Segredos do Coração - Superando o Passado. Parte 22.

Um conto erótico de Ménage Literário
Categoria: Heterossexual
Contém 6048 palavras
Data: 07/04/2025 15:15:07

Celo fechou os olhos por um instante, antes de balançar a cabeça.

— Não é isso que você está pensando. Eu não quero um tempo. Eu não acredito nisso.

O olhar de Mari ficou confuso.

— Como assim?

Ele engoliu seco, sentindo a garganta apertada.

— Eu não posso te fazer esperar por mim, Mari. Isso não seria justo.

O coração dela pulou uma batida.

— Você está falando em divórcio?

Celo desviou o olhar.

— Eu não sei … — Admitiu, num sussurro.

As lágrimas que Mari vinha segurando, escaparam.

— Mas ... você me ama. Você acabou de dizer.

Ele estendeu a mão, tocando o rosto dela, limpando a lágrima que escorria.

— Eu amo. Até demais. — Ele confirmou, com a voz embargada. — Mas nós estamos juntos há tanto tempo ... Desde a faculdade. Eu nunca vivi uma vida adulta sem você. E eu preciso entender esse sentimento ... entender por que eu me sinto preterido, me sinto insuficiente ... se nós ainda somos a escolha certa.

— Celo, meu amor, você sabe que é mais do que suficiente.

— Sei mesmo? Depois do que nós passamos, você realmente acredita que eu me sinta suficiente? — Disse Celo, deixando claro o que estava sentindo.

E completou:

— Mari, uma pessoa muito inteligente me disse que o amor é o sentimento mais importante para um casal, e isso nós temos. Contudo, pode não ser o suficiente. Nós dois precisamos pensar e racionalizar o que queremos para a nossa vida. O que nos traz felicidade. O que nos faz ficar em paz. E, principalmente, o que nos faz sentir completos.

Mari sentiu o chão sumir.

— E se eu já souber essa resposta?

Celo a encarou, a dor visível em seu olhar.

— Então me dê tempo para eu descobrir a minha.

Mari fechou os olhos, o rosto molhado pelas lágrimas silenciosas.

Naquele momento, ela percebeu que nada do que dissesse poderia mudar a decisão dele. Ela o conhecia, sabia que estava decidido.

O silêncio se instalou entre os dois. Um silêncio que nunca havia sido tão doloroso.

Continuando:

Parte 22: “Às Vezes No Silêncio Da Noite”

A mudez pairou entre eles por longos segundos, pesando como um nevoeiro denso no cômodo. Celo desviou o olhar por um instante, encarando o vazio como quem procurava palavras no escuro. Então, respirou fundo e voltou a encará-la, com uma triste firmeza no olhar.

— Mari … eu preciso ser honesto com você. Não seria justo me calar agora. — Ele disse, com a voz baixa, rouca, como se cada palavra arranhasse sua garganta.

Ela apenas o olhou, olhos marejados, esperando o que viria a seguir, mesmo que parte dela, não estando preparada, já soubesse.

— Eu não quero te deixar esperando. Eu não quero alimentar esperanças enquanto dentro de mim tudo ainda está confuso, ferido. E eu te amo, Mari. Juro por tudo o que vivemos. Mas nesse momento … esse amor, sozinho, não me sustenta. Não me acalma. Ele me dói.

Celo engoliu em seco, aproximando-se um pouco, mas mantendo a distância que o próprio coração impunha.

— Eu não estou falando de “dar um tempo”, de um “vamos ver no que dá”. Porque eu não acredito nisso. Não para nós. Não depois de tudo. Não quero que você fique em espera, que pause a sua vida, por minha causa. Você não merece isso. Você nunca mereceu menos do que alguém inteiro ao seu lado.

Mari levou uma das mãos ao peito, como se tentasse conter a dor que latejava.

— Você está … me deixando? — Sussurrou, num fio de voz.

— Estou. — Celo disse, enfim. — E me odeio por isso. Mas seria ainda pior fingir que estou pronto quando não estou. Seria mais cruel alimentar essa incerteza em você.

Ele se aproximou mais, com cuidado, pegando as mãos dela entre as suas.

— Eu sei o que isso vai causar. Sei que estou quebrando algo que levamos anos construindo. Mas eu te respeito demais pra continuar vivendo esse casamento pela metade, Mari. E você também merece ser amada com plenitude, com certeza. Não com dúvidas e feridas abertas.

Mari fechou os olhos novamente, tentando conter as lágrimas, mas elas vieram. Silenciosas. Dolorosas. Incontroláveis.

— Eu só queria que fosse diferente … — Ela murmurou.

— Eu também. — Celo respondeu, com a voz embargada. — Mais do que tudo.

Por um instante, os dois ficaram ali, de mãos dadas, como se o toque fosse a última âncora entre eles. E talvez fosse.

Então, devagar, Celo soltou os dedos dela.

— Me perdoa — Ele disse, num sussurro.

E antes que a dor o fizesse desistir do que sabia ser necessário fazer, ele se afastou. Deixando para trás um pedaço de si mesmo.

O silêncio que se seguiu foi tão absoluto que os próprios ruídos da casa pareceram tímidos, receosos de incomodar aquele instante irreversível. Celo se afastou devagar, como se seus pés estivessem presos ao chão e, sem dizer mais nada, caminhou até o quarto.

Mari permaneceu imóvel, como se o mundo tivesse perdido o som. Apenas depois de alguns segundos, sentiu as pernas se moverem quase por instinto e o seguiu.

Ao entrar no quarto, encontrou Celo em frente ao armário, pegando algumas roupas e colocando dentro de uma pequena mala com movimentos ansiosos, mecânicos. Havia uma pressa contida, não pela urgência, mas pela dor de prolongar ainda mais aquele momento.

— Você não precisa fazer isso agora. — Mari implorou, a voz baixa, trêmula.

Celo continuou dobrando uma camiseta, sem responder de imediato.

— Você pode pensar com mais calma … — Ela insistiu, com os olhos suplicantes. — A gente pode conversar amanhã, depois … Não precisa ser agora, Celo

Ele parou. As mãos sobre a cama, os ombros tensionados.

