei parado no tempo, agarrado a um passado que já não existia? Eu precisava me reinventar. Mas para isso precisava descobrir o que eu fiz de errado com elas e, principalmente, o que eu realmente queria com as novas mulheres.
Eu precisava entender. Precisava saber se ainda era o mesmo homem que, um dia, foi capaz de reunir um harém e mantê-las entretidas com um grupo de WhatsApp. A única forma de descobrir era investigando.
Abri meu Instagram. Comecei a buscar os nomes delas, uma a uma. Algumas haviam mudado de sobrenome, outras estavam com perfis privados, mas das oito antigas amantes, consegui encontrar seis. Rolei o feed de cada uma, observando as mudanças. Quatro delas estavam casadas, algumas com filhos, felizes em suas novas vidas. Eu não queria atrapalhar a paz de ninguém, então risquei essas da minha lista mental. Restavam duas: Creuza e Joana.
Enviei uma mensagem para as duas, puxando assunto. Em poucas horas, estávamos conversando como os velhos amigos que éramos. Como a Joana estava fora da cidade, decidi convidar a Creuza primeiro para um jantar para conversamos. Deixei claro que não era um flerte, só precisava conversar com uma amiga que entendesse certos “aspectos” do meu passado. Ela topou.
A Creuza era uma mulher espetacular, uma morena de pele cor de jambo, sempre cheia de energia e sorrisos. Quando a conheci, ela tinha 35 anos, era uma secretária, e já era uma mulher de atitude (na vida e na cama). Hoje, com 45, sabia poucas coisas dela. Apenas que tinha envelhecido o esperado nesses dez anos e apagado as fotos do marido.
Escolhemos um restaurante perto da casa dela para facilitar. Algo elegante, mas sem exageros. Cheguei antes dela. Fiquei observando a entrada, e não demorou muito para vê-la chegar.
Ela continuava linda. O tempo havia lhe dado um charme extra, envelhecera como vinho. Seus cabelos cacheados estavam mais curtos do que eu lembrava, na altura do ombro. Seu corpo mantinha as curvas generosas, um pouco mais cheias, mas bem distribuídas dentro do vestido vinho que marcava sua silhueta. Decote moderado, mas suficiente para lembrar que seus seios ainda eram uma de suas maiores qualidades.
Assim que me viu, ela abriu um sorriso largo e caminhou até mim com passos seguros. Antes mesmo de se sentar, já soltou a primeira provocação:
— Meu Deus, Carlos, o tempo foi cruel contigo! Cadê aquele cabelo? E essa barriga? — Ela riu alto, inclinando-se levemente para me dar um beijo na bochecha antes de puxar a cadeira e se sentar.
Sorri, balançando a cabeça.
— Olha só quem fala! — retruquei. — Você também não é mais a mesma de dez anos atrás.
— Mas ainda tudo no lugar certo! — Ela se ajeitou na cadeira. — Agora, você, acho que se deixou levar pelo sedentarismo, hein?
— A vida de professor universitário não favorece um corpo atlético. Mas, falando sério, você ainda está incrível. Qual é o segredo?
— Boa genética, muito sexo e um pouquinho de academia. — Ela pegou o cardápio e me lançou um olhar brincalhão. — E você, como tem se cuidado?
— Eu voltei para a academia faz algumas semanas. Nada que dê muito resultado ainda, mas no final do ano... — Sorrimos, os dois querendo acreditar que eu aguentaria permanecer na academia até lá. — Mas e você? Como estão as coisas?
— Ah, divorciada há um ano e meio. Meu ex-marido era um chato e controlador, então não sinto falta. Mas eu adoro, posso fazer o que quiser. — Ela me olhou com um brilho maroto nos olhos. — E você? Como vão as aventuras?
Sorri.
— Ainda casado com a Odete, como sempre. Nosso relacionamento continua o mesmo.
— Aberto e cheio de safadeza?
— Mais ou menos. Mais da parte dela, menos da minha parte. Os anos passam, você sabe.
Ela sorriu com uma cara de quem queria cutucar minha barriga.
— Sabe, estive lembrando do nosso grupo. Como era para você naquela época? — perguntei casualmente, tentando sondá-la.
Ela riu alto, tomando um gole da cerveja que havia pedido.
— Ah, Carlos, não vem se fazer de sonso! Você quer dizer o seu harém, né? Nosso querido harém... — Ela sorriu maliciosa. — Você e as suas oito putinhas particulares.
Senti o rosto esquentar, como sempre acontecia quando elas usavam esses termos. Me ajeitei na cadeira e tentei desconversar.
— Ah, não exagera, Creuza. Não era bem assim...
— Era exatamente assim! — Ela riu. — Você sabe que a gente falava disso na época. Você era o nosso sultão e nós, suas concubinas. Aposto que sente falta dessa época gloriosa.
— Digamos que sim... Para ser sincero, eu queria entender como consegui convencer todas vocês a entrarem no grupo e, depois, como eu consegui mantê-las lá.
— Ah, Carlos, aquilo foi uma fase divertida da vida, não vou negar. Eu entrei no grupo porque, bem, você sabe. Eu queria diversão sem compromisso, conhecer gente interessante e ter liberdade sem me preocupar com julgamento. E você era um anfitrião ótimo. Sempre soube como manter as coisas animadas. No papo e no sexo.
— E o que te fez sair?
Ela suspirou.
— Aos poucos, as coisas perderam a graça. Você mesmo sabe. Eram amizades coloridas. O papo e o sexo eram bons, mas uma hora a gente quer algo além e isso não tinha como oferecer.
— Companheirismo.
— Isso. Algumas das garotas se afastaram, outras mudaram de vida. Eu mesma comecei a namorar sério, e aquilo já não fazia mais sentido para mim. Mas nunca me arrependi. Foi uma época boa.
— Não sente falta?
Ela me olhou de soslaio e sorriu.
— Tudo tem o seu tempo. Por que a pergunta? Quer reviver aqueles dias de glória?
— Apenas curioso para saber como você viam aquilo. Na época, acho que acreditava que as coisas seriam assim para sempre. Olhando agora, percebo que faltou o que realmente mantém uma relação no longo prazo.
— Sei... — Ela estreitou os olhos, desconfiada. — Mas se quer saber, não me arrependo de nada. E se o tempo não foi tão generoso com você, Carlos, pelo menos o brilho nos olhos ainda está aí. Isso conta pontos.
— Obrigado. Você me ajudou bastante.
