Minha Mãe

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Zoofilia
Contém 4375 palavras
Data: 08/04/2025 16:45:20

Talvez minha mãe estava nervosa — e quem poderia culpá-la? — o fato é que não transparecia nem sombra de aflição. Ao contrário: parecia envolta numa aura de absoluta soberania, como se cada milímetro daquela sala lhe pertencesse por direito divino. Seu sorriso era leve, quase imperceptível, mas suficiente para incendiar os olhos famintos dos homens à sua volta, inclusive os meus. Não possuía uma beleza estonteante que poderia fazê-la dona daquele espaço (e talvez das próprias almas dos presentes). Não, não era isso. Havia nela algo mais profundo, algo quase indecente em sua naturalidade. Era o tipo de mulher que sabia sorrir como se prometesse e negasse ao mesmo tempo; que falava com pausas tão calculadas que as palavras pareciam escorregar de seus lábios como gotas de veneno doce. E quando se movia — ah, meu Deus, quando ela se movia! —, era impossível não notar aquele gingado fatal, uma coreografia involuntária de pernas e quadris que transformava qualquer gesto banal, até o mais prosaico ato de sentar-se, numa espécie de espetáculo carnal. Cada passo, cada suspiro, cada olhar lançado era um golpe certeiro no coração masculino. Os homens ali eram meros joguetes diante de tamanha magnificência. Sim, ela era dessas mulheres que não precisam conquistar ninguém porque já nascem com o mundo rendido a seus pés.

Quantas vezes eu não havia pensado nela de maneira impura? Quantas noites me consumiram, ardendo em devaneios que seriam condenados até pelos santos mais indulgentes?

Ela, porém, parecia intocável pelo tempo. Estava muito bem, mesmo após 25 anos de matrimônio com outro homem — um estranho que a vida lhe dera e que ela fez meu pai. A separação a feriu, claro, mas foi como um corte necessário: dói, mas salva. E assim seguimos nós dois, sozinhos naquela casa que ecoava nossos silêncios e segredos.

Ela insistia em viver sem véus, indiferente ao meu olhar faminto. Eu a surpreendia tantas vezes com pouca ou nenhuma roupa, e ali estava ela, alheia ao turbilhão que desencadeava em mim. Confesso: adorava aquilo. Mais do que isso, eu conspirava para criar esses momentos. Talvez porque desconfiava que ela também os apreciava. Espionava-a por frestas de portas entreabertas, espreitava o contorno de seu corpo através do caco de espelho que posicionei na janela do banheiro. Cherei suas roupas, embriaguei-me com o perfume de suas calcinhas usadas, aspirando-as como se fossem relíquias sagradas, embriagando-me com aquele aroma que era só dela, misto de pecado e pureza.

Quando ela me chamava para dormir ao seu lado, eu sentia o peso de cada centímetro que nos separava. Procurava sempre um jeito de roçar meu membro nas carnes dela, sabendo que aquele gesto seria interpretado como inocente — afinal, éramos apenas mãe e filho, não é? Ou ela sabia e fingia não saber do tesão que eu sentia por ela. Dentro de mim fervilhavam abismos inconfessáveis, paixões que eu jamais ousaria nomear em voz alta. Havia algo de proibido, sim, algo que me corroía lentamente, como um veneno delicioso. E eu bebia dele todos os dias.

Mas, ela não ficou só. Ah, jamais, a solidão teria piedade de uma mulher como ela, que parecia pintada por mãos divinas para o amor e para a paixão! Três anos se passaram desde o estrondo da separação — aquela tempestade que varreu nossas vidas, mas que também limpou o céu para novos horizontes. E então, como num acaso abençoado pelo destino, ela encontrou outro senhor. Também separado, claro, pois corações partidos têm um radar infalível uns pelos outros. Ele era, confesso, perfeito para mim e para ela. Um homem de riso fácil, braços fortes e uma bondade que nos envolvia como um cobertor quente em noites frias.

