O que ficou 9

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4093 palavras
Data: 21/04/2025 12:09:06

Rubens

Já sai mais de casa em duas semanas aqui do que normalmente saio em um mês normal estando em casa, nem quando com Mariano tinha uma rotina tão badalada, a verdade é que sempre pensei que sair de mais iria atrapalhar no meu trabalho, só que não podia estar mais enganado, uma ida pro Sítio ver o pôr do sol me garantiu muito mais energia para trabalhar do que os energéticos que costumo tomar.

Estou me sentindo menos estressado ultimamente e até menos deprimido, se estivesse sozinho no meu quarto quando Mariano me ligou teria sido muito diferente, não que eu não esteja pensando nessa ligação, mas pelo menos ela não me gerou uma crise de ansiedade, estou com minha cabeça no lugar e por incrível que pareça até fiz uma amiga — quem me conhece sabe o quanto isso é raro e difícil para mim.

— Rubens, você precisa provar essa cachaça — Gessika diz me entregando um pequeno copo de alumínio no formato de cabeça azul.

— Não sou chegado a beber.

— Deixa de besteira, te trouxe para um festival de cachaça — ela tem um ponto.

— Tá bom, você venceu — aceito o pequeno copo e depois de brindarmos viramos os dois nossas doses.

Não sou apreciador de bebida, tratamento, porém tenho que admitir que essa cachaça é boa, não desceu ardendo minha garganta, foi muito mais suave do que podia esperar. Felizmente bebida não é a única coisa que tem aqui, tem bastante opção de comida e a música é excelente, Antônio iria está curtindo se tivesse vindo, mas ele dormia tão profundamente, não quis acordá-lo, ainda mais do jeito que chegou ontem, ele realmente precisa dormir e descansar.

Bastou pensar um pouco no meu primo que me vem à mente a visão dele segurando seu pau com força enquanto posicionava sua cabecinha rosada na entrada do massageador, seu membro é ainda mais grosso do que imaginei, foi tão rápido, porém consegui gravar muito bem o que vi, nossa Antônio se masturbava de forma tão quente, queria ter sido eu a segura-lo daquele jeito, ou pelo menos ser que segurava o massageador enquanto ele o fodia com seu tesão máximo.

— Terra chamando Rubens — Gessika me arranca dos meus pensamentos profundos.

— Ah, oi desculpa, o que você estava dizendo?

— Falei pra gente ir provar aquele espetinho ali, você tá bem? — Gessika pergunta demonstrando um pouco de preocupação.

— Estou bem, só não sou acostumado a beber, só isso — digo mesmo não sendo verdade, pois a verdade é que a cena do Antônio batendo uma não sai mais da minha cabeça e ainda dormir agarradinho comigo.

— Um pena Antônio não ter conseguido vir — diz Gessika.

— Pois é, ele disse que tinha o aniversário do seu sogro, então não dava pra vir.

— Vamos pelo menos levar uma cachaça pra ele então.

— Gessika, essa é uma ótima ideia — digo.

— Só tenho ótimas ideias então pode ir se acostumado. Ela diz e ambos damos risada.

As horas parecem voar quando se está bebendo, Gessika me fez provar de quase tudo e agora minha mente está girando e girando, mas estranhamente isso me trás uma sensação boa, meu pai sempre dizia que a vida é única e que ela deve ser vivida com tudo que possa oferecer, Ben e Juh seguiram seu conselho, mas não foi assim comigo, eu planejei minha vida, como seria cada passo, acabava um curso e já sabia qual era o próximo.

Não me arrependo de ter vivido minha vida assim com tanta seriedade, afinal ganho meu salário em euro e só moro com minha mãe para ajudá-la melhor, mas tenho plena certeza de que consigo morar sozinho — bem o plano era morar com Mariano — e seguir com a vida, o problema é que sem perceber cai na metáfora do cachorro que sonha com o dia em que vai alcançar o carro — estou bêbado certeza, só assim para justificar todos esses pensamentos sem sentido.

