Máscaras do Desejo: EP 5

Um conto erótico de Raell22
Categoria: Heterossexual
Contém 3374 palavras
Data: 08/04/2025 19:02:30

O quarto escureceu, as paredes giraram, o som da voz da tia ficou longe. “Tia, eu não aguento...”, murmurei, as pernas cedendo, tudo ficando preto enquanto eu caía no chão.

Acordei devagar, a cabeça pesada, os olhos embaçados. Tava deitada na cama da tia Simone, o quarto meio iluminado pela luz que entrava pela cortina. Pisquei algumas vezes, tentando entender onde tava, e vi ela ali, dobrando roupas e colocando numa bolsa aberta em cima da cadeira. “Tia?”, chamei, a voz saindo fraca, ainda zonza.

Ela virou rápido, o rosto preocupado, e pegou um copo d’água na mesinha. “Lara, graças a Deus você acordou”, ela disse, vindo pra perto e me entregando o copo. “Bebe, vai devagar.” Eu peguei, as mãos trêmulas, e tomei um gole, a água fria descendo pela garganta seca. “O que aconteceu?”, perguntei, olhando pra ela.

“Você desmaiou, menina”, ela respondeu, sentando na beira da cama. “Sua pressão caiu, ficou branca que nem papel. Me deu um susto danado.” Ela passou a mão no meu cabelo, o olhar suave, mas tava com uma ruga na testa que não saía.

Olhei pras bolsas, as roupas minhas sendo dobradas com cuidado. “Por que você tá arrumando minhas coisas?”, perguntei, a voz falhando, o coração já apertando de novo.

Ela respirou fundo, como se escolhesse as palavras. “Eu comprei passagens pro México, Lara. Tenho um curso de artes marcado lá, a estadia já tá toda paga. Consegui trocar meu nome pelo seu, você vai no meu lugar.”

“Pro México? Por quê?”, falei, os olhos enchendo d’água outra vez, sem entender.

“Lara, você não vai sair desse buraco se ficar aqui”, ela disse, firme, me olhando nos olhos. “Esse lugar tá te matando, sua mãe, seu pai, esse vídeo... Eu queria te mandar pros Estados Unidos, pra você correr atrás do seu sonho de ser atriz, mas eu não tenho dinheiro pra te manter lá. O México é o que eu posso fazer agora. É uma chance de você respirar, de começar de novo.”

Eu comecei a chorar de novo, o copo tremendo na minha mão. “Tia, eu não sei se consigo... Tá tudo acabado pra mim”, solucei, baixando a cabeça.

Ela segurou meu rosto com as duas mãos, me fazendo olhar pra ela. “Você consegue, Lara. Você é forte, sempre foi. Mas tem que sair daqui antes que seu pai venha te procurar. Ele vai aparecer, eu sei que vai, e eu não quero você perto dele. A gente viaja amanhã bem cedo. Tá decidido.”

No outro dia, o despertador tocou antes do sol nascer. Levantei ainda meio tonta, o corpo pesado, mas a tia já tava pronta, as bolsas na sala. “Vamos, Lara, o táxi já tá vindo”, ela chamou, a voz calma mas urgente. Peguei minha mochila, olhei o quarto uma última vez e saí com ela. O pai não apareceu — ainda bem —, e eu entrei no táxi com o peito apertado, vendo a casa da tia sumir enquanto íamos pro aeroporto.

O voo foi um borrão, minha cabeça encostada na janela, o choro preso na garganta. Quando pousei no México, o calor me bateu na cara assim que saí do avião. O aeroporto tava cheio, um mar de vozes falando rápido em espanhol, “¡Oye, por aquí!”, “¡Rápido, vamos!”, o som das malas rolando e os anúncios gritando pelos alto-falantes. O ar cheirava a comida picante e gasolina, e as pessoas passavam por mim com um jeito agitado, rindo alto, gesticulando muito. Eu tava perdida, a língua embolando na minha cabeça, o “gracias” que eu sabia não servindo pra muita coisa.

Foi aí que ela apareceu. “Lara, né?”, uma voz grave e quente me chamou. Virei e vi uma mulher na casa dos 42 anos, mas que parecia tirar o fôlego de qualquer um. Negra, cabelo cacheado caindo pelos ombros, corpo tonificado num vestido leve que marcava as curvas. “Sou Ana Paula”, ela disse, sorrindo com dentes brancos e estendendo a mão. “Vim te buscar pro curso. A Simone me avisou que você tava vindo.”

“Sim, sou eu”, respondi, a voz tímida, apertando a mão dela. “Obrigada por... por vir.”

