Projeto Ataraxia (Capítulo III Perdendo o Controle)

Um conto erótico de Rafael Macedo
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 5975 palavras
Data: 12/04/2025 12:52:38

Boa Tarde turma, assim como ontem, hoje serão liberados dois capítulos em sequência, pode ser que esse ritmo não se mantenha, já que ainda estou desenvolvendo a história e o que está sendo publicado aqui é a margem de 66 páginas dessa história, pretendo fazer umas 450 páginas kkkkk o maior que vocês já devem ter visto aqui

Enfim, boa leitura perversa a vocês

Rafael ajeitou a camisa jeans cinza escura, respirando fundo enquanto se encarava no espelho do banheiro. Aquelas pequenas imperfeições no rosto, as marcas do tempo, as olheiras que não iam embora, tudo isso parecia mais forte do que nunca, mas ele tentou afastar os pensamentos. Não queria se entregar ao cansaço, à pressão crescente. A curiosidade sobre o que seu pai e Horácio haviam começado parecia estar tomando conta de sua mente de forma irracional, mas ele precisava manter o controle. Não podia se perder ali. Não agora.

O som da porta de entrada sendo aberta indicava que Talles estava chegando. Rafael respirou fundo mais uma vez e, com um leve sorriso forçado, se virou e saiu para o escritório.

Ao entrar na sala, ele o viu: Talles, com sua camisa verde oliva, ajustando os bolsos na altura do peito, o corte preciso nos ombros. O uniforme militar parecia ter sido feito sob medida para ele, como se estivesse dizendo algo sobre controle e disciplina, mas também uma juventude inesperada, ainda imatura, uma inocência que Rafael não sabia como lidar.

Talles olhou para ele, um sorriso tímido no rosto, e antes que pudesse dizer algo, Rafael tomou a palavra.

— Você vai precisar esperar um pouco. Tenho uma reunião agora, mas depois a gente pode conversar sobre o estágio, tudo bem?

Talles assentiu, sorrindo. A tensão estava lá, mas Rafael conseguia disfarçar. Ao menos por enquanto.

Rafael conseguiu disfarçar bem o turbilhão interno que estava sentindo, mas lá no fundo, algo estava mexendo com ele. Talles estava tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante. Ele tentou focar nas palavras que dizia, mantendo a postura de superior, mas o pensamento que passou pela sua cabeça não podia ser ignorado.

Se eu tivesse tomado o soro... Já teria feito a minha primeira besteira.

Ele riu consigo mesmo, mas o sorriso se desfez rapidamente. Não, não podia deixar isso acontecer. Ele precisava de controle. Mas algo dentro dele, alguma necessidade crescente, parecia gritar para que ele cedesse, que se permitisse mais.

Talles não percebia a luta interna de Rafael, e, enquanto o jovem se afastava para se sentar e esperar pela reunião, Rafael se viu parado por um instante, olhando para ele. A sensação de desejo misturado com tensão parecia crescer, uma energia que ele mal reconhecia. O que era aquilo? Era só atração? Ou algo mais profundo, algo que ele não estava pronto para lidar?

Rafael se forçou a focar no seu trabalho. Talles se acomodou na cadeira, mexendo no celular enquanto aguardava. O silêncio que se instalou na sala parecia aumentar a pressão sobre os ombros de Rafael, como se cada segundo ali fosse uma luta silenciosa contra algo que ele não queria enfrentar. Ele sabia que precisava manter sua compostura. Não podia ceder. Não agora.

Mas não conseguia evitar. Talles estava ali, em sua sala, em sua presença, e Rafael não podia ignorar o fato de que aquela sensação estranha não era algo que ele havia experimentado antes. Nunca se sentira assim por outro homem. A atração era clara e intensa, algo novo para ele, mas ainda assim muito real.

Isso é uma loucura, pensou Rafael, enquanto tentava manter a voz firme ao falar com seu assistente, que o chamou de fora da sala. Ele ainda sentia os olhos de Talles sobre ele, um peso silencioso no ar. A presença do jovem parecia lhe afetar de uma maneira que ele nunca imaginara ser possível. Rafael nunca tinha se sentido atraído por outro homem. E, naquele momento, ele sabia que estava lidando com algo completamente novo.