— Amigo, não posso desviar minha atenção um segundo que você entra em órbita — Gessika se diverte com teu jeito bêbado desligado.

— Desculpa, estava pensando que durante minha vida toda nunca me permitiria viajar pra outra cidade e ficar bêbado com uma amiga que conheci a menos de uma semana.

— A vida tem dessa Rubens, a serra é mágica e seu poder pode mudar vidas, eu mesma já pensei em ir embora, mudar pra Fortaleza ou até mesmo para São Paulo.

— Mas esse é seu lugar — digo.

— Sim, aqui é meu lugar — Gessika, bate levemente os dedos em sua boca pensativa como se quisesse dizer mais alguma coisa.

— O que você quer me falar?

— Você devia ser advogado sendo perspicaz assim — ela brinca e então continua — vou te contar um segredo, mas não pode contar nem para o Antônio ouviu?

— Você guarda meu maior segredo já, pode me dizer qualquer coisa — respondo me referindo a minha sexualidade.

— Justo, bem quando eu conheci o Antônio eu fiquei louca por ele, eu não sabia que ele estava começando a sair com a Luana e até dei em cima dele — não esperava por essa — Luana jura pé junto que fiquei com ele antes deles namorarem série, mas não fiquei, a gente quase ficou, mas foi na festa em que ela resolveu assumir o namoro com ele para todos os amigos em comum.

— Não sei o até dizer — é tudo que sai da minha boca.

— Pois é, entrei na ong pra ficar perto dele, mas depois me apaixonei pelo trabalho e não larguei mais, só quero te dizer que eu sei bem como e Antônio pode ser magnético às vezes.

— Mas ele é fiel — completei.

— Fiel e totalmente sem juízo também — ela conclui.

Curtimos o festival mais um pouco, mas como não queríamos pegar a estrada a noite decidimos voltar para casa no final da tarde, estou desejando minha cama mais que tudo — na verdade é a cama do Antônio quero, mas melhor me acostumar a dormir no quarto dos meus avós mesmo, antes que de merda.

Mesmo insistindo para me deixarem na Br Gessika e seu Pai fazem questão de me deixar no portão de casa, no fim é até melhor pra mim. Me despeço deles e entro em casa, o Fuscão não está aqui então Antônio ainda não deve ter voltado do aniversário, queria que ele estivesse, mas de boas.

Estou meio tonto, por isso não costumo beber, não gosto de ficar assim nesse estado, assim que entro no quarto meu celular começa a tocar, é o número da Juh na tela, tem um tempo que nossas conversas tem sido curtas e objetivas, detesto ficar assim com ela, mas acho que a situação nos levou por esse caminho.

— Rubens, vou precisar de dinheiro pra comprar uma Neodia — ela diz com seu tom suave de quando está me pedindo algo.

— Cê tá doente? — Pergunto com a voz meio embargada.

— Bem, a intenção é evitar que você tenha um sobrinho ou uma sobrinha.

— Juh, que merda, porque não pede pro seu namorado? — Minha pergunta soa mais como uma dúvida do que uma crítica.

— Porque aí teria que explicar como posso está grávida se a gente não transa tem uns dias, nesse caso o dinheiro teria que ser para um teste e não para uma Pirula do dia Seguinte.

— Você transou sem camisinha com um estranho Julia? — digo com o tom um pouco mais elevado.

— Ele não é um estranho Rubens, só que é casado e a esposa dele cansada de tanto levar chifre monitora ele de todo jeito.

— Não todos aparentemente sobrou um ponto cego pra você né! — Agora estou me julgando.

— Aí Rubens se você quer reclamar me manda o dinheiro do remédio primeiro tá legal, não me meto na sua vida gostaria que não se metesse na minha.

