As palestras iam ocorrendo a todo vapor mas eu não conseguia pensar em outra coisa. César. Era um desejo que beirava o incontrolável. A única coisa que parecia me sossegar era a culpa que vinha em seguida. A culpa por não ter desejado Saul, meu marido, daquela maneira que eu estava desejando outro homem.
Quando chegou na hora do almoço me dirigi, assim como todos os outros, ao restaurante do hotel. Foi aí que, de repente, alguém, sem querer, derramou uma bebida sobre mim. A mancha vermelha se espalhou pela minha blusa e eu fiquei olhando para o tecido molhado. O desconforto imediato foi profundo, e as pessoas ao meu redor tentaram se desculpar, mas eu só queria sair dali o mais rápido possível.
- Eu... preciso ir ao quarto, me desculpem! - Falei apressada, tentando disfarçar a vergonha.
Fui até o quarto e comecei a me despir, frustrada com a situação. Em meio à agitação de trocar de roupa, não percebi que alguém estava chegando. Quando olhei para a porta, ela estava se abrindo lentamente, e lá estava ele.
César.
Dei um pulo, assustando-me ao vê-lo tão perto, e imediatamente virei de costas para esconder minha frente semi-nua. Minha mente ficou em branco, mas, ao mesmo tempo, não pude negar que a situação gerava uma estranha excitação. A maneira como eu sentia seu olhar atrás de mim só fazia o calor em meu corpo crescer.
- Desculpe! - Ele disse, mas sua voz tinha algo de divertido, como se ele estivesse curtindo a cena. - Vi tudo acontecer lá embaixo. Você está bem? - Ele fez uma pausa e mudou o tom de voz. - Acho que você poderia usar uma mão amiga para se arrumar, não?
Fiquei ali, sem saber o que dizer. Ele parecia tão seguro de si, tão audacioso, e eu estava completamente sem palavras, incapaz de formar uma resposta lógica.
- Você... quer me ajudar? Como? - A dúvida era sincera.
Ouvi César dando um sorriso, quase como se tivesse esperado pela minha reação.
- Posso te ajudar a trocar de roupa mais rápido - Disse, com um tom que não deixava margem para dúvidas sobre suas intenções.
E, sem esperar uma resposta, o ouvi dando um passo em minha direção. Minha mente estava confusa, mas o corpo já reagia de maneira diferente.
- Com todo respeito... Essa bundinha me parece bem apetitosa. Posso tocar?
Eu prendi a respiração. A palavra ficou presa na garganta antes de finalmente escapar, quase num sussurro:
- Pode...
Ele não perdeu tempo, primeiro com um toque suave senti sua mão quente alisando minhas nádegas. Subia, descia... Em seguida apertou, apertou com força, parecia que queria me levar consigo. Minha buceta conseguia sentir esses movimentos que ele fazia e isso começou a me deixar muito excitada.
- Que inveja do seu marido, eu faria tanta coisa com você se pudesse.
- E se eu dissesse que você pode? - Respondi sem pensar ao mesmo tempo sem acreditar ao ouvir as minhas próprias palavras.
O ouvi sorrir.
- Eu gosto de ver esse lado seu... é excitante. Mas estou atrasado, as palestras estão começando, preciso voltar.
Ouvi os passos, a porta fechando e em menos de um minuto ele tinha ido embora.
Fiquei imóvel, sentindo o suor escorrer pelas costas enquanto tentava processar o que acabara de acontecer, o prazer e a humilhação ainda pulsando em mim.
Eu fiquei ali, por uns momentos, sem saber o que fazer. Seu toque parecia um eco, algo que não havia ido embora por completo, se repetindo na minha mente. O que exatamente aconteceu? Por que ele brincava comigo daquele jeito?
Será que ele estava se divertindo às minhas custas? Eu, uma mulher que sempre foi recatada... Agora, me vi entregando meu corpo para um homem que, aparentemente, não me queria de verdade.