Ele respirou fundo, mas a sensação não passava. A cada passo que dava, era como se algo mais fosse arrastado para dentro dele. Ele se perguntava: será que estou perdendo o controle? Será que esse desejo é só uma fase ou algo que está dentro de mim, mas eu simplesmente nunca percebi?

Rafael olhou de relance para Talles, que ainda estava ali, descontraído, sem a menor ideia do que estava acontecendo dentro de Rafael. O jovem parecia tão ingênuo, tão alheio às batalhas internas de seu superior. Ele não via nada além de um homem que estava dando uma oportunidade para ele. Mas para Rafael, isso era muito mais do que isso.

Ele sentiu uma mistura de insegurança e um desejo crescente. Não queria ser vulnerável, mas agora, com a presença de Talles, tudo parecia mais complexo do que ele imaginava. Como seria se ele tomasse o soro, como Horácio sugerira? Será que isso explicaria o que estava sentindo agora? Ele estava começando a questionar se a solução para esses pensamentos estava ao alcance dele.

Rafael se forçou a se concentrar em sua tarefa. Não pense nisso agora. Mas, no fundo, ele sabia que era a primeira vez que se sentia atraído por um homem. E essa sensação, aquela tensão incômoda, não iria desaparecer tão facilmente.

Ele olhou para Talles mais uma vez, sentindo o calor subir por seu pescoço. Se tivesse tomado o soro, talvez ele já tivesse se entregue a esse desejo, talvez já tivesse dado um passo que não poderia mais voltar atrás. Mas, naquele momento, ele se forçou a pensar racionalmente. Não podia se deixar levar por impulsos. Não podia se perder nisso, por mais que a curiosidade, o desejo e até um certo medo o puxassem para algo que ele sabia que não estava preparado para enfrentar.

O tempo passou, e Rafael sentiu o peso dessa nova batalha começando a se formar dentro dele.

Claro, vamos continuar a reunião com os detalhes importantes.

A sala estava tensa, com todos atentos às palavras de Rafael. A reunião seguiu com ele à frente, mostrando as próximas etapas dos projetos de infraestrutura e abordando o papel crucial da inteligência artificial nos processos de construção.

"Como mencionei, a implementação de IA é um passo fundamental para melhorar a eficiência, otimizar custos e trazer mais segurança. Estamos falando de automação de processos repetitivos, análise de dados em tempo real e soluções para prever problemas antes que eles ocorram", explicou Rafael, com confiança.

O chefe de operações, Marcos, interveio, levantando uma preocupação. "Tudo isso parece excelente, mas o que me preocupa é a adaptação dos nossos funcionários a essa nova tecnologia. Como garantir que nossa equipe, que tem uma formação mais tradicional, vai conseguir trabalhar junto com a IA de forma eficaz?"

Rafael respirou fundo, sabendo que esse era um ponto crítico. "Marcos, nossa abordagem será gradual. Vamos integrar a IA de forma que ela complemente o trabalho humano, e não o substitua. Teremos treinamento contínuo para nossa equipe, para que eles não sintam que estão sendo deixados de lado, mas sim empoderados por essa nova tecnologia. O objetivo é unir o melhor da mão de obra humana com o potencial da IA."

Carlos, do setor financeiro, levantou outra questão. "Você já falou de otimizar os processos, mas como vai ser a justificativa para o custo dessa implementação? IA não é barato, então precisamos garantir que isso se traduza em resultados financeiros concretos."

Rafael sorriu, já preparado para essa pergunta. "Carlos, o retorno virá a longo prazo. A IA vai reduzir a margem de erro, agilizar a execução das obras e melhorar a análise de dados. A combinação de inteligência humana e artificial vai permitir decisões mais rápidas e mais assertivas. Isso vai aumentar nossa competitividade no mercado, tornando nossos projetos mais rentáveis e eficientes."

A conversa se aprofundou, com Rafael detalhando como os processos seriam implementados em diferentes fases, abordando o impacto a longo prazo tanto para a empresa quanto para os trabalhadores. Ele também explicou as formas de integrar IA de maneira ética, sem sacrificar a transparência e a privacidade dos dados.

Quando a reunião chegou ao fim, o clima estava mais leve. Os membros da equipe começaram a se animar com as possibilidades e com a visão de Rafael. Sr. Almeida, da prefeitura, se levantou e se aproximou de Rafael.

"Eu realmente gosto da forma como você está abordando isso. A IA é o futuro, e é claro que você está à frente. A cidade precisa de gente como você", disse ele com um sorriso.