— Se eu não for agora … não vou conseguir ir, Mari. — A voz dele saiu baixa, falhada. — E eu preciso ir. Preciso me afastar antes que minha culpa fale mais alto do que minha consciência.

Ela se aproximou devagar, os olhos marejados, e tocou o braço dele.

— E se você estiver se precipitando? Eu acredito em nós, Celo …

Celo fechou os olhos por um instante, sentindo o peso daquela pergunta. Então, virou-se para ela. Estava destruído e Mari via isso. O amor ainda estava ali, latente, mas doía mais do que aquecia.

— Eu pensei em tudo isso, acredite. Eu já imaginei mil vezes que posso estar cometendo um erro gigantesco. Mas o que seria mais errado … seria continuar aqui, sem conseguir estar inteiro pra você.

Ele pegou a mala e respirou fundo, hesitando. Mari olhou para a aliança em sua mão e, por impulso, segurou a dele.

— Você vai tirar? — Ela perguntou, quase em desespero.

Celo olhou para o anel. O símbolo de uma história que não cabia mais em palavras.

— Não hoje. — Respondeu, sem encará-la. — Eu ainda preciso acreditar que o que tivemos, não foi em vão.

Mari se resignou. As lágrimas agora corriam livres, sem controle. Ela o acompanhou até a porta, como se ainda esperasse que, a qualquer momento, ele mudasse de ideia.

Ao chegar à porta, ele hesitou novamente. Virou-se para ela uma última vez.

— Se cuida, Mari.

— Você também. — Ela respondeu, com a voz falhando. — E … se descobrir sua resposta, mesmo que doa, me conta, tá?

Ele assentiu, e os olhos se encheram d’água. Mas não disse mais nada. Virou-se e, enfim, partiu.

Mari permaneceu ali, sozinha, com o som da porta se fechando atrás dele ecoando pela sala como um ponto final mal colocado. Não sabia se era o fim definitivo. Só sabia que, naquele instante, doía como se fosse.

A porta se fechou, e com ela, o mundo de Mari desabou em silêncio. Nenhuma discussão, nenhum grito, nenhum escândalo. Só o som discreto do trinco, selando uma ausência que doía mais do que qualquer palavra.

Por alguns minutos, Mari permaneceu parada no mesmo lugar. Os olhos fixos na madeira da porta, como se, de alguma forma, ela pudesse se abrir de novo. Como se tudo aquilo tivesse sido um engano, uma encenação cruel do destino. Não era.

Ela voltou devagar para o quarto, sentindo o corpo pesar mais a cada passo. Os objetos pareciam os mesmos, mas tudo estava diferente. A pequena mala de viagem dele não estava mais ali. A ausência era visível, quase gritante. Na cômoda, o espaço onde Celo deixava o relógio agora parecia um buraco aberto no tempo.

Sentou-se na beira da cama e só então permitiu que o choro viesse com força. Não o choro controlado de antes, que ainda buscava manter alguma dignidade, e sim um choro bruto, sem freios, vindo das entranhas. O tipo de dor que não se explica. Que só se sente.

Olhou para o travesseiro ao lado do seu. Ainda estava intocado, com o cheiro dele. Puxou para perto, abraçou com força, e se deitou ali, em posição fetal. Como se pudesse, de alguma forma, aquecer o vazio.

A noite foi longa. O silêncio da casa parecia zombar dela. Cada pequeno som — o tic-tac do relógio da cozinha, o motor da geladeira, os carros passando ao longe — ecoava como se estivesse em um vácuo.

Ela não ligou para ninguém. Não quis conselhos, não quis pena, não quis amigos. Não queria ouvir palavras de conforto. Não naquela noite. Naquela noite, ela precisava sentir. Precisava doer. Precisava entender que, sim, Celo tinha ido embora.

Na madrugada, se levantou e andou pela casa como um fantasma. Tocou o encosto da cadeira onde ele costumava se sentar para tocar violão. Passou a mão pela camisa dele esquecida no cesto de roupa suja, como se fosse uma relíquia. Depois, sentou-se no chão da sala, sozinha, olhando para o nada. E ficou ali. Por horas. Imóvel. O pranto lento e insistente.

Pela primeira vez em muitos anos, Mari dormiu sozinha. Não porque Celo estava viajando, nem porque brigaram. Mas porque ele tinha ido embora. Ele escolheu ir e ela não conseguiu convencê-lo do contrário.

{…}

Algumas horas antes:

Celo caminhou em silêncio até o carro, sentindo cada passo pesar como se arrastasse correntes invisíveis. As lágrimas de Mari ainda estavam frescas em sua memória, assim como o toque delicado das mãos dela tentando segurá-lo por mais um segundo. Mas ele não olhou para trás. Não porque não quisesse, e sim porque sabia que, se o fizesse, talvez não tivesse forças para continuar.

Dirigiu sem rumo por algumas poucas horas, até se obrigar a parar em um hotel de médio porte, executivo, discreto, mas confortável. Um lugar neutro, sem memórias. Queria evitar qualquer familiaridade, qualquer lembrança que pudesse provocar ainda mais dor. Mas foi inútil.

No quarto, largou a mala no chão e caiu sentado na cama. O quarto era silencioso, limpo e impessoal. Nada que lembrasse a casa que dividia com Mari. Nada que lembrasse o cheiro do travesseiro dela, os chinelos virados no pé da cama, os fios de cabelo perdidos no lençol.

Abriu a janela e olhou para a cidade que não parava. Imóvel ali, feito um homem à deriva, sentiu um buraco no peito que não conseguia descrever. Foi então que se lembrou das palavras de seu Zé, ditas com aquele jeito calmo, quase profético:

“Talvez você precise ficar sozinho um pouco. Não sozinho de tudo, mas sem a Mari. Experimentar a vida sem ela por perto. Ver como é. Quando a gente tá muito dentro de uma coisa, perde a perspectiva. Um afastamento pode te ajudar a enxergar com mais clareza”.

Na hora, ele não deu muita importância. Mas agora, ali, sozinho, tudo fazia sentido. Ele precisava do silêncio. Precisava entender o que havia se tornado. Precisava encarar sua dor, sua mágoa, e até mesmo sua culpa.

