Capítulo 4 – Caminho para Casa
O garoto agradeceu a Bobby mais uma vez e, sem dizer muito, se afastou apressado, desaparecendo entre as ruas da cidade. A cena toda se dissolveu até restarmos apenas nós dois, ainda parados na entrada do mercado.
— Eles fazem isso sempre? — Perguntei, cruzando os braços.
Bobby suspirou, encolhendo os ombros.
— Antony e os amigos dele? Ah… Sim. Desde que eu era moleque. Mas não passam disso. São covardes.
— É revoltante. — Respondi, olhando para a rua por onde eles tinham sumido.
— Sim… — Ele murmurou, depois fez uma pausa antes de me olhar. — Quer que eu te acompanhe até sua casa?
Fiquei um pouco surpresa, mas sorri.
— Eu adoraria.
Começamos a caminhar juntos pelas ruas tranquilas. Bobby andava ao meu lado com passos grandes, mas com um jeito contido, como se tivesse medo de ocupar muito espaço.
Eu, por dentro, estava começando a me sentir diferente. Não era só simpatia. Algo a mais estava surgindo em mim enquanto caminhava ao lado dele, uma sensação que eu nunca tinha experimentado antes.
Era algo tão sutil, mas ao mesmo tempo, muito presente. Eu me sentia atraída, não só pela aparência dele, mas pela forma como ele me tratava, sem pressa, com respeito. Ele parecia ter uma pureza que tocava algo em mim, algo que até eu mesma não entendia muito bem.
— Eu nunca conheci alguém tão… atencioso, Bobby. — Comentei, quebrando o silêncio, mantendo o olhar no caminho à frente.
Ele sorriu timidamente.
— Eu só tento fazer o que é certo.
Aqueles olhos tímidos, a forma como ele se expressava, com um jeito um pouco desajeitado, mas tão genuíno, faziam meu coração acelerar um pouco. Não queria, mas não conseguia evitar. Bobby estava, de algum jeito, mexendo comigo de uma forma inesperada.
Chegamos à porta do meu prédio e paramos ali. O sol já estava se pondo, tingindo o céu de tons alaranjados.
— Obrigada por me acompanhar, Bobby.
Ele coçou a nuca, tímido, mas parecia satisfeito.
— Não foi nada.
Houve um momento de hesitação. Um instante em que nenhum de nós parecia querer ir embora primeiro. Então, num impulso, estiquei a mão e toquei o antebraço dele.
— Você é um cara legal, Bobby… — A voz saiu suave, talvez um pouco mais sedutora do que eu pretendia, mas eu não me importava.
Ele ficou imóvel, seu olhar foi direto aos meus olhos, sem saber como reagir. Eu podia sentir a leveza do toque dele, o calor que se espalhava através da pele do meu braço.
— Ah… obrigado… — Ele balbuciou, visivelmente desconfortável, mas também parecia lisonjeado.
Eu não queria que a noite acabasse. Então, sorrindo de forma mais provocante, disse:
— Boa noite, Bobby.
— Boa noite. — Ele respondeu, com um sorriso tímido, antes de se virar e ir embora.
Fiquei parada ali, observando-o se afastar.
E percebi que, pela primeira vez, eu realmente queria vê-lo de novo.