"Obrigado, Sr. Almeida. É um prazer trabalhar com a prefeitura. Essa parceria será fundamental para alcançarmos nossos objetivos", respondeu Rafael, com um olhar focado.

O chefe de operações, Marcos, também fez um comentário positivo. "A visão está muito clara, Rafael. Vamos fazer com que tudo isso aconteça. A equipe está preparada para os desafios."

"Eu também acredito nisso. E, com a IA, vamos realmente definir novos padrões para o setor", completou Rafael.

A reunião se encerrou, e as pessoas começaram a sair da sala. Rafael ficou alguns minutos ali, absorvendo os pensamentos que estavam borbulhando em sua mente. Por um breve momento, sentiu que o peso da investigação e das tensões sobre Horácio e o soro tinham ficado para trás. Ele estava, pelo menos por um instante, totalmente envolvido no trabalho e nas oportunidades que estavam diante dele.

Mas, enquanto observava a equipe sair e organizava seus papéis, não pôde deixar de se perguntar por quanto tempo conseguiria manter esse equilíbrio, sem que os problemas pessoais e as tentações que ele estava começando a sentir voltassem a dominar sua mente.

Rafael saiu da sala de reuniões com a mente aliviada, sentindo que por um momento conseguiu escapar da sombra dos segredos que vinha desvendando. As discussões sobre projetos e a modernização da empresa o fizeram esquecer, ainda que temporariamente, do caos que se instalava em sua mente. Mas essa sensação logo começou a esvair-se assim que seus olhos pousaram em Talles, que o aguardava próximo à recepção.

O jovem estava casual, mas impecável. A camisa de sarja verde oliva, com os detalhes militares nos ombros, moldava-se ao seu corpo, deixando evidente a robustez dos músculos. Rafael engoliu seco sem perceber, sentindo a língua deslizar rapidamente pelos lábios que pareciam secar a cada instante. Ele nunca havia sentido algo assim por um homem antes.

— Senhor Rafael, espero não estar incomodando. A secretária me disse que agora seria um bom momento para conversarmos sobre a vaga de estágio — disse Talles, com um sorriso cordial.

Rafael pigarreou discretamente e assentiu, gesticulando para que o jovem o acompanhasse até sua sala. Caminhou ao lado dele, mantendo o olhar fixo à frente, mas, de vez em quando, seus olhos escapavam para o perfil do rapaz, para a forma como sua postura exalava uma naturalidade despretensiosa. O soro. O pensamento surgiu como um lampejo em sua mente. Se tivesse tomado o soro, teria feito a sua primeira besteira ali mesmo.

Ao chegarem à sala, Rafael se sentou atrás da mesa e indicou a cadeira para que Talles fizesse o mesmo. O jovem sentou-se com um misto de ansiedade e empolgação, o brilho nos olhos de alguém que via aquela oportunidade como um passo importante para o futuro.

— Então, Talles, você estuda engenharia civil, correto? — perguntou Rafael, cruzando os dedos sobre a mesa, tentando se concentrar na conversa.

— Sim, senhor. Estou no segundo ano e quero aprender na prática o máximo possível. A sua empresa é uma das maiores referências do setor, então essa oportunidade significa muito para mim — respondeu o jovem, a postura ereta, a voz carregada de respeito e entusiasmo.

Rafael assentiu, observando a energia de Talles, a forma como ele parecia realmente dedicado. Seria um desperdício deixá-lo escapar.

— Eu gosto de jovens que demonstram ambição e interesse genuíno. Vejo que você tem isso, e minha empresa precisa de pessoas assim. Então, a partir da próxima semana, você começará como estagiário aqui.

O sorriso que se abriu no rosto de Talles era sincero, cheio de gratidão.

— Sério? Muito obrigado, senhor Rafael! Eu prometo que darei o meu melhor.

Rafael esboçou um sorriso discreto e se levantou, indicando que a conversa havia terminado.

— Tenho certeza de que dará. Seja bem-vindo à equipe.

Os dois apertaram as mãos, e naquele instante, Rafael sentiu o calor da pele do jovem, a firmeza de seu aperto. Algo pulsou dentro dele, uma inquietação que o fez se afastar rapidamente. Talles, alheio ao que se passava na mente do empresário, agradeceu mais uma vez e saiu da sala, deixando Rafael para trás, perdido em seus próprios pensamentos.

