Miguel:
Senti o estômago revirar. Carolina e Carla ... juntas? Pisquei algumas vezes, tentando processar o que acabara de ouvir.
— É, me diverti. — Carolina admitiu, e eu prendi a respiração. — Mas aquilo era outro momento da minha vida. Foi incrível, não vou negar. Sentia falta da variedade, da novidade, mas isso mudou.
— Mudou? Mesmo? — Viviane perguntou, curiosa.
— Sim! — Carolina respondeu, a voz ganhando um tom mais sério. — Eu sou apaixonada pelo Miguel. Ele me satisfaz completamente. Não preciso de mais ninguém. Não trocaria o que tenho com ele por nada no mundo. E não há desejo que justifique magoá-lo.
Fechei os olhos, deixando as palavras dela me inundarem. A surpresa ainda estava ali, mas junto dela veio um calor no peito. Carolina tinha um passado que eu nunca imaginei, mas o que realmente importava era o que ela sentia agora. E ela me escolhia. Completamente.
Dei um passo para trás, respirando fundo. Ainda precisava de um momento para absorver tudo aquilo antes de me revelar. Mas uma coisa era certa: eu nunca tinha amado Carolina tanto quanto naquele instante.
Antes que eu pudesse me afastar, a conversa tomou outro rumo.
— Já passou da hora da Carolina conhecer um pouco mais do Miguel do passado. — A voz de Viviane veio carregada de um tom sugestivo.
Minha respiração travou. “O que ela queria dizer com aquilo?”
— O Miguel do passado? — Carolina riu, mas havia curiosidade em sua voz. — O que você quer dizer com isso?
— Ah, amiga, você não faz ideia — Carla provocou. — Esse seu homem aí já viveu altas aventuras. Viviane me contou um pouquinho.
— Sim! — Completou Viviane. — O Miguel é um homem arrojado, intenso, sempre foi. Mas tem uma coisa sobre ele que nunca mudou: ele não suporta mentiras.
Minha mandíbula se contraiu. Isso era verdade. Eu sempre valorizei a honestidade acima de tudo. Mas por que trazer aquilo à tona agora? Eu sabia o que Viviane estava fazendo. Era sobre aquele carnaval.
— Tá, vocês estão me deixando curiosa. — Carolina insistiu. — Do que exatamente vocês estão falando?
Houve um breve silêncio antes de Viviane continuar, dessa vez com a voz mais baixa, quase hesitante.
— Lembra daquele carnaval, anos atrás, quando éramos todos recém-casados? Que a gente não queria levar você? Muitas coisas aconteceram naquela época ...
Um arrepio percorreu minha espinha. Meu corpo inteiro ficou tenso. Eu sabia exatamente do que ela estava falando. Eu já conseguia prever a reação de Carolina ao ouvir aquilo pela primeira vez.
— Carnaval? — Carolina repetiu, confusa. — O que tem aquele carnaval?
Viviane soltou um suspiro.
— Não é só a minha verdade para contar, Carol. — A voz dela mudou de tom, agora mais séria. — Acho que é melhor que você ouça do Miguel. Você irá entender o que eu quero dizer quando conhecer a história.
Meu coração disparou. Eu sentia Carolina prender a respiração. Eu podia imaginar seus olhos arregalados, a tensão crescendo dentro dela.
— Você tá falando sério? — Ela perguntou, num tom mais baixo. — Começou e não vai terminar?
— Sim. — Viviane respondeu, sem rodeios. — Você precisa ouvir dele, não de mim. Você vai entender que não existe esse negócio de suprimir desejos para não magoar alguém.
A tensão no ar era quase palpável. Eu podia ouvir o silêncio carregado entre elas. Carolina certamente estava digerindo aquilo. Meu estômago estava revirado. Parte de mim queria entrar naquele quarto e acabar com o mistério de uma vez. Mas outra parte ... queria entender até onde aquilo iria.
