Não sei explicar direito, mas alguma coisa mudou dentro de mim naquela noite. Bater uma pensando na Clara tinha sido tipo acender um fósforo numa pilha de gasolina — o fogo tava baixo ainda, mas eu sentia ele lambendo as bordas da minha cabeça, pronto pra explodir se eu não tomasse cuidado. Caralho, eu não queria isso. Ela é minha irmã, porra. Minha irmãzinha pentelha que roubava minhas batatas fritas e me chamava de "punheteiro" só pra me tirar do sério. Mas agora, toda vez que eu fechava os olhos, era ela que eu via: o jeito que ela riu de mim de joelhos, as coxas brancas saindo daquele short jeans, o tom dela dizendo "pode levantar, súdito". Eu me odiava por isso, mas meu pau não dava a mínima pro que eu achava certo ou errado.
Os dias depois da festa foram um pesadelo. Meu pai e minha mãe — Carlos e Mônica, se você quer os nomes — voltaram do interior na segunda-feira, trazendo um monte de pamonha que ninguém pediu e falando sobre a tia chata deles como se eu ligasse. A casa voltou ao normal, mais ou menos. Papai passava o dia roncando no sofá ou saindo pra pegar um frete, e mamãe ficava no mercado até tarde, voltando com cara de quem queria matar alguém antes de desabar na frente da TV. Eu e Clara ficávamos sozinhos boa parte do tempo, e isso era o pior. Eu tentava ficar na minha, evitar ela o máximo que dava, mas era como se o universo tavasse me zoando, jogando ela na minha frente toda hora.
Na terça, eu tava no quarto, jogando videogame pra tentar esquecer a merda toda. Meu plano era simples: me afogar em Call of Duty até meu cérebro desligar. Mas aí a Clara entrou sem bater, como sempre, com aquele pijama velho que ela usa desde os 17 anos — um shortinho de algodão cinza que mal cobria a bunda e uma regata larga que caía de um lado, mostrando o ombro e um pedaço do sutiã. "Sai do sofá, João, eu quero ver Netflix", ela disse, jogando uma almofada em mim e rindo. Eu resmunguei um "vai se catar" e continuei jogando, mas ela se jogou do meu lado no sofá mesmo assim, as pernas roçando nas minhas por um segundo. Foi só um toque bobo, mas meu pau deu um salto na cueca como se eu tivesse visto ela pelada. "Caralho, João, se controla", eu pensei, cruzando as pernas rápido pra disfarçar.
— Tá jogando essa merda de novo? — ela perguntou, pegando o controle da minha mão e mudando pra Netflix sem nem me olhar. O cabelo dela caiu no meu rosto quando ela se inclinou, e aquele cheiro de perfume floral que mamãe deu pra ela no Natal me acertou em cheio.
— Você que é chata pra caralho — retruquei, tentando soar normal, mas minha voz saiu meio engasgada.
— Então me deixa ver meu filme em paz, punheteiro — ela disse, rindo de novo, e se ajeitou no sofá, jogando as pernas por cima do braço dele. O short subiu um pouco, mostrando mais daquelas coxas branquinhas, e eu senti o calor subindo pelo pescoço. Levantei rápido, murmurei um "vou pegar uma água" e saí da sala antes que ela percebesse o volume na minha calça.
Na cozinha, joguei água fria na cara e tentei me convencer de que isso era só uma fase idiota. "Você tá alto ainda daquela festa, João. É só isso. Vai passar." Mas eu sabia que era mentira. Aquela noite tinha plantado algo em mim, uma semente que eu não conseguia arrancar, e cada dia com ela por perto fazia essa merda crescer mais. Eu tava com medo do que eu podia fazer se não me controlasse, mas ao mesmo tempo, uma parte de mim — a parte mais suja, mais punheteira — queria ver até onde isso ia.
Na quarta, eu cheguei em casa morto do trampo. A loja tava um caos, um cliente chato pra caralho tinha me enchido o saco por causa de um cabo que não funcionava, e eu só queria tomar uma cerveja e apagar. Meu pai tava na estrada de novo, e mamãe tinha ido pro mercado, então a casa tava silenciosa quando entrei. Tirei os tênis na porta e vi a Clara na sala, deitada no sofá com o celular na mão, rolando o Instagram ou sei lá o quê. Ela tava com uma calça legging preta que marcava cada curva da bunda e das coxas, e uma blusa cropped que deixava a barriga lisinha à mostra. Meu pau reagiu na hora, e eu xinguei mentalmente enquanto jogava a mochila no chão.
