O Casamento Arranjado! Cap.17 Segunda Temporada

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2630 palavras
Data: 06/03/2025 22:42:29

Estávamos na varanda, cada um ocupando seu espaço, enquanto o trabalho na fazenda continuava, mas com uma leveza que vinha da sensação de que as coisas estavam, talvez, começando a se acomodar.

Estávamos ali, Eduardo e eu, conversando sobre as novidades que haviam surgido, quando algo chamou minha atenção. Lá do lado da cerca, vi Lúcia, que estava sempre por perto, de olho em tudo, conversando com a filha Ana. Ela parecia falava com um tom de voz sério e impaciente, mas o que me incomodou foi o que ouvi.

— Ana, por favor, se afaste deles. — Lúcia disse, com uma firmeza no tom que não passou despercebida para mim. — Você sabe que não pode ficar se envolvendo com essas pessoas. Não é certo. - Eu e Eduardo tínhamos nos aproximado discretamente pra poder ouvir melhor!

Eu me virei, surpreso, e vi a expressão de confusão e indignação no rosto de Ana. Ela olhou para Lúcia, claramente surpresa, como se estivesse sendo repreendida sem motivo algum.Por pura curiosidade eu e Eduardo nos aproximamos discretamente, sem sermos vistos!

— Mãe, o que você está dizendo? — Ana falou, levantando uma sobrancelha. — O que há de errado com o André e o Eduardo? Eles são meus amigos. Não vejo o problema.

Lúcia parecia se controlar, mas havia uma tensão no ar. Ela deu um passo à frente, com um olhar severo.

— Eu sei muito bem o que estou dizendo, Ana. — Ela quase sibilou, sua voz baixa e cheia de reprovação. — Eles... não são pessoas com quem você deve se envolver. Eu não quero mais ver você passando tempo com eles, entendeu?Já falei com Raul sobre isso, ele vai te bater!

O rosto de Ana ficou vermelho de raiva. Ela parecia estar tentando se controlar, mas a indignação estava evidente.

— Não acredito nisso! — Ela gritou, afastando-se de Lúcia e balançando a cabeça, como se não conseguisse entender o que estava acontecendo. — Eu sou livre para escolher com quem eu me relaciono, e se eu quero ser amiga deles, não é problema seu!

Lúcia parecia não querer discutir mais, mas a maneira como a filha a desafiava era algo que a incomodava. Ela olhou para mim, com um olhar que me fez sentir como se eu fosse o causador de tudo aquilo, e depois virou-se, saindo em direção à casa.

Eu olhei para Eduardo, que também havia ouvido a conversa. Estávamos ambos perplexos, mas ao mesmo tempo, preocupados com o que isso significava. O que havia por trás daquelas palavras de Lúcia? Eu sabia que ela não aprovava nosso relacionamento, mas não imaginava que ela fosse tão firme em afastar a filha de mim e de Eduardo. Ela claramente estava agindo de maneira autoritária, e isso me preocupava. Ana era uma boa menina, e ver aquele tipo de comportamento vindo de sua mãe me deixou desconfortável. Mas também sabia que não poderia intervir diretamente. A situação era mais complexa do que isso.

Ana, ainda visivelmente irritada, se afastou, provavelmente precisando de um tempo para processar tudo. Eu a observava ir embora, sem saber o que mais poderia fazer para suavizar essa situação. Sabia que, no fundo, ela entendia que estava sendo pressionada, e isso a deixava ainda mais revoltada.

Enquanto eu tentava organizar meus pensamentos, a conversa entre nós foi interrompida por outra cena que eu não esperava. Lucas e Vinícius estavam na porta da casa, suas malas ao lado e um ar de despedida no rosto. Quando nos vimos, eles se aproximaram, com um sorriso tímido, mas claramente emocionado.

— Ei, André, Eduardo — Lucas começou, sua voz um pouco tremida, como se tivesse ensaiado o que iria dizer, mas as palavras ainda fossem difíceis de sair. — Nós estamos indo embora. Vamos para Salvador. Achamos que é hora de começar uma nova fase.

Vinícius sorriu, mas a expressão de Lucas mostrava que havia algo mais por trás dessa despedida. Havia um tom de despedida definitiva na forma como ele olhou para mim.