Respirei fundo. Aquela conversa tinha mudado tudo. Eu sabia que o momento de contar sobre aquele carnaval chegaria um dia. Agora, parecia inevitável.
Viviane voltou a falar.
— E você também precisa ser honesta com ele. Lembra do nosso segredo? Você precisa contar de uma vez. Acho que é justo. O que a história me ensinou, ainda mais depois da Mina e do Leandro, é que segredos são venenos em recipientes frágeis. Eles sempre encontram um jeito de escapar.
O silêncio no corredor parecia mais pesado agora. Meus pensamentos giravam em torno do que Viviane havia começado a insinuar. Um segredo que Carolina e ela dividiam?
Meu peito apertou. O que mais eu não sabia?
— Você precisa tomar coragem e contar para o Miguel. — Disse Viviane, a voz firme, mas não acusatória.
Minha respiração ficou presa na garganta. “O quê? Contar o quê?”
— Segredo? Como assim? — Carla perguntou, a curiosidade transparecendo.
Minha pele formigou. Um frio percorreu minha espinha. Senti uma estranha mistura de antecipação e receio. Eu queria ouvir a resposta, mas ao mesmo tempo, algo me dizia que talvez não estivesse pronto para aquilo.
Carolina suspirou, e, por um momento, o silêncio do outro lado da porta pareceu eterno. Meu coração batia tão alto que eu tinha certeza de que elas conseguiriam ouvi-lo se prestassem atenção.
— Uma vez, quando Miguel ainda estava na faculdade, e meu irmão, que Deus o tenha, o levou até nossa casa para se recuperar do porre ... — Carolina hesitou, rindo sem graça. — Eu meio que aproveitei a oportunidade e fiz coisas que não deveria fazer.
Minhas mãos suavam sem controle. Um nó se formou no meu estômago. O que ela queria dizer com aquilo? Meu corpo ficou tenso, minha mente girando em espiral, tentando buscar respostas para perguntas que eu nem sabia se queria fazer.
Cada segundo de silêncio das três do outro lado pesava sobre mim. Meu coração pulsava nas têmporas. “Que diabos Carolina quis dizer com aquilo?”
— Eu já era louca pelo Miguel, desde sempre. E quando eu o vi, indefeso, apagado … aquele piruzão duro vazando pela lateral da coxa … eu não resisti e caí de boca … — Carolina confessou.
As três riram juntas, e Carolina continuou:
— Eu estava alucinada, chupando aquele pau grosso, que vibrava na minha boca, quando essa sem vergonha da Viviane me pegou em flagrante. — Carolina concluiu.
“O quê? Carolina não tinha nem dezoito anos naquela época.” O riso escapou antes que eu pudesse me conter. Era baixo, mas o suficiente para que a conversa do outro lado da porta cessasse abruptamente. Merda!
— Miguel? — Carolina chamou, a voz carregada de hesitação.
Respirei fundo, endireitei a postura e, sem conseguir esconder o sorriso no rosto, entrei no quarto. Carolina estava sentada na cama, com o celular apoiado em um travesseiro com a chamada de vídeo aberta. Viviane e Carla olhavam para a tela, claramente se divertindo com o que quer que fosse aquilo. Carolina, por outro lado, estava pálida.
— Oi, amor. — Eu disse, cruzando os braços e me encostando no batente da porta. — Estava aqui, refletindo sobre a minha juventude e, pelo visto, tem coisa que eu não lembro.
Viviane soltou uma gargalhada, e Carla, com a mão sobre a boca, tentava conter o riso. Carolina, por outro lado, parecia prestes a desmaiar.
— Você ... ouviu? — Ela perguntou, encolhendo os ombros como se quisesse desaparecer.
— Difícil não ouvir, né? — Levantei uma sobrancelha. — Eu chego em casa, quero fazer uma surpresa pra minha namorada e, do nada, descubro que o meu passado foi mais movimentado do que eu imaginava. E sem o meu próprio conhecimento, aparentemente.