Ela, coitada, tinha naquele sorriso radiante e tranquilo, a certeza de que havia conquistado, por seus próprios méritos (como ela mesma gostava de dizer), o amor que lhe fazia jus. Sim, porque o destino, esse velho cafajeste, finalmente havia decidido ser generoso com ela. Formamos então uma família feliz — de verdade, sem fingimento. Afinal, felicidade plena pode até ser coisa de revista de domingo, mas a nossa era feita de momentos simples e sinceros. Juntou-se a nós o filho dele, fruto de um casamento anterior, um garoto de olhos curiosos e risadas fáceis, que tinha quase a minha idade. E assim, lado a lado, seguimos em frente, construindo uma harmonia que era mais do que uma palavra bonita.

Ah, mamãe! Com o passar dos meses daquele namoro que cheirava a segunda chance e desejos reprimidos, ela começou a se soltar. Não era uma soltura vulgar, de quem expõe demais os gestos ou as curvas do corpo, mas sim uma libertação das palavras. Sim, minha mãe, aquela mulher que até então parecia costurada pela moral suburbana, agora falava de tudo — absolutamente tudo — com uma desenvoltura que me deixava boquiaberto. Era como se tivesse descoberto, enfim, que a boca servia para mais do que dar ordens ou rezar.

Num fim de semana qualquer, lá estávamos nós no sítio do namorado dela. Eu, mamãe, o dito cujo (esse homem que cheirava a sabonete barato e segundas intenções), o filho dele — um rapaz de vinte anos, magro como um bambu e com olhos que pareciam espiar além do que deviam —, o irmão e o pai do tal namorado. Todos reunidos em volta de uma mesa de madeira rústica, cercados pelo cheiro gorduroso do churrasco e pelos vapores amargos da cerveja quente. Falávamos de tudo, sem filtro, sem pudor, como se o mundo lá fora não existisse. Mamãe liderava as conversas, gargalhando feito uma adolescente enquanto discorria sobre assuntos que fariam freiras corarem.

Mas, claro, o ser humano é um animal perverso por natureza, e logo a conversa escorregou para terrenos lamacentos. Alguém sugeriu: "Sexo com animais... Imagine uma mulher fazendo isso com um cachorro!" Houve risadas nervosas, cochichos cúmplices, e então, para meu absoluto espanto, mamãe levantou o rosto, encarou todos nós com aquele sorriso que era metade inocência, metade provocação, e disse, com a naturalidade de quem comenta o clima: "Sabe, eu até gostaria de experimentar isso um dia. Já ouvi falar..."

O silêncio que se seguiu foi breve, mas denso, como se o tempo tivesse parado por um segundo. E então vieram as risadas, os comentários jocosos, as provocações. Mas eu, menino ainda, senti que havia algo maior ali, algo que eu não conseguia nomear, mas que me fazia enxergar mamãe sob outra luz. Ela já não era apenas a mulher que me penteava quando eu era criança ou que gritava com o leiteiro nas manhãs frias. Era outra pessoa — ou talvez fosse finalmente ela mesma, despida das máscaras que usamos para sobreviver à vida.

E assim, no meio daquela tarde preguiçosa, com o som das brasas crepitando e o vento balançando as folhas das árvores, entendi que mamãe também era feita de sombras e segredos. Que todos nós éramos.

O cunhado dela — não por acaso, ele mesmo que havia lançado o assunto como quem joga gasolina numa fogueira — inclinou-se para frente, o rosto iluminado por um sorriso que era mais vício do que malícia. Disse, com a voz arrastada de quem saboreava cada palavra: "Os dois cachorros lá do meu sítio, que fica logo ali, a pouca distância daqui… já transaram com mulher. E posso dizer: é gostoso demais de ver".

Pelo jeito, ele era o único entre nós que já tinha assistido a uma cena dessas. Sorrisos cúmplices brotaram nos rostos ao redor da mesa, como flores venenosas desabrochando no lamaçal de nossas almas. Se mamãe percebeu aquelas trocas de olhares e segredos murmurados pelo silêncio, ela não demonstrou. Limitou-se a sorrir, aquele sorriso calmo e quase ingênuo, e disse, com uma naturalidade que me gelou o sangue: "Qualquer hora dessas eu gostaria de tentar essa experiência. Você vai ter que me ensinar o que fazer".

