Sábado de manhã, o telefone tocou.
- Alô?
- Bom dia. Eu mesmo.
- Aula particular? Para vestibular ... concurso...?
- Ok. Para hoje à tarde? Pode ser.
- Certo, pode ser assim. Passa o endereço. A gente se vê.
- Ah, já ia esquecendo, o valor é XX por tempo de aula. Tudo bem?
Não pechinchou. Bom sinal. Anotei o nome do contato, Thiago, telefone e endereço na agenda do celular.
- Tudo certo. Até lá.
Ele desejava aula particular para a prova de recuperação que era oferecida em janeiro para os alunos reprovados da rede estadual. Um tanto quanto ridículo e ineficiente, mas pelo menos era uma fonte de renda a mais. Suspeitei que o rapaz era um ex-aluno meu, mas não tinha certeza.
Na hora marcada, estava eu lá de mochila nas costas em frente ao endereço, conferindo se estava no lugar certo. Era aquele mesmo. Uma casa humilde, mas feita de alvenaria, pintada com cal branco e de telhado de barro. Casa velha.
Tinha campainha, graças a Deus. Detesto ficar gritando.
Ouvi um “já vai” lá de dentro. Logo, um rapaz sem camisa e usando um short verde (UAU!) abriu o portão laranja de ferro. Moreno, olhos castanhos claros e cabelo tingido de loiro cortado à máquina, com riscos laterais imitando três raios. Cerca de dez centímetros mais alto do que eu e com corpo magro, mas atlético. É, era mesmo um aluno meu.
- Qual é, fessor? Tudo bem? – Me recebeu como um sorriso. Sempre um sorriso de espevitado.
- Boa tarde. Então você é quem quer aula particular?
- Sabe como é, né professor? Você me reprovou e eu tenho que fazer aquela prova lá.
- Reprovei ninguém, não. Não estudou, não passa, simples.
- Ih, professor, estudo dá nada não. Só quero diploma.
- Para pegar o diploma tem que passar pela minha mão antes – Falei em tom de brincadeira.
- Qualé, professor, tá me tirando? – Disse sorrindo.
- Vocês só levam na maldade. Vamos logo estudar que já estou cobrando.
- Entra aí.
Ele se virou e foi andando sem fechar o portão. Essa molecada tá nem aí para nada mesmo! Eu o encostei e acompanhei o rapaz.
A casa tinha um quintal grande de cimento áspero, com chão de terra e plantas perto dos muros. A porta da casa era de madeira bem velha, pedindo pintura nova. Ele foi entrando e eu o acompanhei. A porta dava para uma sala, que atravessamos para dar em um corredor. Passamos por uns três cômodos e o último, que dava de frente para o corredor, era um quarto. A porta dele estava aberta e dava para ver uma cama de casal desarrumada. Uma bandeira do flamengo enfeitava a parede acima da cama. Devia ser o quarto do cidadão, imaginei.
Viramos à esquerda e demos com a cozinha, onde havia uma mesa de madeira de seis cadeiras. Parou e colocou uma mão na cintura nua, apoiando uma perna na outra.
- Acho que aqui está quente... Tá bom aqui?
- Está sim um pouco quente, mas se estiver bom para você, não me importo.
- Não. Quero o professor confortável.
Achei o tom estranho, e a frase denotando preocupação com meu bem-estar era uma conduta diferente da que eu me lembrava que o rapaz costumava ter.
- Fazer o seguinte: vamos lá pros fundos.
Atravessamos a cozinha e fomos para os fundos. Lá havia umas bicicletas, um tanque de água, uns lençóis em um varal e uma mesa de mármore com quatro cadeiras de metal. O espaço era coberto com telha de amianto.
- Tá bom aqui?
- Está mais fresco de fato. Bem melhor aqui.
Ele sorriu – Fresquinho mesmo.
- Podemos começar?
- Só deixa eu ir lá mijar e pegar o material, que eu já volto.
Saiu sorrindo e dando uma corridinha. Puxei uma cadeira, sentei e fui tirado as coisas da mochila. Livros, caderno, caneta, borracha e lápis. Como o Thiago foi meu aluno durante o ano, eu conhecia bem a matéria que tinha que ensinar. Eu sabia bem por que tinha ficado reprovado. Comecei a me esforçar para lembrar dele como aluno em sala de aula, para ver se me ajudava nas suas deficiências. Ele tinha, se não me engano, reprovado umas duas vezes no mesmo ano de escolaridade, além de reprovações anteriores. Ele estava com um atraso escolar considerável, ou seja, fazia hora-extra no ensino médio. Nunca consegui entender por que alunos com tanto atraso escolar não iam logo estudar numa Escola de Jovens e Adultos. Vai saber. Uma vez um sem-vergonha me disse que era por causa das “novinhas”.
Ele se sentava lá atrás, no fundo da sala e faltava mais do que vinha, mas ainda fazia alguma coisa em sala, diferente do colega ... do... do-co-le-ga-que-sen-ta-va-jun-to...O JONATHAN!
- Puta merda!
Os pensamentos vieram como tiros de metralhadora:
“O filho da puta é amigo do Jonathan!” Senti minhas entranhas gelarem. “Será que o Jonathan ...? Não, ele não falaria. Ou falaria? Acho que não. Não seria bom para ele contar, seria? Sei lá, vai que para esses garotos comer o professor malvadão podia ser motivo para se gabar. Mas seria uma puta sacanagem comigo”. Não queria acreditar que o Jonathan contaria o que fizemos. A lembrança do que fizemos deixou meu rosto vermelho, e meu pau reagiu logo.