Viviane soltou mais uma risada alta, batendo palmas de leve.
— Eu avisei que era hora de contar, Carolina. Só não esperava que a revelação fosse assim ... Tão espontânea.
Carla, que finalmente recuperou a voz, balançou a cabeça, mal conseguindo conter o deboche.
— Então quer dizer que a nossa doce Carolina não era tão inocente quanto fazia parecer?
— Cale a boca, Carla! — Carolina exclamou, finalmente saindo do estado de choque. Ela virou para mim, claramente aflita. — Miguel, eu juro que isso não foi tão grave assim. Eu era uma garota, estava curiosa e ... e ... ai, meu Deus! — Ela escondeu o rosto nas mãos.
Fiz um esforço enorme para não rir mais. Me aproximei dela e sentei na beira da cama, puxando suas mãos para longe do rosto.
— Amor, relaxa. — Dei um beijo rápido em sua testa. — Pelo jeito que você falou, eu já entendi. Você se aproveitou da minha vulnerabilidade de bêbado, foi isso? Que coisa feia, hein?
Carolina gemeu de frustração e se jogou contra o travesseiro, enquanto Viviane e Carla caíam na gargalhada.
— Eu vou morrer. Eu vou me enterrar viva! — Ela resmungou, puxando o cobertor para cima do rosto.
— Calma, calma! — Ergui as mãos. — Não estou bravo. Na verdade, estou impressionado. Você se apaixonou por mim antes mesmo de eu saber o que estava acontecendo. Isso sim é jogada de mestre!
Carla gargalhou mais alto, batendo palmas.
— Eu sempre gostei de você, Miguel. Você sabe levar a vida na esportiva.
— Ah, sim, claro. — Cruzei os braços, fingindo uma expressão séria. — Nada como descobrir que a mulher da minha vida já foi uma predadora de bêbados inconscientes. Me sinto tão especial.
Carolina arrancou o cobertor de cima do rosto e me encarou, os olhos semicerrados.
— Você é impossível. — Ela resmungou, mas um pequeno sorriso começava a se formar em seus lábios.
— E você é uma safada. Mas eu gosto disso. — Dei uma piscadinha, e ela me deu um tapa no braço, finalmente rindo também.
Viviane suspirou, ainda se divertindo com toda a cena.
— Bom, pelo menos esse segredo já foi revelado. Agora só falta a outra parte.
O sorriso de Carolina sumiu na hora. Ela olhou para Viviane, e depois para mim, mordendo o lábio inferior.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Viviane pigarreou, chamando minha atenção.
— Miguel, já que estamos aqui ... talvez seja a hora de você saber que Carolina não é a única que tem um segredo a compartilhar.
Franzi a testa.
— Como assim?
Viviane respirou fundo, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.
— Tem a ver com um certo carnaval ... um que aconteceu há alguns anos, quando ainda estávamos todos casados.
Meu coração acelerou. Eu já imaginava aonde ela queria chegar, mas ouvir aquilo dito em voz alta fez minha garganta secar.
— Você quer dizer ...
Viviane foi mais rápida.
— Sim. Aquele carnaval.
Carla olhou de uma para a outra, claramente perdida.
— Tá, alguém me explica?
Mas Viviane ignorou a pergunta da amiga, focando o olhar em mim.
— Miguel, antes de mais nada, eu acho que é você que deve contar para a Carolina.
Eu continuei em silêncio, mas meu corpo inteiro estava tenso. Parte de mim queria contar tudo de uma vez, tirar qualquer dúvida que restasse. A outra parte sabia que certas coisas, quando ditas, não podiam ser desditas.
Carolina mexeu no cabelo, inquieta, e soltou um suspiro.
— Miguel ... do que ela está falando?
Peguei o celular de Carolina e me despedi das duas:
— Essa é uma conversa para duas pessoas, meninas. Até a próxima.
Desliguei a chamada de vídeo e encarei Carolina.