"Relaxa, muchacha", ela falou, o sotaque cantado do espanhol mexendo comigo. "Você tá parecendo um peixe fora d’água aqui, mas eu vou te ajudar a se adaptar. Vamos pra minha casa, você fica comigo enquanto estiver no curso." Ela pegou uma das minhas bolsas, jogou no ombro como se não pesasse nada e me guiou pra fora do aeroporto, o sol quente batendo na gente enquanto eu tentava acompanhar o passo dela.

Chegamos na casa dela depois de uns vinte minutos de carro, uma construção simples mas colorida, com paredes amarelas e um portãozinho de ferro. O bairro era barulhento, com mariachis tocando ao longe e o cheiro de tacos fritando em algum canto. Ana Paula abriu a porta e gritou, "¡Ya llegué, gente!", antes de me puxar pra dentro. Mas eu parei na entrada, surpresa. Tinha mais duas pessoas ali na sala: um rapaz e uma mulher, jovens, na casa dos 20 e poucos, rindo de algo no celular. Eles levantaram quando me viram, curiosos.

"Essa é a Lara", Ana Paula disse, apontando pra mim. "Vai ficar com a gente pro curso. Lara, esses são Miguel e Sofía, vieram juntos pra cá."

"Olá, Lara!", Sofía falou primeiro, sorrindo, o cabelo liso preso num rabo de cavalo. "Bem-vinda a Guadalajara! A gente tá aqui pro curso também, queremos realizar nosso sonho antes de casar." Ela deu um empurrãozinho no Miguel, que riu e estendeu a mão pra mim.

"Prazer, Lara", ele disse, o sotaque mexicano enrolando as palavras. "Você vai gostar daqui. Guadalajara é cheia de vida, tem as feiras na Plaza Tapatía, os tequilas nas cantinas, e o mercado San Juan de Dios pra comprar de tudo. Só cuidado com o trânsito, é uma loucura!"

Eu forcei um sorriso, apertando a mão dele. "Obrigada, eu... ainda tô me acostumando."

"Você vai pegar o jeito", Sofía disse, animada. "A gente te leva pra provar um pozole amanhã, é típico daqui, e tem os mariachis na praça à noite. Vai ser legal!"

Ana Paula bateu palmas. "Tá, chega de papo por agora. Lara, seu quarto é no corredor, segunda porta à esquerda. Vai se ajeitar, qualquer coisa me chama." Eu assenti, peguei minha bolsa e fui pro quarto, o coração ainda pesado.

Lá dentro, larguei as coisas na cama e comecei a tirar as roupas da bolsa, dobrando devagar. Tudo tinha sido tão rápido — o vídeo, a briga com a mãe, a fuga pro México. Sentei na cama, as lágrimas voltando, e olhei pro canto do quarto. Tinha uns quadros encostados na parede, pincéis num pote, tela em branco. "Como eu vou fazer esse curso?", murmurei pra mim mesma. "Eu não sei nada de artes, nunca pintei nada na vida." O choro escapou baixo, e eu enterrei o rosto nas mãos.

Decidi tomar um banho pra ver se limpava a cabeça. Peguei a toalha e saí pro corredor, mas entrei no banheiro sem bater — ainda não tava acostumada a dividir casa com gente. E aí eu gelei. Ana Paula tava lá, de costas, pelada, secando o cabelo com uma toalha. Mas quando ela virou, eu vi: no meio das pernas dela, uma rola enorme, meio dura, balançando. Eu nunca tinha visto nada assim. Dei um grito curto, recuando, o coração na boca.

"¡Qué mierda, Lara!", ela gritou, puxando a toalha pra se cobrir, o rosto vermelho de raiva. "Você não sabe bater na porta, carajo?"

"Desculpa, desculpa!", falei, as mãos na frente do rosto, quase tropeçando pra trás. "Eu não sabia, eu juro, me desculpa!"

Ela respirou fundo, ainda brava, mas aí viu meu pânico e amoleceu um pouco. "Tá, fecha a porta e entra", ela disse, mais calma. Eu obedeci, trêmula, fechando a porta atrás de mim. "Eu sou trans, Lara", ela falou, direta, enrolando a toalha na cintura. "Não gosto que ninguém saiba. Gastei muito pra parecer quem eu sou hoje, pra ser essa mulher. Não quero isso espalhado por aí."

"Eu não vou contar nada, prometo", respondi rápido, os olhos ainda arregalados. "Eu juro, Ana, eu não falo pra ninguém."

Ela me olhou por um segundo, avaliando, e assentiu. "Tá bem. Então esse vai ser nosso segredo. E eu guardo o seu também, sobre o vídeo."