— Fala sério Juh, o que você mais faz é se meter na minha vida, mas tá bom, vou mandar agora, não quero que a mamãe me ligue enchendo o saco de você ficar grávida de um desconhecido.

— Obrigado irmão, mas e você tá doente? Sua voz está estranha.

— Estou bem, é que bebi um pouco a mais hoje.

— Bebeu o que? — Ela me pergunta incrédula.

— Cachaça Julia, agora olha eu tenho que ir, quero dormir um pouco.

— Tá legal, só não esquece de fazer o Pix antes de dormir — ela insiste.

— Tá certo.

— Ah antes que eu esqueça, na próxima semana eu vou ter dois dias de folga e então vou pra aí, devo chegar na quinta à noite e fico até domingo.

— O que você vem fazer aqui? — A pergunta simplesmente saiu.

— Você está fazendo amigos e bebendo, preciso ver isso de perto Rubens — ela responde toda animada.

— Tá legal, te espero.

— Rubens é sério, coloque um lembrete no celular, pois se eu chegar e você não estiver me esperando vai se ver comigo.

— Sim senhora.

Depois dessa ligação vou para o banheiro, porém algo de errado acontece, sinto a água no meu rosto, mas aos poucos tudo vai ficando cinzento e nublado na minha mente, quando meus olhos tornam a abrir estou numa cama e não é a minha — droga eu vim pra cama do Antônio e nem sei como foi que cheguei aqui, olho ao redor e ele não está, vejo a hora e são duas da manhã.

Não faço ideia de onde meu celular está e nem consigo sair da cama, está frio pra caralho e até ouço barulho de chuva lá fora, aos poucos vou voltando a dormir quando me despertou com o barulho do Antônio entrando no quarto, seus dedos alcançam o interruptor de luz, mas ao perceber que estou dormindo em sua cama ele para e não acende, ao invés disso vejo sua sombra na penumbra do quarto tirando a camisa e a calça, ele usa uma cueca box preta linda de morrer em seu corpo, acho que ele pensa que estou dormindo.

Meu coração para de bater no instante em que Antônio tira sua cueca revelando seu corpo nu, porra ele é muito gostoso, fico meio bomba só por olhar seu corpo, ele veste uma bermuda moletom cinza e uma camiseta branca, depois ele deita na cama junto comigo, estou suando mesmo no frio, ainda mais quando sinto o calor do seu corpo me abraçando.

— Cê tá acordado? — Ele me pergunta baixinho.

— Estou, desculpa está na sua cama — dou um sinal de que vou levantar, mas ele me aperta no seu abraço.

— Relaxa, tá tudo bem — sua voz entrando não transmite o que ele fala.

— O que aconteceu? — Pergunto me virando para ficar de frente para ele.

— Nada, pode dormir.

— Antônio me fala, eu te conto tudo, pode acreditar em mim — minha voz ainda está um pouco embargada por causa da cachaça.

— Você bebeu?

— Um pouquinho só, mas não muda de assunto, o que aconteceu? — Pergunto de novo.

— Luana terminou comigo.

— Sinto muito, você só precisa dar um pouco de espaço pra ela e tenho certeza que vão se entender — tento deixá-lo mais tranquilo.

— Eu estou bem, não sei explicar, mas acho que foi o melhor a se fazer, não estávamos nos entendendo.

Em um movimento involuntário coloco a mão no seu rosto e meu coração acelera quando ele não me impede e sincera disso fecha os olhos e se permite sentir meu afago, sinto sua barba entre meus dedos, seu rosto é quente e macio, Antônio é um homem lindo e não só por sua beleza, seu jeito descontrair contratado com a seriedade de seus olhos, ele é uma pessoa com coração gigante e essa nem é sua melhor qualidade.