— Isso vai precisar de um bom vinho. Venha comigo, vamos para a sala.
Peguei em suas mãos e a levei para a sala, sentindo a tensão no ar. Meu peito ainda estava apertado, mas eu sabia que não adiantava adiar aquela conversa. Ela precisava saber.
Chegando à sala, pedi que se sentasse e caminhei até a adega, pegando uma garrafa de vinho tinto. Escolhi um dos meus preferidos, um que eu sabia que Carolina também gostava. Servi duas taças e entreguei uma para ela.
— Isso parece sério mesmo. — Ela comentou, aceitando a taça e finalmente sentando-se no sofá.
— É. — Confirmei, sentando ao lado dela.
Levei a taça de vinho aos lábios, sentindo o líquido aveludado deslizar pela garganta, enquanto Carolina me observava do outro lado do sofá. Seu olhar estava carregado de expectativa e um toque de apreensão. Eu sabia que precisava escolher bem as palavras.
— Antes de tudo, quero que saiba que nunca escondi isso de propósito. — Comecei, girando o vinho na taça. — Simplesmente nunca surgiu o momento certo para falar sobre isso.
Carolina manteve o olhar fixo em mim. Ela esperava. Não ia me interromper.
— O tal carnaval aconteceu há anos, quando ainda éramos recém casados. — Continuei. — Na época, Mina e eu, Leandro e Viviane ... todos nós tínhamos uma amizade muito forte. Uma cumplicidade que ia além do comum. Não havia crise, não havia traição, apenas ... uma abertura entre nós. E, naquela época, aquilo fazia sentido.
Os olhos de Carolina se estreitaram levemente, mas não havia julgamento neles. Apenas curiosidade e atenção.
— Você quer dizer que houve uma troca? — Ela perguntou, com a voz baixa, mas firme.
Concordei, sentindo meu peito mais leve por finalmente contar para ela.
— Sim. Mina e Leandro ficaram juntos. E eu e Viviane ... bem, ficamos também. Foi algo que aconteceu naturalmente, sem imposição, sem culpa. Não era algo que buscamos, mas também não rejeitamos. Foi uma aventura, uma experiência. E naquela noite, Viviane e eu ficamos juntos.
Carolina não desviou o olhar, mas sua respiração ficou um pouco mais lenta. Ela processava cada palavra.
— Viviane e você ... — Ela repetiu, como se testasse a frase na própria boca. — Então, não foi algo planejado?
— Não exatamente. — Respondi, sincero. — Tudo aconteceu com muita conversa, com muito respeito. Entre todos nós. Mas na época, nem eu e nem Viviane percebemos que já havia uma manipulação acontecendo por parte da Mina. Ela sempre soube como conduzir as coisas para os próprios interesses, mesmo quando achávamos que tínhamos controle.
Carolina mordeu o lábio inferior, pensativa.
— E depois? Como vocês lidaram com isso?
Abaixei a taça e relaxei um pouco contra o sofá.
— De forma muito natural. Não houve ressentimentos, não houve arrependimentos. No dia seguinte, tudo parecia seguir como antes. Mas olhando para trás, percebo que certas sementes foram plantadas ali ... sementes que Mina soube regar ao longo dos anos.
Carolina absorvia cada palavra.
— Você ainda sente algo por Viviane? — A pergunta veio sem rodeios, mas sem desconfiança. Apenas uma necessidade genuína de entender.
Sorri, negando com a cabeça.
— Viviane é uma amiga. Uma grande amiga. O que aconteceu naquela época ficou lá, e não tem qualquer influência no que sinto por você agora.
Carolina relaxou um pouco os ombros e tomou um gole de vinho antes de me encarar de novo.
— Sabe ... eu aprecio muito sua sinceridade. De verdade. — Ela disse, um pequeno sorriso brincando em seus lábios. — É claro que é estranho ouvir isso, mas ao mesmo tempo ... faz parte de quem você foi. E eu amo quem você é.