Ele, o cunhado, quase saltou da cadeira, ávido como um predador farejando a presa. "Se você quiser", falou, os olhos brilhando feito brasas, "eu mando trazer os cães agora mesmo. Você pode experimentar aqui, neste exato momento".

Mamãe nos olhou, então, com um ar de indagação genuína, como se não conseguisse entender por que aquela sugestão causava tamanha tensão no ar. "Mas aqui?", perguntou, em um tom que misturava surpresa e um quê de pudor infantil. "Com todos vocês olhando?"

Foi o cunhado quem respondeu, claro, com aquela voz untuosa de quem está prestes a realizar um sonho alheio — ou talvez o próprio. "Assim você realiza sua vontade, dona Juliana", ele disse, inclinando-se ainda mais sobre a mesa, como se conspirasse contra o destino. "E todos nós… bem, todos nós matamos nossa curiosidade de ver".

Por um instante, houve um silêncio tão pesado que parecia possível ouvir o som das moscas voando em volta da carne do churrasco. Mamãe, porém, não pareceu perturbada. Pelo contrário: havia nela algo de inabalável, como se estivesse disposta a encarar qualquer coisa que o mundo lhe oferecesse, por mais estranha ou insólita que fosse. E, enquanto ela sorria, eu senti, pela primeira vez na vida, que minha mãe era muito mais do que eu jamais poderia compreender.

Juro por Deus que não acreditei. Mamãe — minha mãe! — disse sim com uma naturalidade que me cortou como navalha. Estávamos na cozinha, o relógio batia quatro da tarde e ela apenas disse:

— Pode mandar buscar os cães.

Fiquei lívido. O sangue gelou, depois ferveu. Falei:

— Mamãe, a senhora vai ter coragem?

E ela, olhando para o nada, talvez para dentro de si mesma — como se aquilo fosse a coisa mais banal do mundo, como se estivesse escolhendo o sabor do sorvete — disse:

— Ora, filho... Somos todos adultos. Cada um realiza sua vontade.

O cunhado, Antônio — um homem de calvície precoce e intenções obscuras — pegou o telefone e ligou para o filho. O rapaz morava em outro sítio próximo. Pediu que trouxesse os dois pastores alemães. Dois. E mais um frasco com o cheiro de cadela no cio. Isso mesmo. Com esse nome mesmo.

Enquanto esperávamos, sentei ao lado de mamãe. Olhei para aquelas mãos que um dia me deram banho, me tiraram do sarampo, me pentearam, e me fizeram dormir. Perguntei, com uma voz que não era minha:

— A senhora sabe o que vai fazer?

Ela assentiu.

— Sempre foi uma fantasia, meu filho. Seu pai nunca deixou nem que eu falasse disso.

— Mas, mãe... — minha voz tremia, não de moral, mas de angústia — a senhora vai ficar nua, transando com o cachorro... Todo mundo vai ver...

Ela riu. Riu como quem lembra de um beijo escondido.

— E daí? Você é meu filho, mas não vai ver nada que já não tenha visto em outra mulher ou em mim mesma, não é? E sorriu de malícia.

O rapaz chegou. Tinha uns vinte e cinco anos, barba por fazer e um olhar vago, como se transportasse areia em vez de escândalo. Trouxe os dois cães amarrados na carroceria da caminhonete. Os animais estavam excitados, como se já soubessem do espetáculo.

E eu, confesso, me peguei pensando: “Ela vai fazer isso mesmo. Vai dar um show. Um show para esses homens todos.” E o pior — o pior! — é que eu queria ver. Sim, eu queria ver minha mãe nua, como nos tempos em que ela saía do banheiro e eu espiava atrás da cortina.

Um dos cães foi levado para trás da casa, amarrado, afastado — pois não podia atrapalhar o “serviço” do outro. Antônio, com uma calma de quem organiza uma quermesse, preparou o palco.

O circo, meus caros, estava armado.

Com um olhar que não era de homem, era de bicho, Antônio disse a mamãe que ela devia despir-se e passar o liquido em sua fenda e depois se posicionar para receber o pênis do animal. A cada palavra, os olhos se injetavam de mais desejo. Na mente daquele ser vil, minha mãe ficou nua antes de tirar a roupa.