Minha respiração ofegante, sem perceber aproximo minha boca da dele e o beijo, puta que pariu, meu corpo inteiro pegou fogo com esse simples toque, mas meu torpor se transforma em um pânico genuíno, não devia ter beijado ele, mil coisas se formam na minha mente ao mesmo tempo, mas nenhuma delas parece fazer sentido, nossos lábios se afastar por pouco centímetros e então ele abre seus olhos, olhando diretamente nos meus, sinto o ar saindo do meu peito e então Antônio avança para cima de mim como um animal feroz capturando sua presa e me beija.

Seu beijo é quente e cheio de desejo e urgência, pensei tanto durante esses últimos dias em qual seria o gosto de sua boca e agora estou descobrindo, ele é doce, um doce meio amargo na medida certa, o peso do seu corpo sobre o meu reconfortante, sua língua se enroscava na minha como se eles tivessem sido feitas uma para a outra, até hoje pensei que essa história de encaixar o beijo era bobagem, porém depois do provar do beijo do Antônio, não consigo mais pensar assim pois seu beijo tem o encaixe do meu.

O seguro com tanta força pois não quero que ele se vá, Antônio me beija com tanta paixão e luxúria, nossos paus roçando um no outro mesmo que separados pelos tecidos de nossas roupas não diminui em nada o tesão que estou sentindo agora, nenhuma palavra é dita, não tem o que dizer, sei que qualquer coisa agora vai desfazer esse lindo sonho que estou tendo.

Antônio para de me beijar por um tempo e apenas me encara, mas não vejo arrependimento ou irá em seus olhos, só tem uma coisa nos olhos do Antônio é puro desejo, em um movimento mais que ousado enfio minha mão dentro da sua bermuda, o calor de seu pau na minha mão me faz tremer de tanto tesão, ele está duro feito pedra, não consigo mais soltar, com a ponta do dedo capturou seu pré gozo que escorre da cabeça rosinha do seu grande membro, é tão grosso que minha não nem consegue fechar segurando ele.

— Vai — é tudo que ele diz antes de me beijar de novo.

Deito ele na cama, me apoiando em um dos cotovelos beijo sua boca com meu corpo parcialmente em cima do seu, com a outra mão masturbo seu pau com agilidade e força, seus gemidos estão me deixando maluco, seu corpo dar leves espasmos em resposta aos seus movimentos, quero muito chupa ele, mas penso que isso seria um pouco de mais e não quero estragar o momento.

Ele lança um gemido maior e então seu pau começa a gozar, sujando seus barriga peluda e gostosa, os dedos dos pés se contorcendo e seus gemidos abafados pelo nosso beijo, nossa, nem sei se já senti tanto tesão assim na vida, isso foi louco, mas antes que eu pense que acabou ele segura minha nuca e me puxa para outro beijo, com outra mão ele abaixou minha bermuda revelando meu pau duro.

— Minha vez — Antônio segura meu pau e começa a me masturbar assim como fiz com ele agora a pouco, ele mal me toca e já me faz gozar, pois estou com tanto prazer que quase gozei só por esta batendo uma pra ele. Nós nos beijamos por mais um tempo, ainda sem falar nada.

Depois de um tempo ele foi ao banheiro para se limpar, aproveitei e fiz o mesmo no meu quarto, mas não tive coragem de voltar para o quarto dele depois disso ainda com o coração acelerado e sem saber o que fazer a seguir fico no quarto deitado na cama totalmente enrolado no lençol, queria muito que isso fosse apenas um sonho, pois assim não precisaria lhe encara depois disso, Antônio é hétero e eu simplesmente o ataquei, ele não se afastou em momento algum, ele até bateu uma pra mim, não consigo pensar em nada então apenas fico deitado esperando amanher, já que dormi eu sei que não vou conseguir.

O sol nasce e me obrigou a ir para a cozinha, preparei nosso café como tenho feito todas as manhãs, Antônio levantou de bom humor pelo menos, me deu bom dia como sempre faz e lanchou comigo, sinto que o assunto estava no ar, mas tive a sensação que ele queria que eu iniciasse a conversa.