Senti o calor se espalhar pelo peito. A compreensão dela era algo que eu sempre admirei, mas ouvir isso em voz alta me fez perceber, mais uma vez, o quanto eu era sortudo por tê-la ao meu lado.
— Eu nunca te magoaria, Carolina. Você sabe disso, certo?
Ela se inclinou para frente, pegando minha taça e a sua própria, erguendo-as em um brinde.
— Eu sei. E por isso, brindamos ao passado e ao presente. Porque é nele que quero viver com você.
Nossos copos se tocaram com um tilintar suave, e eu soube, naquele momento, que não havia mais nada entre nós além da verdade e da confiança.
Enquanto tomávamos o vinho, eu não conseguia tirar da cabeça o que tinha ouvido na chamada de vídeo. Ainda estava processando tudo sobre o carnaval, mas uma outra curiosidade queimava na minha mente. Olhei para Carolina, que bebericava o vinho com um ar pensativo, e resolvi perguntar.
— Então ... o que eu ouvi na conversa com a Carla e a Viviane é verdade? Você já teve experiências com mulheres?
Carolina parou por um instante, como se estivesse escolhendo as palavras certas. Ela deslizou o dedo pela borda da taça e suspirou antes de responder.
— Sim. — Sua voz saiu tranquila, mas seus olhos me estudavam com atenção. — Mas isso foi no passado, Miguel. Quando eu era solteira. E antes que sua mente viaje, eu nunca escondi isso de propósito. Assim como você, simplesmente nunca surgiu a oportunidade de falar sobre isso.
Concordei, relaxando no sofá, tomando um gole do vinho. Eu não estava chocado, apenas curioso. Carolina me conhecia bem o suficiente para saber que minha cabeça não funcionava de forma fechada ou possessiva. E, talvez por isso, ela tenha se sentido confortável para continuar.
— E antes que você pergunte — ela acrescentou, inclinando-se na cadeira —, não, isso não significa que eu tenha desejos ocultos ou que esteja insatisfeita com você. Pelo contrário. Você me satisfaz completamente, Miguel. E conhecendo tudo o que Mina e Leandro fizeram com você, eu jamais te colocaria na mesma posição, forçando qualquer pedido egoísta.
Balancei a cabeça, sorrindo satisfeito.
— Eu não penso desse jeito, Carolina. — Apoiei a taça na mesa de centro. — Todo o problema com Mina e Leandro aconteceu por causa das manipulações e mentiras, não porque existia desejo por outras pessoas. Se tem uma coisa que eu aprendi, é que a traição não está na aventura em si, mas na desonestidade. Você acha que eu me arrependo do que aconteceu com a Viviane naquele carnaval?
Carolina me olhou com curiosidade.
— Não?
— Claro que não. Foi algo que fizemos juntos, todos concordamos. Foi uma experiência ... e eu guardo com carinho. Foi uma aventura, e eu não vejo problema nisso. Desde que tudo seja claro e honesto, não vejo problema em desejos e fantasias.
Ela ergueu uma sobrancelha, como se estivesse me testando.
— Então, o problema é a mentira? — Ela girou a taça entre os dedos. — E se eu dissesse que quero fazer um ménage com você? Trazer outra mulher para a nossa cama? Você pensaria sobre isso?
Meu primeiro instinto foi rir, e fiz isso, mas não de nervoso. Apenas pela reviravolta da conversa. Levei a taça até os lábios, tomando mais um gole enquanto digeria a provocação.
— Essa pergunta veio rápido. — Brinquei. — Você quer mesmo saber o que eu penso?
Carolina inclinou-se um pouco mais para frente, os olhos brilhando de diversão e algo mais.
— Quero, sim. Mas antes que você pense qualquer bobagem ... — Ela mordeu o lábio, divertida. — Eu não tenho interesse em trocas de casais, nem em estar com outro homem. Mas confesso, sendo bem honesta, que outra mulher ... se for nós dois juntos, é uma ideia a ser considerada.