— É, já estava na hora de dar esse passo. — Vinícius completou, segurando a mão de Lucas com firmeza. Algo me dizia que Vinícius tinha apressado as coisas, na tentativa de tirar o Lucas de perto de mim!

Eu olhei para Eduardo, e ambos ficamos em silêncio por um momento. Sabíamos que Lucas e Vinícius estavam juntos há algum tempo, e a decisão de sair da fazenda era um grande passo, mas, ao mesmo tempo, parecia que havia algo mais. Algo que nos deixava com um gosto amargo na boca.

— Acho que vocês vão ser felizes lá. Salvador tem muito a oferecer. — Eu tentei sorrir, mas não era o mesmo sorriso que eu costumava dar a eles. A despedida de Lucas e Vinícius era um lembrete da mudança, da partida de pessoas que faziam parte de nossa rotina.

Lucas, no entanto, não parecia tão animado quanto Vinícius. Ele olhou para mim com uma expressão um tanto confusa, mas também parecia aliviado por tomar essa decisão.

— A gente vai sentir falta daqui... — Lucas disse, com um sorriso tímido. — Mas, sabe, acho que a gente precisa de um novo começo. Não quero mais ficar aqui no meio de tanta confusão.

Eduardo olhou para eles com um leve aceno de cabeça. Sabíamos que a situação para eles na fazenda não tinha sido fácil, mas, ao mesmo tempo, aquela despedida parecia ser o fechamento de um ciclo que, talvez, tivesse sido mais complicado do que imaginávamos.

— Boa sorte para vocês dois. — Eduardo falou com sinceridade, tentando passar um pouco de apoio. — Espero que encontrem o que procuram.

Vinícius sorriu, e Lucas assentiu, mas parecia mais pensativo do que o normal. Antes que qualquer um de nós dissesse mais alguma coisa, eles pegaram as malas e começaram a se afastar, rumo ao que seria uma nova fase para eles.

Eu fiquei olhando, absorvendo as palavras de Lucas, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo. Mas não havia tempo para mais perguntas. A cena de Lúcia e Ana ainda estava fresca em minha mente, e eu sabia que precisava lidar com aquilo antes que as coisas ficassem ainda mais tensas.

Eu e Eduardo nos entreolhamos, e, sem dizer nada, ambos entendemos que as coisas estavam mudando ao nosso redor. Cada passo que dávamos parecia nos afastar mais dos velhos tempos. E, por mais que eu quisesse que tudo fosse mais simples, parecia que o destino tinha outros planos para todos nós.

_________________________________________

A fazenda parecia mais tranquila depois da partida de Lucas e Vinícius, e, mesmo que eu soubesse que ainda havia muito o que resolver, sentia como se um peso tivesse sido retirado dos meus ombros. Havia algo em relação àquelas despedidas que me deixava aliviado, como se um ciclo tivesse se fechado. Claro, a fazenda ainda estava cheia de gente, mas sem o estresse que os dois causavam, tudo parecia menos tenso.

Estava tentando me concentrar em algo para me distrair, então decidi dar uma caminhada até o galinheiro. Queria ver se a minha ajuda era necessária, mesmo sabendo que normalmente as coisas eram feitas mais rápido sem eu interferir. No entanto, algo me dizia que eu precisava dar atenção à fazenda, mais do que aos meus próprios sentimentos.

Chegando lá, vi Miguel e Túlio já no trabalho, alimentando as galinhas. O cenário parecia calmo, mas eu não podia deixar de perceber a dinâmica entre os dois. Eles discutiam — claro, como sempre — mas havia algo de diferente no ar. Eu sabia que, apesar das frequentes tensões entre os dois, havia uma compreensão implícita ali. Algo mais profundo que eu ainda não entendia bem. O modo como Miguel falava com Túlio, com aquele tom paciente, parecia não condizer com o jeito impetuoso de Túlio. Mas, mesmo assim, eles estavam ali, resolvendo as coisas.

— Vai com calma aí, Túlio. Não joga tudo fora. — Miguel falou, com uma voz calma, enquanto observava Túlio derramando milho de forma desajeitada.