Eu, — cúmplice e espectador. O namorado e o filho dele, o irmão e até o pai. E, como se não bastasse a tragédia completa, o filho de Antônio também estava lá, ele que trouxera os cães. Uma plateia inteira, de olhos arregalados, corações batendo como tambores num cortejo. Mamãe se despia. Nós, perplexos, olhavámos.

E então, sem nenhum pudor — ou talvez com todo o pudor do mundo — chegou o instante fatídico: Minha mãe nua. Ela começou devagar. Tirou as sandálias como se desnudasse a alma. A varanda virou palco. Todos assistiam. Não era uma cena, era uma epifania indecente.

Quando Mamãe tirou as sandálias — e ficou descalça, singela, quase pueril —, meu pau reagiu. Reagiu ao corpo dela, como um adolescente diante da vizinha mais velha. E o mais espantoso: eu não estranhei. Sabia. Sempre soube. Havia algo inevitável em desejá-la. Ela não era apenas bela — era uma heresia em carne e osso. Seus pés, pequenos, número trinta e cinco, tinham qualquer coisa de sagrado e de lascivo. Os pés de Mamãe mereciam missa e confissão.

Ficaríamos na varanda, imóveis como testemunhas de um crime anunciado. Mamãe e o cão estariam ali, no gramado, sob a bênção profana da tarde. Um banco modesto — um trono improvisado por Antônio — amparava algumas almofadas ordinárias. Mamãe, ajoelhada, encarnaria um ritual antigo, com o tronco inclinado como quem espera o castigo ou o milagre, o derrière que desafia a moral o os bons costumes empinado, entregue, solene, como uma santa indecente.

Foi então que me dei conta do resto: os outros homens do grupo... também reagiam. Todos. Em silêncio, claro. Ninguém dizia nada. Mas os olhos, os gestos contidos, os suspiros involuntários — todos denunciavam uma mesma tragédia íntima: a luxúria coletiva.

Mamãe, nua — e na frente de todos. Sim. Ela se desperia ali mesmo, sob os olhares febris, os silêncios gritantes. E depois transaria com o Cão. Transar! Como se a nudez já não fosse suficiente. Era um espetáculo, uma orgia moral, uma hecatombe familiar. Loucura, sim. Mas daquelas que o coração deseja e o espírito amaldiçoa.

Mamae tirou a blusa. Um gesto simples, cotidiano, mas que, ali, naquele instante, assumia proporções bíblicas. Ficou de sutiã — um sutiã branco, quase casto. Mas só quase. Porque, num segundo de hesitação triunfal, ela o retirou também. E o fez de costas. Sempre de costas. Como se quisesse esconder os seios, e, ao mesmo tempo, provocá-los ainda mais na imaginação de todos.

Ah, as costas de Mamãe... Não eram apenas costas. Eram um poema feminino. Eram lisas, suaves, de uma delicadeza que só os anjos e os canalhas sabem admirar com igual fervor. Eu, do meu canto, não via nada além delas — mas já as amava. Amava cada vértebra. Cada sombra desenhada pela luz da tarde.

E então, o momento que parecia não chegar: Mamãe hesitou. Ficou ali, imóvel, com a bermuda ainda no corpo, como quem desafia ou teme o próprio destino. A demora era uma tortura — ou uma bênção. Finalmente, puxou devagar, centímetro por centímetro, o tecido rebelde.

Ainda de costas. E, para meu desespero — e talvez alívio —, a calcinha não era transparente. O bumbum permanecia oculto, como um mistério católico. E, no entanto, estava tudo ali. A nudez, ainda que vestida. O escândalo, mesmo na ausência do pecado completo.

Mas bastou que Mamãe exibisse as coxas — apenas as coxas — e meu pau explodiu. Sim, explodiu de alegria carnal, como um menino diante de um brinquedo proibido. E o mais desconcertante: ele já a vira antes, tantas vezes, em tantas roupas, em tantos domingos banais... mas agora era diferente. Mamãe, apenas de calcinha, diante de um séquito masculino — irmãos, pais, amigos, o próprio namorado. Era o sagrado e o abominável no mesmo corpo.

E então aconteceu.