O resto do jantar seguiu com conversas normais entre dois velhos amigos que não se viam há anos.
Na volta para casa, dirigia pensando no que eu deveria fazer de diferente, no que eu queria que fosse dirigente no novo grupo de WhatsApp.
Foi quando que meu carro começou a falhar. O motor tossiu, deu um soluço dramático digno de novela mexicana, as luzes do painel começaram a piscar como boate de quinta categoria, e antes que eu pudesse reagir, o veículo morreu ali, no meio da avenida. Um suspiro profundo escapou dos meus lábios.
Tentei dar a partida de novo. Nada. Saí do carro e abri o capô com a confiança de um mecânico experiente. Olhei para o motor, e o motor olhou de volta para mim, rindo da minha cara. Mecânica nunca foi meu forte. Mexi em um fio qualquer, torcendo para parecer um diagnóstico técnico. O carro permaneceu tão morto quanto meu orgulho.
Peguei o celular e liguei para o seguro. Dez minutos de espera. Enquanto esperava o guincho, encarei o meu reflexo no vidro do carro. Ainda era o mesmo Carlos que a Creuza conhecera e de quem era fora putinha... só que com mais barriga, menos cabelo e mais rugas.
O telefone tocou. Era do seguro. Atendi cheio de esperança, mas a notícia foi ainda pior do que eu esperava.
"Senhor Carlos, o guincho que estava a caminho quebrou. Vamos tentar encaminhar outro, mas pode levar um tempinho."
Um tempinho. Claro. Dei um riso nervoso e agradeci. Foi então que as luzes dos postes começaram a piscar, seguidas pelo breu absoluto. Um apagão. Como se não bastasse estar preso no meio da rua com um carro morto, agora eu estava oficialmente mergulhado na escuridão. E, para fechar com chave de ouro, ouvi o primeiro trovão ribombar no céu.
Dez segundos depois, uma tempestade desabou sobre o bairro.
Gotas pesadas batiam contra o capô, enquanto o vento soprava forte, fazendo as árvores se curvarem como se estivessem zombando da minha desgraça. Eu corri para dentro do carro, mas já era tarde demais. Estava ensopado. Meu cabelo grudava na testa, e minha camisa parecia ter sido mergulhada em um tanque de roupa suja.
Sem opções, peguei o celular e mandei uma mensagem no grupo que eu e Odete temos com Rogério e Jéssica:
"Socorro. Meu carro morreu, o guincho morreu, a luz morreu e agora tô aqui no meio da chuva parecendo um frango molhado."
A Jéssica não demorou a responder.
"Tô de plantão. Mas o Rogério tá em casa e pode ir te buscar. Passa o endereço."
Se existia um casal no mundo que realmente valia ouro, eram esses dois. Mesmo debaixo de chuva e com o apagão, o Rogério saiu de casa para resgatar um amigo atolado na própria desgraça.
Meia hora depois, eu já estava no carro com Rogério, nós dois voltando para o condomínio. O silêncio confortável entre nós foi quebrado quando decidi fazer uma pergunta que martelava a minha cabeça desde o jantar.
— Rogério, me diga uma coisa, com sinceridade — comecei, olhando para ele. — Você nunca pensou em experimentar algo fora do casamento?
Ele respondeu sem hesitar, como se a ideia fosse absurda.
— Claro que não. Eu amo a Jéssica.
Sorri, já esperando aquela resposta.
— Mas uma coisa não anula a outra. Eu também... — As palavras engasgaram na minha garganta. Eu ia dizer que também amava Odete, mas me dei conta de que não era verdade. Eu tinha carinho por ela, respeito, mas amor? Não. Há anos, talvez décadas, eu a via como uma amiga, uma parceira de longa data, mas não como uma mulher que eu amasse.
Rogério manteve sua firmeza moral, sem vacilar.
— Isso não é pra mim. Não vejo sentido em trair. Se estou com a Jéssica, é porque escolhi estar com ela.
Refleti sobre suas palavras.
— Certo, então vamos reformular a pergunta. Em que condições você pensaria em outra mulher que não a Jéssica? O que teria que acontecer para isso ser possível?
Ele suspirou e eu esperei enquanto ele escolhia as palavras.
— Eu não transaria por transar. Se um dia acontecesse, teria que ser algo envolvendo sentimento. Algo plenamente acordado com a Jéssica e com a permissão dela. Algo mais sério, entende? Nada de aventura ou traição.
Aquela resposta era a cara dele.
— Meu Deus, Rogério! Você não teria uma amante ou um ménage, você teria um trisal! Você teria duas esposas!
Ele tentou se corrigir, mas eu já tinha pegado o ponto que queria.
— Não foi isso que eu quis dizer — tentou se corrigir, mas eu já tinha pegado o ponto que queria.
— Foi exatamente isso que você disse — ri. — Se é pra ter outra, tem que ser um relacionamento de verdade, tudo às claras, com sentimento, parceria...
— Você está exagerando.
— Não estou, não. Você é um homem sério demais pra se envolver com qualquer uma só pelo prazer momentâneo. Você levaria a coisa toda a sério. Só conseguiria dividir sua atenção se fosse pra valer. — O silêncio tomou conta do carro por alguns instantes antes de eu lançar outra provocação. — Mas e se fosse o contrário?
— O contrário?
— E se a Jéssica quisesse dois maridos? Alguém pra amar por igual, compartilhar a vida e dividir o dia a dia? Você aceitaria?
Ele ficou visivelmente desconcertado. Observei enquanto ele absorvia a ideia.
— Eu... eu não sei. É difícil pensar nisso. Acho que eu teria dificuldade. Mas se fosse algo que a fizesse feliz e se eu tivesse tempo pra processar... talvez, só talvez, eu considerasse. Não sei se conseguiria lidar com o ciúme.
Sorri.
— Mas percebe o que você está dizendo? Você não está descartando a ideia de imediato. Você só precisaria de tempo para aceitar.
— Talvez. Ou talvez eu nunca aceitasse. Mas o que eu sei é que não conseguiria fingir que nada está acontecendo. Se fosse pra ser algo assim, teria que ser aberto, transparente. Teria que ser alguém que eu respeitasse muito, alguém que eu não visse como um rival. Mas, sinceramente, não acho que isso seja algo que a Jéssica gostaria. Ela nunca demonstrou interesse em nada do tipo.