"O quê?", perguntei, o sangue gelando.

"Eu sou amiga da sua tia há anos", ela disse, cruzando os braços. "Ela me contou tudo, o vídeo, seu pai, o que aconteceu. Mas relaxa, não vou usar isso contra você. Só te falei pra você ver que a gente tem segredos uma da outra. Tá tudo certo entre nós."

“Eu sou amiga da sua tia há anos”, ela disse, cruzando os braços. “Ela me contou tudo, o vídeo, seu pai, o que aconteceu. Mas relaxa, não vou usar isso contra você. Só te falei pra você ver que a gente tem segredos uma da outra. Tá tudo certo entre nós.”

Lara deslizou devagar até o chão do banheiro, as pernas moles, o peso daquilo tudo ainda esmagando ela. Ana Paula hesitou, mas sentou ao lado, a toalha ainda enrolada na cintura. Ficaram em silêncio por um tempo, o som da água pingando no chuveiro ecoando baixo. “Ana”, Lara começou, a voz tímida, “se você já gostou tanto de parecer uma mulher, por que não tirou... o pênis?”

Ana riu, um riso solto, jogando a cabeça pra trás. “Eu sou trans, Lara, e amo ser essa mulher que você tá vendo. Me sinto mulher, sempre me senti. Mas antes de toda essa transição, eu comi um cara e... carajo, adorei a sensação. Decidi deixar ele aí.” Ela riu de novo, olhando pra baixo, onde a toalha cobria a rola enorme. “Seria um desperdício tirar um desse tamanho, né?” Lara seguiu o olhar dela, viu o volume, e acabou rindo também, um riso nervoso mas concordando com um aceno.

“Então você só é ativa?”, Lara perguntou, curiosa, limpando uma lágrima que ainda teimava em cair.

“Nah”, Ana disse, balançando a cabeça. “Sempre fui mais passiva nas minhas relações, sabe? Gosto de sentir, de me entregar. Mas não me fecho pra ser ativa se rolar. Depende do momento, da pessoa.”

Ela virou pra Lara, os olhos brilhando de curiosidade. “E você? Conta mais desse negócio do vídeo. Como foi isso?”

Lara travou, o coração apertando de novo. “Eu... não sei se quero falar disso”, murmurou, olhando pro chão.

“Tá tudo bem, muchacha”, Ana disse, a voz mais suave. “Mas a gente tá aqui, dividindo segredos. Pode confiar em mim.”

Lara respirou fundo, o peito tremendo, e cedeu. “Foi um inferno, Ana. Minha mãe me contratou pra testar meu pai, disse que queria provas pra um divórcio. Eu me disfarcei, fui atrás dele, mas... ele me pegou. Duas vezes. E na última, ele levou os amigos, foi uma suruba. Minha mãe armou pra me usar, e agora o vídeo tá na internet, todo mundo viu.”

Ana ouviu quieta, o rosto sério. “Você acha que seu pai sabia que era você o tempo todo?”

“Não sei”, Lara respondeu, a voz falhando. “Acho que não. Espero que não. Ele me tratava como uma qualquer, uma puta pra mostrar pros amigos. Se soubesse que era eu...” Ela parou, engolindo o choro.

“Você tem o vídeo aí?”, Ana perguntou, inclinando a cabeça.

“Por quê?”, Lara retrucou, desconfiada, o coração acelerando.

Ana deu de ombros, um meio sorriso nos lábios. “Eu já vivi muita putaria na minha vida, muitas surubas. Quero ver se daria pra ele ser enganado mesmo, ou se ele tava só fingindo.”

Lara hesitou, mas pegou o celular no bolso, os dedos trêmulos. “Tá aqui”, disse, abrindo o arquivo e passando pra Ana. Ela se ajeitou no chão, e o som começou — os gemidos altos da Lara, “me fode mais, porra”, os homens xingando, “engole tudo, vadia”, o pai dela gritando, “fode essa puta, cambada”. Lara olhou pra tela pela primeira vez desde o café com a mãe. Lá tava ela, o pai metendo na buceta dela com força, um amigo enfiando no cuzinho, outro socando na boca. Os tapas, os risos, o nojo voltando como um soco no estômago.

Ela piscou rápido, voltando a si, e viu Ana Paula ao lado, os olhos fixos na tela. E então notou: a toalha da Ana tava subindo, a rola dela endurecendo, imensa, pulsando debaixo do tecido. Lara ficou quieta, o coração disparado, sem saber o que dizer.