Se jogou na cama, encarando o teto. A mente rodava em círculos, revivendo cenas como um filme cruel: O riso da Mari. As pequenas manias. As promessas trocadas. Os erros cometidos. E o momento em que disse a ela que não queria que esperasse por ele. Doeu mais dizer do que ouvir.

Virou de lado, encolhido, os olhos fixos na parede branca. E então a dor transbordou. Chorou como não chorava desde a juventude. Um choro surdo, abafado, feito criança que não sabe onde é sua casa.

Celo não dormiu naquela noite. Ou, se dormiu, foi por lapsos, entre suspiros e imagens da vida que tinha deixado para trás. Sentia-se um estranho. Um homem ferido tentando se curar com silêncio e distância.

Mas, apesar da dor ... havia algo ali. Um fio tênue, quase invisível, de esperança. De que talvez, só talvez, aquele remédio amargo realmente tivesse algum efeito.

{…}

Alguns dias depois:

Luciana olhou novamente para a tela do celular. Duas mensagens não visualizadas. Ela conhecia bem a Mari e sabia que algo estava errado. Faltar a sessão, sem nenhuma justificativa, não era do feitio da amiga.

A terapeuta sentiu que precisava agir. Não era só preocupação profissional, era afeto também. Sabia o quanto o casal estava lutando para manter-se de pé.

Ao estacionar o carro em frente à casa do casal, o dia já dava sinais de esmorecer. Bateu na porta com firmeza, mas sem agressividade.

— Mari? Celo? — Chamou.

Silêncio.

Insistiu mais uma vez, esperou, tentou o interfone, mandou novas mensagens.

Nada.

Chegou a ir até uma das janelas laterais, forçando o olhar entre as frestas da cortina. Tudo escuro, fechado, quieto demais. Luciana suspirou, aflita. Pegou o celular novamente e, antes de entrar no carro, gravou uma mensagem de voz para a filha do casal:

"Oi, querida … desculpa te incomodar assim, mas seus pais faltaram à sessão essa semana, o que não é comum. Eu vim até a casa deles agora, bati, chamei, mandei mensagens … e ninguém respondeu. Tô preocupada. Se você tiver notícias, me avisa? Beijo".

Ela partiu com o coração apertado, já intuindo que alguma coisa séria havia acontecido.

Mais tarde, naquela mesma noite, a filha de Mari e Celo ouviu a mensagem e seu estômago gelou. Tentou ligar para a mãe, mas também não teve resposta. Tentou o pai, a mesma coisa. Sem pensar duas vezes, pegou o carro e seguiu até a casa onde viveu a sua infância, temendo o que encontraria. Foi uma viagem longa e exaustiva, pois fazia faculdade em outro estado.

A porta rangeu suavemente ao se abrir. A garota entrou com passos cautelosos, o coração acelerado. A casa estava mergulhada num silêncio sufocante, um cheiro estranho de sujeira, diferente de tudo que se lembrava e estava acostumada.

Chamou pela mãe em voz baixa, mas não houve resposta. Tudo parecia parado no tempo.

— Mãe? Pai? — Chamou novamente.

Subiu as escadas devagar, como se algo invisível a puxasse para trás. Quando chegou ao quarto, encontrou Mari sentada na beirada da cama, com o olhar perdido na parede oposta. O cabelo desalinhado, o rosto pálido, olhos inchados e fundos. Mari estava ali … e ao mesmo tempo, não estava.

— Mãe ...? O que aconteceu? Mãe?

Mari piscou algumas vezes antes de virar o rosto, como se tivesse acabado de acordar de um sonho ruim, ou de um pesadelo sem fim.

— Filha ...? — Mari murmurou, com a voz embargada, como se fosse difícil até pronunciar uma única palavra.

A garota correu até ela, se agachando à sua frente, segurando-lhe as mãos.

— Mãe, o que aconteceu? Por que você sumiu assim? A Dra. Luciana, sua terapeuta, me mandou mensagem, disse que esteve aqui e você não atendeu. Eu fiquei apavorada ...

Mari demorou para responder. Fechou os olhos e as lágrimas escorreram silenciosas.

— Ele foi embora ... — Sussurrou.

— Quem, mãe?

— Seu pai … — A voz quebrou no meio da frase. — Ele … ele se foi.

A filha arregalou os olhos, surpresa, o peito apertado.

— Como assim? Vocês brigaram?

Mari balançou a cabeça, confirmando, e logo desabou:

— Não foi uma briga qualquer. Foi ... foi o fim. — Ela cobriu o rosto com as mãos. — Ele disse que me ama, mas que não sabe mais se é suficiente. Que precisa ficar longe, precisa entender quem ele é, o que quer da vida ... Disse que não é justo me deixar esperando, então ... foi embora. Simples assim.

A filha a abraçou apertado, sentindo a mãe tremer contra o próprio peito.

— Ele não foi embora, “simples assim”, mãe. Não fala isso. Eu conheço o papai. Se ele saiu, é porque também está sofrendo.

— Eu tentei, meu amor … tentei tanto. Mas ele estava decidido. Disse que nos amava, mas que isso não bastava mais. — Mari se afastou um pouco, com os olhos marejados. — Eu sinto como se tivesse sido arrancada de mim mesma. Eu não sei como continuar sem ele.

— Você vai conseguir, mãe, mas não precisa fazer isso sozinha. Eu tô aqui. A gente vai enfrentar isso juntas, tá?

Mari chorou ainda mais forte, agora acolhida nos braços da filha. Um pranto doído, desesperado, o tipo de dor que só se sente quando se perde um amor que se acreditava ser eterno.

— Eu não sei quem eu sou sem ele ... — Mari confessou. — ... a casa está vazia. O mundo está vazio. Eu estou vazia.

A filha a segurou com mais força.

— Então vamos te reconstruir, passo a passo. E, se ele tiver que voltar, ele vai voltar. Mas agora ... você precisa se reencontrar primeiro, mãe. Eu vou te ajudar.

E ali, no meio da dor e do caos, Mari sentiu um pequeno fio de esperança. Ainda tênue, ainda frágil, mas real.

