Pisquei o olho e metade de maio chegou! Durante esse tempo, meu namoro com o Luke seguiu em um ritmo perfeito. Nos encontrávamos diariamente na escola, cada olhar trocado pelos corredores fazia meu coração disparar como se fosse a primeira vez, e nossos encontros rápidos pelos banheiros dava toda aquela emoção adolescente que tínhamos. Nos finais de semana estávamos sempre juntos, ou no meu apartamento, ou na casa do Luke, apesar do clima estranho com nossos pais o clima de guerra não existia mais. Yan e Isaac eram figuras constantes, tanto na escola como nos finais de semanas, a amizade entre nós quatro ia se fortalecendo cada vez mais..
Maio chegou e com ele a competição no qual estávamos treinando, seria um torneio de vôlei em outra cidade. Partiríamos na quinta e retornaríamos apenas no domingo, com dois dias intensos de competição pela frente.
– Vou sentir tanto a sua falta. – disse Luke, entrelaçando seus dedos nos meus na despedida. Seus olhos revelavam uma preocupação que ele tentava disfarçar. – Promete que vai me ligar todos os dias?
– Prometo. Respondi, puxando ele para um beijo e sentindo um nó na garganta que não era apenas pela saudade antecipada.
O Carlos estava comigo nessa viagem, ele era a minha dupla, eu e ele éramos as peças principais do time, e apesar da nossa briga, o clima entre nós estava melhor nas últimas semanas, mas eu sabia que o Carlos era motivo para o Luke ter ciúmes, então eu optei por não tocar no nome do Carlos com o Luke, afinal ele sabia ou pelo menos iria deduzir que o Carlos também iria. Eu sabia lá no fundo que o Carlos não iria esconder suas intenções, e eu também sabia que o Luke desprezava o Carlos com todas as forças, afinal ele tinha armado para o nosso primeiro termino.
Durante a viagem de ônibus, consegui me sentar ao lado do Marcello, um amigo do time. Mas podia sentir o olhar de Carlos queimando em minha nuca da cadeira de trás. Cada vez que eu olhava para trás, lá estava ele, com aquele sorriso provocante que parecia dizer "tenho todo o tempo do mundo". Quando chegamos ao hotel, veio a bomba:
– Quarto 305, você e Carlos. – Anunciou o treinador, entregando-me a chave, meu estômago afundou.
– Treinador, tem certeza? Não posso ficar com o Marcello ou...
– Impossível. – Ele cortou, sua expressão não deixando espaço para discussão. – Vocês são os principais jogadores do time e precisam estar alinhados para a competição. A decisão está tomada.
Carlos apareceu ao meu lado, pegando sua cópia da chave:
– Parece que seremos companheiros de quarto. – Ele comentou com aquele sorriso de canto de boca que fazia meu sangue ferver de raiva... e algo mais que eu lutava para ignorar.
– Só companheiros de time, Carlos. Nada além disso. – Respondi secamente, embora pudesse sentir minhas mãos tremendo.
Naquela noite, sentado na beira da cama com o celular na mão, encarei o nome do Luke na tela. Um dedo pairando sobre o botão de ligar. Eu deveria contar a ele? Deveria mencionar que estaria dividindo um quarto com o cara que ele mais desprezava? A imagem do rosto de Luke, contorcido de ciúme e preocupação, foi o suficiente para me fazer desistir. Em vez disso, digitei uma mensagem carinhosa sem mencionar os detalhes da hospedagem. Olhei para o banheiro, onde Carlos estava tomando banho, cantarolando como se tivesse ganhado na loteria. Seu sorriso era de pura vitória quando saímos do ônibus, como se ele soubesse que eu estava preso, sem escolha, sem escapatória. Mas eu tinha escolha. E escolhi proteger meu relacionamento com Luke, mesmo que isso significasse esconder a verdade temporariamente. Só esperava que essa decisão não me custasse caro demais no final.
Um clique metálico anunciou o fim do banho de Carlos. A porta do banheiro se abriu lentamente, liberando uma nuvem de vapor quente que invadiu o quarto. Carlos surgiu envolto apenas por uma toalha branca amarrada na cintura, gotas d'água ainda escorrendo por seu torso definido. Seus olhos encontraram os meus imediatamente.