— Antônio, me desculpe.

— Rubens, tá tudo bem, foi legal — encaro seus olhos em busca de algo mais.

— Você vai ver a Luana? — Estou me sentindo péssimo, pois ele namora.

— Não, ela deixou claro que não temos mais nada quando terminamos, vou tirar um tempo pra mim e pensar um pouco sobre tudo — Antônio diz refletindo sobre o assunto ao mesmo tempo em que me conta seu plano.

— É sobre ontem, também gostei — digo sentindo meu rosto corar.

Depois disso não falamos mais sobre o ocorrido, ele foi trabalhar e eu também, mesmo que seja difícil esquecer o que rolou ontem a noite, pelo menos eu tenho a habilidade de esquecer de tudo enquanto trabalho então é o que eu faço, me logo de cabeça no trabalho para tentar não pirar com o que aconteceu.

Antônio veio almoçar comigo e trouxe nossa comida, tive que voltar para o trabalho assim que terminei de comer, ele cuidou da louça e ficou em seu quarto descansando até ter que voltar ao trabalho, a noite chegou cedo e já tamos juntos uma pizza que pedi pra ele trazer, assim nosso dia se encerrou e por incrível que pareça as coisas não ficaram estranhas entre nós, porém nem um dos dois tocou no assunto de novo, a noite pensei em ir para seu quarto, mas achei melhor dormir no meu mesmo, ou pelo menos tentar dormir.

Na manhã seguinte as coisas já estavam cem por cento normais e nossa pegação ficou na minha mente apenas como um sonho bom, eu estava bêbado, ele estava mau com o término, acontece. Hoje estou mais focado no trabalho do que antes, assim não vou ter que ficar pensando no que pode ter sido o melhor sexo que já fiz, mesmo que para ele seja uma brotheragem qualquer pra mim significou alguma coisa e nem preciso da Gessika aqui me dizendo que me avisou que isso ia acontecer.

Na quarto acordei cedo e preparar nosso café, hoje Antônio vai para ong, até queria ir com ele, mas tenho trabalho a fazer, minha mente não para de pensar no que rolou, mas agradeço que ele esteja de boas com isso, se tivesse ficado um clima depois com certeza eu iria me trancar no escritório para nunca mais sair de lá.

— Bom dia — ele diz todo animado se sentando a mesa.

— Já reparei que você fica mais animado quando vai pra ong — digo e ele me recompensa com um lindo sorriso.

— Fica tão na cara assim — ele rir me faz rir também — mas falando sério eu gosto de trabalhar na clínica, só que na ong eu sinto que estou fazendo algo realmente importante.

— Muito admirável mesmo — digo — e me fala: você já viu a Luana?

— Não, mas uma amiga nossa em comum falou que ela já falou pra todo mundo que terminamos, acho que não tem volta depois disso.

— Você vai ficar bem — digo.

— Obrigado primo, agora preciso ir trabalhar, estava pensando você quer ir pro sítio mais tarde?

— Pode ser — respondo já tirando a mesa.

— Olha só, quem te viu, quem te ver.

— O que foi? — Antônio mesmo de bom humor hoje.

— Normalmente você coloca maior dificuldade antes de aceitar sair comigo.

— Não abusa Antônio, melhor você ir trabalhar antes que esse seu bom humor estrague o meu humor — ele sorrir ainda mais agora.

— Relaxa, já estou saindo, até mais tarde, a tia vai trazer seu almoço hoje, eu tenho duas cirurgias hoje não vou ter tempo de voltar em casa.

— Tranquilo — gosto de almoçar com ele, mas quando ele tem que trabalhar entendo, afinal ninguém é mais workaholic do que eu.