Nos dias que se seguiram, a filha de Mari decidiu permanecer ali. Ela não disse nada com todas as letras, mas Mari sabia que não era uma visita. Era permanência. Era amor.

A jovem tomava conta da casa em silêncio, preparava o café da manhã simples, abria as janelas, tentava devolver alguma vida àquele espaço onde a tristeza havia se instalado com força.

Mari, ainda mergulhada no luto da separação, oscilava entre momentos de desabafo e um silêncio quase absoluto. Mas ainda era incapaz de ser totalmente honesta com a filha. Já não se escondia dela, e aquilo era um começo.

Certa manhã, a filha entrou no quarto com uma bandeja. Pão com queijo, café com leite e mamão cortado, do jeito que Mari gostava. Só então ela se deu conta de que aquele era o jeito do pai fazer o café.

— Desculpa, mãe … é que aprendi assim, do jeito …

Mari sorriu, surpresa consigo mesma por perceber que ainda era capaz de sorrir.

— Tá tudo bem, filha. Obrigada. Tá do jeitinho que eu gosto.

Mari sentou-se devagar e começou a comer aos poucos. A filha sentou-se ao lado da cama, observando-a com ternura.

— Mãe … você já pensou em ligar para a Luciana?

Mari suspirou fundo, baixando os olhos.

— Não. Não tenho forças nem pra ouvir a voz dela. Sei que ela vai ser sensata, vai me dizer tudo que eu já sei … e eu ainda não tô pronta pra ouvir.

A filha aceitou, compreensiva. Depois pegou a mão da mãe.

— Então, tudo bem. Mas você vai precisar se levantar, um pouquinho que seja. Podemos sair só pra tomar um sol. Uma caminhada curta. Só eu e você.

Mari hesitou, mas não disse “não”.

— Vai doer do mesmo jeito, lá fora ou aqui dentro … — Ela resmungou.

— Então, que doa com vento no rosto. — Respondeu a filha, com doçura.

Foi nesse dia que Mari, pela primeira vez desde a partida de Celo, trocou o pijama por uma roupa de sair. Ela ainda chorava, ainda tremia, mas caminhou ao lado da filha pelas ruas próximas, como se, passo a passo, fosse tentando reaprender a viver.

Ali, entre a dor e a tentativa, começava a germinar algo que nem ela mesma sabia nomear: talvez coragem, talvez recomeço.

Os dias seguintes foram um exercício de sobrevivência para Mari e a dor ocupava cada canto da casa. Mas aos poucos, muito aos poucos, ela começou a responder à insistência da filha, que permanecera firme ao seu lado desde aquela noite.

Primeiro, foram caminhadas curtas pelo quarteirão. Depois, almoços tímidos fora de casa. Nada grandioso, nada planejado. Apenas tentativas de respirar.

Luciana, sua amiga e terapeuta, conseguiu se aproximar novamente, mas não forçava conversas profundas. Sabia que, naquele momento, palavras demais poderiam ferir mais do que curar.

As sessões, agora caseiras, antes intensas e carregadas de emoções, tornaram-se quase burocráticas. Mari respondia de forma contida, sempre desviando o olhar, como se não tivesse energia para mergulhar em si mesma.

Numa tarde de sábado, sentadas lado a lado num banco de praça, Luciana rompeu o silêncio com um tom leve, mas firme:

— Talvez a gente precise parar um pouco com a terapia ... Não que você não precise de ajuda, mas talvez o que você mais precise agora é de uma amiga. Só isso.

Mari demorou um pouco para responder, encarando os próprios joelhos.

— E se eu não souber como ser amiga nesse momento?

— Então a gente aprende juntas. Eu trago o vinho, você escolhe a comida.

Foi o começo de algo novo. Sem pressão, sem expectativas. Luciana passou a frequentar mais a casa, não como profissional, mas como uma velha amiga que conhecia suas dores mais profundas e ainda assim ficava. E, sempre que possível, a filha se juntava a elas. Era a maneira que encontraram de criar pequenos momentos de normalidade em meio ao caos interno.

Mais adiante, e com muita insistência, Mari aceitou convites para sair à noite. Bares aconchegantes, música boa, drinques elaborados, risos contidos. Em cada mesa, olhares cruzavam o caminho de Mari, insinuantes, curiosos, respeitosamente persistentes.

Ela percebia, claro que percebia, mas desviava o olhar, educadamente. Recusava aproximações com um sorriso gentil. Ainda que o incentivo viesse da amiga, e que o olhar da filha, cúmplice e compreensivo, dissesse que ela poderia tentar ... Mari ainda não conseguia.

Era como se seu coração tivesse fechado as portas, e a chave, por enquanto, estivesse perdida dentro de alguma dor não nomeada. Ela queria voltar a ser leve. Queria sorrir de verdade. Mas não queria fingir. E, no fundo, todos à sua volta sabiam: ela ainda amava Celo, e esperava por ele, mesmo que ele não desse notícias ou esperança.

Por ora, sair era uma forma de lembrar que o mundo ainda girava. Que ela ainda existia fora da dor. Mesmo que o peito ainda doesse. Mesmo que, ao voltar para casa, ela ainda olhasse para o lado vazio da cama e sentisse tudo desabar de novo.

Mas estava tentando. E isso, por si só, já era um recomeço.

{…}

A luz do sol filtrada pelas cortinas banhava o quarto de um dourado suave, mas o calor que realmente dominava o ambiente vinha de dentro da cama, onde Anna e Cora estavam entrelaçadas, e cada movimento era repleto de desejo e entrega. Anna, com seus cabelos desalinhados e um sorriso de quem sabia exatamente o que queria, estava por cima de Cora, seus dedos traçando padrões lentos na pele nua da parceira e amiga.

— Você é tão safada, sabia? — Anna sussurrou, a voz rouca e cheia de provocação, enquanto sua mão descia em direção ao meio das coxas de Cora. — Toda vez que eu toco em você, sua buceta fica mais molhada. Adoro isso.

Cora arqueou levemente as costas, um gemido escapando de seus lábios.

— Anna … Não para …

— Oh, mas eu vou parar … — Anna murmurou, retirando a mão abruptamente, deixando Cora suspirando de frustração. — A menos que você me peça direito.