Assenti, digerindo suas palavras. Eu o provocava, mas, no fundo, era a mim mesmo que questionava. O que eu queria? Eu já tinha tido muitas mulheres, já tinha traído, já tinha tido um pequeno harém. Mas a Creuza estava certa. Não era só ela quem queria algo mais, algo que não tinha no antigo grupo de WhatsApp e nem com a Odete.
Eu não queria mais aquele tipo de relação. Não queria mais um harém de amantes que fingiam não ser apenas putinhas particulares, para sexo e papo. Eu queria o que Rogério e Jéssica tinham. Eu queria mulheres que fossem amigas, amantes e companheiras. Se houvesse mais de uma, que todas soubessem e aceitassem plenamente. Não apenas sexo ou prazer, mas algo verdadeiro.
Estava decidido. Eu iria recriar meu grupo de WhatsApp, mas não seriam minhas amantes. Seria um grupo de amor, de sentimento, de cumplicidade, de companheirismo, com mulheres que realmente quisessem dividir a vida comigo. E a quem eu daria por inteiro. Talvez até morássemos juntos, quem sabe? Um novo tipo de família, diferente, mas honesta. Pela primeira vez em muito tempo, enxerguei um rumo para minha vida sentimental. E o Rogério, sem querer, tinha me ajudado a encontrá-lo.
Toquei no ombro dele e sorri.
— Você realmente é um homem de princípios. Mas eu ainda acho que você não se daria bem com amantes. Você precisa de compromisso, de laços. Por isso, eu brinco que você só conseguiria viver algo assim se fosse um trisal de verdade.
Ele ficou em silêncio por um instante, pensativo. Eu já tinha dado minha provocação final.
— Você não está tentando me convencer de nada, está? — ele perguntou.
— Eu? Não! — Ri, balançando a cabeça. — Só gosto de entender como as pessoas pensam. E, sinceramente, você me ajudou muito. Me ajudou de verdade. Acho que você achou a resposta para o meu problema.
Ele me lançou um olhar curioso, mas não insistiu.
O resto da viagem seguiu em silêncio.
Na manhã seguinte, segunda, já estava eu na portaria do condomínio, impaciente, conferindo o celular pela terceira vez. O Uber demoraria pelo menos quinze minutos, e eu já estava atrasado para minha primeira aula. O calor da manhã prenunciava que minha camisa social ficaria grudada nas costas ao meio-dia.
Ainda estava estressado das notícias do mecânico. Problemas na bomba de combustível e correia dentada. "Vai sair caro, doutor", ele disse, com um tom de quem já se acostumou a dar más notícias. E saiu caro o suficiente para fazer meu cartão de crédito suar frio.
Foi quando um Fiat Pulse saiu do estacionamento e parou na entrada. O vidro desceu, revelando a Letícia no banco do motorista. O cabelo castanho iluminado pelo sol da manhã, os óculos escuros de armação dourada, um sorriso de canto. Ela usava um vestido curto, justo no corpo esbelto, de um vermelho vibrante.
— Professor Carlos? O que faz por aqui ainda essa hora? Vai se atrasar! — A voz dela era leve, quase brincalhona.
— Meu carro resolveu tirar férias. Esperando um Uber.
— Que azar! Quer uma carona?
Aceitar carona de uma aluna não era exatamente o que eu planejava para a manhã, mas não podia negar que era melhor do que ficar esperando.
— Se não for incomodar...
— De jeito nenhum! Entra aí. Sempre quis ter um colega de viagem de manhã.
Nas entrelinhas, entendi que o namorado dela, Antônio, estava indo sozinho no seu próprio carro para a faculdade.
Entrei no carro, afundando no banco de couro confortável. O perfume dela, doce e cítrico, preencheu o espaço. Enquanto ela saía do condomínio, me peguei observando-a. As mãos delicadas no volante, as pernas cruzadas naturalmente enquanto dirigia, aqueles belos lábios que eu já tinha provado.
O mais curioso era a forma como ela agia. Apesar de termos nos beijado no carnaval, ela não dava nenhum sinal de que lembrava. Ou se lembrava, não fazia questão de mencionar. Para ela, provavelmente tinha sido apenas uma diversão passageira. Coisas de carnaval.
— E então, professor, acho que o senhor nunca pegou Uber. Pelo menos, não neste horário — disse ela, mantendo os olhos na estrada. — É difícil para caralho. Todo mundo pede, então todos eles procuram as corridas mais lucrativas.
— É... Eu não sabia...
— Para ir de Uber, precisa pedir uns quarenta minutos mais cedo. Ou aceitar o atraso.
— Qual é a sua aula de agora? Espero que eu não tenha te atrapalhado e te feito atrasar.
— Relaxa. Considerando que você é o professor dela, tenho certeza de que não vou perder o começo da aula.
Ela riu e ligou o rádio. Uma música pop tocava baixo, e ela tamborilava os dedos no volante.
— E você, Letícia? O que faz além de estudar e dar carona para professores azarados?
— Ultimamente, só focada no estágio e fazendo academia com um certo professor e umas amigas do condomínio. E você? Fora da sala de aula, qual é a vida secreta do professor Carlos?
Sorri.
— Vida secreta? Nada muito emocionante. Dou aulas, escrevo alguns artigos acadêmicos e meu carro quebra de vez em quando.
— Isso eu já percebi. E a vida social?
— Ando meio recluso. No carnaval, só fui para a festa do condomínio mesmo.
— Ah, o carnaval... — ela sorriu de canto. — Eu saí todos os quatro dias. Aquela festa no condomínio foi animada, não? Muita gente se soltou.
Olhei para ela de lado, tentando captar alguma insinuação. Mas sua expressão era completamente neutra, como se estivesse falando de qualquer outra coisa. Então era assim? Fingir que nada aconteceu?
— Foi uma festa interessante, sim...
O silêncio se instalou por alguns segundos, apenas a música preenchendo o espaço. Até que ela o quebrou de novo:
— Falando em academia, você me arrastou para lá e agora sumiu. Faz mais de uma semana que não vai!
— Eu não te arrastei...
— Você me arrastou à força! E, se continuar faltando, vou falar com as garotas para te arrastarmos de volta para lá.
— Eu não gosto muito de academia, pra falar a verdade.
Eu não gostava muito era do Enéias na academia roubando a atenção de toda a mulherada e me fazendo me sentir um lixo de feio, velho e gordo.
— Só porque ainda não pegou o ritmo. Dá preguiça no começo, mas depois você se acostuma. — Era engraçado ela dizer isso porque beirava à hipocrisia, mas ela queria me ajudar. — Você não quer chegar aos sessenta todo torto, quer?