– Você sempre teve esse hábito de desviar o olhar quando está nervoso? – Perguntou Carlos, passando a mão pelos cabelos molhados, um sorriso confiante dançando em seus lábios.
Forcei-me a encarar meu celular, como se a mensagem de boa noite que acabara de enviar para Luke exigisse toda minha atenção.
– Não estou nervoso. Só cansado da viagem.
Carlos caminhou pelo quarto sem pressa, cada passo calculado. O perfume do seu shampoo invadiu meus sentidos, trazendo lembranças que eu lutava para manter enterradas.
– Sabe o que é engraçado, Lucas? – Ele sentou na beirada da minha cama, perto demais. – Você pode mentir para si mesmo, para o Luke, para o mundo inteiro... mas não consegue mentir para mim.
Levantei-me abruptamente.
– Vou tomar meu banho agora.
Sua mão segurou meu pulso com firmeza, mas sem força. Um toque que pedia, não exigia.
– Por que fugir do que já sabemos que vai acontecer? – Murmurou Carlos, sua voz baixa, quase hipnótica. – Você está aqui, eu estou aqui. O Luke está a quilômetros de distância.
– Tenho um relacionamento agora. Isso... nós... é passado. – Respondi, mas minha voz traiu a convicção que tentei transmitir.
Carlos se levantou, ficando perigosamente próximo.
– Se fosse passado, você não estaria com medo de mim, e seu pau duro com o meu toque representa o que?
– Não estou...
– Não está o quê? Pensando em como seria sentir isso novamente? – Seus dedos traçaram um caminho leve para o meu pau que já estava duro com todo aquele clima. –Lembra daquela vez na casa de praia? Como você disse que nunca tinha sentido algo tão intenso? Quando transamos no carro do meu pai?
As lembranças inundaram minha mente. O gosto do seu beijo, e a gente se pegando forte no carro do pai do Carlos, enquanto estávamos mentindo, que íamos pegar umas garotas.
– Carlos, por favor…
– Por favor, pare? Ou por favor, continue? – Seus lábios roçaram meu pescoço, e fechei os olhos involuntariamente. – Seu corpo sempre foi mais honesto que suas palavras, Lucas.
Minhas mãos, que deveriam afastá-lo, pousaram em seu peito nu. A toalha mal presa ameaçava ceder à gravidade. Uma parte distante da minha consciência gritava o nome de Luke, mas sua imagem parecia desvanecer a cada segundo.
– Ninguém precisa saber. – Sussurrou Carlos contra meu ouvido, sua respiração quente enviando arrepios por minha espinha. – Só esta noite. Só nós dois.
O último fio de resistência se rompeu quando seus lábios encontraram os meus. Um beijo lento, familiar e devastadoramente errado. Minhas mãos deslizaram para suas costas, puxando-o contra mim como se pudesse fundir nossos corpos e apagar a culpa que já começava a se formar. A toalha caiu no chão entre nós, e nosso beijo se tornou real, e eu me entrei ao momento, esqueci do Luke e foquei no Carlos ali comigo, pelado, gostoso de pau duro, era impossível para um adolescente como eu resistir a tudo isso, o Carlos de fato era muito gostoso, mas eu não sentia nada por ele, a não ser atração, então novamente quis me isentar da minha culpa que eu traia o Luke, porque ele não era passivo comigo, então eu tinha essa liberdade de por ser ativo com qualquer outra pessoa. O Carlos foi tirando meus shorts, e logo começou a chupar meu pau, fiquei em pé ali no no meio do nosso quarto de hotel, enquanto o Carlos chupava meu pau lentamente, era como se tivesse todo o tempo do mundo, ele chupava, sugava as bolas, lambia a baba que saia do meu pau, e depois chupava com muita vontade, eu gemia e beliscava meus mamilos, puxei o Carlos para um beijo e segurei meu pau contra o pau dele, e toquei uma punheta segurando os dois paus ao mesmo tempo, enquanto trocamos um beijo quente, virei o Carlos de costas, beijei seu pescoço e disse;
– Vou acabar com seu cuzinho, seu filho da puta.