Eu observei a cena, rindo um pouco com a típica confusão do Túlio. Ele não parecia perceber, mas eu sabia que, no fundo, Miguel estava sendo paciente, tentando ajudar da melhor maneira possível. O que eu não esperava era o sorriso de Túlio, aquele sorriso nervoso que ele dava quando sabia que havia feito algo errado, mas não queria admitir.

— Eu sei o que estou fazendo, Miguel. Só... deixa comigo. — Túlio disse, tentando se mostrar mais confiante do que realmente estava.

Miguel, com o seu jeito direto e sem rodeios, apenas deu de ombros e se aproximou, pegando o saco de milho das mãos de Túlio. Ele espalhou de forma mais eficiente, como se fosse uma tarefa simples. As galinhas, como sempre, pareciam mais felizes e bem alimentadas.

Eu não pude deixar de notar o olhar de Túlio sobre Miguel. Era um olhar que eu já conhecia, mas não conseguia decifrar completamente. Eu sabia que ele e Miguel tinham uma dinâmica estranha, cheia de provocações, mas também de momentos silenciosos de compreensão. Algo estava acontecendo ali, eu podia perceber, mas sabia que não era o momento certo para mexer nessas questões.

— Olha, da próxima vez, tenta não fazer tanta bagunça. — Miguel disse, com um tom de voz mais suave do que eu esperava, mas sem deixar de ser direto.

Túlio, sem saber o que responder, apenas deu um sorriso forçado e olhou para as galinhas. A tensão entre os dois, mesmo que leve, estava evidente. Como sempre, havia essa mistura de amizade e desconforto no ar. Algo que, no fundo, me fazia pensar se aquilo era mais do que só uma relação de trabalho.

Eu estava prestes a falar algo, mas antes que eu pudesse, alguém me chamou pelo nome.

— ANDRÉ sua bicha safada!

Aquela voz, aquele tom alegre e irreverente, fez meu coração bater mais rápido.Quando eu o vi ali, sorrindo, com aquele sorriso enorme e a mochila jogada nos ombros, não pude controlar a alegria que me invadiu. Pulei no pescoço dele com força, como se a distância que nos separava há tanto tempo tivesse se desfeito num segundo. Não me importava se estava com as mãos sujas ou se a fazenda estava cheia de poeira — eu só precisava estar perto dele.

— FehEu não acredito! — eu disse, minha voz quase tremendo de tanta felicidade. — Como você apareceu aqui? O que está fazendo na fazenda? Por que não me avisou?

Feh riu, me abraçando de volta com a mesma intensidade.

— Eu estava morrendo de saudades, bicha! E achei que já estava na hora de dar um pulo aqui, ver o que estava acontecendo. Não posso deixar meu amigo sumir desse jeito sem me dar notícias, não é? — Ele me soltou, dando um empurrãozinho leve, como se estivesse brincando. — Ah, e também ouvi dizer que tem um galinheiro com meu nome na porta, não é?

Eu ri, ainda tentando assimilar a presença dele ali. Feh sempre foi o tipo de amigo que chegava quando você menos esperava, mas que sempre trazia uma energia positiva com ele. Ver aquele rosto conhecido novamente me fez esquecer por um momento as tensões da fazenda e as complicações que ainda me aguardavam.

— Você não sabe o quanto eu precisava disso. Não estava esperando, de verdade. Mas... você não deveria estar em São Paulo? — perguntei, tentando puxar conversa enquanto andávamos para o lado de fora.

— Estava, mas decidi dar um tempo. Achei que seria bom passar um tempo fora da cidade, ver as coisas de outro jeito. E, cá entre nós, estou cansado de ficar ouvindo sobre essa fazenda sem ver com meus próprios olhos! — ele deu uma risada baixa. — Além disso, vocês estão todos por aqui, não é?

Eu assenti, tentando esconder o sorriso bobo que se formava no meu rosto. A presença de Feh me fazia sentir em casa, mesmo com tantas mudanças acontecendo ao meu redor. Ele sempre soubera como me fazer sentir bem, e isso nunca mudava.