Antes de sair ele vem até onde estou e me abraça para se despedir, Antônio tem esse costume de abraçar e beijar as pessoas, já reparei que não é só comigo, ele é realmente carinhoso com todos, mas dessa vez ele me deu um selinho e saiu como se não fosse nada, estou atônito escorado na bancada da pia, não sei exatamente como reagir, vai ver ele só ia me dar um beijo na bochecha e acabou errando, não sei, só sei que ele fez isso e saiu.

Preciso sentar para trabalhar, não posso ficar pensando nisso agora, preciso focar em outras coisas, meu celular acende em cima da bancada indicando a chegada de uma nova mensagem, Juh comprou o remédio, menos mau, um problema a menos, isso me lembra que ela disse que vira passar o fim de semana aqui e pior ela chega amanhã, no meio do turbilhão de pensamentos nem lembrei de contar ao Antônio sobre isso, então mando mensagem para ele avisando logo.

Na hora do almoço tia Marli trás minha marmita assim como Antônio me falou que ela faria, ela chega toda sem jeito para me avisar que o almoço está na cozinha. Já tinha muitos anos que não vai a tia, ela é muito mais meiga e carinhosa do que me lembrava e como é a única tia que não tem marido e nem filhos ela se dedica inteiramente a cuidar da família toda.

— Tia a senhora já comeu?

— Ainda não Rubinho, trouxe logo o seu prato pra você comer enquanto tá quente.

— Oh tia, não precisava, vamos almoçar junto então — ela abre um sorriso lindo e cheio de brilho nos olhos.

— Não quero te atrapalhar menino.

— Atrapalha nada tia, vamos eu vou com a senhora e a gente come na sua casa.

O bom humor do Antônio me contagiou hoje, mas nunca vou admitir isso em voz alta, minha tia ficou toda animada e se achando quando as vizinhas me viram chegar com ela. A casa da tia Marli é simples, mas muito arrumada, ela tem capa feita de crochê para quase tudo pela casa, minha vó tem a mesma mania.

Ela tem uma horta no quintal que é umas plantas também, tia Marli tem chá pra tudo no mundo, ela é evangélica, só que tem uma mente muito aberta para a espiritualidade, minha mãe me disse que ela já foi uma rezadeira muito requisitada no inteiro, mas que hoje em dia ela aposentou esse ofício.

— Aqui Rubinho, um suco de abacaxi com hortelã, pode comer tudo que quiser filho.

— Obrigado tia.

— A Lucinda me emprestou o assadeira dela, menino tô besta que esse negócio não precisa de óleo, tô até pensando em ver na rua quanto é.

— É muito boa mesmo tia, para senhora que gosta de cozinhar.

— Eu gosto das minhas coisinhas feitas do meu jeito sabe Rubinho, mas de vez em quando a gente tem que se atualizar né, não ver o forno elétrico que seu irmão me deu ave Maria eu coloco o bolo nele, num instante fica pronto, menino é uma beleza.

A simplicidade da minha tia é admirável, ela só saiu do interior em pouquíssimas ocasiões, viveu a vida na roça e é uma pessoa muito feliz, mas deve ser solitário viver a vida assim, nunca tinha parado para pensar em quanto ela deve ficar só nessa casa, almoçar sozinha todos os dias, ainda mais agora que a vovó e o vovô estão fora.

Depois de comer — bastante por sinal — a tia ainda me deu um mousse de sobremesa — volto ao trabalho, pois quero está livre para ver o pôr do sol quando Antonio voltar do trabalho. Meu trabalho é fácil, desde que tenha foco no que estou fazendo, sério as coisas parecem conversar comigo, costumo dizer que os códigos me contam histórias, se você souber ler vai entender seu começo meio e fim.

Entendo mais disso aqui do que qualquer outra coisa, tipo sou capaz de achar um erro rapidamente em um código que se recusa a roda, mas não consigo entender o que foi o selinho que o Antônio me deu antes de ir trabalhar, não conversamos mais sobre o que rolou e nada mudou também, ele continua me tratando como sempre me tratou, a única coisa que mudou é que desde que ele terminou seu namoro tem estado mais leve, mas isso pode ser porque foi recente, não tem nem uma semana ainda.