Abaixou a calcinha. Lentamente. Liturgicamente. Como quem desfaz o último lacre de um sacramento profano. E ali surgiu — não uma bunda, não, que palavra torpe! — surgiu uma aparição: deslumbrante, ereta, esculpida com a precisão que só a perdição conhece. Uma bunda que deveria estar num altar — ou num tribunal.

Os gestos de Mamãe, retirando a calcinha, pareciam coreografados por um anjo decadente. E num instante fugidio, entre as pernas, o volume. As carnes. O segredo. A origem do mundo.

Ela ficou ali, imóvel, como uma mártir indecente, de costas. Disse, num sussurro:

— Gente, estou com vergonha de me virar...

Ah, Juliana! Logo você, que acendera todos os pecados da sala, agora dizia ter vergonha! Nós, como apóstolos do absurdo, respondemos em uníssono:

— Que é isso, Juliana? Você mesma disse... somos todos adultos!

Foi então que o namorado, cúmplice e sacerdote, se aproximou. Pegou-a pela mão, como quem leva uma noiva ao altar ou uma ré ao julgamento, e a virou.

Mamãe andou até nós. Inteira. Frontal. E, pela primeira vez — e talvez última — vi o que só se vê uma vez na vida: o véu profano. Aquela flor secreta. Aquela heresia que justifica todos os poemas e todas as quedas.

Antônio lhe entregou o frasco — um pequeno objeto, mas com o peso de um cálice. Juliana, minha mãe — ah, Mamãe! — caminhou então em direção ao gramado como quem atravessa o palco de um drama grego. Estava nua. Completamente. E seu corpo — aquele corpo tão comentado nos almoços de domingo e tão sonhado por mim nas noites silenciosas — recebia o sol como uma bênção impura.

Ninguém dizia palavra. Todos víamos. Todos sabíamos. Minha mãe nuazinha diante de nós — era como se o grupo estivesse ajoelhado diante da própria perdição.

Antônio, em seu papel de maestro do absurdo, chamou o cão. Ele se aproximou, hesitante, quase solene. Mamãe começou a brincar com ele, leve, como se a nudez fosse um detalhe. E era — para ela. Para nós, era o apocalipse.

O animal parecia gostar do que via — e como não? — mas seu corpo não o acompanhava. Nenhuma reação. O desejo, talvez tímido, talvez envergonhado, não surgia. Mamãe, então, entendeu: seria preciso mais. Mais do que o corpo, mais do que a exposição. Era preciso tocar o interdito, forçar o limite, desafiar o juízo.

E todos, mudos, ardendo por dentro, esperávamos o que viria. Porque sempre vem. No teatro da carne, ninguém se salva.

Antônio, com a calma de quem organiza um ritual doméstico e profano, disse a ela que se ajoelhasse. O tronco deveria repousar sobre as almofadas — como uma oferenda — e o líquido, aquele frasco enigmático, deveria ser derramado no botão da rosa. Palavras dele. O botão da rosa. Era um teatro. Era um altar. Era uma perdição feita de pelúcia e expectativa.

Antônio colocou luvas de algodão nas patas do cachorro. Um gesto clínico, quase gentil, para não arranhar mamãe. Enquanto isso, ela já estava posicionada, de quatro — uma escultura viva, hesitante, entre o desejo e o constrangimento.

Mas havia um problema.

O líquido — espesso, precioso, quase litúrgico — era escasso. Muito escasso. Juliana tentava, com os dedos, distribuir o que conseguia, mas logo gemeu, não de prazer, mas de irritação:

— Bruno… vem cá. Passa o líquido. Senão a gente perde tudo.

A frase, dita com naturalidade pagã, caiu como um trovão. Eu, ali, espectador, fui convocado ao palco. A tragédia, agora, me chamava pelo nome.

E todos olhavam. E ninguém dizia nada. Porque, no fundo, sabiam: naquele instante, não havia mais volta. Só o teatro. E o pecado.

Antônio, com ares de médico da luxúria, disse que bastavam apenas algumas gotas — poucas, mas bem distribuídas — no sulco sagrado. Assim mesmo, com esse termo: sulco sagrado. Como se estivesse prescrevendo um remédio místico para a perdição.

