Narrado pelo Padre.
Não conseguia dormir. O colchão fino rangia sob meu peso, o quarto abafado cheirando a poeira e madeira velha. O dia tinha sido longo — a estrada, a missa, a festa —, e meu corpo pedia descanso, mas a mente não parava. O calor ainda grudava na pele, o suor secando devagar na batina que não tirei. Precisava de água. A jarra no quarto tava vazia quando cheguei, e o gosto seco na boca não me deixava em paz. Levantei, as botas batendo na pedra, e abri a porta do quarto, o rangido baixo cortando o silêncio da noite.
O corredor tava escuro, só um fio de luz amarela escapando de algum lugar mais à frente. Pensei em chamar o rapaz — Gabriel, o seminarista de olhos nervosos que me guiou até aqui —, mas a casa parecia morta, os fiéis já longe. Caminhei, o som dos passos ecoando, pesado, como se o chão reclamasse. Então ouvi. Um som abafado, rápido, vindo do fundo. Respiração. Curta, irregular, quase um gemido preso. Meu peito apertou, o sangue subiu quente. Não era sono. Era outra coisa. Algo que eu conhecia, que já tinha sentido em mim, mas que jurava deixar pra trás.
Cheguei perto da porta dele, entreaberta, a luz trêmula de uma vela jogando sombras na parede. Parei, a mão no batente, o coração batendo mais rápido que o normal. A respiração dele vinha mais alta agora, um ritmo que cortava o ar, puxava o peito. Quis bater, pedir a água, mas o som me prendeu. Era ele. Gabriel. O seminarista magro, de mãos suadas e olhar que fugia do meu na missa. O que tava fazendo? O calor subiu pelo pescoço, a boca secou mais, mas não era só sede agora. Era outra coisa, mais funda, mais suja.
Passei a mão na porta, empurrei devagar, só o bastante pra abrir uma brecha. A vela na mesa tremia, a chama fraca mal iluminando o quarto, mas era o suficiente. Ele tava lá, na cama, pelado. O corpo magro esticado no colchão, a pele branca brilhando com o suor, os músculos das pernas tensos, tremendo. A mão dele — aquela mão que segurava o missal com tanto cuidado — tava entre as coxas, apertando, subindo e descendo num ritmo desesperado. O peito subia rápido, os mamilos duros, pequenos, apontando contra a luz. O cabelo grudado na testa, molhado, caindo nos olhos fechados, e a boca entreaberta, os lábios cheios soltando ar em pedaços, quase um gemido que mordia pra não escapar.
Deus, ele era lindo assim. Cru, exposto, perdido no fogo que sentia queimar em mim também. O pau dele — duro, vermelho, pulsando na mão — brilhava com o suor, a pele esticada, a cabeça inchada pingando contra o lençol. As coxas abertas, os músculos saltando a cada movimento, e o jeito que arqueava as costas, como se doesse, como se precisasse, me acertou em cheio. O calor explodiu no meu peito, desceu rápido, endurecendo tudo em mim. A batina apertou, o tecido pesado roçando a pele quente, e senti o sangue pulsar, o desejo que tinha enterrado voltando com força, como um animal que nunca morreu.
Ele não sabia que eu tava ali. Os olhos fechados, a cabeça jogada pra trás, o pescoço esticado, vulnerável, pedindo pra ser tocado. Quis entrar, quis agarrar aquele pescoço, sentir o suor dele na palma da mão, o calor da carne dele contra a minha. A respiração dele acelerou, a mão foi mais rápido, os dedos apertando mais forte, e vi o peito dele subir, os músculos do braço saltando, o corpo inteiro tremendo no limite. Meu pau doía na batina, preso, latejando com cada gemido baixo solto, cada som que tentava sufocar. O cheiro dele — suor, pele jovem, tesão puro — subia no ar, misturado ao ranço da vela, e respirei fundo, o calor me engolindo inteiro.