— Por favor … — Cora não conseguia disfarçar o desejo em sua voz, os olhos fechados e o rosto corado. — ... Anna, por favor, continua. Eu imploro.

Anna sorriu, uma expressão de triunfo nos lábios, e deslizou os dedos de volta, desta vez diretamente no grelo de Cora, que estava inchado de tesão.

— Aqui, putinha. Isso é o que você quer, não é?

Cora gemeu alto, as pernas tremendo involuntariamente, enquanto os dedos de Anna trabalhavam em um ritmo lento, mas constante.

— Sim … isso … — Ela suspirou, as palavras saindo entrecortadas.

— Você é muito vadia. — Anna continuou, com a voz baixa, cheia de provocação. — Muito piranha.

— Sou mesmo … adoro … — Cora mal conseguia formar as palavras, o prazer tomando conta de seu corpo.

Anna então mudou o ritmo, pressionando mais forte e mais rápido, fazendo com que Cora arqueasse ainda mais na cama, os gemidos aumentando em volume, gemendo alto.

— Ah, cacete … assim é covardia …

— Isso, grita para mim. Eu quero ouvir você, sua putinha. — Anna a estimulou.

— Anna! Bem aí … assim … — Cora gritou, com os dedos de Anna atingindo cada ponto sensível de seu corpo, levando-a a um orgasmo que parecia não terminar. — Incrível … delícia … não para … tô gozando … Ahhhh ….

Cora desmontou sobre a cama, a respiração rápida, tentando recuperar o fôlego. Ainda não tinha terminado. Enquanto Cora se recuperava, Anna se inclinou para frente, colocando os lábios perto do ouvido da parceira.

— Você é toda minha, Cora. E eu vou te fazer sentir isso de novo.

— Eu sou toda sua … Faz o que quiser comigo … — Cora repetiu, a voz ainda trêmula, mas carregada de submissão.

Com um sorriso vitorioso, Anna começou a descer pelo corpo de Cora, os lábios encontrando a pele quente e macia, beijando e mordiscando suavemente, até chegar entre suas pernas. Sem hesitação, ela colocou a boca no grelo protuberante de Cora, sensível pelo orgasmo recente, chupando e lambendo com uma intensidade que fez a parceira gemer novamente.

— Anna … assim … Ahhhhhh … — Cora gemeu mais alto, as mãos agarrando os lençóis.

— Você adora isso, não adora? — Anna perguntou, levantando brevemente a cabeça para olhar nos olhos de Cora. — Putinha greluda, buceta gostosa.

— Eu adoro … — Cora respondeu, a voz quase um sussurro, antes de Anna mergulhar de volta, com ainda mais intensidade.

— Eu vou te fazer gozar de novo … — Anna prometeu. — E quando eu terminar, você não vai conseguir andar.

Cora tentou responder, mas as palavras se perderam em um gemido suave quando Anna deslizou a mão entre suas pernas novamente, os dedos explorando devagar, como se estivessem redescobrindo cada centímetro daquela buceta que ainda tremia.

— Você já tá me pedindo mais? — Anna provocou, explorando o quanto Cora ainda estava sensível. — Minha putinha é tão insaciável …

— Você … faz isso comigo … — Cora respondeu, a voz tremendo, mas com um tom ousado de provocação. — É você que me transforma em puta … todos vocês …

Anna riu, fazendo Cora estremecer novamente.

— E você ama cada segundo disso, não ama? — Perguntou, os dedos se movendo um pouco mais rápido, um pouco mais firme, enquanto os lábios encontravam os de Cora em um beijo profundo e devorador.

Cora não respondeu, não precisava. O gemido que escapou de sua garganta foi suficiente para contar a história. E, enquanto Anna continuava a explorar seu corpo, ela sabia que aquela manhã ainda estava longe de terminar.

— Goza de novo pra mim, piranha. Essa buceta melada está pulsando na minha boca e nos meus dedos. — Anna aumentou novamente o ritmo.

E, antes que Cora pudesse responder, Anna já estava movendo-se entre suas pernas com mais perícia, a língua acariciando o clitóris com precisão, fazendo Cora gritar cada vez mais alto. Era demais … Tão bom … Tão intenso … E, enquanto a onda de prazer incendiava entre as duas, Cora soube que Anna ia cumprir sua promessa.

— Puta que pariu … tô gozando de novo … Ahhhhh … caralho, sua safada … tá acabando comigo … Ahhhhh …

O quarto ainda exalava um cheiro doce de prazer e vinho. Os lençóis amarrotados, o som abafado do jazz ao fundo e a luz tênue que entrava pelo vão das cortinas, compunha o cenário de mais uma noite e manhã de liberdade compartilhada entre amigas que se conheciam profundamente — em todos os sentidos.

Anna estava deitada de lado, com um sorriso preguiçoso no rosto. Cora, ao seu lado, ainda abraçava o travesseiro como se precisasse de algo para se ancorar.

— Você sempre foi péssima em fingir que está relaxada … — Provocou Cora, rindo baixo. — Tô vendo esse olhar pensativo faz minutos ...

Anna suspirou, levando a mão ao rosto e depois ao peito de Cora, num gesto carinhoso.

— É que ... eu não consigo mais fingir que tá tudo bem. A gente seguiu em frente, né? Você e o Giba, Chris e Fabi, eu e o Paul, mas tem uma parte de mim que ainda sente que ficou um buraco ali. Um silêncio que a gente deixou crescer tempo demais.

Cora ficou séria. Sentou-se devagar na cama, puxando o lençol até a cintura.

— Mari e Celo?

Anna assentiu. Seus olhos brilharam com uma mistura de ansiedade e culpa.

— Meses, Cora ... Há meses não temos mais nenhuma notícia. Nem um “oi”. Eu me pego pensando neles o tempo todo ... Não como antes, não com desejo. Mas com carinho, com preocupação. Nossa história com Mari e Celo, tudo que eles passaram ... Eu não sei, sinto que algo está errado.

Cora a observou por um momento, depois passou os dedos de leve pelos cabelos de Anna.

— Você ainda se culpa? Talvez eles só tenham repensado tudo, se afastado, entendendo que não era o estilo de vida que eles queriam.