Revirei os olhos, mas sorri.
Seguimos conversando, o clima leve. Eu não sabia exatamente o que esperar da Letícia, mas uma coisa era certa: aquela carona transformou uma manhã que prometia ser um pesadelo em algo muito mais interessante. Logo, chegamos ao nosso destino.
— Obrigado pela carona, Letícia — disse, antes de sair.
— Disponha, professor — ela sorriu, inclinando-se levemente para o lado. — Aliás, já que seu carro ainda vai ficar no conserto, que tal eu continuar te dando carona pelo resto da semana?
— Sério? Não seria um incômodo para você?
— De jeito nenhum!
Sorri, aceitando a oferta.
— Então está combinado.
Ela estacionou o carro e saiu ao mesmo tempo que eu. Ajeitou a bolsa no ombro e, por um breve instante, trocamos um olhar que me fez lembrar do sabor de seus lábios no carnaval. Foi uma lembrança súbita, intensa, que fez meu coração acelerar por um momento.
Conforme combinado, a partir da manhã seguinte, comecei a esperar a Letícia na vaga do estacionamento dela e pegar carona com ela.
Nosso papo era complementado pelo ronronar do motor e pela música pop tocando em volume baixo.
— Gosto de bons romances, literatura clássica, um pouco de filosofia — respondi à pergunta dela. — Nada muito animado para a maioria das pessoas.
— Ah, que surpresa! — Ela soltou uma risada leve. — Achei que você fosse mais do time dos que só leem artigos e papers.
— Bom, esses também fazem parte da rotina — admiti. — Mas nada substitui um bom livro. E você? O que gosta de ler?
— Literatura russa, sem dúvida! Eu amo Dostoievski, Tolstói, Tchekhov... As histórias são densas, cheias de questionamentos morais e filosóficos. Para mim, não existe nada melhor do que mergulhar nesses livros e sentir todo aquele peso existencial — disse ela, animada.
— Isso é fascinante — comentei, realmente surpreso. — Poucas pessoas têm paciência para a literatura russa. Muitos acham arrastada.
— Pois é, mas eu gosto exatamente disso! A profundidade psicológica, os dilemas humanos... tudo ali me faz pensar. E você, professor? Tem algum autor russo favorito?
— Estou lendo “Guerra e Paz” atualmente.
— O meu favorito é Dostoievski, sem dúvidas — disse ela. — Devo ter lido "Crime e Castigo" três vezes.
— Ótima escolha! Mas eu ainda prefiro "Os Irmãos Karamázov". É um livro que me marcou profundamente.
Ela sorriu satisfeita, e percebi que havíamos encontrado um ponto de conexão inesperado.
— E futebol? Curte? — perguntei, lembrando de sua fantasia no carnaval.
— Agora estamos falando minha língua! Eu sou apaixonada por futebol! — ela exclamou, empolgada. — Assisto jogos desde pequena, torço fanaticamente pelo meu time.
Ela revelou o nome do clube com orgulho, o mesmo que o meu, e logo estávamos discutindo sobre partidas históricas, jogadores lendários e estratégias de jogo. Descobri que a Letícia entendia do assunto, e o papo seguiu animado por vários quilômetros.
— Acho que nunca tive uma conversa tão boa sobre futebol — admiti.
— Fico feliz em saber disso! — respondeu ela. — Futebol é uma das minhas maiores paixões.
Na manhã seguinte, nossa conversa já era sobre cinema.
— Meu filme favorito da vida é "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Mas, se eu estiver num dia mais descontraído, posso perfeitamente assistir um blockbuster cheio de explosões e heróis musculosos.
— Versátil. Gosto disso.
Ela riu e virou a esquina com precisão.
— E você, professor? Qual seu filme preferido?
Pensei por um momento antes de responder.
— "Clube da Luta". Gosto da crítica à sociedade e da forma como o filme subverte as expectativas. Mas também tenho um carinho especial por "Antes do Amanhecer". A maneira como o filme retrata conversas genuínas entre duas pessoas que acabaram de se conhecer... é fascinante.
— Nossa, eu amo "Antes do Amanhecer"! — Ela bateu levemente a mão no volante. — Eu queria muito viver algo assim, sabe? Conhecer alguém por acaso, conversar a noite inteira, sem preocupações... só deixando as coisas fluírem.
— Parece bem a sua vibe mesmo — comentei, e ela sorriu de lado.
— Talvez. Eu gosto de conhecer pessoas, mas gosto ainda mais de conhecer histórias. Sempre acho que cada pessoa tem algo interessante a contar. Nem que seja um detalhe pequeno, mas que diga muito sobre ela.
A cada dia, estava mais surpreso. A Letícia era mais profunda do que aparentava.
Ela também me contou que adorava viajar sozinha para cidades pequenas e descobrir cafés escondidos, que já havia tentado aprender a tocar violão, mas desistiu por falta de paciência. Gostava de cozinhar, mas só para ocasiões especiais, e tinha uma leve obsessão por colecionar vinis antigos.
Quando finalmente chegamos ao nosso destino mais uma vez, ela estacionou o carro e saímos juntos. Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, uma voz surgiu ao lado dela.
— Amor! — disse um homem alto e com bronzeado de surfista, se aproximando com um sorriso.
Era o Antônio, namorado dela.
Letícia sorriu ao vê-lo e deu um passo para frente, os dois se beijando na minha frente, esquecidos de mim. É... Ela não tinha por que lembrar do carnaval...
Naquela noite, quando cheguei à academia, sentindo o cheiro característico de suor e desinfetante misturado ao ar-condicionado frio, meus olhos percorreram o local e logo encontrei o grupo que estava procurando. Jéssica, Carolina, Eliana, Rebecca e Letícia já estavam lá.
A Eliana estava com uma legging preta de cintura alta e um top esportivo vermelho que ressaltava seu corpo curvilíneo. Seus cabelos longos estavam presos em um rabo de cavalo alto, e seu rosto trazia aquela expressão de concentração que ela sempre tinha ao se exercitar.
A Letícia, por sua vez, usava uma camiseta rosa vibrante amarrada na cintura e uma calça legging cinza-azulada. Seu corpo esguio parecia mais esculpido sob a luz forte da academia, mas o que mais chamava atenção eram suas coxas grossas e bem desenhadas, contrastando com sua silhueta magra. A legging justa valorizava sua bundinha arredondada e ligeiramente arrebitada. Ela gesticulava animadamente enquanto falava com a Eliana.