Queria vê-lo gozar. Queria ver o corpo dele se quebrar, o rosto se contorcer, a boca se abrir num grito que não ia segurar. A mão no batente apertou, a madeira rangeu baixo, e me segurei ali, os olhos grudados nele, o fogo me comendo vivo. Ele tava tão perto — o peito subindo mais rápido, as pernas tremendo, a mão quase frenética —, e senti o tesão me rasgar, o desejo de puxá-lo daquela cama, de sentir o peso dele contra mim, de provar o que ele tava oferecendo sem nem saber.
Mas então a madeira rangeu mais alto, um estalo seco no silêncio. Ele parou. Os olhos se abriram, arregalados, o peito ainda subindo rápido, a mão travada entre as coxas. O suor pingava na testa, o olhar cortando o escuro, direto pra brecha da porta. Congelei, o coração na garganta, o calor virando gelo nas veias. Será que me viu? A luz da vela tremia, fraca, mas o suficiente pra jogar sombra no rosto dele — medo, culpa, o fogo ainda ali, misturado. Fiquei parado, a respiração presa, o pau ainda duro, o corpo gritando pra se mexer, pra entrar ou fugir.
Ele levantou o olhar, encarando a escuridão onde eu tava.
— Quem tá aí? — a voz saiu rouca, baixa, quebrada. Não respondi. O silêncio pesou, o ar grosso entre nós. Ele não se mexeu, a mão ainda entre as pernas, o corpo pelado exposto na cama. Senti o tesão me acertar de novo, mais forte, vendo-o assim — vulnerável, assustado, mas ainda quente, ainda meu, mesmo sem saber.
Virei as costas, rápido, a batina roçando as pernas, o som abafado enquanto voltava pro meu quarto. A porta dele ficou entreaberta, a luz da vela piscando atrás de mim. Entrei no meu canto, fechei a porta com leveza, o ferrolho não fez barulho. Deitei na cama, o coração disparado, o corpo quente, duro, pedindo. Não peguei a água. Não precisava mais. O que tinha visto — Gabriel, pelado, se tocando, perdido no fogo — tava gravado em mim, um pecado que eu não confessava, mas que queria de novo. E agora, deitado no escuro, o tesão ainda queimando, sabia que Gabriel tinha me mudado e o que vinha depois disso não tinha volta.
***
Acordei com o sol cortando as frestas da janela, uma luz amarela que batia na cara e queimava os olhos. O colchão tava úmido de suor, a batina grudada no corpo como uma segunda pele, amassada e fedendo a estrada e noite mal dormida. Levantei, as costas doendo, o chão frio de pedra gelando os pés descalços. A cabeça pesava, cheia da noite passada — a missa, a festa, e ele, Gabriel, pelado na cama, a mão entre as coxas, o corpo tremendo no escuro. A celebração tinha sido simples, mas pesada, como se o ar da igreja carregasse mais que incenso e preces. Os fiéis vieram com fome nos olhos, uns querendo salvação, outros me vigiando como se eu fosse roubar algo deles. As mulheres sussurravam, os véus pretos tremendo enquanto me olhavam, e os homens ficavam atrás, braços cruzados, o cheiro de suor e terra subindo deles. O pátio depois virou um caos de pão, café e vozes, o violão gemendo até tarde, mas tudo aquilo parecia pequeno perto do que vi no quarto dele. O sermão saiu fácil, as palavras rolando graves, enchendo o espaço, mas agora, na luz do dia, elas soavam vazias contra o fogo que senti vendo ele se tocar. Não era só a fé que me trouxe aqui — tinha algo mais, algo que eu não queria nomear, mas que tava lá, pulsando no peito, me puxando pra ele.