— Não é isso. É só … uma intuição. — Respondeu Anna. — Mas me pergunto se a gente poderia ter feito diferente. Ter ajudado mais. Ter ficado mais próximos.

— E Paul?

Anna sorriu de forma triste.

— Paul vive adiando a conversa com o Celo. Diz que quer procurar, pedir desculpas de novo, de verdade, mas sempre acha uma desculpa … Eu entendo. Acho que ele tem medo de encarar a dor que causou. E se tem alguém que conhece o coração do Paul, essa sou eu. Ele tá sofrendo também, se retraiu por um tempo, mas agora é só orgulhoso demais pra admitir. Mas eu ... eu não quero mais esperar por ele.

Cora inclinou a cabeça, apoiando o queixo nos joelhos.

— Vai até a Mari?

— Sim. Eu não sei como ela vai me receber, talvez me mande embora, talvez nem me escute, mas eu preciso tentar. Preciso olhar nos olhos dela e dizer que sentimos muito. Que ela não tá sozinha. Que, se ela quiser, a gente ainda pode ser amigas. Recomeçar, sei lá.

Cora estendeu a mão e entrelaçou os dedos nos dela.

— Então vai. Se alguém pode alcançar a Mari, é você. Você tem esse dom de tocar as pessoas, mesmo quando nem percebe.

Anna sorriu, emocionada, e se aproximou para um beijo terno.

— Obrigada, amiga.

— E quando você voltar ... a gente continua, de onde parou — Sussurrou Cora, com um sorriso maroto, antes de puxar Anna de volta para os lençóis.

Mas, mesmo envolta em carícias e calor, o pensamento de Anna já estava longe. Em outra casa, outra mulher. Uma amiga que, mesmo distante, ainda habitava um lugar importante no seu coração.

Apressada, Anna tomou banho e se arrumou. Nada muito chique, apenas uma roupa casual e, em pouco menos de meia hora, chegou ao seu destino, estacionando em frente à casa com o coração acelerado.

Os meses de distância pesavam mais naquele momento, diante daquela porta familiar. Ela respirou fundo, ajeitou os cabelos e tocou a campainha. Esperou. Quase desistiu. Mas então a porta se abriu.

Mari surgiu com o rosto limpo de maquiagem, os cabelos presos de qualquer jeito e um moletom largo. O olhar era de cansaço, surpresa, mostrando mais educação do que afeto.

— Oi, Anna. — Mari disse, num tom neutro, quase mecânico.

— Oi, Mari ... Eu ... posso entrar?

Mari hesitou por um segundo, depois abriu espaço.

— Claro.

Anna entrou, tentando conter a vontade de abraçá-la. Sentou-se no sofá apenas quando Mari indicou com um gesto. O silêncio entre as duas era espesso, desconfortável.

— Você tá bem? — Arriscou Anna.

— Tô — Respondeu Mari, seca.

Anna tentou mais uma vez:

— Sua filha me parece forte. Vi ela saindo enquanto estacionava …

Mari apenas balançou a cabeça. Anna soltou um suspiro, sentindo a dificuldade daquela conversa.

— Mari, eu não vim aqui pra invadir seu espaço ... Só senti que já passou tempo demais. E eu não poderia mais ignorar o quanto você faz falta. Eu sinto muito, por tudo. Por ter sumido, por ter me afastado quando você mais precisava. Eu deveria ter vindo antes.

Mari finalmente levantou os olhos e, por um momento, algo amoleceu em seu rosto. Mas logo ela voltou a se proteger atrás da rigidez.

— Celo foi embora.

Anna ficou em silêncio, digerindo a frase.

— O quê?

— Ele saiu de casa. Disse que precisava entender o que queria da vida. E eu... — Mari engoliu seco. — ... Eu não tive forças para impedir. Eu só ... fiquei.

Anna se aproximou um pouco, mais pelo instinto do que pela permissão.

— Mari, eu sinto muito. De verdade. E eu sei que talvez agora não pareça importante, mas você não tá sozinha. Eu tô aqui. Não como cobrança, não pra pedir nada. Só ... pra estar com você, se você quiser.

Mari a encarou por um instante longo demais e então desviou o olhar.

— Eu sei que você tá aqui. Mas eu não tenho energia pra isso, Anna. Pra lidar com mais ninguém. Não agora.

Anna se afastou, devagar, compreendendo.

— Tudo bem ... Eu só queria que você soubesse. Eu não vou desistir de você. Nem como amiga, nem como alguém que ainda se importa.

O silêncio voltou, agora menos áspero, mas ainda dolorido. Anna se levantou, entendendo que aquela era a hora de ir.

— Eu vou indo, mas, se um dia você quiser conversar, ou só ... se sentar em silêncio com alguém, me chama, tá?

Mari não respondeu. Apenas caminhou até a porta e a abriu com delicadeza.

Anna saiu, mas ao chegar no carro, parou por um momento com as mãos no volante. Olhou para a casa mais uma vez, engolindo a angústia que subia.

“Ela ainda tá lá. Enterrada debaixo da dor, mas tá lá. Talvez …”

Então ligou o motor e foi embora, levando com ela a certeza de que aquela visita fora apenas o primeiro passo. E que ela não desistiria.

Ainda mais ansiosa do que quando chegou, a tristeza acompanhou Anna pelo caminho de volta. Sem perceber, dirigiu no piloto automático e, quando se deu conta, estava parada em frente a empresa do marido.

O escritório de Paul era silencioso àquela hora da tarde, logo após o almoço. A luz morna do sol entrava pelas persianas parcialmente fechadas, lançando listras suaves sobre a mesa de madeira. Paul digitava concentrado, mas ao ver a figura de Anna surgir à porta, parou imediatamente.

— Amor? Aconteceu alguma coisa? — Ele se levantou, caminhando até ela com a testa franzida de preocupação. — Você tá pálida ...

— Tô bem. Quer dizer ... mais ou menos. — Anna respondeu, a voz embargada.

Ele a guiou até o sofá, pegou um copo d’água e entregou para ela. Anna tomou pequenos goles, respirou fundo, e então soltou:

— Mari e Celo se separaram.