A Rebecca usava uma calça legging cinza e um top discreto, mantendo a habitual postura contida, mas não deixando de exibir sua boa forma. Já a Carolina, sempre mais despojada, vestia um conjunto de shorts preto e regata folgada, seu sutiã esportivo visível por baixo. E a Jéssica estava impecável como sempre, com sua legging azul-escura que realçava suas coxas torneadas e um top preto elegante. Seu cabelo, preso em um coque alto, deixava seu rosto ainda mais marcante.
A primeira noite de academia desde o carnaval. A lembrança veio como um choque elétrico. Na festinha do condomínio, Eliana, Letícia, Andréia e eu havíamos nos enroscado em uma pegação intensa, cheia de beijos e muitas mãos naquilo e aquilo nas mãos. Foi um momento de pura adrenalina, até que a Jéssica apareceu e interrompeu tudo, me “eliminado” da festa. Por sorte, ninguém mais viu além dela, Rogério e Lisandra. No entanto, nenhuma das envolvidas mais mencionou aquilo. Como se nunca tivesse acontecido.
Ou o que acontece no carnaval, permanece no carnaval.
A Eliana e a Letícia conversavam como se nada tivesse acontecido, trocando risadas e dicas sobre séries.
Enquanto isso, embora não falasse nada, a Jéssica se posicionava estrategicamente, impedindo qualquer aproximação minha com as duas. Seu olhar atento deixava claro que ela ainda lembrava daquela noite, e não parecia disposta a permitir uma repetição.
Segui o fluxo e comecei meus exercícios, pegando os pesos para a primeira série. Enquanto fazia minhas repetições, mantive um ouvido atento às conversas.
— Você viu aquele documentário sobre crimes reais? — Letícia perguntou a Eliana, ajeitando a camisa.
— Vi! Achei fascinante, mas também meio perturbador. Como alguém consegue fazer aquilo com outra pessoa? — respondeu Eliana, pegando um halter leve e começando a série de bíceps.
— Psicopatas são um enigma — disse Letícia, pensativa. — Mas, de certa forma, acho que entender a mente deles nos ajuda a compreender melhor os limites da humanidade.
Fingi estar focado no meu treino, mas observava discretamente a interação entre elas. Será que ainda havia alguma tensão sexual ali? Alguma faísca que indicasse que a química da noite de carnaval ainda existia?
— Você gosta dessas coisas também, professor? — perguntou Letícia, de repente, se virando para mim com um sorriso.
— Crimes reais? Sim, acho interessante do ponto de vista psicológico. O que nos motiva a cruzar certas barreiras? — Sem dizer, imaginei como exemplo, o que levaria um homem a querer cometer poligamia. — Esse tipo de coisa sempre me intrigou...
A Eliana riu.
— Isso foi quase uma resposta de acadêmico.
— Deformação profissional — brinquei.
Enquanto conversávamos, a Jéssica nos observava de longe, sem se pronunciar. Eu me perguntava o quanto daquele silêncio era desconforto e o quanto era vigilância.
A noite seguiu calma. Depois de meia-hora, a Jéssica pareceu afrouxar sua rigidez contra mim e já estava a ajudando com seu exercício de supino. Minha mão estava posicionada nas laterais da barra, pronto para dar suporte se necessário. O suor escorria pelo rosto dela, realçando sua pele amendoada e os músculos definidos de seus braços.
— Olha essa mão boba, viu Carlos? — brincou Jéssica, me lançando um olhar divertido. — Eu não faço parte do seu harém.
Fiquei desconcertado por um instante, mas acabei rindo junto com ela. A Jéssica era assim, direta e espirituosa.
— Quem me dera ter um harém — respondi, fingindo indignação. — Eu sou super-corno com uma mulher só, imagina com várias.
Ela riu e terminou a série, se sentando para recuperar o fôlego.
— Cadê o Enéias? — perguntei, após notar que a academia estava mais calma e feliz, do meu ponto de vista.
— Plantão — respondeu, pegando a toalha para enxugar o suor do pescoço.
Olhei ao redor e reparei em todas as mulheres que estavam ali. Os corpos suados, os músculos tensionados pelo esforço, a forma como o brilho do suor ressaltava cada curva. A Eliana ajustava o top esportivo, suas coxas torneadas denunciando a força que ela colocava nos exercícios. A Letícia, com a camisa com a manchas de suor e de costas para mim, permitindo a visão de bundinha arrebitada na calça colada. A Carolina, com seu cabelo preso revelava a linha delicada do pescoço. A Rebecca mantinha sua postura composta, mas a legging cinza deixava claro que, mesmo contida, seu corpo era bem trabalhado e cheio de curvas suaves. Meu olhar deslizava por aqueles torsos suados, aqueles quadris bem desenhados em leggings justas, cada detalhe ressaltado pelo esforço físico.
— Meu marido vai passar quase três semanas em Roma — comentou Rebecca, se alongando ao lado da Carolina. — Vai a trabalho, e nosso apartamento vai passar por uma reforma na cozinha.
— E onde tu vai ficar? — perguntou Letícia.
— O jeito é eu procurar um hotel ou um Airbnb perto do trabalho por essas semanas.
— Nossa, que chato! — exclamou Carolina. — Hotéis são legais por uns dias, mas depois começa a dar nos nervos.
— Eu até te ofereceria para ficar lá em casa — disse Jéssica, ajeitando o cabelo no coque alto —, mas o Rogério convidou a Lorena para ficar lá essa semana. Ela tá se mudando pro prédio e o apartamento ainda não ficou pronto.
O tom dela tinha um leve resquício de ciúmes. Eu conhecia essa história. A Lorena era a melhor amiga do Rogério, madrinha de casamento deles e, segundo a Jéssica, "perfeita demais ".
— A Lorena! — disse Rebecca, sorrindo. — Já almocei com ela e o Rogério algumas vezes. Ela parece ser uma pessoa maravilhosa.
Eu pensei em oferecer minha casa. Seria o óbvio a se fazer. Mas então lembrei da Odete. A Odete iria, com certeza, aproveitar a oportunidade para tentar levar a Rebecca para a cama. E considerando que a Rebecca era religiosa e se segurava com unhas e dentes nos dogmas da igreja, isso poderia se tornar uma situação complicada. Melhor não.
— Estou com problemas na faculdade — comentou Letícia, mudando um pouco o tom da conversa. Ela estava sentada no banco próximo aos halteres, os joelhos juntos, a cabeça baixa. — Engenharia é um inferno às vezes.