– Ele é todo seu. – Disse o Carlos gemendo.
Então me abaixei, abri bem a bunda do Carlos, e meti minha cara ali, passando a língua em seu cú, lambendo e chupando o que conseguia, o Carlos tinha uma bunda linda, estava toda depilada e cheirosa pós banho, minha língua rodeava seu anel, e ele gemia, me implorando para fuder ele, após deixar seu cú bastante molhado, cuspi no meu pau, coloquei o Carlos na beirada da cama e comecei a meter nele, meu pau entrou sem dificuldades, e logo o Carlos gemia e me chamava de gostoso, e de puto safado, fazia tempo que não comia ninguém, a última pessoa havia sido o Carlos, então aproveitei para matar as saudades de ser ativo, apesar de que gostava de ser passivo com o Luke, mas tinha essa certa necessidade de querer meter também, e a minha química sexual com o Carlos sempre foi muito intensa, e a gente sempre conheceu bem o corpo e os limites um do outro, não demorei muito e acabei gozando dentro do Carlos, ele rebolava no meu pau, e era difícil eu resistir aquela bunda gostosa rebolando na minha pica. Depois que gozei, ele se virou de frente com seu pau completamente duro, me abaixei e chupei até ele gozar na minha boca e fiz questão de engolir tudo. Após nossa foda intensa deitamos pelados e sujos com a porra um do outro.
Horas depois, encarava o teto do quarto de hotel, a respiração de Carlos profunda e regular ao meu lado. Meu celular vibrou na mesa de cabeceira – uma mensagem de Luke.
"Boa noite, amor. Sonhe comigo. Mal posso esperar para te ver no domingo."
O nó na minha garganta parecia feito de concreto. As lágrimas ardiam, recusando-se a cair como se negassem esse alívio à minha consciência. O que eu havia feito? Carlos se moveu ao meu lado, seu braço buscando minha cintura no sono, e me afastei como se seu toque agora queimasse. A mesma pele que minutos atrás havia me trazido ao êxtase agora me causava repulsa – não por ele, mas por minha própria fraqueza. Levantei-me silenciosamente e fui até a janela. A cidade desconhecida brilhava lá fora, indiferente ao furacão dentro do meu peito. Eu havia traído não apenas Luke, mas a mim mesmo, minhas promessas, minha integridade. O pior era saber que parte de mim ainda sentia algo por Carlos – algo tóxico, obsessivo e incontrolável. Algo que eu precisaria extirpar de vez se quisesse ter qualquer chance de merecer o amor puro que Luke me oferecia.
Acabei adormecendo em meio à turbulência dos meus pensamentos, um sono inquieto repleto de imagens fragmentadas – o sorriso sincero do Luke se transformando em decepção, o olhar vitorioso do Carlos, e eu, dividido entre os dois, desmoronando sob o peso das minhas escolhas.
Eram 08h quando ouvimos batidas na porta. O som ecoou como um martelo na minha consciência pesada.
— Hora de acordar, rapazes! — a voz do treinador atravessou a madeira. — O café será servido em vinte minutos.
A competição começaria em poucas horas, mas a verdadeira batalha já estava acontecendo dentro de mim. Carlos, deitado ao meu lado, acordou e me deu um bom dia com um sorriso triunfante. Aquele sorriso que dizia claramente que tinha conseguido o que sabia que conseguiria desde o começo.
Vesti meu short sem olhar para ele e abri a porta. O treinador estava lá, já completamente desperto, com sua prancheta na mão.
— Vocês têm trinta minutos para o café e para arrumar suas coisas — disse ele, checando seu relógio. — O ônibus sai às 9h em ponto para o colégio onde será a competição.
— Estaremos prontos — respondi, minha voz soando estranhamente distante, como se pertencesse a outra pessoa.
Fechei a porta e fui direto para o banheiro. Precisava da água quente para lavar não apenas meu corpo, mas a sensação de sujeira que parecia impregnada na minha pele. Deixei a água escorrer pelo meu rosto, tentando organizar os pensamentos. Estava tão absorto que nem percebi quando a porta do box se abriu. Carlos entrou no banheiro sem a menor cerimônia, como se tivesse todo o direito de invadir meu espaço. Fiquei em silêncio, processando tudo enquanto ele escovava os dentes com movimentos lentos, seus olhos fixos no meu reflexo pelo espelho.