Paul paralisou. Ficou de pé por alguns segundos, tentando processar a notícia, antes de se sentar lentamente, como se as pernas tivessem perdido a força.

— Não ... — Balançou a cabeça. — Isso não é possível.

— Eu estive com a Mari agora há pouco. Ela ... Ela não falou muito, mas tá devastada, Paul. Completamente destruída.

Paul passou as mãos pelo rosto, sentando-se ao lado da esposa, depois apoiou os cotovelos nos joelhos e baixou a cabeça.

— Isso ... isso foi por nossa causa? — Sussurrou, quase com medo da resposta.

— Eu não sei … — Respondeu Anna com sinceridade. — Talvez tenha sido só o estopim. Talvez eles já estivessem frágeis, mas sim, a gente teve nossa parcela nisso. E a verdade é que, desde aquele dia, eu me afastei. Me escondi na culpa, na vergonha. E agora ... agora eu tô vendo que isso só deixou tudo pior.

Paul olhou para ela com os olhos vermelhos, a voz falhando:

— Eu queria ter feito diferente. Queria ter enfrentado aquilo de outro jeito. Mas eu ... eu tava tão envergonhado, Anna. De mim mesmo. Do que causei. E aí fui adiando. Empurrando com a barriga.

Anna assentiu, triste:

— Eu também. E agora que tudo desabou, eu fico me perguntando se a gente poderia ter feito alguma diferença ... se tivesse chegado antes.

Paul ficou em silêncio por um instante, como se pesasse cada palavra antes de dizer:

— Eu não sei se a gente pode consertar alguma coisa, Anna. De verdade, não sei. Mas acho que ... talvez ainda dê pra mostrar que a gente se importa. Que a gente tá aqui. Mesmo que seja tarde demais.

Anna o olhou nos olhos, os dois compartilhando a mesma dor silenciosa.

— Você acha mesmo que ainda dá pra fazer alguma diferença?

Paul suspirou, e um meio sorriso triste se formou em seus lábios.

— Sei lá ... Podemos ao menos tentar.

Anna encostou a cabeça no ombro dele. Nenhum dos dois falou mais nada por alguns minutos. Apenas ficaram ali, no silêncio compartilhado de quem sabia que não podia apagar o passado, mas talvez ainda pudesse iluminar algum pedaço do presente, mudar o futuro.

Continua …

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Comentários

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Outro capítulo triste de ler, os dois sofrendo pelos seus erros, Paul e Anna se sentindo culpados (Anna para mim não tem culpa alguma de nada).

Erros de ambos os lados e agora tudo está se perdendo, triste isso.

Para mim não tem nenhum certo na história, tanto Celo, Mari e Paul erraram. Mas não acho que foi com a intenção de machucar ninguém, erraram e estão pagamos pelos seus erros, principalmente Celo e Mari. Não consigo buscar um culpado e não entendo os advogados de um ou de outro, eu simplesmente torço para os dois, que se resolvam e fiquem juntos. Porém se não ficarem eu duvido que ambos consigo ser felizes por completo daqui para frente. Mas só acho, as autoras são as dona do destino dos dois e jamais vou dar palpite para o rumo que a história deva tomar, até porque competência as autoras tem de sobra.

Muito bom como sempre!

Parabéns Meninas! 🤗😘

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Muito bom meninas!!!

Tentando ser bem direto...

1) concordo com quem disse que esse capítulo pareceu meio repetitivo e etc...eu vejo ele como um complemento, ou finalização do anterior...pq?? Muito longo, necessidade de deixar os leitores na espectativa? Ainda não tinham terminado?...todas as anteriores...mas a vdd é que já teve todo o debate no anterior, agora estamos apenas vivenciando a "resseca"

2) aproveitando o comentário do amigo abaixo (himerus)...na vdd, pelo nos foi contato, relatado com todas as letras e vc separou o trecho no seu brilhante comentário no episódio

Anterior, a Mari mesmo se contradiz...o ÚNICO momento de felicidade dela, não apenas conjugal, foi os momentos antes do que aconteceu na praia. A felicidade que ela sempre buscou era ter um marido que a entendia (ou seja, que aceite que ela tenha aqueles "amigos", principalmente, o que ela chamou de um "homem como o paul que estava louco por ela " (não foi essas palavras, mas o himerus já fez o trabalho de "pescar" essa passagem...então para mim, realmente vamos ver o que ela sente pelo celo qd ela cair nesse mundo de putaria dos "amigos" novamente, sem o marido...será que ela será feliz? Será que ela precisa dele para ser feliz, estando com seus "amigos"? Será que algum dia ela será 100 porcento honesta com seu marido?? Pq após não sei Qt tempo de terapia, ela não não se abriu para o celo da forma que fez qd estava apenas a Luciana (a amiga terapeuta do casal).

3) muitos continuam julgando o cara e etc...nesses 20 anos ele colocou o casamento, a tentativa de fazer dar certo (quase que sozinho, pq até o acidente do celo Mari sempre jogou contra...e isso ninguém lembra ou julga...até argumento de autoridade , por ser PSICANALISTA, ela jogava no cara)...será que teremos um "paul" pra jogar essas "verdades" na cara dela no meio da rua?? Me desculpa, mas me indigna o modo parcial de muitas pessoas sobre a história... inclusive as autoras.....mas enfim...o cara não precisa se sujeitar a ficar num relacionamento em que fez tudo para que desse certo e no momento que tudo começou a acontecer, aconteceu pra outra pessoa e não para ele...quem não entende isso graças a deus não conhece ninguém próximo que passou por algo parecido e, muito menos, viveu algo parecido...ele parece buscar a felicidade, do mesmo jeito que a Mari. Se no final descobrir que sua felicidade é que com uma pessoa que conscientemente, desde o início da relação, deixando claro que não era uma pessoa namoravel, nunca se preocupou em buscar a felicidade completa com ele, seja o motivo que for...só fez algo qd o casal de "amigo" trouxe lembranças de uma vida que a satisfação, quase como que a libertando de uma prisão...mas não vdd o aprisionado era outra pessoa, e agora ele tem a chance de ser feliz livre.. aí o que escolher depois, será consciente que tentou...