Saí do quarto, o corredor ainda escuro, o cheiro de mofo e cera velha grudado nas paredes. A igreja tava quieta, os bancos alinhados em filas tortas, o chão de pedra riscado por anos de botas e vassouras. O altar era simples, madeira gasta, o crucifixo torto na parede, me encarando com olhos mortos enquanto eu passava. A luz do sol entrava pelos vitrais empoeirados, vermelho e azul sujo dançando no chão, mas o ar parecia preso, pesado, como se a noite ainda vivesse ali. Fui pra sacristia, a porta rangendo quando empurrei, o espaço pequeno cheio de traste — uma mesa lascada, o cálice de prata opaco na prateleira, a jarra vazia que me fez sair ontem. Os paramentos dobrados no canto, linho amarelado pelo tempo, cheiravam a naftalina e mãos velhas. Abri a janela, o vidro rachado tremendo, e o vento entrou, trazendo o som de galos e o cheiro seco da terra lá fora. A praça tava vazia, só poeira e pegadas da festa, as mesas largadas de lado, restos de pão pisados na terra. Olhei pro corredor de novo, a porta dele fechada agora, e o calor voltou, subindo rápido, o pau endurecendo na batina só de lembrar — a pele suada dele, o ritmo da mão, o gemido preso. A igreja, a sacristia, tudo isso era meu agora, mas ele — Gabriel — era o que não conseguia tirar da cabeça, o que fazia esse lugar parecer vivo, perigoso, real.
Voltei para a sacristia e agora estava mexendo numa jarra para beber água, o metal frio na mão, quando a porta rangeu de novo. Virei rápido, o coração batendo forte, e lá tava ele. Gabriel entrou sem aviso, uma bandeja nas mãos — uma caneca de café preto, um pedaço de pão duro —, os olhos baixos, o rosto vermelho como se o sol já tivesse pegado ele.
— Bom dia, padre. — disse, a voz saindo baixa, quase engasgada, as mãos tremendo enquanto punha a bandeja na mesa. O cheiro do café subiu, quente, amargo, cortando o ranço da sacristia, mas mal senti. Só via ele — o cabelo preto bagunçado, a camisa amassada, as mãos que tinha visto ontem, apertando a carne dele no escuro. — Trouxe o café. — murmurou, os olhos fugindo dos meus, o corpo tenso como se quisesse correr. O calor explodiu no peito, o pau latejando na batina, e me segurei pra não agarrar ele ali, pra não puxar aquele cabelo e sentir o suor dele na palma da mão.
— Obrigado. — respondi, a voz grave saindo seca, e ele assentiu, rápido, quase derrubando a caneca.
Tava fedendo a suor, o corpo pesado da noite, e a ideia de ficar assim o dia todo me irritou.
— Gabriel. — chamei, e ele parou, os olhos subindo por um segundo antes de desviar de novo. — Tem onde tomar banho aqui? — Ele piscou, nervoso, apontando pra trás da igreja.
— Tem um tanque nos fundos, padre. Água do poço. Não é quente, mas dá.
Assenti, peguei a caneca e tomei um gole, o café queimando a língua, amargo demais, mas bom.
— Vou lá então. — disse, e saí da sacristia, a batina roçando as pernas, o calor dele ainda no peito. Ele ficou lá, quieto, mexendo na bandeja como se precisasse de algo pra fazer.
Os fundos da igreja eram um canto esquecido, o tanque de pedra rachado encostado numa parede descascada, o poço ao lado com uma corda grossa e um balde enferrujado. O sol tava alto, o calor subindo da terra seca, o som de galos e passarinhos cortando o ar. Tirei a batina, o tecido pesado caindo na poeira, e fiquei só com a roupa de baixo, o suor escorrendo no peito, os músculos duros da estrada ainda firmes. Peguei o balde, puxei a corda, a água gelada subindo com um som molhado. Joguei no corpo, o frio cortando a pele, o calor do sol brigando com a água que pingava. Ouvi passos atrás de mim, leves, hesitantes. Virei a cabeça, e era ele — Gabriel —, segurando um pedaço de sabão e uma toalha velha.