Depois, sem aviso, ele simplesmente entrou no box comigo.
— Não pode esperar eu acabar? — perguntei, finalmente encontrando minha voz.
Ele não disse nada. Apenas me olhou com aquela intensidade que sempre me desarmava e me puxou para um beijo. Um beijo ao qual não consegui resistir imediatamente, como se meu corpo tivesse sua própria memória, independente da minha vontade. Mas foi breve – beijei-o rapidamente e me afastei, a água escorrendo entre nós.
— Carlos, é melhor a gente parar — disse, minha voz mais firme agora. — Estávamos voltando com nossa amizade. Não quero te decepcionar, mas você sabe que estou com o Luke.
O sorriso desapareceu do rosto dele, substituído por uma expressão fechada, quase hostil.
— Sempre foi curtição entre a gente — disse ele, dando de ombros como se tentasse diminuir a importância do que havia acontecido. — Já disse que não tenho ciúmes do Luke. Eu gosto de você.
As palavras dele pareciam ecoar nas paredes do banheiro, amplificadas pela acústica do pequeno espaço. Respirei fundo, sabendo que precisava ser cruel para ser gentil.
— Carlos, esse é o problema. Eu não gosto de você como você gosta de mim — falei, cada palavra saindo como uma pequena pedra afiada. — Eu gosto de você como amigo. Já te disse isso mil vezes. A gente nunca funcionaria como namorados, porque eu não gosto de você... dessa forma.
Vi o impacto das minhas palavras em seu rosto. A máscara de confiança se quebrou por um instante, revelando o garoto vulnerável por trás da fachada de sedutor. E esse era exatamente o meu objetivo – erguer um muro entre nós, mesmo que construído com mentiras pela metade.
Ele ficou sério, seus olhos escurecendo como se minhas palavras o machucassem profundamente. Por um momento, senti o impulso de me retratar, de dizer que estava confuso, mas sabia que isso só prolongaria uma situação impossível.
Sem dizer mais nada, terminei meu banho apressadamente, esfreguei o corpo com força como se pudesse limpar minha consciência junto com minha pele. Escovei os dentes e saí do banheiro sem olhar para trás, sentindo o peso do olhar dele nas minhas costas.
Coloquei minha roupa e desci para o café sentindo um vazio no estômago que nenhum alimento preencheria. Minutos depois, Carlos desceu também. Seu rosto estava composto novamente, a máscara de indiferença de volta ao lugar, mas seus olhos ainda carregavam o peso da rejeição. Tomamos café em silêncio, sentados em mesas separadas. O barulho dos outros estudantes, animados com a competição, criava um contraste doloroso com a tempestade silenciosa entre nós. Pegamos nossas coisas e embarcamos no ônibus para o colégio onde seria a competição. Sentei-me ao lado de Marcello novamente, enquanto Carlos escolheu um lugar no fundo. A distância física entre nós parecia quilômetros, mas a conexão que havíamos criado na noite anterior ainda pulsava como uma ferida aberta.
Enquanto o ônibus cortava as ruas da cidade, peguei meu celular e vi três novas mensagens de Luke. Cada palavra de carinho era uma pequena agulha na bolha de culpa que crescia dentro do meu peito. Eu teria que lidar com isso eventualmente, mas agora, precisava me concentrar no jogo. O esporte sempre tinha sido meu refúgio – talvez, por algumas horas, eu pudesse esquecer o que havia feito e quem eu estava me tornando.
O ginásio do colégio era impressionante – piso de madeira polida que refletia as luzes do teto, arquibancadas que se elevavam em semicírculos e um placar digital que piscava em vermelho vivo. O ar estava denso com o cheiro de suor e o barulho de tênis guinchando contra o chão encerado.
— Precisamos vencer pelo menos três dos cinco jogos para classificar — explicou nosso treinador, reunindo o time em círculo. Seus olhos passaram por cada um de nós, detendo-se um segundo a mais em mim e Carlos. — Confio em vocês dois para comandarem a ofensiva. Deixem os problemas pessoais fora da quadra. Engoli em seco, sentindo o peso daquelas palavras. Será que ele sabia? Ou era apenas um comentário genérico sobre nosso histórico de rivalidade?