Senti um calor tomar conta do meu peito e meu corpo reagiu à ideia antes mesmo de minha mente processá-la por completo. Olhei para ela com um sorriso divertido.
— Bem, agora eu preciso de mais vinho.
Carolina riu e levantou-se para pegar a garrafa. Enquanto a observava, percebi que nossa conversa não terminaria ali. E, honestamente, eu estava ansioso para ver onde aquilo poderia nos levar.
Eu encarei Carolina por um momento, deixando suas palavras ecoarem na minha mente. O jeito que ela me olhava, esperando minha reação, me fez sorrir. Ela estava sendo completamente honesta, sem rodeios, sem joguinhos. E era isso que mais me encantava.
— Então, se eu entendi direito … — Carolina continuou, pegando a taça de vinho e girando o líquido lentamente. — … o problema nunca foi a ideia em si, mas sim as mentiras e manipulações que podem vir junto.
Eu concordei, levando minha taça aos lábios.
— Exato. O que aconteceu entre mim e Viviane, por exemplo, foi algo combinado entre todos. Não havia segredos, não havia traição. Diferente do que Mina e Leandro fizeram.
Carolina suspirou, balançando a cabeça.
— Eu te amo, e nada vale mais do que isso.
Meu peito sempre se aquecia ao ouvir aquilo. Eu sempre soube que Carolina era diferente, mas vê-la reafirmando seu amor por mim, sem medo, sempre me fazia admirá-la ainda mais.
— E se eu te dissesse que concordo? — Falei, inclinando-me ligeiramente para mais perto dela. — Eu nunca fui um cara fechado para possibilidades. O problema nunca foi o desejo em si, mas a quebra de confiança. Se existe cumplicidade, se tudo é transparente e desejado pelos dois, então por que não?
O olhar de Carolina brilhou com surpresa, algo que eu não via nela constantemente. Um sorriso nasceu em seus lábios.
— Então, só para eu entender direito ... — Ela cruzou as pernas devagar, a voz carregada de malícia. — Se, por acaso, eu dissesse que quero viver essa experiência com você, trazendo outra mulher para a nossa cama, você topa?
Eu ri, aceitando a sugestão.
— Com toda certeza. Por que não?
Carolina arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a minha resposta.
— E sem aquele papo de "é fantasia, mas não precisa acontecer de verdade"? — Ela me testou, um sorriso travesso dançando nos lábios.
Eu dei de ombros, relaxado.
— Se é um desejo real seu, se for algo que os dois queiram, não vejo por que não considerar. Mas o que realmente importa para mim é que a gente sempre tenha essa abertura para conversar sobre qualquer coisa. Sem segredos, sem receios.
Carolina me observou por um momento, como se estivesse avaliando minhas palavras, tentando decidir se eu falava sério. Então, seu sorriso se alargou, e ela se aproximou, pousando a mão na minha perna.
— Você realmente é um homem raro, Miguel.
Sorri, deslizando meus dedos por sua nuca, puxando-a para mais perto.
— E você é a mulher da minha vida. Nada muda isso.
Carolina suspirou contra meus lábios antes de finalmente me beijar, selando aquela conversa com um entendimento silencioso entre nós. O vinho foi esquecido na mesa, e a noite prometia continuar de um jeito ainda mais interessante.
Peguei a safada de jeito, arrancando sua roupa rapidamente e chupando aquela bucetinha melada com gosto. Suguei o grelinho com muito carinho, explorando cada milímetro daquela xoxota cheirosa.
Coloquei Carolina de quatro e enfiei o rosto entre as bandas da bunda, lambendo o cuzinho e penetrando a xaninha com a língua o mais fundo que eu conseguia.
— Ai, seu cachorro … que delícia … Ahhh … — Ela gemia, entregue às minhas carícias.
Chupei, suguei e lambi com determinação, arrancando o primeiro orgasmo em menos de dez minutos.