— Achei que precisava disso. — disse, a voz falhando, os olhos correndo pelo meu peito molhado antes de desviar pro chão. O pau endureceu na roupa de baixo, o desejo voltando quente, e peguei o sabão da mão dele, os dedos roçando os dele, a pele quente dele contra a minha por um segundo. Ele congelou, eu congelei, o ar parou.
— Obrigado. — murmurei, grave, e ele assentiu, rápido, dando um passo pra trás, o rosto vermelho queimando mais que o sol.
Esfreguei o sabão no corpo, a espuma escorrendo na pele, o tanque sujo com musgo nas bordas, mas eu não ligava. Ele ficou ali, a poucos passos, mexendo na toalha como se não soubesse o que fazer com as mãos. O calor subia, o voto de castidade pesando na cabeça, mas o fogo na carne gritando mais alto.
— Tava escuro ontem. — ele disse de repente, a voz baixa, quase um sussurro, os olhos no chão. — Ouvi um barulho no corredor. — Meu peito apertou, o sabão escorregando na mão. Ele sabia? Suspeitava?
— É uma casa velha. — respondi, seco, jogando mais água no corpo, o frio não apagando o calor que subia. Ele levantou os olhos, só um segundo, e tinha algo ali — medo, culpa, ou algo mais quente, mais fundo.
— É. — murmurou, a voz tremendo, e virou pra ir embora, mas parou quando a porta da igreja rangeu alto.
Era Dona Clara, o coque grisalho aparecendo na entrada, a voz cortando o ar.
— Padre! Trouxe bolo pro café! — Ela veio rápido, os passos firmes na terra, carregando uma cesta de vime. Gabriel virou de costas, o rosto vermelho, mexendo na toalha como se fosse uma tábua de salvação.
— Bom dia, Dona Clara. — falei, saindo do tanque, a água pingando na poeira, o corpo exposto enquanto pegava a batina molhada. Ela parou, os olhos arregalados por um segundo, correndo pelo meu peito antes de desviar, o rosto corando.
— Deus abençoe, padre, tá quente hoje. — disse, a voz alta demais, largando a cesta na mesa quebrada do pátio. — Gabriel, ajuda aqui! — Ele correu pra ela, a toalha caindo na terra, o nervosismo gritando em cada passo. Vesti a batina, o tecido grudando na pele molhada, o calor dele e o dela — os olhos dos dois em mim, de jeitos diferentes — me acertando como um soco.
Ela ficou falando, o bolo de milho cheirando forte na cesta, mas mal ouvia. Gabriel cortava o pão, as mãos tremendo, os olhos baixos, e eu sentia ele — o peso do que ele disse, do que vi, do que eu queria.
— Vou pegar água. — falei, cortando a voz dela, e fui pro poço de novo, o balde batendo na pedra. Ele me seguiu com os olhos, eu sabia, mesmo sem olhar pra trás. O silêncio entre nós pesava mais que o sol, mais que o voto, mais que a culpa. Dona Clara enchia o ar com palavras, mas era ele — Gabriel —, o seminarista de mãos nervosas e corpo quente, que me prendia ali, me puxava pro que eu não podia ter, mas que já tava querendo demais.
Dona Clara parou de falar de repente, o silêncio cortando o som dos galos.
— Preciso ir. — disse, a voz firme, pegando a cesta vazia. — O neto tá esperando o almoço. — Olhou pra mim, depois pra Gabriel, os olhos estreitos como se sentisse algo no ar, mas não disse nada. — Deus abençoe, padre. — murmurou, e saiu rápido, os passos ecoando na terra seca até sumir na praça. Gabriel ficou parado, a faca ainda na mão, o pão cortado em pedaços tortos na mesa. O silêncio caiu pesado entre nós, só o vento soprando poeira pelo pátio.
A batina molhada tava me irritando, grudando na pele, o tecido pesado demais pro calor que subia.