Conforme andávamos em direção à área onde os outros estavam, Feh parecia totalmente à vontade, como se a fazenda fosse sua segunda casa. Ele se aproximou de Miguel, que estava perto do estábulo, mexendo nas cordas de um dos cavalos. O jeito tranquilo de Miguel com os animais sempre me impressionou, e Feh não perdeu tempo em cumprimentá-lo.

— Ei, você deve ser o Miguel, não é? — Feh perguntou com aquele sorriso característico, estendendo a mão de forma amigável.

Miguel parou por um segundo, olhou para Feh com um pouco de surpresa, mas logo sorriu de volta, apertando sua mão.

— Sim, sou eu. Prazer, Feh. André sempre fala muito de você. — Miguel respondeu, com um tom calmo, mas bem receptivo.

Eu, que estava observando a cena, percebi um olhar diferente em Feh. Ele estava claramente interessado em Miguel, não apenas pela forma como o cumprimentou, mas pelo jeito que o observava mais intensamente. Era um olhar que não passava despercebido, e mesmo Miguel, que geralmente era reservado, parecia perceber. A forma como Feh fitava Miguel me deixou curioso, mas ao mesmo tempo, eu não sabia como reagir.

Túlio, que estava mais distante, observando a cena, fez uma careta ao ver a interação entre os dois. Eu o conhecia o suficiente para saber que ele não gostava de ver outros caras interessando-se por Miguel, e isso estava claro na expressão que ele fez. Ele tentou disfarçar, mas não conseguiu esconder o desconforto.

— O que ele está fazendo aqui? — Túlio perguntou, se aproximando discretamente, mas com um tom de voz mais ríspido do que o usual. — Que história é essa de querer se enturmar assim?

- Calma aí adotado! Tá pensando que é quem ? - Tinha falado sobre o Túlio a Feh, e por ele eu o teria abandonado na rua!

Eu não pude deixar de notar o tom ciumento de Túlio, com seu jeito impetuoso, nunca conseguia esconder quando estava incomodado. E não era difícil perceber que a presença de Feh estava afetando ele mais do que ele gostaria de admitir.

— Relaxa, Túlio. Feh é meu amigo de longa data. Ele só veio me visitar. Não tem nada demais — eu disse, tentando suavizar a situação, mas sabia que a tensão entre eles só aumentava.

Túlio não disse mais nada, mas seus olhos continuaram fixos em Feh e Miguel, claramente desconfortável. Feh, por sua vez, parecia não perceber o clima pesado e continuava conversando com Miguel, interessado nas histórias da fazenda e em como as coisas funcionavam por aqui.

Eu percebia como Feh estava se aproximando de Miguel, mas, ao mesmo tempo, algo em Túlio começava a se agitar. Era quase como se ele não conseguisse suportar a ideia de ver Miguel recebendo tanta atenção de outra pessoa, especialmente alguém como Feh, que era tão extrovertido e encantador.

Conforme a tarde passava, Feh parecia cada vez mais à vontade, andando por todos os cantos da fazenda, conversando com todos, e eu comecei a ver mais claramente a química que ele e Miguel compartilhavam. Era sutil, mas estava ali. Feh tinha aquele jeito descontraído que Miguel parecia gostar!

Eu não pude deixar de notar como a situação estava se tornando tensa para Túlio. Ele estava tentando manter a calma, mas sua inquietação estava visível, e eu podia ver que ele estava incomodado, até parecia ciúmes, por ver Miguel tão envolvido com Feh.

Eu precisava de um momento para conversar com Túlio, para tentar entender o que estava acontecendo, mas por enquanto, decidi aproveitar a presença de Feh. Ele era meu amigo de longa data, e sentia que era o momento de retribuir sua visita com um bom tempo juntos. Afinal, por mais que as coisas estivessem complicadas, a alegria de ver um velho amigo não tinha preço.

Ao longe, vi Túlio se afastando um pouco, fazendo o seu trabalho, mas ainda observando, como se não conseguisse tirar os olhos de Feh e Miguel. Eu sabia que, no fundo, ele estava tentando lidar com seus próprios sentimentos.

Continua...

https://chat.whatsapp.com/FKdxVOBwKhM5uCk3lcFRtu

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Alex Lima Silva a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Túlio é o novo Eduardo da história. Vai ser bom acompanhar esse desenrolar.

0 0