— Que delícia, amor … Ahhhh … tô gozando … Ahhhh …
Eu estava alucinado de tesão, com saudade de foder aquele cuzinho e comecei a brincar com os dedos nas preguinhas, sendo recebido com protestos.
— Sério, amor? É isso mesmo que você quer?
Eu sabia que era apenas um dengo, uma forma de me provocar.
— Quero muito, minha putinha. Há tempos não fodo esse cuzinho. Tô com saudade.
Enfiei a pontinha do dedo para testar a reação, enquanto apertava um seio e dava mordidinhas leves na bunda.
— Então fode esse cu, seu gostoso. Fode o cu da sua putinha.
Tirei o pau pra fora e pincelei na xoxota, aproveitando o mel do orgasmo anterior que ainda escorria. Penetrei levemente a buceta, torturando Carol, enquanto laceava o cuzinho com dois dedos. Meu pau já estava duro como rocha, pronto para a ação.
Apontei a cabeça do pau na entrada do cuzinho e forcei com cuidado, sentindo o calor e as vibrações musculares. Carolina abriu as nádegas para me ajudar e a cabeça encontrou seu caminho, centímetro a centímetro, ganhando profundidade.
— Devagar, amor … Hummm … devagar.
Parei de empurrar, deixando ela se acostumar. Após alguns segundos, ela rebolou a bunda, me incentivando e eu voltei a forçar. Pouco a pouco, o pau foi deslizando vagarosamente, até ser completamente aceito, até o fundo.
— Hummmm … tá tudo dentro. Vai com calma. Ahhhhh …
Comecei a estocar, devagar no início, mas ganhando ritmo e intensidade com o tempo. Carolina gemia descontroladamente.
— Ahhhh … assim … tá me rasgando … não para … Ahhhh …
Indo e voltando, tirando o pau quase todo e voltando a socar, estocando mais fundo, tirando e empurrando com mais força, eu sentia aquele cuzinho apertado mastigando meu pau.
— Agora, amor … mais forte … mais rápido … Ahhhhh …
Levei a mão ao grelinho e comecei a estimular, tentando dar mais prazer, transformando a sensação em algo grandioso, para que fizéssemos sexo anal com mais frequência.
— Não para … Ahhh … tô quase … mais forte …
Estoquei sem dó, socando forte, até o fundo, massageando o grelinho com muito carinho e dedicação. Cada estocada calculada para levar Carolina ao ápice do prazer.
— Tá vindo, amor … mais forte … fode esse cu … Ahhhhhhh …
Carolina gozou aos berros, me estimulando ainda mais. Incapaz de conseguir me segurar, enchi aquele cuzinho delicioso e apertado de leitinho quente, desmontando sobre ela. Caímos agarrados no sofá.
Aquela noite foi longa e muito prazerosa. Nós nos amamos cheio de expectativas, ansiosos pelas promessas de novas aventuras que se anunciavam.
As semanas passaram em um ritmo estranho, como se a tranquilidade recente estivesse prestes a ser interrompida. E então, a notícia veio: Mina estava em liberdade condicional.
Respirei fundo ao ouvir aquilo da boca do meu advogado. Não deveria ser uma surpresa, já que o sistema sempre encontrava brechas para conceder benefícios, mas ainda assim, a ideia de Mina solta me causava um nó no estômago.
— Você sabia que isso aconteceria, Miguel. — Meu advogado ajeitou os óculos na ponta do nariz e me encarou. — Ela cumpriu parte da pena, colaborou, e conseguiu a condicional. O que nos resta agora é lidar com isso da melhor forma.
Antes mesmo que pudesse digerir a informação, outro golpe veio: os pais de Mina entraram em contato. Queriam discutir o direito de Mina reencontrar a filha.
