Eu nunca fui um cara de me orgulhar muito. Aos 21 anos, minha vida se resumia a trabalhar meio período numa loja de eletrônicos, jogar videogame até a madrugada e, claro, bater punheta como se fosse um esporte olímpico. Não que eu seja feio — tenho 1,80m, cabelo preto bagunçado, corpo magro mas decente —, mas nunca fui o tipo que corre atrás de mina. Elas vêm até mim às vezes, tipo a Bia, uma loirinha safada do bairro que já me deu uns pegas, mas eu sou preguiçoso pra caralho. Prefiro ficar no meu canto, fantasiando. E, até aquela noite, minhas fantasias nunca tinham incluído a Clara. Minha irmã. Minha porra de irmã.
Clara tem 19 anos, dois a menos que eu, e é o tipo de garota que você nota sem querer. Não é que ela seja uma modelo ou coisa assim — ela não é alta, tem uns 1,65m, cabelo castanho liso que vai até a cintura, pele branquinha com umas sardas leves no nariz. Mas tem algo nela. Os peitos são médios, firmes, do tipo que enchem a blusa sem gritar por atenção, e a bunda… caralho, a bunda dela é redonda, marcada em qualquer short ou calça que ela usa. Eu nunca tinha pensado nisso de verdade. Quer dizer, eu via, mas não via, sabe? Era só a Clara, a pentelha que roubava meu controle remoto e me chamava de "punheteiro" pra zoar quando eu ficava muito tempo trancado no quarto. A gente cresceu brigando, se xingando, mas também se dando bem, como irmãos normais. O Carlos e a Mônica, nossos pais, sempre foram meio desligados — o velho é caminhoneiro, vive na estrada, e a mãe trabalha como caixa num mercado, chega em casa morta e só quer ver novela. Então, eu e Clara meio que nos virávamos sozinhos na maior parte do tempo.
Aquela noite começou como qualquer sábado em que os dois tavam fora. Carlos tinha pegado um frete pro interior, e Mônica foi junto pra visitar a tia dela. A casa ficou nossa, e a Clara, que adora uma bagunça, resolveu chamar uns amigos pra “dar um rolé em casa”. Eu não ia negar — cerveja de graça, umas minas pra olhar, e zero responsabilidade. Por volta das sete, o apê tava cheio. A Bia chegou primeiro, com um shortinho jeans que mal cobria a bunda e uma blusa cropped que deixava a barriga chapada de fora. Ela me deu um sorriso safado e um “e aí, João?” que já me fez imaginar ela de quatro no meu quarto. O Pedro veio logo depois, um cara grandão e barulhento que acha que é o dono do rolê, trazendo uma caixa de Brahma quente pra “dividir com a galera”. A Mari, uma morena baixinha de cabelo cacheado, apareceu com uma garrafa de tequila que ela disse que “pegou do pai”. E tinham mais dois, um tal de Lucas e uma mina chamada Gabi, que eu nem me dei o trabalho de gravar muito — o Lucas era magrelo e falava alto, e a Gabi era meio gótica, de cabelo roxo e piercing no nariz.
A gente começou jogando conversa fora, bebendo e rindo de merda. A sala do apê é pequena, com um sofá velho de três lugares, uma poltrona que o Carlos vive consertando com fita adesiva, e uma TV de tubo que eu conectei o PlayStation pra botar um som. A Clara tava de boa, rindo com a Bia e servindo tequila em copos de plástico que ela pegou na cozinha. Ela tava com um short jeans velho, rasgado nas coxas, e uma blusinha preta soltinha que, quando ela se mexia, dava pra ver um pedaço do sutiã por baixo. Eu nem tinha reparado nisso antes, mas naquela noite, com a cerveja subindo à cabeça, comecei a notar coisas que nunca tinha prestado atenção. O jeito que ela jogava o cabelo pra trás, o modo como as pernas dela cruzavam quando ela sentava no braço do sofá, a curva da cintura aparecendo quando ela levantava os braços pra pegar algo na prateleira. Caralho, João, para com isso, eu pensava, balançando a cabeça pra afastar essas ideias. Ela é sua irmã, porra.