Me desculpem mas não consigo so ler os comentários...vamo ver o que virá. Espero TB que as autoras não deixem o cara sofrendo sozinho num quarto escuro (pq até agora ele só teve conversa com o Zé, uma mulheres que queriam outra coisa em vez de conversa...e a amiga terapeuta da esposa...e agora finalmente o maravilhoso paul vai ter uma conversa com ele (pelo o que tudo se encaminha...)...mas voltando, espero que as autoras mostrem ele tentando viver, se divertindo, quem sabe mandando bem...pq será muito chato a Mari se descobrir na orgia com "os amigos", enquanto ele fica num quarto escuro olhando o teto...kkkk...

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*ele MERECE buscar a felicidade, do mesmo jeito que a Mari...*

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Uma dúvida? O que o Celo quis dizer quando disse que :"Eu nunca vivi uma vida adulta sem você. E eu preciso entender esse sentimento ".🤔🤔🤔.

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Você precisa colocar a frase inteira para compreender: “ E eu preciso entender esse sentimento ... entender por que eu me sinto preterido, me sinto insuficiente ... se nós ainda somos a escolha certa.”

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Sinceramente a Mari coitada quando finalmente está colocando tudo nos eixos ,faz de tudo para que os 2 sejam um só novamente,leva ele para uma ajuda profissional,o cara vai e me sai com uma dessas,com complexo de inferiordade. Mary tem que se reerguer e cair nos braços do Paul novamente,dessa vez em definitivo e dar um cartão vermelho para Celo .Já que ele quer um tempo para viver sua vida Adulta então que vá de uma vez por todas e não volte mais ! 💢🛑🚧🟥

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Samas, vc já passou por isso, ou conhece alguém q passou, pelo q o Celo presenciou?

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Não! Mas ele esta sendo egoísta e não pensa nos sentimentos dela .

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Pode ser, será q vc conseguiria superar oq o Celo viu de sua esposa, uma coisa q ele nunca teve em 20 anos de casamento.

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Admito que realmente não é fácil passar por tudo isso,mas já conversaram sobre isso na Terapeuta ,ele soube dela que não sentiu nada ,que só fez porque houve uma falha dele na comunicação 📣 .. Enfim precisava agora depois e tudo isso eu ele pedir um tempo?

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Pra mim q separação foi a melhor escolha, ele sofrendo, iria fazer ele sofrer ainda mais.

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A situação é triste mas retrata uma verdade que não gostamos mas insofismável: muitas vezes o amor não basta para manter uma relação.

Celo percebeu e tomou a iniciativa, Mari ainda não. Ela ouviu ele falar que:

"Nós dois precisamos pensar e racionalizar o que queremos para a nossa vida. O que nos traz felicidade. O que nos faz ficar em paz. E, principalmente, o que nos faz sentir completos."

Mas não interiorizou os argumentos do marido, ela diz que já sabe o que a faz completa, será?

No momento Mari precisa viver o luto mas, logo, logo vai ter que enfrentar seus fantasmas, sem entender suas pulsões não vai superar o antigo trauma e o novo, afinal, em última instância, bem lá no fundo, ela continua acreditando que seus desejos fora do padrão impedem sua felicidade conjugal.

Não vai ser fácil.

Ótimo capítulo!

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Achei esse capítulo repetitivo, sem grandes acontecimentos, ou nada que já não fosse previsível.

Celo vai experimentar novas relações, provavelmente no bar do Zé, será que ele vai satisfazer alguma mulher lá? Ou vai passar um capítulo inteiro debatendo emoções e tendo conversas filosóficas? Ninguém goza discutindo filosofia e expondo suas fragilidades né.

Agora Paul tem acesso a Mari no momento mais fragilizado da vida dela. Já tá na hora dos dois se encontrarem e ver o que rola. E ela saber se de fato o problema na cama era ela ou o Celo.

Se os dois (Mari e Celo) se encontrarem novamente, terão que se encontrar sabendo o que cada um quer.

As autoras já tem o desfecho ou ainda estão tentando possibilidades ?

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Já temos uma ideia do desfecho, o que não quer dizer que não possamos mudar de acordo com a circunstância.

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Poxa,Mari se esforçou em vão,Celo não merece ela não.

Se ele tenta-se voltar,ela não deveria dar mais uma chance para ele.

Ela tem que seguir em frente,arrumar um novo amor e deixar o Celo com o complexo de corno dele.

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Direto e reto. 😂😂😂😂

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Fico pensando, se esses caras visse a mulher deles naquela situação qual seria a reações deles.

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Se fosse eu no lugar do Celo, não conseguiria ter a Mari mas como minha esposa.

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Se ele tivesse transado com a Ana, teria outro posicionamento.

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Concordo plenamente com você 🫵

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Queria saber se o Celo teria essa mesma reação de sofrido se tivesse transado com a Anna

3 estrelas

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Esse celo é um fraco, inseguro. A Mary pisou na bola, mas ele aceitou de volta, e agora dá uma de moleque.

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Só para que eu possa entender o seu comentário: na sua opinião, ele não deveria nem ter tentado a reconciliação? E isso mesmo?

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Eu também, não teria nem tentado a reconciliação, acho q Mari vai voltar pro grupo de " amigos " q pra mim seria um erro, ela tem q achar uma pessoa fora do grupo.

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Foto de perfil de Nanda do Mark

A filha da Mari e do Celo deve estar fazendo faculdade em MG. Só isso para justificar levar o santo pãozinho de queijo com um café com leite para amenizar a dor. E é bom mesmo: cura que é uma beleza!

Agora, se os sintomas ainda persistirem, pede para ela administrar doses de queijo Minas com goiabada cascão ou com docin'di leite. É tiro e queda! Levanta até defunto...

Está maravilhoso, meninas.

Parabéns!

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Oh dona Nanda acabei de sair de MG num me fassa querer voltar não, meu bolso não aguenta.

Obviamente ⭐️ ⭐️ ⭐️ meninas

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Foto de perfil de Hugostoso

Que capítulo pesado, forte d+!🥹🥹🥹🥹

Parabéns meninas!

👏🏼👏🏼👏🏼🌹🌹🌹🌹🌹🌹

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