Ele passou a mão pelo rosto e soltou um suspiro profundo. Aquilo não era normal. Mas o pior de tudo? Uma parte dele não queria que fosse diferente.

Rafael ficou parado no meio da sala por alguns instantes, sentindo o ar pesado ao seu redor. Ele olhou para baixo e percebeu, com uma mistura de choque e frustração, que alguém tinha acordado. O calor subiu por sua nuca, e um gosto amargo de autodesprezo se instalou em sua boca.

Isso não pode estar acontecendo.

Sem pensar duas vezes, ele seguiu apressado para o banheiro de sua sala, trancando a porta atrás de si. Jogou as mãos na pia, respirando fundo, tentando se recompor. O espelho à sua frente refletia seu rosto tenso, a mandíbula cerrada, o olhar escuro de alguém lutando contra pensamentos que não deveria estar tendo.

Abriu a torneira e jogou um punhado de água gelada no rosto, esperando que o choque térmico fizesse sua mente esquecer a sensação de calor que ainda pulsava em seu corpo. Mas não adiantava. Talles estava em sua mente. A forma como a camisa militar se ajustava ao corpo dele, o sorriso jovem e cheio de energia, a maneira como ele falava com respeito e entusiasmo… Isso não deveria estar o afetando desse jeito.

Apertou os olhos, apoiando-se na pia, enquanto a respiração continuava irregular. Era o soro. Ele sabia que era. Aquela maldita ideia que não saía de sua cabeça. Se já estava sentindo isso agora, sem ter experimentado a substância, o que aconteceria quando ele cedesse?

Forçou-se a respirar fundo. Isso não vai me controlar. Ele repetiu para si mesmo como um mantra. Pegou uma toalha, secou o rosto e se endireitou. Quando finalmente se sentiu suficientemente normal, destrancou a porta e saiu do banheiro.

Ele precisava trabalhar. Precisava de algo para se distrair. Antes que fosse tarde demais.

Rafael mal teve tempo de se recompor totalmente antes de ouvir batidas na porta de sua sala. Ele respirou fundo, ajustou a gola da camisa e se forçou a recuperar a postura antes de responder.

— Pode entrar.

A porta se abriu, e Fernando surgiu com a expressão séria. Ele entrou e fechou a porta atrás de si, cruzando os braços.

— Precisamos conversar.

Rafael já sabia do que se tratava.

— Sobre a investigação? — Ele deslizou a mão pelo rosto, tentando afastar os pensamentos anteriores.

— Exato. — Fernando se aproximou e puxou uma cadeira. — Ontem nós encontramos informações preocupantes, mas ainda não conseguimos provas concretas. Eu estive pensando… se realmente quisermos entender o que Horácio e seu pai estavam fazendo, precisamos ir mais fundo.

Rafael apertou os lábios. Ele sabia que Fernando estava certo. Mas a simples menção ao nome de Horácio fez um arrepio percorrer sua espinha. Não está conseguindo pensar direito, não é?

— O que você sugere? — perguntou, tentando soar racional.

— Precisamos de acesso a documentos mais restritos. E, para isso, vamos precisar ir direto à fonte.

Rafael franziu o cenho.

— Acha que Horácio tem esses documentos?

— Tenho certeza. E não só ele… — Fernando abaixou um pouco a voz. — Se o que encontramos até agora for só a superfície, então tem gente grande envolvida nisso.

Rafael massageou as têmporas. Aquilo estava indo longe demais.

— E como pretende fazer isso? Não podemos simplesmente chegar lá e pedir os arquivos.

Fernando sorriu de lado, um brilho determinado nos olhos.

— Não. Mas podemos invadir o sistema da empresa.

Rafael ergueu uma sobrancelha.

— Você está falando sério?

— Nunca falei tão sério.

Rafael ficou em silêncio por alguns segundos. Ele sabia que isso era arriscado. Mas, no fundo, uma parte dele queria ver até onde essa investigação os levaria.

— Certo — disse por fim. — Mas se vamos fazer isso, precisamos ser cuidadosos.

Fernando sorriu, satisfeito.

— Sempre somos.

Rafael franziu a testa, recostando-se na cadeira.

— E como diabos vamos invadir o sistema da empresa? Isso não é algo simples, Fernando. Estamos falando de um sistema altamente protegido.