Ele me viu como uma diversão, talvez. Algo a mais para adicionar à sua coleção de conquistas. Como ele poderia chegar tão perto e depois simplesmente se afastar? Por que não foi até o fim, já que parecia querer tanto? Eu estava perdida, confusa, com tantas dúvidas invadindo minha mente, me sentindo suja.
"Será que ele me acha feia?, me perguntei, tentando entender onde tinha errado. Será que tinha visto algo que não gostou? Algo que o fez perder a vontade? Sentia-me vulnerável, mais insegura do que nunca.
Mas o pior de tudo é que agora César acreditava que eu queria trair meu marido. Eu não queria ser aquele tipo de mulher que estava me tornando. Eu nunca havia nem sequer olhado para algum outro homem daquela forma. Eu me questionava se o certo a fazer era mesmo explorar um desejo tão perigoso. Precisava falar com Saul.
- Aconteceu algo e não sei como me sentir. - Falei.
- O que houve?
Respirei fundo e expliquei a situação, desde a troca de roupa até a chegada de César.
- Ele pediu... e eu deixei que ele me tocasse, Saul. Pegou na minha bunda enquanto eu estava só de calcinha.
Meu marido escrevia e apagava a resposta, depois passou mais uns minutos sem digitar nada. Esses momentos eram angustiantes. Me perguntava se era o momento em que ele acharia que eu havia ido longe demais.
- Sabe, já ouvi dizer que o mar, por mais violento que seja, nunca engole quem sabe nadar. Não importa o tamanho da onda, quem aprende a flutuar sobrevive.
Eu não sabia exatamente o que ele queria dizer com aquilo, mas suas palavras me acalmavam.
- Eu fico feliz por você confiar em mim assim. De verdade. Quero que a gente passe por isso juntos. Ainda é estranho pra mim, não vou mentir. Mas tem algo maior nisso tudo. Eu sei que tem. Eu acredito na sua pureza. Você é a mulher mais especial do mundo.
Aquelas palavras me tranquilizavam e ao mesmo tempo me traziam culpa. Por que eu estava fazendo aquilo com um homem tão incrível?
- Saul, eu não quero mais te fazer passar por isso. Não quero te ver sofrendo. Eu só quero voltar pra casa e esquecer tudo isso.
- Calma. Respire. Você acha que, se voltar agora, esse desejo vai simplesmente desaparecer? Ou será que ele vai ficar aí dentro, crescendo no silêncio?
Eu precisava ser sincera? Depois de tudo que vi, depois do toque de César... Era melhor não começar a pensar porque eu sentia uma sede que parecia que só poderia ser saciada por aquele outro homem.
- Eu não deveria alimentar algo assim. - Respondi.
- Você já parou pra pensar por que César se atraiu por você? Tem algo em você que é diferente. Ele percebeu isso. Você pode até ter medo das coisas que o mundo oferece, do que ele quer te fazer sentir, mas sua pureza é mais forte. Talvez tudo isso seja parte de um teste. A prova de que ele não pode te corromper, mas que a sua pureza penetra nele. Você já parou pra pensar nisso?
- Não sei, Saul...
- Vamos fazer assim, você continua sendo sincera comigo, promete que nada vai mudar entre nós que eu prometo a mesma coisa. Estaremos juntos e ainda mais fortes depois de tudo.
Inclusive se eu dormisse com César? Era algo que eu me perguntava mas não tinha coragem de perguntar.
- Essa loucura vai passar e amanhã estaremos juntos. - Falei, tentando me convencer.
- O que quer que aconteça, não esqueça: pode me contar tudo. Sempre.
As mudanças no tom de Saul me deixavam intrigada, mas eu tinha confiança no meu marido, há anos ele era o porto seguro, a voz da razão. Eu me sentia segura ao me deixar levar por ele.