— Vou tirar isso. — falei, seco, largando o balde no chão. Ele levantou os olhos, rápido, o rosto vermelho, mas não disse nada. Puxei a batina por cima da cabeça, o pano enroscando nos braços, o suor escorrendo no peito enquanto jogava ela na poeira. A roupa de baixo tava ensopada, colada nas coxas, e eu tava farto — tirei também, o tecido caindo com um som molhado, me deixando pelado ali, no meio do pátio. O sol queimava a pele, o ar quente batendo no corpo, o pau meio duro balançando livre, os músculos tensos da estrada expostos. Não tinha vergonha — era só carne, só calor, só o que eu era sem a cruz pesando nos ombros.
Gabriel congelou. A faca caiu na mesa com um baque, os olhos arregalados, a boca entreaberta, o rosto queimando mais que o sol. Ele não se mexia, as mãos travadas no ar, o peito subindo rápido como na noite passada. Eu ri baixo, o som saindo grave, quase um rosnado, e dei um passo pra frente, a poeira grudando nos pés molhados.
— Tá tudo bem, Gabriel. — falei, a voz cortando o silêncio, um tom leve mas carregado, os olhos presos nos dele. — Sou só um homem. Tenho certeza que a gente compartilha umas partes em comum. — Seus olhos piscaram, o rosto vermelho virando roxo, os olhos caindo pro meu pau antes de subir de novo, rápido, como se doesse olhar.
— P-padre. — gaguejou, a voz quebrada, as mãos apertando a mesa, o corpo tremendo como se quisesse correr, mas não conseguia.
Fiquei ali, pelado, o sol batendo no peito, o calor subindo da terra misturado ao fogo que eu sentia vendo ele assim — perdido, assustado, mas com algo quente nos olhos, algo que eu conhecia.
— Relaxa. — disse, pegando o balde de novo, jogando mais água no corpo, o frio cortando a pele, mas não o tesão que crescia. A água escorria, pingando na poeira, e esfreguei o peito, os braços, as coxas, sabendo que ele tava olhando, mesmo fingindo que não. O pau endureceu mais, livre, pulsando no ar quente, e não escondi — deixei ele ver, deixei ele sentir o peso do que tava entre nós. Ele engoliu em seco, o som alto no silêncio, e virou de lado, pegando a faca de novo, as mãos tremendo tanto que o pão caiu no chão.
— Desculpa. — murmurou, baixo, se abaixando pra pegar o pão, o rosto escondido pelo cabelo preto.
— Não precisa. — respondi, seco, pegando a roupa de baixo na poeira, vestindo devagar, o tecido molhado colando na pele. O tesão tava lá, quente, sujo, mas ri de novo, leve, como se fosse nada, como se não tivesse visto ele se tocar ontem, como se não quisesse ele agora.
— É só calor, Gabriel. Todo mundo sente. — Ele levantou, o pão na mão, os olhos ainda fugindo dos meus, mas o vermelho no rosto dizia tudo — ele sabia, ou suspeitava, e o medo misturado ao fogo nos olhos dele me acertava mais fundo que a água gelada. A batina ficou na poeira, não ia vestir ainda, e fiquei ali, quase nu, o corpo exposto, o desejo gritando baixo enquanto ele tentava respirar.
O vento soprou mais forte, levantando poeira, o sol queimando o chão, e o silêncio voltou, pesado, vivo. Ele largou o pão na mesa, as mãos suadas deixando marcas na madeira, e senti — o peso do que eu disse, do que ele viu, do que a gente tava segurando.
— Vou pegar mais água. — falei, virando pro poço, o balde batendo na pedra de novo, mas meus olhos ficaram nele, o seminarista magro que tava me quebrando sem nem tentar. Ele assentiu, mudo, o peito subindo rápido, e eu sabia que aquilo — esse calor, essa carne, essa dança sem nome — tava só começando.