— Você tá tendo dificuldades em que exatamente? — perguntou Eliana, interessada.
— Sistemas de Controle II e Sistemas Microcontrolados — respondeu Letícia, suspirando. — Eu simplesmente não consigo entender direito essas merdas. Acho que meu cérebro não foi feito para isso.
— Bom, nós duas estudamos na mesma faculdade que você — disse Carolina, apontando para a Eliana. — Podemos te ajudar.
— Sério? — Letícia ergueu os olhos, esperançosa.
— Claro! — confirmou Eliana. — Se quiser, a gente pode marcar um dia pra revisar esses conteúdos.
— Isso seria incrível! Eu juro que estudo, mas parece que sempre falta alguma coisa — Letícia disse, já se animando.
— A gente entende — Carolina riu. — Engenharia não é moleza, mas dá pra aprender com o tempo. E, falando nisso, você tem um método preferido pra estudar? Eu, por exemplo, só aprendi cálculo depois que comecei a ensinar outras pessoas.
— Meu método é entrar em desespero e chorar na frente do livro — brincou Letícia, arrancando risadas das outras duas.
— Olha, chorar pode ser catártico, mas não estabiliza um sistema de malha fechada — disse Eliana, sorrindo. — Vamos fazer assim: a gente se encontra na minha casa um dia desses, eu faço café e a gente vê onde você tá travando. O que acha?
— Fechado! — exclamou Letícia, claramente mais animada. — Mas aviso logo: vou precisar de muita paciência. E talvez de um pouco de chocolate.
— Chocolate é essencial — concordou Carolina, balançando a cabeça. — E sabe o que mais? Depois que você pegar o jeito, vai acabar gostando. Eu odiava resistência dos materiais no começo, mas quando entendi a lógica, virou uma das minhas matérias favoritas.
— Não sei se isso vai acontecer comigo, mas tô disposta a tentar — respondeu Letícia, sorrindo.
A conversa seguiu fluindo naturalmente, e as três começaram a perceber que tinham muito mais em comum do que imaginavam. Não era só sobre engenharia ou academia — era sobre ritmo de vida, experiências e até pequenos detalhes do dia a dia que pareciam conectar as três de maneira inesperada.
Fiquei um pouco surpreso. Foi só naquele momento que a minha ficha caiu. Eu estava malhando com uma aluna e duas ex-alunas. E, pelo visto, todas iriam se tornar boas amigas.
Na manhã seguinte, estávamos novamente eu e Letícia no carro, indo para a universidade. Era cedo, o sol ainda se espreguiçava no horizonte, e o rádio tocava uma estação qualquer de notícias enquanto ela dirigia com os olhos fixos na estrada.
Ela parecia cansada, com olheiras profundas e a testa levemente franzida, como se algo a incomodasse. Resolvi puxar assunto de maneira sutil.
— Sabe, estou preocupado com as suas notas e as do Antônio. Ontem, você mencionou que estava com problemas. Tem algo que eu pudesse ajudar?
Ela suspirou e apertou o volante com mais força. O semáforo fechou, e ela aproveitou para me olhar rapidamente antes de responder.
— É, professor… A coisa tá complicada. A greve atrapalhou muito, mas acho que o problema maior é o estágio. Ele toma praticamente todo o meu tempo. Entro cedo, saio tarde, e quando chego em casa, a última coisa que quero é abrir um livro.
Fazia sentido. Eu já tinha visto esse padrão antes. Muitos alunos pegavam estágios que consumiam suas energias, e o desempenho acadêmico era o primeiro a sofrer.
— E o Antônio? Ele também está estagiando?
Ela soltou um riso seco, mas sem humor.
— Não. O problema dele é outro. Acho que ele perdeu a motivação. Desde que a greve começou, ele meio que se desligou da faculdade. Agora que voltou, ele não consegue mais pegar o ritmo. Tem faltado muito, e quando vai, não consegue se concentrar.
O sinal abriu, e o carro avançou lentamente. Ela apertava os lábios, como se não quisesse falar tudo que estava pensando. Decidi insistir um pouco mais.
— Você já conversou com ele sobre isso?
Ela balançou a cabeça.
— Já tentei. Mas ele sempre desconversa, diz que vai melhorar, que só precisa de tempo. O problema é que não tem mais tempo, né? As provas estão chegando, e eu sinceramente não sei como vamos sair dessa.
O tom dela carregava frustração e, talvez, um pouco de ressentimento. Comecei a entender que havia um desgaste ali que ia além das notas baixas.
— Se quiser, posso conversar com ele também. Às vezes ouvir isso de outra pessoa faz diferença.
— Não precisa. Deixa ele comigo.
Ela deu um leve aceno com a cabeça, mas não pareceu muito convencida. Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas o ronco do motor e o burburinho do rádio preenchendo o espaço.
Quando nos aproximamos da universidade, ela finalmente quebrou o silêncio.
— Obrigada por se preocupar, professor. De verdade.
O carro parou na vaga de sempre. Peguei a minha pasta e desci. Algo me dizia que a situação dela e de Antônio não ia se resolver tão fácil.
Foi então que tudo na minha vida resolveu mudar para melhor. Ainda estava no início daquela mesma noite e eu estava sozinho em casa, pois era uma noite em que a Odete iria sair com amigas. Isso normalmente queria dizer que ela ia sair com as amigas e depois passar o resto da noite com algum amante em um motel. A campainha tocou. Eu não esperava ninguém. Caminhei até a porta, ainda com a mente perdida nos pensamentos do dia. Quando abri, a visão que tive foi da Eliana.
A Eliana tinha longos cabelos escuros e lisos, que iam até a altura do umbigo. Seus seios eram enormes, além das pernas e das coxas torneadas. O sorriso cativante. Os olhos verdes e a tez bronzeada e macia. Ela parecia perfeita e esculpida, mas sem perder a gostosura. O melhor dos dois mundos. A blusa delineava cada curva, enquanto a calça legging preta, incrivelmente justa, desenhava suas pernas e coxas de maneira quase indecente. Estava arrumada e maquiada, como se fosse para a academia depois, mas aquela não a noite disso.
— Eliana? — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.
— Oi, Carlos — ela respondeu, com um leve sorriso nos lábios.
Nós nos olhamos em silêncio por alguns segundos. Hesitei um pouco sobre o que fazer e ela me cumprimentou com um beijo no rosto. Devolvi outro para ela.