Quando voltei o restaurante estava cheio, mas eu me sentia sozinha. Todos aqueles rostos eram familiares, gente que ajudei a trocar um monitor ou reinstalar o Windows, mas nenhum deles era meu amigo.
Estava concentrada na minha comida, até que meus olhos o encontraram. César. Ele estava do outro lado do salão, sentado entre alguns colegas, rindo despreocupadamente. E ao lado dele, a garota da noite anterior. Eles estavam próximos. Íntimos. Conversavam com naturalidade, compartilhando piadas e sorrisos como se já fossem um casal. Meus dedos apertaram os talheres com mais força.
Não devia sentir aquilo. Não fazia sentido. César não era meu marido, não era meu namorado. Ele nem sequer era meu amigo. Mas, mesmo assim, ver a forma como ela tocava o braço dele e como ele inclinava o rosto para falar com ela me incomodava.
Empurrei o prato, sem fome. O desconforto pesava em meu estômago como uma pedra. Levantei-me e fui ao banheiro para lavar o rosto, tentando afastar a irritação irracional que me tomava.
A água fria escorreu pelos meus dedos antes de atingir minha pele quente. Respirei fundo, olhando meu reflexo no espelho. Me sentia tola por estar afetada. Fechei os olhos por um momento e, em seguida, entrei em uma das cabines para urinar, esperando que o incômodo passasse.
Foi quando ouvi passos e risadas entrando no banheiro.
- Pois é, até agora só rolou umas preliminares no quarto dele. - A voz era familiar.
Eu congelei no lugar. Era ela. A garota da noite anterior.
- Jura? Mas ele tá super a fim, né? - Outra mulher perguntou.
- Sim! Ele até me chamou pro quarto essa noite.
Senti um aperto no peito. Claro que ele queria transar com ela. Por que não gostaria? Seria outra noite em que eu assistiria essa garota realizar meu desejo mais profundo? A ideia não me agradou.
- Nossa, mas ele tá bombando mesmo. Todo mundo queria pegar ele, e você conseguiu, hein?
- Sim, gata. O César é o novato desejado, mas eu sou esperta. Consegui chamar a atenção primeiro.
Me encolhi na cabine. Aquela garota era linda e perfeita e ainda assim sentia a necessidade de concorrer por César porque, pelo visto, muitas outras também estavam tentando. Onde eu estava com a cabeça em achar que ele poderia querer algo comigo? Talvez tudo que ocorreu pela manhã realmente não passasse de uma pegadinha bem elaborada. Ele provavelmente cairia na risada se eu entrasse no banheiro acreditando que ele queria algo comigo.
- Mas onde vocês vão ficar? Ele não tá dividindo o quarto com alguém?
- Tá sim. Com a gorda da TI.
Meu coração parou.
- Gorda da TI? Como assim? - A outra perguntou com um tom de nojo.
- Pois é, fiquei surpresa também quando soube. Ele disse que estavam sem quartos, sem vagas pro evento, sei lá. Mas o que me impressionou foi que nem se importaram de colocar os dois juntos. Você sabe como o pessoal é desorganizado com essas coisas. E também quem é que ia querer aquela gordona? Pra ser sincera, teria dado no mesmo se ele tivesse dividido o quarto com um homem.
Meu rosto queimou.
- Nossa, que horror! - A outra riu, mas não parecia discordar.
- Mas é verdade! Olha pra ela. É impossível que alguém da empresa crie o boato que ele tinha segundas intenções. Você acha que algum homem teria tesão naquela mulher? Não tem como.
Senti minha garganta se fechar.
- Sei lá, né? Vai que ele tem um fetiche.
- Se ele tivesse fetiche em comer gorda, pelo menos escolheria uma gorda bonita. Mas aquela ali? É o pior tipo de gorda.
- Ai, que maldade.