“O Jonathan! Eu podia ligar para ele e perguntar se tinha contado para alguém! Não, melhor não. O Thiago poderia ouvir alguma coisa, ou o Jonathan poderia achar que a ideia de ele contar me deixava apavorado” (o que era verdade). Tinha que pensar direito. Seria melhor ir levando e tentar captar alguma reação do rapaz. Eu estava tão confuso que acabei mandando uma mensagem para o Jonathan: “Estou na casa do Thiago. Precisamos conversar.”
O Thiago! Depois de me acalmar um pouco, a beleza do rapaz estava em tela na minha mente. Um moreno muito, muito bonito. E ele abrindo o portão ali, sem camisa, tinha sido uma provocação e tanto. E aquele shortinho... Senhor! Tive que me segurar para não ficar parado com cara de bobo diante dele.
Tentei voltar a me concentrar no trabalho, mas estava difícil. Se o Jonathan contou alguma coisa, eu ia dar uma surra nele. Hunf! A quem eu queria enganar? Acabaria é dando uma surra de bunda nele, isso sim! Minha mente pensou de novo naquela piroca deliciosa. E por onde andava o Jonathan, por falar nisso? Depois daquele atentado que cometemos na quinta, ficamos de fazer algo “um dia desses”. Ele me mandou uma mensagem na qual se lia “vou fazer algo contigo no domingo”. “Estou esperando aqui, moleque, e se não me der rola, vou acabar indo atrás de outra!”, pensei. “Como seria a rola do Thiago? Eita!” Como não temos controle do nosso pensamento! “Concentre-se, viado!” Olhei para baixo e meu pau estava superanimado.
- Tá pensando o que aí para ficar assim, professor? – PORRA!
- Que susto, moleque!
- Susto? Assustado tô eu! Tá safadinho, hein? Professor – Disse achando a maior graça.
Fiquei bastante envergonhado.
- Desculpa, eu estava com o pensamento em outro lugar.
Olhei rapidamente para o rosto dele. Estava com o mesmo sorriso congelado na cara e, quando viu que eu o observava, aumentou o sorriso, mostrando os dentes brancos, e soltando uma gargalhada. Estava mesmo se divertindo. Fiquei brevemente estupefato com os lábios rosados e a boca linda do rapaz.
Tentei reconduzir a situação.
- Bom, vamos lá? Separei a matéria que cai na prova de recuperação.
Mostrei os tópicos para ele e os exercícios que eu ia ajudá-lo a fazer. Ele se aproximou para ver, desmanchando a expressão jocosa, mas mantendo ainda o sorriso de canto de boca. Reparei que ele ainda estava sem camisa. Ele percebeu o olhar.
- Incomoda? – Perguntou olhando para o peito.
- Não, por mim tudo bem – Ia acabar me desconcentrando e errando até conta de somar, mas tudo ótimo!
Ele voltou a olhar os papéis que eu tinha trazido e fez uma cara de desagrado.
- Mas, professor, eu soube que o senhor tem uma técnica incrível para ensinar.
- Bom, meu método se baseia principalmente na ação do aluno. Você tem que tentar fazer enquanto eu te oriento e auxílio. Você tem que ser mais ativo na atividade.
- Ah, mas eu pretendo ser muito ativo! – E olha o riso de novo.
Fiquei cinco segundos travado. Fingi que não captara uma outra intenção. “Devo ter entendido errado”, pensei na hora.
- Assim espero – Se a frase dele tinha uma fagulha de segundas intenções, eu só coloquei combustível com essa outra.
- Vem cá. Eu estava pensando em ter o mesmo tipo de aula que o Jonathan teve.
- Oi?
- É. Ele me falou que aprendeu direitinho. Até disse que você é o melhor professor - Ah, moleque safado!
- O que o Jonathan disse exatamente sobre essa aula? – Disse sobriamente, mas vermelho como um tomate.
- Ele disse que você explicou a matéria enquanto ele fazia a prova.
Talvez Jonathan não tenha ido tão longe na safadeza, mas ele não devia nem ter citado a tal “aula”.
- Então, é como estava te explicando. Os resultados são ótimos se você se dedicar.
- Foi assim que ele aprendeu e passou?
- Isso. Com um algo a mais – Por que falei aquilo?
- Algo a mais? – Me olhou com uma interrogação na cara.
- O esforço dele me surpreendeu – Alguém me pare!
Ele deu uma gargalhada.
- Então vou querer da mesma forma.
Eu mostrei uns exercícios básicos, coisas de definição e revisão de conteúdo de pré-requisito.
- E vem cá – disse olhando para a folha de exercícios – quando você vai sentar com essa bunda na minha piroca?
Eu virei o rosto para ele e ele acompanhou o movimento da minha cabeça, abrindo um sorriso maroto conforme virava a própria cabeça. Olhou nos meus olhos e escancarou a boca num riso travesso.
- Sentar no quê?
- Aqui, ó – Pegou e apertou o pau por cima do short.
Olhei para o pau de olhos arregalados. Meu queixo foi caindo aos poucos, e fiquei ali hipnotizado, enquanto aquele jovem macho alisava o membro ereto sob o short, cujo inchaço fazia o tecido esticar.
Como eu não reagia, ele pegou minha mão e colocou em cima do próprio pau, movendo-a ao longo dele. Olhei para seu rosto, e ele sorria olhando para minha mão, até que, percebendo que o olhava, me encarou, ficando sério.
- Vou ter que fazer tudo ou vai pegar direito nele? Minha piroca quer um carinho.
Já que tá encharcado, aproveite a chuva! Agarrei aquilo com vontade.
Continua...
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