Entre Grades - Liberdade

Um conto erótico de César Júnior
Categoria: Gay
Contém 2443 palavras
Data: 12/03/2025 20:11:56
Assuntos: Gay, prisão, amor gay

A justiça não é apenas uma questão de lei, mas também de consciência, e sua verdadeira essência reside na proteção dos direitos dos inocentes e na responsabilização dos culpados.

Sobre minha acusação de tráfico de drogas; eu era inocente, não restavam dúvidas. Mas será que eu ainda iria pagar por todos os meus outros crimes. Qual seria o preço que eu teria que pagar ?

Assim como o juíz ordenou minha soltura foi de imediato, meus únicos pertences, que levei para casa, foram as coisa que coletaram quando eu fui preso.

Antes de eu sair, eu dividi todas as minhas coisas colchão, roupas de cama e até minhas roupas. Por mais que do grupo eu fosse o menor, ainda tinha pessoas na minha cela que precisavam de coisas.

Os objetos mais importantes, como minhas agendas e o envelope pardo que ganhei do Marcelo ficaram com Carlos. Eu teria que pegar em uma visita.

….

Estou no banco de trás do carro do meu pai. Minhas mãos estão livres, posso abrir a janela, posso pegar a garrafa de água que está na minha frente, posso abrir a porta e simplesmente sair. Olhando pela janela vejo árvores, carros , prédios , casas , cachorros e crianças , vejo mulheres.

Algo no meu estômago pesava , o ar tinha dificuldade de encher meu peito , mesmo com o ar condicionado, eu suava. Minha vontade era de abrir a ponta do carro e sair correndo. Fico de cabeça baixa, e paro de responder meu país. meu pai estava a ponto de pegar a ponte Rio x Niterói ; e mais uma vez quando olho pela janela. Eu sempre gostei da vista de vir de Niterói em direção ao a cidade do Rio, nos dias ensolarados era coisa mais linda; mas naquele momento não! Comecei a ficar ofegante e a vontade abrir a porta era grande. ponho a mão na maçaneta; Era só abrir e pular e se ficasse tudo bem era só correr, correr o mais rápido possível.

A verdade era que eu não conseguia entender o que eu estava sentindo. Não sabia se estava eufórico ou tendo uma crise de ansiedade.

Comecei a ceder aos meus pensamentos. Quando eu comecei a puxar a maçanetas; sinto a mão da minha mãe no meu joelho. Parei o que estava fazendo, fui levantando minha cabeça aos pouco e meus olhos encontram o da minha mãe.

- Meu filho, tá tudo bem ? - minha mãe olha para mim com seus olhos atentos e acolhedores.

- Não sei ! - Sinto aquela sensação no estômago novamente.

Meu estômago agora não estava mais se mexendo suavemente. Ele praticamente se torcia.

- Pai, para o carro !

- Como assim filho ?

- Pai, para! Eu acho que tô passando mal !

- Pera calma !

Meu pai para no primeiro vão de acostamento encima da ponte, eu finalmente abro a porta! Saio em disparada e me reclino no parapeito; começo a vomitar, mas não me parecia um vômito comum, parecia algo mais consistente.

Conforme as contrações do meu estômago vinham ,como onda, minhas pernas ia perdendo a força. Depois de tanto vomitar eu não tinha mais força para ficar em pé. Fui caindo no chão e meu pai e minha mãe me ajudaram a entrar dentro do carro. Deito no banco sem força alguma. Meu pai conversam no banco da frente mas meus ouvidos não entendem nada.

Aos pouco vou adormecendo .

Acordo com minha cabeça no colo da minha mae; ela afagava meus cabelos e com sua outra mão usava um pano com álcool para me acordar.

- sabe o que a aconteceu ?

- Mãe, eu senti uma espécie de desespero. Não sei explicar direito o que aconteceu. Não sei se foi a quantidade de estímulo visual ! Na prisão não tinha muita coisa pra ver.

- Tudo bem, agora ?

- Sim ! Acho que preciso de um banho

- Então vamos levantar. Quando vc sair do banho se quiser jantar vou estar te aguardando.

- Obrigado mãe !

Entro no banheiro que fica ao lado do meu quarto, não ligo a luz, uso praticamente a luz que vem da claraboia pra tira minha roupa, entrar no boxe e tomar meu banho . Ligo a água é entro em baixo, rapidamente o chuveiro aquece e mantei a temperatura quente, que envolve meu corpo e praticamente massageia minha pele. Olho para a saboneteira embutida na parede… 2 tipo de shampoo, 2 de condicionador , sabonete de rosto , esfoliante corporal, creme de massagem…

Muitas decisões; um único sabonete gabaritou todos os requisitos.

Ainda no escuro caminho até meu quarto. Sento na minha cama; e eu não lembrava que ela era tão confortável. Conforme a vou me deitando a cama o sono me envolve lentamente, porém muito intenso que somente o próprio Deus do sono poderia me ofertar.