- Eu só tô falando fatos. Você lembra dela, não lembra? Deu azar na loteria genética. Ela é baixinha mas enorme e quando você pensa numa gorda, pensa ao menos em peitões e bundão, mas ela acabou sendo gorda apenas nos lugares errados e ficando sem peito e sem bunda, ela parece quadrada.
Um riso abafado.
Meu peito doía. Eu queria sair dali, mas não podia. Queria gritar, mas minha voz não saía. Eu queria odiar aquela garota mas parte de mim concordava totalmente com suas palavras. E pensar que em algum momento acreditei com toda certeza de que César queria algo comigo. Talvez ele só estivesse sendo legal e me elogiando para que eu não me sentisse mal.
Quando as vozes se afastaram e o som da porta se fechou, permaneci imóvel. Meu peito subia e descia em respirações curtas e pesadas. Eu deveria sair dali e fingir que nada aconteceu. Mas como?
Abri a porta da cabine e caminhei devagar até o espelho. Olhei para mim mesma.
Meus olhos correram por cada detalhe do meu corpo, e, pela primeira vez, encarei tudo aquilo que sempre tentava evitar.
A papada que se acumulava abaixo do meu queixo, tornando meu pescoço quase invisível. Minhas bochechas enormes, redondas demais, me davam um ar infantil, mas sem a delicadeza de um rosto bonito. Meu peito... Pequeno. Desapontador. Sem firmeza, sem o volume que fazia qualquer decote parecer atraente. O tipo de peito que não despertava desejo em ninguém.
E então meus olhos desceram mais.
Minha barriga, grande demais, molenga demais. Dividida em camadas que se dobravam quando eu sentava. Como alguém poderia se excitar tocando algo assim? Como um homem poderia me desejar se, ao deslizar as mãos pelo meu corpo, não encontraria curvas sensuais, mas apenas dobras?
Meu quadril largo não levava a nada. Minhas coxas eram grossas, mas não de um jeito que chamava atenção, e sim de um jeito que se atritavam uma na outra quando eu andava.
Me virei de costas para o espelho, mesmo já sabendo o que veria.
Minha bunda... inexistente. Apenas uma continuação reta das minhas costas. Como uma parede sem relevo. Sem forma. Como a garota disse: o pior tipo de gorda.
E o pior de tudo? Eu concordava.
Me imaginei nua diante de César. Ele me olharia como olhou para a garota da noite passada? Me puxaria para perto, passaria as mãos pelo meu corpo com fome? A resposta era óbvia.
Odiei sentir que aquelas palavras, ditas com tanto desprezo, faziam sentido.
Abaixei a cabeça e fechei os olhos, tentando não chorar. Não ali. Não por isso.
Mas eu sabia que aquela dor não era só por causa das palavras delas. Era porque eu já dizia tudo isso para mim mesma há anos. Elas apenas tinham coragem de falar alto o que eu pensava em silêncio.
Sai do banheiro, olhei para onde César estava. A mesa cheia de pessoas, mulheres bonitas, homens bonitos. Onde eu estava na cabeça ao achar que alguém feito ele havia me desejado? Foi a maior ilusão que já tive na vida.
Olhei para César mais uma vez. Ele ria, jogava o corpo levemente para trás em uma gargalhada exagerada, enquanto a garota ao seu lado o empurrava brincando, os olhos brilhando como se ele fosse o homem mais encantador do mundo. Talvez fosse. Passei por perto mas ele nem me viu.
Um nó se formou na minha garganta. A raiva era de mim mesma. Como pude me permitir acreditar em algo tão absurdo?
Eu precisava ir embora.
Não fazia mais sentido estar ali, naquele hotel, cercada de pessoas que nem sabiam meu nome. Pessoas que riam, flertavam, viviam, enquanto eu me sentia cada vez menor. Não podia mais passar mais uma noite no mesmo quarto que César, na mesma cama em que, até ontem, fantasiei que ele pudesse me querer, ouvindo e vendo ele ficar com aquela garota.
Meu lugar não era ali.