Eu mesmo reagi na hora, mas ele pode ser diferente, porém diferente de mim ele não parece nem um pouco afim de voltar com ela, só se isso mudar quando sua ficha do término cair, espero que ele fique bem, levei meses pra começar a pensar em seguir com minha vida e ainda não sei o que vou fazer, Mariano era o plano, agora não tenho plano algum, pensando novamente em tia Marli ela é feliz, talvez eu seja como a tia, vou só cuidar dos meus irmãos na velhice e ser feliz sozinho.

— Será que um dia vou te superar Mariano? — Digo a mim mesmo em voz alta.

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Comentários

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Esse selando é mão amiga representa prazer e desejo sem julgamento.

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A relação do Antônio com o Rubens está numa evolução , os meios e receios saindo, desejos e amores vindo.

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Que delícia. Acho que o Antônio pode te ajudar e muito a superar o Mariano se é que já não superou. Tem que investir sem medo. Você arrasa na escrita do texto e concordo com o Jota quando diz que muitas pessoas devem ter ficado com a mão melada também. Ahahahahaha. Inclusive eu. Ansioso pelos próximos acontecimentos. Por favor retribua os selinhos.

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Excelente como sempre. Passei os últimos 7 dias visitando e atualizando seu perfil pelo menos 3x aos dia. Cheguei a cogitar uma desistência, mas felizmente não foi o caso. Ufa!

Estou bastante envolvido com esta nova narrativa, mais até do que estive com as outras de sua autoria. Não sei explicar o motivo, mas tem sido ótimo acompanhar cada capítulo.

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Opa, cara como falei aqui tô sem PC, mas estou tentando postar um por semana e nas semanas que de postar mais, pelo menos um por semana eu garanto.

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Leve o tempo que precisar. Sei que não é tão simples desenvolver e tals... Estaremos aqui quando estiver pronto!

Gratidão!

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Tenho um ranço da Irmã do Rubens, ainda sinto que ela vai fazer algo que vá machucar o Rubens, ela me parece o tipo de pessoa manipuladora e aproveitadora, que só é boa para alguém, enquanto esse alguém faz o que ela quer !!

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Será que a irmã irá dar em cima do Antônio mesmo sabendo que os dois estamos ficando?

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Rapaz, não me passou isso na cabeça...pensei mais em problemas futuros mesmo, mas é uma possibilidade, ela perceber(ou ele contar) que o irmão está a fim do Antônio e começar a se envolver ou dar em cima do Antônio.

Estou gostando muito desse conto, após o Ciço e Dan, Rubens e Antônio são um casal muito bonito de ser ler sobre !

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Adoro o envolvimento dos leitores do Rafa! Haha

Ele consegue deixar todos assim, doidos pelo próximo capítulo!

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Ahhhh... Eu entrando aqui e atualizando a página toda hora kkk

Tô viciado Rafa... Se eu pedir com muito carinho pra vc postar com mais frequência, vc faria, pora favorzinho. (Carinha de pidão) Rsrs

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Oi Raell, cara eu me desculpo por demorar, mas é que meu computador foi de base aí tá um pouco complicado esses dias, mas tô tentando pelo menos um por semana.

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Oiii Rafa... Só não vale desistir, que eu estarei aqui sofrendo por cada capítulo... Eu já li tudo seu que eu encontrei, tanto aqui nesse perfil, quanto no outro... Nossa, vc tem um escrita tão envolvente que eu não consigo mais ler nada aqui Mano... Que loucura

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Pra compensar minha ausência, tô aqui fazendo o primeiro comentário! Hehehe

Rafa, vc me deixou doido pra ver a visão do Antônio disso tudo. Pqp. Você sabe muito em cativar os leitores...e aposto que vários acabaram com a mão melada também, como os personagens. Hehehe

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