A noite foi rolando, e o álcool foi soltando todo mundo. O Pedro tava contando uma história idiota sobre como ele quase foi pego transando no carro pela polícia, e a Bia ria alto, encostando o ombro no meu toda hora, me dando aquele olhar de quem quer algo. Eu tava curtindo, mas não conseguia tirar os olhos da Clara. Ela tava diferente, mais leve, mais… sei lá, viva. Talvez fosse a tequila, talvez fosse a vibe da festa, mas ela tava rindo de um jeito que eu não via há tempos, os olhos brilhando, o rosto corado. Foi a Mari quem sugeriu o Verdade ou Consequência, e todo mundo topou na hora. Eu já sabia que ia dar merda, mas tava bêbado o suficiente pra não ligar.
O jogo começou tranquilo. O Pedro escolheu consequência e teve que lamber o chão da cozinha — ele fez, o filho da puta, e ainda fingiu que gostou, enquanto a gente gritava de nojo. A Bia perguntou pra Mari se ela já tinha transado com alguém da sala, e a Mari, vermelha pra caralho, confessou que sim, mas não disse quem — o Pedro ficou se achando, óbvio, mas eu duvido que fosse ele. Aí chegou minha vez, e a Bia, com aquele sorrisinho de vadia, me deu uma verdade: “Quantas vezes você já bateu punheta essa semana, João?” Eu ri, tomei um gole da cerveja e falei: “Perdi a conta depois da décima, gata.” Todo mundo caiu na gargalhada, até a Clara, que jogou uma almofada em mim e disse: “Seu nojento, eu sabia!” Mas tinha algo no jeito que ela falou, um tom que não era só zoeira. Ela me olhou por um segundo a mais, e eu senti um arrepio que não soube explicar.
O jogo foi esquentando. A Gabi teve que tirar o cinto e dar uma volta na sala com a calça caindo, e o Lucas confessou que já tinha roubado calcinha da irmã pra vender no mercado negro — o cara é louco, mas ninguém acreditou direito. Aí a Bia mandou a Mari tirar a blusa por 30 segundos, e caralho, eu quase engasguei com a cerveja. A Mari, toda tímida, levantou a blusa, e aqueles peitos branquinhos pularam pra fora do sutiã rosa. O Pedro assobiou, a Bia riu, e eu senti meu pau endurecer na hora. Mas mesmo com a Mari ali, semi-nua, meus olhos voltavam pra Clara. Ela tava rindo, batendo palmas como se fosse uma líder de torcida, mas quando me olhou, tinha um brilho diferente. Um brilho que me deixou desconfortável pra caralho.
Então chegou a vez dela. O Pedro, já bêbado pra cacete, perguntou: “Verdade ou consequência, Clarinha?” Ela pensou um segundo, tomou um gole da tequila direto da garrafa e disse: “Verdade.” O Pedro, com um sorriso de canalha, mandou: “Você já ficou com alguém que tá nessa sala?” A Clara riu, ficou vermelha, e olhou pra todo mundo antes de dizer: “Sim.” A Bia gritou “QUEM?”, mas a Clara só balançou a cabeça e disse: “Regra é uma pergunta só, seus curiosos.” Eu senti um aperto no peito, uma pontada de ciúme que não fazia sentido nenhum. Quem caralhos ela tinha pegado? O Pedro? O Lucas? Minha cabeça girou, mas eu engoli seco e fingi que não ligava.
Aí foi minha vez de novo. A Clara virou pra mim, os olhos meio embaçados de álcool, o cabelo caindo no rosto, e disse:
— Verdade ou consequência, João?
Eu tava alto, o pau ainda meio duro por causa da Mari, e a vibe tava me levando pra um lugar que eu não queria pensar muito.
— Consequência — falei, tentando soar descontraído.
Ela mordeu o lábio por um segundo, como se pensasse, e aí mandou:
— Fica de joelhos na minha frente e me chama de ‘minha rainha’ por um minuto.