Fernando cruzou os braços e sorriu de canto.

— Para isso, vamos precisar de um celular de entrada.

— Celular de entrada? — Rafael ergueu uma sobrancelha.

— Sim, um aparelho que vamos deixar dentro da empresa, conectado à rede interna. A partir dele, consigo acessar os servidores e puxar os arquivos que precisamos.

Rafael ainda não parecia convencido.

— E como exatamente isso funciona?

Fernando se inclinou ligeiramente para frente, os olhos brilhando com entusiasmo.

— Pense nesse celular como um Cavalo de Troia! — Ele fez um gesto com as mãos, como se estivesse desenhando o conceito no ar. — Colocamos o aparelho dentro do sistema da empresa, disfarçado como algo inofensivo, mas por dentro ele nos dá acesso a tudo.

Rafael passou a mão pelo queixo, pensativo.

— E onde exatamente vamos deixar esse celular?

Fernando sorriu.

— Já estou pensando nisso. Mas precisamos agir rápido. Quanto mais tempo demorarmos, maior a chance de Horácio perceber que estamos farejando algo.

Rafael respirou fundo. Ele sabia que aquilo era perigoso, mas ao mesmo tempo... seu peito queimava com uma excitação estranha.

— Tudo bem. Vamos fazer isso. Mas sem erros.

Fernando ajeitou os óculos, assumindo um tom sério.

— Precisamos criar uma distração. Se eu simplesmente for até lá e largar o celular, qualquer movimento estranho pode ser notado. Mas se tiver algo desviando a atenção de todos, eu posso agir sem levantar suspeitas.

Rafael cruzou os braços, um sorriso surgindo no canto dos lábios.

— E quem vai ser o responsável por essa confusão?

Fernando deu de ombros.

— Quem melhor do que você, chefe? Você pode chamar a atenção de todo mundo enquanto eu coloco o celular em um lugar seguro, próximo aos servidores ou estações de trabalho mais importantes.

Rafael soltou uma risada.

— Tá querendo me meter numa enrascada, hein? Sabe que, se um dia sair da empresa, eu não quero te ver trabalhando como hacker para a concorrência.

Os dois caíram na risada, aquele breve momento de descontração aliviando a tensão crescente da investigação.

Depois de recuperar o fôlego, Rafael voltou ao assunto.

— Mas não seria mais fácil fazer isso do lado de fora da empresa?

Fernando negou com a cabeça.

— Não. Eu preciso que o celular esteja dentro da rede interna. O acesso remoto só funcionará de maneira eficiente se ele estiver conectado diretamente ao sistema.

Rafael suspirou.

— Certo. Então vamos precisar de um plano para essa distração. Alguma ideia?

Fernando sorriu, o brilho de desafio nos olhos.

— Deixa comigo.

Os dias passaram como um borrão, uma semana inteira de rotinas aparentemente comuns, mas com pequenos detalhes que ficavam cada vez mais difíceis de ignorar. Rafael seguia suas atividades na empresa, cuidava das reuniões, mantinha a fachada de um empresário comprometido com o progresso, mas, nos bastidores, ele e Fernando avançavam na investigação.

Nesse meio-tempo, Talles começou a se tornar uma presença constante. O jovem estagiário chegava pontualmente, cumprindo suas tarefas com dedicação, mas sem perceber o efeito que sua simples presença causava em Rafael. A cada visita, a cada troca de palavras, algo em Rafael se remexia. Não era apenas o jeito confiante de Talles ou o respeito que ele demonstrava. Eram os detalhes — a forma como sua camisa militar realçava seu porte físico, o modo como ele se movia pelo escritório, o timbre da voz, firme e ao mesmo tempo descontraído.

Rafael tentava se manter profissional. Conversava com o jovem sem demonstrar nada além do necessário, mantendo o foco nas tarefas do dia, nas responsabilidades da empresa. Mas às vezes, entre uma reunião e outra, pegava-se observando Talles por tempo demais, seu olhar desviando para os músculos discretamente desenhados sob o tecido da camisa, para as mãos firmes que digitavam no computador. Ele notava como sua própria respiração ficava irregular nesses momentos e rapidamente desviava a atenção, sentindo um desconforto que misturava irritação e uma curiosidade que não queria admitir.