— Posso entrar?
Só então percebi a descortesia de não a ter convidado a entrar ainda. Após me corrigir, ela entrou na minha frente. Meu pau começou a querer sair de dentro da calça quando olhei aquela bundinha perfeita delineada pela legging preta. Dava para ver até o realce da sua calcinha comportada. Nós entramos e eu fechei a porta da sala.
Perguntei o que ela queria, no que ela respondeu com um pequeno sorriso e abaixando a cabeça, o que a fez reparar de relance o volume que aumentava e pulsava sob minha calça caseira.
Ela abriu a boca para falar, talvez para explicar sua motivação para essa visita inesperada, mas foi interrompida pelo toque do celular. Deveria ser alguém conhecido em vez de telemarketing, pois ela hesitou, olhando para mim com um pedido mudo de desculpa nos olhos.
— Desculpa, Carlos. Um minuto — disse, pegando o celular e atendendo. — Alô?
Eliana se virou para atender a ligação, e, como um reflexo, sugeri:
— Entra no quarto, assim você fala com mais privacidade.
Ela acenou com a cabeça, concordando, e seguiu em direção ao meu quarto. Fiquei ali, no corredor, observando enquanto ela se afastava.
Enquanto ela falava ao telefone, perdida na conversa, minha mente se perdia em pensamentos lascivos. A visão de suas costas era hipnotizante. Meu olhar seguia cada movimento, cada curva. Eu não conseguia desviar o olhar, sentindo o desejo crescer dentro de mim, incontrolável. Fixei meu olhar naquela bundona empinadinha e o meu cacete venceu qualquer discussão contra o meu bom-senso.
Quando a Eliana finalmente desligou o celular, ela se virou para sair do quarto, mas antes que ela pudesse dar qualquer passo, algo dentro de mim quebrou. Sem pensar duas vezes, avancei em sua direção e a abracei por trás, envolvendo seu corpo com meus braços, forçando o meu cacete na sua bundona, envolvendo seu corpo com meus braços, apertando um dos seus seios grandes e suculentos com a mão.
Ela levou um susto e deixou o celular cair no chão. Por reflexo ou caso pensado, ela empinou ainda mais a bundona, esfregando-a ainda mais no meu pau.
— Você está louco, Carlos?
— Não. Eu apenas quero você, Eliana — sussurrei em seu ouvido, meu tom carregado de desejo.
Comecei a beijar seu pescoço. A Eliana forçou ainda mais seu corpo para trás, rebolando devagar. Isso fazia o meu caralho se encaixar ainda mais na sua legging entre suas nádegas.
— Para, Carlos... Eu... sou casada...
— Casada é melhor ainda.
Foi quando eu desci a minha mão e alisei sua buceta por cima da calça legging.
— Você venceu, seu tarado — disse ela, se rendendo e jogando a cabeça para trás.
— Você queria isso desde o começo, né? Confessa.
Ela se virou para mim e o sorriso que se formou em seus lábios era de pura satisfação, como se ela estivesse esperando por isso há muito tempo. Seus olhos, intensos e cheios de luxúria, encontraram os meus, e sem precisar dizer uma palavra, entendi tudo.
Ela estava esperando por isso tanto quanto eu.
Invadi sua boca com a minha língua, que ela imediatamente retribuiu. Nosso primeiro beijo foi como uma explosão, liberando anos de tensão sexual acumulada. Nossos corpos se apertaram mais e mais, e a puxei para mim, sem descolar sua boca da minha. Ela aproveitou e entrelaçou suas pernas na minha cintura. Sabia que não teria forças para manter essa posição por muito tempo, mas a sensação da buceta dela esfregando na minha rola, ambas por cima das calças, era perfeita.
Nossos lábios se separavam apenas para buscar ar, e logo se encontravam de novo, mais famintos. A segurei pela bunda com as duas mãos, apertando e passando meus dedos no seu reguinho, sentindo a umidade através da calça. Sem parar de beijá-la, caminhei, levando-a nos braços, até o criado-mudo. Nos beijávamos e chupávamos o pescoço um do outro.
Sentei-a em cima e, só então, soltamos nossas bocas por mais tempo que o necessário para o fôlego.
— Esperei por isso — ela murmurou entre um beijo e outro, suas mãos deslizando pelos meus ombros, descendo para meu peito. — Há tanto tempo...
Não respondi com palavras, apenas deixei minhas mãos explorarem o corpo dela, finalmente livres para tocar o que eu desejava há meses. Sua pele era quente e macia sob meus dedos, e cada toque fazia meu desejo aumentar. O cheiro do seu perfume, misturado com o aroma natural do seu corpo, me deixava tonto.
Tirei a sua blusa de academia e pude ver mais uma vez os seus seios enormes e bicudos, perfeitos para uma espanhola, com grandes mamilos marrom-escuros. Imediatamente, comecei a chupá-los, sugando um depois o outro. Ela segurava a minha cabeça e forçava seus seios para dentro da minha boca para que eu mamasse com toda a vontade.
Depois de degustar bastante deles, fui descendo a minha língua pela sua barriga. A Eliana me ajudava se inclinando para trás. Os dois sabiam qual seria o próximo alvo. Depois de chupar o umbigo, comecei a beijar a buceta dela por cima da legging e esfreguei meu rosto nela, para sentir o tecido úmido.
Apenas então, com a ajuda dela, comecei a tirar sua calça. Poderia ter tirado junto com a calcinha, mas queria registrar aquela imagem na minha memória. Ela apenas de calcinha e louca para me dar. Depos disso, tirei sua calcinha e vi mais uma vez a sua bucetona raspadinha e inchada. A Eliana abriu mais as pernas e eu não pensei duas vezes em beijar e chupar aquela bucetona rosada e cheirosa.
Ouvia os gemidos da vizinha, amiga, ex-aluna e, agora, amante enquanto lambia sua abertura úmida e forçava a minha língua lentamente entre seus lábios vaginais. Sugava todo aquele melzinho saboroso. Chupei, lambi, beijei, mordi e suguei por vários minutos até sentir um forte aperto de coxas e ouvir um grito misturado com respiração ofegante. A Eliana tinha chegado ao orgasmo.
Sem tirar minha boca, fui sugando e bebendo todo gozo da Eliana. Aos poucos, ela foi afrouxando aperto das coxas e pude me movimentar melhor, enfiando minha língua até onde dava para sugar e beber tudo que eu pudesse.