Lara piscou rápido, voltando a si, e viu Ana Paula ao lado, os olhos fixos na tela. E então notou: a toalha da Ana tava subindo, a rola dela endurecendo, imensa, pulsando debaixo do tecido. Lara ficou quieta, o coração disparado, sem saber o que dizer.

Ana olhou pra ela, desligando o som do vídeo por um segundo. “Sinceramente, Lara, eu acho que seu pai sabia que era você”, ela disse, a voz firme, sem rodeios.

“O quê?”, Lara perguntou, o corpo gelando, o susto batendo como um tapa. “Por que você acha isso?”

Ana pausou o vídeo, mexendo na tela até parar num momento específico. “Olha aqui”, ela disse, apontando. Na imagem, um dos amigos do pai tava comendo o cu da Lara de quatro, o pau dele enfiado fundo enquanto ela gemia. O pai tava embaixo, metendo na buceta dela, os corpos colados, suados. O outro amigo, o magrelo, segurava o cabelo da Lara enquanto metia na boca dela. “Presta atenção”, Ana continuou. “Aqui, a peruca sai um pouco do lugar, ó.” Ela apontou pro canto da tela, onde a peruca ruiva escorregava, deixando um pedaço do cabelo verdadeiro da Lara à mostra. “E olha seu pai. Ele tá te comendo, vê ela sair, e aí ele mesmo puxa a peruca de volta pro lugar.” Na tela, o pai dela olhava direto pra Lara enquanto ajustava a peruca, um brilho estranho nos olhos, e o cara atrás, comendo o cu dela, ria, trocando um olhar com o pai.

Lara ficou paralisada, os olhos arregalados. “Eu... eu não tinha visto isso”, murmurou, a voz tremendo.

Ana assentiu, séria. “Não dá pra negar que você tava sentindo muito prazer nisso tudo, Lara. Tá na sua cara, nos seus gemidos.”

Lara baixou a cabeça, o rosto queimando de vergonha. “Eu sei, eu... eu não consigo explicar.”

“Ei, não fica com vergonha”, Ana disse, a voz mais suave. “Prazer é prazer, muchacha, não tem que se culpar por sentir. Mas esse prazer te cegou pros detalhes.” Ela soltou o vídeo de novo, avançando pra outro momento. Agora, Lara tava de joelhos, o amigo do pai metendo no cu dela por trás, socando forte, enquanto o pai tava em pé na frente, dando tapas no rosto dela — “chupa direito, vadia” — enquanto ela mamava ele, a boca cheia. “Olha aqui”, Ana apontou. “O sorriso dele pro amigo. Pode ser só macho se achando, mas eu sinto algo a mais nisso. Um cara que sabe mais do que tá mostrando.”

Lara começou a chorar, as lágrimas escorrendo devagar. “Eu não quero acreditar que ele sabia que era eu, Ana. Não quero.”

Ana suspirou, pausando o vídeo. “Lara, você não conseguiu manter o disfarce tão bem nessa transa. Não dá pra negar isso. Olha você mesma.” Ela voltou o vídeo um pouco, mostrando a Lara na tela: a maquiagem borrada escorrendo pelo rosto, a peruca torta, mal ajustada, o cabelo verdadeiro aparecendo nas laterais. “Se ele te conhece, e ele te conhece, podia ter te reconhecido sim.”

Lara olhou pro celular, o choro apertando a garganta. Era verdade. A maquiagem tava um caos, os olhos manchados de rímel, a peruca quase caindo. Ela tava tão perdida no momento, no tesão, na bagunça toda, que não viu o óbvio. E o pai, sorrindo daquele jeito, ajustando a peruca como se soubesse. Ela cobriu o rosto com as mãos, o peso daquilo esmagando ela de novo.

Lara olhou pro celular, o choro apertando a garganta. Era verdade. A maquiagem tava um caos, os olhos manchados de rímel, a peruca quase caindo. Ela tava tão perdida no momento, no tesão, na bagunça toda, que não viu o óbvio. E o pai, sorrindo daquele jeito, ajustando a peruca como se soubesse. Ela cobriu o rosto com as mãos, o peso daquilo esmagando ela de novo.

O choro explodiu, alto e descontrolado, e ela desabou no chão do banheiro, os soluços sacudindo o corpo. Ana largou o celular na pia, agachou rápido e pegou ela pelos braços. “Ei, muchacha, vem cá”, disse, a voz firme mas suave, levantando a Lara com cuidado. Ela a levou pro chuveiro, abriu a água quente e começou a lavar ela, esfregando os ombros, o cabelo, como se quisesse tirar mais que a sujeira. “Você tá segura aqui, tá ouvindo?”, Ana falou, enquanto a água escorria. Lara só chorava, deixando ela cuidar.