O pior de tudo era perceber que essa confusão não se dissipava com facilidade. Pelo contrário, parecia crescer a cada dia. E Rafael sabia muito bem o motivo: se tivesse tomado o soro, como Horácio tanto insinuava, ele já teria cedido a esses impulsos. Essa constatação o enfurecia. Era como se uma sombra estivesse pairando sobre ele, sussurrando tentações que ele ainda resistia em aceitar.

Mas até quando? Essa era a pergunta que ele temia responder.

Durante aquela semana, Rafael e Fernando seguiram com a investigação, cada vez mais meticulosos na busca por provas que incriminassem Horácio e desvendassem os segredos do projeto. No entanto, quanto mais avançavam, mais Rafael sentia que estavam esbarrando em algo maior, algo que parecia escapar entre os dedos.

E, ao longo dessa semana, Horácio não parou de mandar mensagens. No início, Rafael simplesmente as ignorava, mas à medida que os dias passavam e as dificuldades na investigação aumentavam, as palavras do cientista começaram a se infiltrar em sua mente.

A primeira mensagem veio após uma reunião intensa com Fernando, onde eles passaram horas tentando decifrar alguns dados da empresa:

"O caminho que você escolheu é tedioso, Rafael. Você poderia ter todas as respostas sem precisar sujar as mãos com essa investigação amadora."

Ele apertou o celular com força, mas ignorou, tentando se convencer de que aquilo não o afetava.

Dias depois, no meio da madrugada, enquanto encarava o teto sem conseguir dormir, uma nova notificação brilhou na tela:

"Você sente isso, não sente? A inquietação, o desejo de ir além. Você sabe que estou certo."

Rafael apagou a mensagem sem responder, mas sentiu um aperto no peito. Sim, ele sentia.

Na manhã seguinte, em sua sala, observava Fernando, que analisava alguns arquivos no computador. Então, mais uma mensagem apareceu:

"Fernando é um bom garoto, mas ele nunca entenderia o que realmente está em jogo. Só você pode enxergar a grandiosidade disso."

Ele bufou, sentindo raiva por, no fundo, considerar que talvez Horácio estivesse certo.

No final da semana, a tensão aumentava. As provas estavam difíceis de encontrar, e Rafael começava a se perguntar se estavam perdendo tempo. Nesse momento, mais uma provocação de Horácio chegou:

"O tempo está passando, Rafael. Você luta contra algo que já está dentro de você."

Foi a primeira vez que ele hesitou antes de apagar a mensagem. Algo dentro dele temia que fosse verdade.

E, finalmente, quando ele pensava em desligar o celular por completo, veio a mensagem que o fez parar e encarar a tela por mais tempo do que gostaria:

"A verdade não se descobre… a verdade se aceita."

O celular permaneceu em sua mão. Rafael sentiu a mandíbula travar e os dedos apertarem o aparelho. A respiração ficou pesada, os pensamentos acelerados. Por um instante, ele se perguntou se estava realmente no caminho certo.

Foi nesse momento que, pela primeira vez, surgiu uma possibilidade em sua mente que ele ainda não estava pronto para admitir: e se ele estivesse resistindo a algo que, no fundo, já queria?

Os dias passam e Rafael continua se debatendo com a pressão crescente da investigação e as mensagens cada vez mais incômodas de Horácio. Ele tenta ignorar, mas não consegue. É como se o cientista estivesse se infiltrando em sua mente, uma picada constante, uma voz sussurrando de forma cada vez mais insistente.

Horácio, como sempre, não perde tempo. Ele manda mensagens ainda mais intensas e provocativas:

— "Eu vejo que a curiosidade está te matando, não é? Cada dia que passa, você está mais perto de ceder."

Rafael lê a mensagem e quase joga o celular na parede, mas, em vez disso, ele coloca a mão sobre a testa, tentando controlar a raiva que lhe consome. Ele não pode deixar isso afetá-lo. Ele sabe que precisa se manter firme. Mas dentro dele, algo está se quebrando.

Mais alguns dias se passam, e Rafael tenta se focar em sua rotina de trabalho. Na manhã seguinte, Talles chega para o estágio, e Rafael tenta manter a fachada. Porém, como sempre, a presença do jovem começa a mexer com ele. Talles, agora com uma camisa xadrez de manga curta, entra com aquele sorriso de sempre, a energia jovial, os braços visivelmente musculosos, realçados pela camisa justa. Rafael nota o físico de Talles de maneira desconfortável, e é como se algo dentro de si despertasse.