Saul foi meu primeiro e único homem. Não porque eu escolhi, mas porque ele me escolheu. Nenhum outro homem nunca olhou para mim desse jeito, nunca me desejou. Eu nunca fui, e nunca seria, o tipo de mulher que desperta esse tipo de desejo em alguém.
Meu lugar era com Saul.
O único que sempre me viu, o único que me tocou, o único que quis me ter.
Subi apressada para o quarto, minhas coisas estavam uma bagunça por cima da cama por causa da pressa que tive que sair pela manhã. As joguei minhas na mala de qualquer jeito. Minha respiração estava descompassada, meu coração batia rápido. Não pensei em avisar, meu plano era sumir.
Ninguém notaria minha ausência.
Procurei alguém da empresa que estava responsável pelo organização e expliquei que precisaria de um quarto diferente. Inventei uma desculpa sobre o ar-condicionado e sinusite. Eles me disseram que o quarto mais próximo disponível seria em outro andar. Por sorte estava vazio. Aceitei. A mudança parecia a melhor coisa a fazer.
Ao entrar no novo quarto, o cheiro e a tranquilidade que me rodeavam me deram um alívio. Eu precisava de um espaço só meu, longe de César, longe de tudo que havia me confundido. A sensação de estar ali, sozinha, fez o peso do dia parecer um pouco mais leve.
Peguei meu celular e enviei uma mensagem a Saul falando da troca de quarto.
- Você está bem? O que aconteceu?
- Preciso te contar que... a ilusão acabou. Enfrentei tudo o que tinha que enfrentar, e agora sei o que realmente quero. O que eu busquei, não era isso. Não é isso que eu quero mais.
- Você tem certeza disso? Angélica, nós... tudo isso está mexendo com a gente, eu sei, mas se você precisar de espaço, se você quiser entender mais, Eu te apoio.
- Sim, tenho certeza. Me perdi, mas agora sei que... sei que meu lugar é com você, Saul. Você sempre foi meu primeiro e único homem. Eu sou sua, e isso não vai mudar.
- Eu também sou seu, Angélica. E, se em algum momento você quiser explorar mais, seja o que for, você sabe que pode me contar. O que importa é que estamos juntos, e que ainda estamos aqui.
Fiquei ali, segurando o celular e respirando fundo. A sensação de ele me apoiar, mesmo com tudo o que eu havia feito e experimentado, foi mais um alívio.
Levantei-me e, ainda com a mala aberta sobre a cama, comecei a colocar as coisas de volta no lugar, mais calma agora. Cada gesto parecia mais certo, mais meu. Saul estava me apoiando. Eu sabia que, apesar de tudo, estávamos juntos. E isso, naquele momento, era o suficiente.
No meio da bagunça que estava minha mala percebi algo que não deveria estar ali. Era a cueca de César, perdida no meio do meu pijamas. Por uma fração de segundo fiquei sem reação. Quando peguei o tecido, senti o leve odor que ainda estava presente. O cheiro me levou direto para o passado, há poucas horas atrás. Era o esperma e o pau de César. Trouxe para mais perto do meu nariz e senti com mais intensidade. Respirei fundo. Era inevitável que aquilo não despertasse um certo desejo mas agora vinha acompanhado de uma carga de raiva. A raiva em saber que aquela forma era o mais perto que eu chegaria de um homem feito César. A vontade ainda existia, mas a esperança era pura ilusão.
Estava quase a encostando no meu rosto quando a decidi jogar no chão. Não fazia sentido ficar alimentando um sonho impossível. Aquela vontade que eu tinha uma hora ou outra morreria de fome.
Resolvi ignorar o resto do dia de palestras. Havia acontecido tantas coisas intensas que eu me sentia exausta, de corpo pesado e com sono. Então acabei deitando para descansar e dormi sem nem me dar conta. Apenas com a certeza de que meus desejos só poderiam ser realizados em sonhos.