Fui até Mamãe. E, meu Deus... meu pau doía. Doía de desejo, como uma febre. Ela estava ali, entregue, nua como Eva antes da maçã, mas com a consciência inteira do próprio escândalo. A poucos centímetros do meu rosto, o corpo dela pulsava. Vi os poros. Vi a pele, morna e viva. As gotas de suor formavam pequenos rios em direção ao destino.

Ela era minha mãe. Minha mamãe! A mulher que eu via pendurar roupas no varal, que velava minhas febres e comentava sobre a escola. E, no entanto, ali, naquele instante, ela era tudo o que era proibido. E tudo o que se deseja.

A vontade era insana: apertá-la, beijá-la, tocar o que jamais se deveria tocar. Invadir o orifício secreto, aquele círculo silencioso que jamais deveria ser nomeado — e ainda assim, ali estava, visível, presente. E à frente, o altar de carne: suave, tenso, receptivo. Um convite e uma sentença.

E eu, imóvel, segurando o frasco. Como um acólito diante do sacrário. Pronto para cometer o crime mais doce da minha vida.

Mamãe estava de bruços. A nudez era total, sem pudor e sem cerimônia, mas com um tipo de inocência insolente que só os corpos muito seguros ou muito inconscientes carregam. A curva dos quadris apontava para o céu — uma oferenda, um desafio, um milagre. Aquela bunda, esculpida pela perdição, parecia respirar.

Ela me estendeu o frasco.

— Passe você — disse, como quem delega uma missão solene.

Aproximei-me. O coração martelava dentro do peito. Era minha mãe, sim. Mas ali, naquele instante, era também uma entidade maior — sensual, sagrada e terrível, era uma puta. Meus olhos pousaram sobre o pequeno anel secreto, aquele botão escondido que, mesmo ali exposto, ainda conservava algo de inviolável. Marronzinho, delicado, franzido como se piscasse para o abismo moral em que todos estávamos mergulhados.

Mas minha tarefa ia além.

O verdadeiro destino era outro: o centro adormecido do prazer, úmido, já quase em flor. Molhei o dedo com o líquido — espesso como um óleo de unção — e encostei. A carne era quente, pulsante, inacreditavelmente suave. Havia ali uma umidade que não era só física: era metafísica. Umidade de desejo, de entrega, de loucura.

E então aconteceu o inevitável.

Meu corpo traiu. A cueca, coitada, encharcou-se com a substância do pecado. O jeans escondia, mas eu sabia. A camisa solta me salvava do vexame, mas dentro de mim o vexame já existia — e também um certo orgulho silencioso, como quem foi tocado pelo mistério e não voltou o mesmo.

Enquanto espalhava o líquido, vi de novo o pequeno orifício de Mamãe contraindo-se em ritmo próprio — como se soubesse o que eu pensava. E por um instante quase fui além. Quase. Mas não.

Quando terminei, levantei-me com esforço, tentando manter a dignidade do andar. Voltei para a varanda como um pecador voltando da missa, com a calça molhada e a alma em ruínas.

O cão aproximou-se de Mamãe como um predador diante da presa. Havia no ar um cheiro agridoce, uma mistura de perfume e pecado — como se o próprio ambiente soubesse do que estava para acontecer. O animal, em silêncio, era só desejo. Desejo puro, bruto, quase selvagem.

A cena tinha o peso de um mito pagão.

Mamãe, nua e entregue, parecia uma estátua profanada por um altar improvisado de almofadas. Ele tomado por uma urgência que não conhecia o nome da delicadeza, a rodeou como quem circunda um mistério — tateando, buscando, errando o lugar, tropeçando no sagrado.

Nós descemos da varanda. Como testemunhas involuntárias de uma tragédia sem coro, assistíamos — olhos fixos, corações acelerados, a vergonha escondida sob a máscara da curiosidade.

Mamãe estava ali, exposta, como uma heroína grega derrotada. De quatro, sim, mas altiva. E o cão — o invasor, o macho, o bicho — não pediu licença. Avançou como quem não quer tempo nem ternura. Tocou o centro do interdito como quem fura o véu da decência.