O primeiro jogo começou às 9h30. Nossos adversários eram altos, com braços fortes, mas percebi logo que faltava sincronização entre eles. Carlos e eu nos movíamos como sempre fizemos em quadra – uma dança ensaiada onde cada um sabia exatamente onde o outro estaria. Era estranho como essa sintonia permanecia intacta mesmo quando estávamos despedaçados fora da quadra.
— Para você! — gritou Carlos, levantando a bola em um arco perfeito.
Saltei, sentindo o tempo desacelerar. Minha mão encontrou a bola no ponto mais alto, e a cortada atravessou a quadra como um projétil, atingindo o chão entre dois defensores adversários. O som do impacto foi seguido pelo apito do árbitro. “Ponto”. Sem pensar, corri para Carlos e nos abraçamos, girando em círculo como fazíamos desde o ensino fundamental. Por um instante, esqueci de tudo – de Luke, da traição, das palavras duras no banheiro do hotel. Era apenas eu e Carlos, celebrando como sempre fizemos.
O primeiro jogo terminou 25-20, 25-18 eVitória limpa.
O segundo foi mais equilibrado. A equipe adversária tinha um levantador habilidoso que nos obrigava a correr por toda a quadra. No final do segundo set, estávamos todos ofegantes, pingando suor, com as camisas coladas ao corpo.
— Não consigo mais... — murmurou Marcello durante um intervalo, apoiando as mãos nos joelhos.
— Consegue sim — respondi, passando-lhe uma garrafa d'água. — Pense na classificação.
O jogo foi para o tie-breakSegunda vitória.
O terceiro jogo foi nosso pior momento. Perdemos o primeiro set por 25-18 e o segundo porNosso treinador estava furioso, berrando instruções que mal conseguíamos processar.
— Precisamos desse jogo — Carlos disse enquanto nos preparávamos para o terceiro set, enxugando o suor da testa com a manga da camisa. Nossos olhos se encontraram, e havia ali uma determinação feroz que me lembrou por que sempre fomos imbatíveis juntos.
— Então vamos pegá-lo — respondi, batendo levemente em seu ombro.
O terceiro set foi uma batalha de vontades. Cada ponto era disputado como se fosse o último. Meus músculos queimavam, meus pulmões imploravam por ar, mas continuei saltando, bloqueando, atacando.
Carlos fez uma defesa espetacular, lançando-se no chão e salvando uma bola que parecia perdida. Consegui transformar aquela defesa desesperada em um ataque preciso, e quando o ponto foi confirmado, Carlos correu até mim. Nossos corpos colidiram em um abraço de comemoração tão intenso que quase caímos. Senti seus braços me apertarem, seu corpo quente contra o meu, e por um segundo, esqueci onde estávamos.
— Como nos velhos tempos — ele sussurrou, e não pude deixar de sorrir.
Vencemos o terceiro set por 25-23, e o quarto porNo tie-break, o placar final foiTerceira vitória garantida.
O quarto jogo foi quase um passeio. A equipe adversária parecia desanimada desde o início, e aproveitamos cada brecha em sua defesa. 25-18,Quarta vitória.
— Estamos classificados! — comemorou o treinador, algo raro de se ver. — O último jogo é apenas formalidade, mas vamos com tudo!
O quinto e último adversário do dia era a equipe favorita do torneio – um time de uma escola particular com tradição em competições estaduais. Seus jogadores tinham uniformes impecáveis e movimentos precisos durante o aquecimento.
— Não se intimidem — disse Carlos para o time, assumindo naturalmente o papel de líder. — Eles sangram igual a nós.
O jogo começou intenso e assim permaneceu. Cada ponto era uma pequena guerra. Perdemos o primeiro set por 25-23, mas reagimos no segundo, vencendo porNo terceiro set, a fadiga começou a cobrar seu preço – pernas pesadas, reações mais lentas, comunicação falha.
— Lucas, concentra! — gritou Carlos depois que errei um ataque simples. Não havia acusação em sua voz, apenas preocupação.