Depois, Ana enrolou ela numa toalha, levou pro quarto e sentou ela na cama. “Descansa agora, Lara”, disse, arrumando o travesseiro. “Você tem uma chance nova aqui no México. Usa esse ano pra se refazer, pra virar outra pessoa. Eu vou te ajudar, tá?” Lara assentiu, os olhos vermelhos, e Ana puxou ela pra um abraço apertado. “A gente vai dar um jeito nisso juntas”, Ana murmurou, e as duas ficaram ali, abraçadas, até o choro da Lara acalmar.

MESES DEPOIS!

Dois meses depois, Lara acordou com o som do despertador gritando no quarto. Piscou rápido, o sol de Guadalajara entrando pela janela, e pulou da cama, correndo pra se arrumar. Era dia de prova no curso de artes. Vestiu uma calça jeans e uma blusa leve, prendeu o cabelo num rabo bagunçado e correu pra sala. Sofía tava lá, mexendo no celular, e riu quando viu ela. “Sempre atrasada, hein, Lara?”, disse, balançando a cabeça.

Lara riu, pegando a mochila. “Prometo que vou melhorar, tá? Cadê o Miguel?”

Sofía deu de ombros. “Saiu com a Ana pra ajudar ela com umas coisas. Ele adora ficar grudado nela.”

Lara deu um riso de canto, segurando a piada na cabeça. Miguel era todo encantado pela Ana, coitado, nem imaginava que o “brinquedo” dela era maior que o dele. Ela imaginava a cara dele se descobrisse que a Ana era trans — ia ser um choque e tanto. Mas aí olhou pra Sofía, tão doce, tão alheia, e sentiu pena. Será que ela não via que o noivo não perderia a chance de comer a Ana? Ou até ela mesma? Sacudiu a cabeça, afastando o pensamento, e as duas saíram pro curso.

A prova foi tranquila, as duas acertaram quase tudo, e na volta, andando pelas ruas cheias de Guadalajara, Lara passou por uma academia de atores amadores. Parou na frente, olhando os cartazes: nomes conhecidos do teatro mexicano, alguns até de novela, já tinham passado por ali. A inscrição era cara, mais do que ela podia pagar agora. Tinha reservado dinheiro pro sonho nos Estados Unidos, mas já tinha gastado boa parte na viagem e nos dois meses ali. “E se eu conseguisse mais?”, pensou, mordendo o lábio. O aplicativo de testar casais ainda tava no celular, funcionava no México também. Podia ser a chance de juntar grana pra academia, de abrir uma porta pro sonho. Mas e os riscos?

Chegando em casa, encontrou Ana na cozinha, mexendo num café. “Ana, eu tava pensando numa coisa”, começou, sentando na cadeira. “Quero entrar numa academia de atores aqui, mas é caro. Pensei em voltar a testar casais, no aplicativo. O que acha?”

Ana parou, virou pra ela com o cenho franzido. “Isso é arriscado, Lara. Eu virei sua melhor amiga nesses meses, você sabe disso. Mas foi esse trabalho que te complicou tanto, que te trouxe pra cá.”

“Não foi o trabalho”, Lara retrucou, firme. “Foram meus pais malditos. O aplicativo era só um meio. Eu posso fazer diferente agora.”

Ana suspirou, cruzando os braços. “Então tenta, mas sabe os riscos. Não quero te ver quebrada de novo, muchacha. Se for pra fazer, faz com cuidado.”

Lara foi dormir pensando, o celular na mão, o coração dividido. No outro dia, acordou decidida. Abriu o aplicativo, criou um perfil novo — novo nome, nova foto, tudo diferente. “Só pra testar”, disse pra si mesma, ativando ele. Não demorou cinco minutos pra uma mensagem piscar: uma cliente querendo testar o marido...

Continua!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 17 estrelas.
Incentive Raell22 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil genéricaRaell22 Contos: 114Seguidores: 160Seguindo: 27Mensagem Apenas mais um 🙂

Comentários

Foto de perfil genérica

Raell, bom dia, e os outros contos?

0 0
Foto de perfil genérica

Boa tarde, cara eu tô bem desanimado mesmo com os contos em geral kkkkkk. Tô sem tempo e etc, mas quando der eu vou continuar... tô indo fazendo aos poucos sabe

0 0
Foto de perfil de Samas

E lá vai Lara novamente se meter em confusão 🤔🫢🙄🤦🤦🤦

0 0