Trocamos olhares silenciosos. Ela estava ofegante, mas sabia que aquilo estava apenas começando. Ela me empurrou levemente em direção à cama, e eu segui, caindo sobre o colchão junto com ela. Depois, subi por cima dela, enfiando minha língua na sua boca, num beijo gostoso e molhado.
— Você é linda, Eliana... — sussurrei, deslizando minhas mãos por suas coxas até seus quadris.
Ela sorriu, inclinando-se para frente, seus lábios roçando minha orelha enquanto respondia:
— Achei que nunca ia ter coragem.
Suas palavras eram uma provocação. Ela sabia exatamente o efeito que tinha sobre mim, e estava se deliciando com isso.
Senti sua mão descendo pelo meu corpo até chegar na minha rola, que ela esfregou e alisou por cima da calça. Apertava a cabeça, alisava e apertava o saco. Sem tirar a mão de lá, ela foi virando o seu corpo para que ficássemos em 69.
Também puxei suas pernas para mim, enfiando o meu rosto entre as coxas dela. Pela primeira vez, pude ver com detalhes o seu cuzinho apertadinho e rosadinho piscando. Aquele cuzinho que eu ainda não sabia, mas era virgem. Abri a sua bunda com as duas mãos, e passei a minha língua bem devagar, do clitóris até o cuzinho.
Por sua vez, a Eliana tirou a minha calça e cueca, sentindo o meu caralho duro e pulsando bater em seu rosto.
A Eliana nem hesitou em abocanhar o meu pau e mamá-lo, sem se importar se ele estava fedido ou algo assim. Eu não estava esperando trepar aquela noite, não pude me preparar adequadamente. Ela fazia rodelas lambendo a cabeça, engolia a cabeça e descia lentamente engolindo até onde conseguia. Depois subia, mamando tanto quanto poda até voltar à cabeça e dar uma chupada especial nela. Então descia para o saco. Aquele foi um dos melhores boquetes que já recebi na vida.
Queria recebê-lo todos os dias.
Do meu lado, ela rebolava na minha língua. Não consegui mais me segurar. Apertei a sua bunda com força, chupando o seu cuzinho com vontade e empurrei o meu pau na sua boca com tudo. Logo descobri que a Eliana era experiente em 69, pois ela deixou o cacete entrar tanto quanto pode, antecipando que eu faria isso.
Gozei muito, jatando várias vezes na sua boca. A Eliana se contorcia e esfregava sua buceta no meu rosto. Senti a parte da minha porra que ela não conseguiu engolir escorrer para o meu saco e a cama. Ela se contraía, piscando o cuzinho e a buceta ao mesmo tempo. Enfiei minha língua bem fundo dentro da bucetona dela no exato momento em que ela gozava de novo e continuei chupando e lambendo até a última gota, até ela não aguentar mais de tanto espasmos e sair de cima de mim.
Ficamos deitados um do lado do outro, com a respiração ofegante, gemendo, trocando carícias e sorrindo. Não sei quanto tempo continuamos assim, trocando carícias, beijos e afagos. Mas eu queria mais, queria o principal. E ela também estava esperando por isso. Esperou por anos. Aguardaria alguns minutos ou horas, se fosse preciso.
Aos poucos, o meu cacete foi voltando a ganhar vida aos solavancos. Nossos olhares se encontraram em um sorriso safado. Não era preciso dizer nada.
Pouco depois, a Eliana de quatro na cama. Fiquei de joelhos atrás dela, entre as suas pernas, coloquei uma camisinha que guardava por lá. Ela se apoiou na cabeceira, enquanto a segurava ela pela cintura e forçando o meu caralho com tudo naquela buceta que ele tanto desejava conhecer. Meu pau foi entrando com vontade. Ela agarrou-se na cabeceira da cama e empinava cada vez mais a bunda enquanto eu estocava cada vez mais forte sua buceta quente e estapeava aquela bunda com a força do meu desejo incontido.
Meu pau entrava e saia com vontade. Parecia mais jovem, parecia mais vigoroso. Eu queria aproveitar cada segundo, queria provar para ela e para mim mesmo que era capaz de satisfazê-la. Enfiava sem dó, sentindo cada centímetro daquela grutinha que desejava que fosse minha para sempre. Dava tapinhas naquela raba maravilhosa, que ela respondia empinando ainda mais. Estávamos nos soltando ao máximo. Ela gemia alto e eu socava mais e mais forte.
Comecei a socar mais forte, enquanto ela se acabava no seu próximo gozo. Não consegui segurar mais. Soquei até o último instante e gozei gostoso, expulsando o que restava de porra em mim dentro da camisinha dentro da xoxota da Eliana.
Caímos exaustos na cama. Tirei a camisinha, joguei numa lixeira no quarto. Depois, me livraria dela adequadamente. Então, me deitei nu ao seu lado. A Eliana se aninhou em meus braços e ficamos assim por um tempo. A noite estava calma, mas dentro de mim, tudo parecia diferente.
Eu sabia que aquele era o momento em que as palavras precisavam ser ditas, mas por um instante, deixei-me apenas aproveitar o calor do corpo dela contra o meu.
— Eu sempre que você seria minha... — iniciei, olhando-a nos olhos. — Agora e para sempre...
Ela me encarou com olhos arregalados de quem percebera um grave problema de comunicação. Então, ela disse as palavras que destruíram meus sonhos e esperanças.
— Espera um pouco? Quem disse que eu vou querer dar para você de novo? Eu sou casada, esqueceu?
Aquilo foi um balde de água fria nas minhas expectativas e nós dois sabíamos que tínhamos muito que conversar. Afinal, a transa foi ideia tanto dela quanto minha.
E eu não ia desistir tão fácil assim. Agora, mais do que nunca, eu queria conquistar o coração da Eliana e fazer dela minha esposa e integrante do meu novo harém. Mesmo que fosse composto apenas por ela.
AVISO AOS LEITORES: Pois bem, leitor. As cartas estão na mesa. No final desta jornada, o Carlos vai ter um harém de esposas. Não vai ser fácil, vai rolar muitas reviravoltas ainda, ele vai se dar mal várias vezes e nem todas as mulheres que ele comer ou toparem entrar no grupo de WhatsApp terminarão com ele.
Dito isso, gostaria que me respondesse, nos comentários quais são as mulheres que vocês torcem para que estejam nesse harém de esposas ao final da série dele. Só lembrem que tem que ter mulherada para os outros protagonistas no final também.
Coloquem nos comentários para quais casais vocês torcem que role sexo nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.