Perdemos o terceiro set por 25-20, mas, num esforço sobre-humano, conseguimos o quarto porTie-break.
O ginásio, que havia permanecido com uma plateia modesta durante o dia, agora estava quase cheio. Estudantes dos outros colégios, curiosos sobre o time desconhecido que estava dando trabalho aos favoritos, ocupavam os assentos.
O tie-break foi uma montanha-russa emocional. Abríamos vantagem, eles empatavam. Eles lideravam, nós alcançávamos. A cada ponto, a tensão aumentava. Meus músculos imploravam por descanso, mas minha mente se recusava a desistir.
Em 14-13 para eles, Carlos me lançou um olhar que dizia tudo: esta bola é sua. O levantamento veio perfeito, alto e afastado da rede, exatamente como eu gostava. Saltei com toda a força que restava em minhas pernas, meu braço descendo como um chicote.
A bola encontrou o bloqueio.
Por um momento terrível, vi a bola quicando de volta para nosso lado da quadra. Marcello se lançou, os dedos esticados ao máximo, mas a bola tocou o chão antes que ele pudesse alcançá-laDerrota.
O apito final soou como uma sentença. Caí de joelhos, o peito subindo e descendo rapidamente. Senti uma mão no meu ombro – era Carlos, oferecendo ajuda para me levantar.
— Jogamos bem — ele disse, sem soltar minha mão depois que me levantei. — Quatro vitórias em cinco jogos. Ninguém esperava isso de nós.
Caminhamos para os vestiários em silêncio, exaustos demais para falar. A adrenalina da competição começava a baixar, e a realidade da situação voltava a pesar sobre meus ombros. Tomei um banho rápido, deixando a água levar o suor e a fadiga, mas não a confusão que ainda fervia dentro de mim.
No ônibus de volta ao hotel, sentei-me sozinho. Carlos estava algumas fileiras à frente, conversando com outros jogadores sobre os melhores momentos do dia. Eu queria participar, sorrir, celebrar nossa classificação, mas meu corpo simplesmente não tinha energia para manter aparências.
Chegamos ao hotel ja era noite, entrei no quarto, joguei minha bolsa no chão e me deixei cair na cama, o corpo dolorido em lugares que nem sabia que existiam. Minutos depois, Carlos entrou, igualmente exausto.
— Dia longo — ele comentou, deitando-se na outra cama. Não havia insinuação em sua voz, nenhum convite implícito.
— Muito — respondi, encarando o teto.
O silêncio se estendeu entre nós, pesado com palavras não ditas. Esperei, tenso, por algum movimento dele, alguma tentativa de atravessar o espaço entre nossas camas. Nada veio.
Foi então que percebi o quanto era contraditório – eu havia rejeitado Carlos de manhã, dito palavras cruéis para afastá-lo, e agora sentia uma pontada de... o quê? Decepção? Porque ele estava respeitando esse distanciamento?
Peguei meu celular e vi três chamadas perdidas de Luke. A culpa voltou a me atingir como um tapa. Que tipo de pessoa eu estava me tornando? Traindo Luke, rejeitando Carlos, e agora, de alguma forma, sentindo-me insultado porque Carlos não estava tentando me seduzir novamente? Mandei uma mensagem para o Luke, falei que estava no hotel e que tínhamos ganhado 4 jogos de 5, e que iria dormir, que amanhã seria as finais.
Carlos permanecia deitado, enquanto eu trocava mensagens com o Luke, a verdade dolorosa começava a cristalizar em minha mente enquanto ouvia a respiração de Carlos na cama ao lado, ficando gradualmente mais profunda conforme o sono o levava. Com Luke, eu encontrava amor, segurança, uma relação baseada em respeito e confiança mútua. Com Carlos... era diferente. Intenso, selvagem, um vício que parecia impossível de quebrar completamente. Amor versus prazer. Segurança versus excitação. Futuro versus passado. Como poderia escolher quando partes de mim ansiavam por ambos?
Com esses pensamentos circulando sem descanso, caí em um sono inquieto, meus sonhos povoados por duas faces – Luke me observando com olhos magoados, e Carlos sorrindo aquele sorriso que sempre significou problemas.