— Isso é um direito dela, Miguel. — Meu advogado disse, medindo as palavras. — Se você a impedir, pode acabar parecendo o vilão da história. Sei que você tem motivos de sobra para manter Mina longe, mas lembre-se de que qualquer restrição extrema pode ser usada contra você no futuro. O ideal seria uma abordagem cautelosa.
A ideia de deixar minha filha perto de Mina me revirava o estômago. Mas ele tinha razão. Eu precisava agir com inteligência, não com impulso.
No dia do encontro com os ex-sogros, senti os ombros ficarem tensos antes mesmo de vê-los. O encontro foi em um café discreto, longe de qualquer movimentação que pudesse atrair atenção desnecessária.
— Miguel. — O senhor Ernesto, pai da Mina, me cumprimentou primeiro, sempre sério, sempre com aquele olhar analítico.
Ao lado dele, dona Georgina parecia mais hesitante, como se não soubesse se deveria sorrir ou se preparar para um embate.
— Senhor Ernesto, dona Georgina. — Cumprimentei-os, mantendo um tom neutro. Eu já sabia o que estava por vir.
Ernesto foi direto ao ponto:
— Mina quer ver a filha. Você sabe que, independentemente do que aconteceu entre vocês, ela ainda é mãe da menina.
Cruzei os braços, sustentando o olhar dele.
— E onde estava esse interesse todo quando ela estava por aí, fugindo das consequências dos próprios atos? Quando ela tentou usar minha filha como moeda de troca para me destruir?
Dona Georgina abaixou a cabeça, parecendo desconfortável. Ernesto pigarreou, tentando manter o controle da situação.
— Não estamos aqui para discutir o passado, Miguel. O que Mina fez foi errado, e ela pagou por isso. Mas agora quer tentar reconstruir esse vínculo.
Suspirei pesadamente. Por mais que quisesse negar, sabia que Mina poderia recorrer à Justiça e conseguir o direito de visitas de qualquer forma. Melhor que fosse dentro de um ambiente controlado.
— Com uma condição. — Minha voz saiu firme. — Minha filha não vai até Mina sozinha. Vocês vão buscá-la, ficar com ela o tempo inteiro, e trazê-la de volta. Se houver qualquer sinal de que isso está fazendo mal para ela, eu corto tudo. Estamos entendidos?
Os dois concordaram, e aquilo selou o acordo. No dia seguinte, quando minha filha voltou, percebi na hora que algo estava errado.
— Oi, princesa. — Falei, abrindo os braços para recebê-la.
Ela me olhou rapidamente, depois desviou o olhar e passou reto, indo para o quarto sem dizer uma palavra. Meu coração apertou.
— Filha? — Fui atrás, batendo de leve na porta. — Podemos conversar?
— Não quero falar, pai. — A voz dela saiu baixa, abafada.
Me encostei no batente da porta, tentando controlar a preocupação.
— Tudo bem. Mas estou aqui, tá? Sempre que quiser falar, eu escuto.
Ela não respondeu. Entrei no quarto, sentei ao lado dela na cama e fiquei em silêncio por um tempo, esperando que ela se sentisse confortável.
— Foi ruim? — Perguntei, depois de um tempo.
Ela suspirou e deu de ombros.
— Não sei. Foi estranho. — A resposta dela foi curta, mas carregada de significado. — Eu não queria ir.
Isso me atingiu como um soco. Quis dizer que ela não precisava, que eu daria um jeito de impedir qualquer coisa que a machucasse. Mas segurei minha impulsividade. Precisava entender melhor o que estava acontecendo.
— Você quer falar sobre isso? — Perguntei com calma.
Ela negou com a cabeça.
— Só quero ficar quieta.
Respeitei seu tempo. Mas uma coisa era certa: eu não ia deixar isso passar. Minha filha não era um peão no jogo de ninguém. E se Mina achava que ia manipular essa relação como fez no passado, estava muito enganada.
Mal sabia eu, que a situação era muito mais grave do que parecia.
Continua …
Texto: Lukinha
Revisão e consultoria: Id@