Acordo as 5 da amanhã, antes mesmo do despertador. Foi uma noite sem sonhos uma noite que passou com um piscar de olhos. Sento na minha escrivaninha que fica de frente para a janela. Da minha janela consigo contemplar o crepúsculo de um novo dia. Meus olhos passeiam pelo quintal de casa e consigo ver todo o jardim dos fundo, a churrasqueira, a mesa de madeira de lei rústica, com 8 lugares; a mesma matem a aparência mesmo sendo mais velha que eu, no fundo tem o quarto da bagunça. Junto a grama tinha nossa pequena piscina para os dias mais quentes do verão , feita por meu próprio pai, quando eu e minha irmã éramos crianças.

Fico sentado na minha cadeira na posição de Buda feliz. Agora direciono minha atenção para minha mesa. Minha mesa é repleta de blocos de papel, pote de canetas e lápis, meu notebook centralizado no meio apoiado em cima de um livro para que fique inclinado, um umidificado de ar pequeno algumas fotos presas entre a superfície da mesa e o vidro instado por meu pai. Fotos com meus colegas do ensino médio e faculdade.

Levanto da cadeira e caminho em direção a meu guarda roupas. Abro todas as portas. Minhas roupas estão passadas, dobradas e com cheiro de amaciante. Não tinha nenhuma roupa com cheiro de guardado.

Essa minha revista minuciosa no meu quarto, me fazia pensar em quanta coisa que eu tinha. Na prisão minha vida cabia um 2 bolsas retornáveis. Uma com roupas e uma com comida.

O ser humano é capaz de se acostumar com qualquer coisa. Um outro sentimento que me invadia era o de indiferença. Meu Deus eu vivi as piores sensações da minha vida naquele buraco do inferno e como eu não podia estar feliz de estar fora; em contra ponto eu vivi a paixão da minha vida lá e como eu não estava triste de deixá-lo para trás.

Eu sei que precisa de tempo para pensar; eu sei que precisava de tempo para entender o que eu vivi, o que eu queria da minha vida e até mesmo me permitir sentir falta.

Depois de uma investigação minuciosa, em cada centímetro do meu quarto. Sinto a falta dele… cadê meu dinheiro ?

Quando meus pais acordam, atravessamos o jardim dos fundos até o antigo escritório do meu pai. Que hoje em dia era só mais um quartinho da bagunça.

- mãe, não é possível que vc estava colocando o dinheiro na parte de fora da casa. Alguém poderia ter ficado de olho !

- Alguém de olho? Não sou tão descuidada a esse ponto. E com o tempo você vai perceber, que muitas amizades da vizinhança se afastaram.

- Sério mãe ? Sinto muito pelas pessoas terem se afastado de ti por causa de mim.

- Meu filho, quando você foi preso eu nunca fui tão popular, a casa ficou cheia de “amigas “ querendo saber de tudo, mas com o tempo, essas amizades foram caindo uma a uma como moscas. Amizades sinceras ficaram de verdade. Não se preocupe é melhor ter essas pessoas longe.

Assim que chegamos a porta do quarto da bagunça;além da chave da maçaneta tinha um pequeno cadeado, que na minha cabeça não fazia sentido estar ali, ele com certeza não ia coibir ninguém de entrar. Mas minha mãe explicou que era para manter minha irmã e meu cunhado longe.

Esse cômodo é um cômodo quadrado. Meu pai gostava muito de simetria, então,é com cômodo de 3x3. Assim que entra é visível uma grande mesa de madeira planejada que pega quase toda a sala. Uma cadeira de escritório feita de couro, que já teve lá seus dias de glória. Atrás dessa mesa. Havia uma espécie de Mini biblioteca. Na qual as prateleiras vinham do teto ao chão. Do lado direito uma janela , com cortinas de renda branca e um ar condicionado; a baixo da janela um sofá cama que só era utilizado em datas como o natal quando vinham parentes aqui pra casa. E do lado esquerdo um aparador com gavetas e portas. Na parede onde tem a porta de entrada minha mãe pediu para construir armários, onde ela sempre colocava várias coisas.

Era assim que eu me lembrava dessa sala e essa era a visão do escritório quando minha mãe não entupia de coisas sem utilidade. O escritório estava quase nessa arrumação exceto por alguns itens que não estavam nos seus determinados lugares.

Alguns livros do meu pai, na parte inferior da sua prateleira não estavam mais lá, no lugar tinham pastas e aqueles fichários de escritório. As fotos que ficavam em cima do aparador e os documentos que ficavam guardados dentro dele, não estavam mais lá. Casacos , malas , tábua de passar roupa, escada, roupas de cama e tudo o que estava dentro daquele guarda-roupa; davam lugar a vários malotes de de notas; tudo organizado por valor de cada cédula.

-Meu Deus !

-É, Ainda tem muito dinheiro em espécie aqui filho

-Mãe, vc sabe quanto tem aqui ?

-Aproximadamente R$,00- . Uma outra parte já foi depositada, tanto na sua conta,como na minha e na do seu pai.

