Fala, galera! Preciso botar pra fora o que rolou depois que fui ao banheiro… se minha cabeça clareou ou se eu surtei de vez, aí já é outra história.
Eu ia segurar esse relato até o meio da semana, dar um tempo pra vocês digerirem e comentarem bastante o que a Luana contou. Quem sabe ela não toma jeito, né? Mas quer saber? Quero virar essa página logo, então resolvi soltar de uma vez.
Ah, e antes que perguntem… Sim, eu curto ver os comentários de vocês. Eu e a Luana damos risada, nos divertimos com as opiniões, mas às vezes, tenho que admitir… acho que vocês estão certos em muita coisa.
Mas enfim, vou deixar pra vocês julgarem de novo.
***
Quando eu entrei no banheiro, minha cabeça tava uma bagunça. Aquele lugar, aquela vibe… tudo era intenso demais. Eu sentia que a cada minuto ali, algo dentro de mim se deslocava, como se eu estivesse perdendo o controle da situação.
Apoiei as mãos na pia, respirei fundo e olhei meu reflexo no espelho. Eu não queria ser o cara chato, o moralista. Mas, porra, aquilo ali não era pra mim. Eu sabia até onde conseguia ir, e aquela noite já tinha passado do meu limite.
Foi quando a porta abriu e Luiza entrou.
— Você tá bem? — Ela perguntou, se aproximando devagar.
Assenti, mesmo sabendo que não era bem verdade.
— Tô tentando entender que porra eu tô fazendo aqui.
Ela sorriu de canto.
— Eu imaginei. Desde que chegamos, dava pra ver que você tava incomodado.
Fiquei em silêncio por um momento, e então joguei a pergunta:
— E você? Tá curtindo?
Ela inclinou a cabeça, me analisando.
— Não sei… acho que fiquei mais empolgada pelo que podia acontecer entre a gente.
Suspirei, desviando o olhar.
— Luiza…
— Não precisa falar — ela me cortou, se aproximando mais. — Eu já sei que você não quer. Que seu coração tá preso na Luana. Mas, Jonas, me diz uma coisa… você realmente acha que ela te ama?
Franzi a testa, sentindo um peso estranho no peito.
— Que pergunta é essa?
— Uma pergunta sincera. Porque, vendo de fora, às vezes parece que ela tá sempre em busca de algo a mais, como se você nunca fosse suficiente.
Engoli seco. Eu já tinha pensado nisso antes, mas ouvir outra pessoa falar em voz alta fazia doer de um jeito diferente.
— Ela é intensa — tentei justificar.
— E você? Você quer viver nessa intensidade dela, ou quer alguém que te olhe e diga que você é o suficiente?
O jeito que ela falou, o olhar dela… não era só sobre a Luana. Era sobre ela também. Sobre nós dois.
Antes que eu pudesse responder, ela encurtou a distância e me beijou. Foi rápido, urgente, mas, ao mesmo tempo, carregado de algo mais profundo. Eu senti, no jeito que ela me segurou, que não era só desejo. Tinha sentimento ali.
E por um segundo, só um segundo, eu correspondi.
Mas então o peso da realidade caiu sobre mim. Eu me afastei, passando a mão pelo rosto.
— Luiza, eu…
— Eu sei — ela disse, com um sorriso triste. — Você ainda vai lutar por ela.
Assenti.
Ela suspirou e, antes de sair, disse:
— Só não se perde tentando salvar alguém que talvez nem queira ser salva.
Fiquei ali por mais alguns instantes, digerindo tudo, antes de tomar minha decisão. Eu ia embora.
—
Quando voltei pra mesa, tentei manter a postura firme. Meus olhos passaram por Luana, depois por Pedro e Luiza. Eu já sabia o que precisava ser feito.
— Vamos embora.
O casal Rafa e Cláudia ainda tentou insistir, falando que devíamos aproveitar mais, mas eu fui direto:
— Não. Isso aqui não é pra gente.
Luana tentou me convencer, mas eu cortei.
— Se você quiser ficar, fique. Eu estou indo embora.
O jeito que ela me olhou, meio surpresa, meio ferida, me fez hesitar por um segundo. Mas então Luiza interveio:
— Acho melhor a gente ir. Esse ambiente não é pra nós.
Luana olhou pra ela, desconfiada, mas no fim, cedeu. Saímos dali, deixando o casal Rafa e Cláudia pra trás.
—
De volta à pousada, o clima ainda estava tenso. Pedro e Luiza estavam sentados na cama, enquanto eu e Luana ficamos de pé, um na frente do outro. Eu respirei fundo e comecei:
— Eu preciso que você entenda uma coisa, Luana. Isso que a gente tem com Pedro e Luiza… é algo bom. Mas não quero adicionar mais gente desse jeito. Não quero transformar isso em algo descontrolado.
Ela ficou em silêncio, apenas ouvindo.
— A experiência que tivemos com Diego e Raquel… foi algo diferente. Mas não pode ser uma rotina, muito menos num ambiente tão promíscuo. A gente precisa escolher bem quem entra no nosso círculo. Muita gente ali dentro não se preocupa com proteção, e o pior pode acontecer.
Pedro assentiu, finalmente se pronunciando:
— Cara, eu entendo. E concordo. Não podemos colocar nossa saúde e bem-estar em risco só por uma noite de diversão.
Luiza apenas observava, quieta.
Olhei para Luana novamente.
— E tem mais uma coisa… eu preciso saber que você me ama de verdade.
Ela arregalou os olhos.
— Como assim, Jonas?
Suspirei.
— Você me ama, Luana? De verdade? Porque às vezes… parece que você tá sempre buscando algo além de mim.
Ela demorou para responder. Eu vi a hesitação, a dúvida passando pelo olhar dela.
E aquilo doeu.
Talvez, no fundo, eu já soubesse a resposta.
Naquela noite, eu me deitei ao lado da Luana, mas não consegui dormir abraçado com ela. A distância entre nós era mais do que física. Era um silêncio pesado, cheio de coisas não ditas.
Fechei os olhos, tentando esvaziar a mente, mas tudo que conseguia pensar era em Luiza. No jeito que ela me olhava, na sinceridade do que disse no banheiro. "Você realmente acha que a Luana te ama?" A pergunta ainda ecoava na minha cabeça.
E o pior era que, ali, no escuro, eu sabia a resposta.
Eu queria estar dormindo abraçado com Luiza.
—
Na manhã seguinte, o clima entre todos estava estranho. Ninguém falava muito, apenas organizávamos nossas coisas para o check-out. Pedro e Luiza estavam mais calados do que o normal, Luana evitava me olhar nos olhos, e eu apenas tentava manter a postura, como se estivesse tudo bem.
Mas não estava.
Assim que saímos da pousada, entramos no carro e pegamos a estrada de volta para Florianópolis. O silêncio no início da viagem foi sufocante. O que deveria ser uma viagem leve, cheia de boas lembranças, tinha se transformado em um peso estranho entre nós quatro.
Eu sabia que, a partir daquele momento, as coisas nunca mais seriam como antes.