Os outros explodiram em risada. O Pedro gritou “vai, seu otário!”, a Bia bateu palmas, e eu, sem pensar muito, me joguei no chão. Fiquei de joelhos, olhando pra ela de baixo. O short jeans tava a centímetros do meu rosto, marcando as coxas dela de um jeito que eu nunca tinha reparado antes. “Minha rainha”, eu disse, tentando soar irônico, mas minha voz saiu mais baixa, mais rouca. Ela riu, cruzou as pernas bem devagar, e eu senti o cheiro do perfume dela — um negócio floral que a Mônica tinha dado pra ela no Natal. “Minha rainha”, repeti, e dessa vez o Pedro zoou: “Tá gostando, hein, João?” Eu levantei o dedo do meio pra ele, mas não tirei os olhos da Clara. Ela se inclinou um pouco pra frente, o decote da blusa soltando um pedaço do sutiã preto, e disse: “Pode levantar, súdito.” Todo mundo riu de novo, mas eu senti um calor subindo pelo pescoço que não era só do álcool.
Levantei, sentei de volta no sofá, e o jogo seguiu. Mas eu tava diferente. Meu coração tava batendo mais forte, e toda vez que a Clara ria ou mexia no cabelo, eu pegava meu cérebro gritando: “Para de olhar pra ela, porra, ela é sua irmã!” Mas eu não conseguia. O shortinho marcava a bunda dela quando ela se levantava pra pegar mais bebida, a blusa subia um pouco quando ela esticava os braços, e eu comecei a imaginar coisas que me fizeram sentir um nojo de mim mesmo. Caralho, João, você tá doente, eu pensava. Isso é errado pra cacete. Ela é a Clara, a mesma que chorava por causa de pesadelo quando era pequena, a mesma que me zoava por ter espinhas na adolescência. Mas quanto mais eu tentava me convencer, mais meu pau dizia o contrário.
A festa acabou umas duas da manhã. O Pedro e o Lucas foram embora cambaleando, a Gabi pegou um Uber, e a Bia e a Mari ficaram mais um pouco, ajudando a Clara a jogar as latas vazias no lixo. A Bia ainda me deu um abraço demorado, esfregando os peitos em mim de propósito, e cochichou: “Se quiser, me chama depois.” Eu sorri, disse um “valeu”, mas minha cabeça tava em outro lugar. Quando elas foram embora, fiquei sozinho com a Clara na sala bagunçada. Ela tava descalça, com o cabelo preso num coque frouxo, e começou a varrer o chão enquanto cantarolava uma música qualquer.
— Você foi um idiota hoje, sabia? — ela disse, rindo, sem me olhar.
— Sempre sou — respondi, tentando soar normal, mas minha voz tava estranha.
Ela parou, me olhou por cima do ombro e disse:
— “Minha rainha”, hein? Tá ficando submisso agora?
Eu ri, mas por dentro tava um caos. — Só seguindo o jogo, maninha.
Ela balançou a cabeça e voltou a varrer. Eu fiquei ali, olhando ela se abaixar pra pegar uma lata no canto, o short subindo um pouco, mostrando a curva da bunda. Meu pau endureceu de novo, e eu me odiei por isso. Levantei rápido, disse um “vou dormir” meio engasgado e corri pro quarto.
Tranquei a porta, apaguei a luz e me joguei na cama. Tentei pensar na Bia, na Mari, em qualquer outra coisa. Mas quando fechei os olhos, era a Clara que aparecia. O jeito que ela riu, o modo como me olhou enquanto eu tava de joelhos, aquele “pode levantar, súdito” com um tom que não sei se era só zoeira. Minha mão foi pra dentro da cueca quase sem eu querer. Eu resisti por uns minutos, xingando mentalmente: “Você é um doente, João, para com essa porra.” Mas o tesão venceu. Bati uma pensando nela, imaginando ela rindo daquele jeito, as coxas brancas à mostra, o sutiã preto aparecendo. Gozei rápido, com força, e depois fiquei olhando pro teto, o coração acelerado e um peso no peito. Caralho, o que eu tava fazendo? Isso era errado. Era sujo. Era a Clara, porra.
Mas mesmo com a culpa me comendo vivo, uma parte de mim sabia que aquilo não ia parar ali. A festa tinha plantado algo, e eu não tinha certeza se queria arrancar essa semente ou deixar ela crescer.