-E ainda tem tudo isso aqui? - Eu ainda estava incrédulo com a quantidade de notas meus olhos estavam vendo. Eu sei que você deve está pensando que um milhão em dinheiro nem é tanto assim; isso quando é em notas de cem reais. Agora tenta imaginar isso em notas de dois, cinco e dez reais; as vezes com sorte tinha uma de vinte.

-Filho só parece muito. A grande verdade que é muito difícil lavar esse dinheiro, só conseguimos fazer depósitos mensais de R$:10.000,00 por mês. Quando vc estava lá dentro não parava de chegar dinheiro e depois que você é o Carlos estavam como chefes aí ficou cada vez mais difícil para eu dar conta.

Além de toda a grana que fiz lá dentro com meu trabalho; eu e o Carlos ainda ganhávamos juntos como chefes de cela… um dinheiro que nunca mexi, um dinheiro que nunca nem contei.

- Eu estava esperando vc sair, preciso de ajuda para organizar tudo isso.

- Mãe, pode deixar comigo! - falo com o máximo de confiança que consigo expressar; mas a grande verdade é que eu não fazia ideia de como fazer isso.

Sentado no escritório olho aquele dinheiro e só tinha uma pessoa que podia me ajudar… o Marcelo!

Levanto do escritório e vou de encontro a minha mãe na cozinha.

- Mãe, preciso do seu celular. Preciso ligar para o marcelo.

- Está na sala !

Atravesso a cozinha passo pelo corredor e vou para a sala, pego o celular na minha mae e quando desbloqueio a tela; começo a sentir um frio no estômago muito forte; parecido com a sensação de ontem. Eu sabia que aquilo era ansiedade, não queria ser assolado pela saudade e nem pela dor de não ter mais eles junto a mim.

A realidade era que eu estava longe, eu sai; tudo parecia um sonho. E se tudo aquilo que eu vivi com eles era verdade, eu precisava levar tudo isso com naturalidade.

Peguei o telefone da minha mãe e digitei o número de Marcelo. A linha do telefone sinaliza estar ocupada. Eu sei que ele iria retornar em breve entre um sequestro e outro.

- mãe vou estar com seu telefone no escritório

- Porque não liga o seu é vê se presta ainda ?

- Com certeza perdi o número e 4 anos sem carregar o celular não vai voltar. Talvez a tarde podemos ir comprar um novo. O que você acha ?

- Ótimo !

Vou andando, atravessando o jardim em direção ao escritório. Quando o telefone toca e o número que se encontra privado sei que é do Marcelo.

- Alô ! Quem fala ?

- Tô com sua filha porra ! - Marcelo fala gritando com uma voz grossa .

- Marcelo, sou eu César ! - falo bem calmo pra situar ele.

- Nossa ! Amigo como vc esta ! - como em uma passo de mágica sua personalidade e substituída.

- Bem amigo! Como estão todos ?

- Então ? Só faz um dia que vc foi embora; então estão na mesma de ontem. Porém quando você não voltou ontem a noite, o Carlos entendeu que você não iria mais voltar. Ele está daquele jeito dele. Mas da para sentir a melancolia.

- Amigo eu ainda não tive coragem para ligar pra ele.- meu peito ficar pesado e um nó começa a se formar na minha garganta.

- César, fiquei sabendo que vocês tiveram uma conversa antes de sair. Cara o Carlos e mais velho que você é muito mais maduro, você está aí fora, se dá um tempo; sai um pouco encontra seu rumo depois olha pra cá . É sério ele vai entender !

- Tá bom amigo ! - ouço as palavras de Marcelo engolindo o choro. Eu tenho que incubar essa dor. - Preciso da sua ajuda. Estou com todo o meu dinheiro em espécie, cara preciso de ajuda pra lavar rápido esse dinheiro. Tenho depositado mensalmente R$:9.500,00 em 3 contas diferente e titulares diferentes; pra não chamar a atenção da polícia federal. Mas se continuar nesse ritmo vai demorar mais um 3 anos para lavar desse jeito.

- Meu amigo ou você abre uma empresa e faz notas frias. Porém desse modo você vai acabar perdendo um pouco de dinheiro. Ou para lavar 100% você sei lá , abre uma igreja, que não paga imposto.

- Cara eu tô falando sério ? Como funciona o lance da empresa.

- César, amigo vai devagar. O seu dinheiro já estar rendendo ?

- Sim !

- Então, aproveita esse tempo, estuda, descansa, vive desse dinheiro ! Você está solto; não precisa ter pressa.

- Masss

- Não tem “mas”, cara, você é diferente da gente a sua sacada de fazer dinheiro, vai te dar uma vida bem confortável.

Marcelo tinha razão, eu morava com meus pais tinha uma casa própria E meu dinheiro estava se multiplicando lentamente. De forma que meu daria para eu viver de renda.

Ouvi Marcelo mais um pouco e me despedi. Acredito que ele tinha muita razão em tudo que falou.

Eu precisar deixar de ser dependente emocional deles, principalmente de Carlos.

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