— Chegou cedo hoje, hein — ela disse, sem tirar os olhos do celular, mas com um tom debochado que eu conhecia bem.
— Tô morto, Clara, não enche — respondi, indo pra cozinha pegar uma Brahma na geladeira.
— Tá de mau humor, punheteiro? — ela gritou da sala, rindo, e eu ouvi o sofá ranger quando ela levantou. Segundos depois, ela apareceu na porta da cozinha, ainda com o celular na mão, o cabelo preso num rabo de cavalo frouxo.
— Sempre — murmurei, abrindo a lata e tomando um gole longo, tentando não olhar pra ela por muito tempo. Mas era impossível. A legging abraçava as pernas dela de um jeito que parecia uma provocação, mesmo que eu soubesse que não era.
— Me ajuda com uma coisa, vai — ela disse, jogando o celular na mesa e se encostando no batente. — Minha prateleira caiu de novo, e eu não consigo levantar sozinha.
— Pede pro papai quando ele voltar — retruquei, mas já sabia que ela não ia desistir.
— Ele só chega amanhã, e eu não vou dormir com aquela merda no chão. Vai, João, não seja um inútil — ela insistiu, fazendo aquele biquinho que ela sabe que me irrita.
Eu suspirei alto, larguei a cerveja na pia e disse: — Tá, mas é rápido, hein.
Fui atrás dela pro quarto dela, que tava uma zona como sempre. Roupas jogadas na cadeira, um monte de tranqueira na cômoda, e a prateleira — aquela madeira vagabunda que meu pai pregou na parede anos atrás — caída num canto com umas caixas e enfeites espalhados. Ela se abaixou pra pegar as coisas, e o jeito que a legging esticou na bunda dela quase me fez largar a cerveja que eu ainda segurava. "Para com isso, João, porra", eu pensei, virando o rosto rápido e me abaixando pra ajudar.
— Você é um desastre, Clara — eu disse, tentando manter o tom leve, mas minha voz saiu meio tremida.
— E você é um preguiçoso, mas tá aqui me ajudando, né? — ela retrucou, rindo, e me deu um tapa de leve no ombro. O toque foi bobo, coisa de irmão, mas meu corpo reagiu como se ela tivesse me agarrado. Meu pau tava começando a endurecer de novo, e eu me sentei no chão rápido, fingindo que tava juntando as caixas pra disfarçar.
A gente levantou a prateleira juntos. Eu segurei a madeira enquanto ela tentava alinhar os pregos tortos na parede, subindo na ponta dos pés. A blusa cropped subiu, mostrando a cintura e um pedaço da barriga, e eu tava tão perto que sentia o calor do corpo dela. O perfume floral me acertou de novo, e meu coração disparou. "Isso é errado, João, para com essa porra", eu repetia na cabeça, mas meu pau não queria saber de moral.
— Tá bom assim? — ela perguntou, virando o rosto pra me olhar, ainda na ponta dos pés. Os olhos dela tavam a centímetros dos meus, e eu quase deixei a prateleira cair.
— Tá… tá ótimo — respondi, engolindo seco, e me afastei rápido assim que ela terminou. — Pronto, agora me deixa em paz.
Ela riu, balançando a cabeça. — Você é um grosso, sabia? Mas valeu, punheteiro.
— Vai se foder — murmurei, saindo do quarto com o coração na boca e uma ereção que eu mal conseguia esconder.
Voltei pro meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Tentei me controlar, juro que tentei. Pensei na Bia, na Mari, em qualquer outra mina que eu já tinha fantasiado. Mas minha mão foi pra dentro da cueca quase sem eu querer, e eu me deixei levar. Imaginei a Clara na ponta dos pés, a legging marcando a bunda, o jeito que ela me olhou tão de perto. Gozei em menos de dois minutos, gemendo baixo pra não fazer barulho, e depois fiquei ali, ofegante, com a culpa me comendo vivo. "Você é um lixo, João", eu pensei, esfregando o rosto com as mãos. Mas mesmo com o nojo de mim mesmo, eu sabia que tava começando a querer mais. Não só a punheta, mas ela. Minha irmã.
Naquela noite, enquanto mamãe roncava na sala e a Clara via TV no quarto dela, eu fiquei acordado, olhando pro teto. Meu pai ainda não tinha voltado, e a casa tava silenciosa demais pro meu gosto. A semente que a festa tinha plantado tava crescendo, e eu não sabia se queria arrancar ela ou deixar ela me engolir. Mas uma coisa eu tinha certeza: isso tava só começando.