No primeiro choque, o corpo dela arqueou-se. A cabeça para trás, os olhos fechados como se buscassem o céu. As costas desabaram sobre as almofadas. E ele, impiedoso, entrou com a fúria de um amante que não teve infância, nem poesia.

A dança dos dois era violenta. Estocada atrás de estocada. Ele buscava o fundo. Ela, a libertação.

E os sons? Não eram gemidos. Eram clamores. Urros abafados de uma mulher que, por um instante, esqueceu a vizinhança, a moral, a lógica — e se entregou inteira ao papel de mártir do prazer.

A verdade, por mais vergonhosa que fosse, era uma só: todos nós, em silêncio, havíamos manchado nossas roupas com o suco da maldade. Sim, o desejo é líquido. E é invisível — mas deixa marcas que nem o tempo ousa apagar.

Depois de uma sequência febril de estocadas, o cão parou. Cansado? Talvez. Vazio? Possivelmente. Ou quem sabe, satisfeito com a própria selvageria. A selvageria deu lugar à quietude. E os dois permaneceram ali, quase imóveis, engatados como náufragos agarrados à mesma tábua de salvação.

Mamãe, com os olhos semicerrados e o rosto afundado na almofada, sussurrava entre um suspiro e outro. Dizia que sentia o gozo quente dele, escorrendo em suas pernas, como lava encosta abaixo. Que cada pequeno gesto dele, mesmo os mais leves, a faziam estremecer. Era como se o prazer não viesse mais em ondas, mas em terremotos repetidos — pequenos tremores que sacudiam a espinha da alma.

A cena tinha algo de sacramento profano. Um casamento sem aliança, celebrado diante de testemunhas silenciosas e cúmplices.

Aos poucos, o pênis dele desfaleceu. Não com a violência da morte, mas com a do esgotamento absoluto. Um corpo vencido pela própria urgência. Abandonou-a, como quem abandona o campo de batalha depois de ter dado tudo.

E se estava morto, ora — morrera por uma boa causa. Morrera como um santo invertido, um mártir do desejo, um gladiador do escândalo. Morrera em paz, dentro do único inferno que vale a pena visitar.

Antônio ainda tentou apelar para o último trunfo — o tal amigo restante. Mas Mamãe, com a altivez das santas perigosas, recusou. Disse, com uma languidez que só conhecem as que sabem do próprio veneno, que estava cansada. Cansada! Mas ali, naquele cansaço, havia mais promessas do que negativas. Era uma mulher que não negava: adiava. Como quem joga migalhas de prazer para manter acesa a fome dos porcos.

E foi então que ela se moveu. E eu vi. Meu Deus, eu vi! Nas coxas dela, a escorrência visível, quase indecente, como uma confissão líquida. Sua flor estava despetalada, amassada e surrada, mas minha mãe sorria. Aquilo não era uma mulher — era o escândalo feito de carne. Mamãe, a mesma mãe que um dia me levou pela rua com vestido de missa, agora se erguia nua, sem nenhuma pressa, sem nenhum pudor. E eu, mísero, soube naquele instante que passaria semanas inteiras no ofício solitário, revendo cada detalhe, cada gesto.

Ela caminhou até a varanda como se fosse dela o mundo. Pegou suas roupas, foi tomar banho. E nós — nós, pobres mortais — tivemos que trocar a roupa de baixo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 13 estrelas.
Incentive Casal Tatuíra a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Bom, esqueci de comentar no texto que originalmente ele não é meu, encontrei-o aqui no portal, gostei tanto que resolvi reescrevê-lo no estilo de Nelson Rodrigues. Eu adoro Nelson Rodrigues. Fiz duas mudanças em relação ao original. A primeira é que na minha versão Bruno, o filho, tem sim tesão pela mãe desde sempre. O segundo é que também na minha versão, o cão a penetra na vagina e não no ânus como no original. Obrigado a quem leu e mais ainda a quem gostou.

1 0
Foto de perfil genérica

gostei. Você escreveu essa história com a elegância e o intenso erotismo de um poeta que escreve um poema sublime, ficou uma história bela e com uma excitação tão selvagem quanto a libido de um cão.

2 0
Este comentário não está disponível

Listas em que este conto está presente