Talles se aproxima, cumprimentando Rafael com um sorriso.

— "Bom dia, Rafael. Como está hoje?" — Talles pergunta, tentando esconder o nervosismo pela nova fase na empresa.

Rafael olha para os braços de Talles, e não consegue evitar o impulso de olhar mais de perto. Ele sente uma tensão crescente em seu corpo, algo que ele não queria perceber. De forma inconsciente, ele solta um comentário que, assim que sai de sua boca, parece tomar uma proporção muito maior do que deveria.

— "Com esse físico, Talles, você deve arrebentar na academia, hein?" — diz Rafael, tentando dar um sorriso, mas sua voz sai estranha, quase disfarçando uma curiosidade que não queria mostrar. "Esses braços estão até me deixando com inveja."

Talles cora instantaneamente. Ele desvia o olhar, tentando esconder o constrangimento, mas o rubor em suas bochechas é evidente. Ele morde os lábios, claramente desconfortável.

— "Ah, é só treino... nada demais." — Talles responde, tentando sair do foco da conversa. O desconforto é visível em sua postura, e ele começa a dar passos mais curtos, parecendo procurar uma saída da situação.

Rafael percebe a reação de Talles e, instantaneamente, seu estômago se aperta. Ele se sente horrível. Como pôde ser tão insensível? Por que esse comentário saiu de sua boca? Ele, que sempre se considerou tão controlado, agora estava mexendo com o jovem, e isso o deixava furioso consigo mesmo.

Ele olha para Talles, que já começa a se afastar, e sente uma onda de raiva interna se formar. Mas não era raiva contra Talles. Era raiva de si mesmo. Ele sente que algo dentro dele se rompeu, e o pensamento lhe atravessa como um raio: se ele continuasse nesse caminho, ele poderia acabar se sentindo atraído por Talles. Isso não era o que ele queria. Isso não era parte de seu plano.

Mas a tensão em seu corpo e a sensação de frustração não desaparecem. Pelo contrário, ela cresce a cada segundo. Rafael respira fundo e tenta disfarçar a raiva. Ele começa a caminhar para o escritório e tenta se focar, afastando as imagens de Talles de sua mente.

Ele tenta se convencer de que o comentário não foi grande coisa, que era só uma reação momentânea, que ele estava apenas sendo descontraído. Mas sabe que isso é uma mentira. Ele sente que está em um ponto de não retorno, que está se afundando cada vez mais em um buraco sem fundo, e não sabe como sair dele.

Antes que consiga se afastar muito desses pensamentos, o celular vibra mais uma vez. Ele olha a tela e vê uma mensagem de Horácio.

— "Você está mais perto do que imagina, Rafael. Agora, é só deixar o jogo fluir."

Rafael fecha os olhos por um instante. Ele sente uma mistura de raiva e algo muito mais profundo. Ele sabe que não pode continuar resistindo por muito tempo. Ele está se afundando cada vez mais, e, de algum modo, ele sente que não consegue mais voltar atrás.

Ele aperta os dentes e joga o celular na mesa, tentando se controlar. Ele sabe que está sendo consumido. E, talvez, isso seja exatamente o que Horácio queria o tempo todo.

Nos dias seguintes, Rafael mal conseguia se concentrar em seu trabalho. As reuniões eram uma série de palavras vazias, suas respostas se arrastavam e seu olhar estava sempre distante. Ele não conseguia desviar o pensamento do que estava prestes a fazer. Cada vez que Talles se aproximava, era como se um feitiço se instalasse mais fundo em sua mente, e ele começava a questionar o que o soro faria com ele. Se ele não tomasse cuidado, a linha entre o desejo e o controle começaria a se desfazer.

Em casa, as coisas não estavam melhores. Rafael vinha se distanciando da esposa e do filho, o que deixou sua mãe, Helena, cada vez mais preocupada. Ela nunca havia visto o filho tão absorto em seus próprios pensamentos, como se carregasse o peso do mundo nos ombros.

— Rafael, o que está acontecendo com você? — perguntou Helena, durante um jantar onde a distância de Rafael estava mais evidente do que nunca. — Eu vejo você aqui, mas sua mente está em outro lugar. Você mal fala com a gente.

Rafael olhou para ela, tentando disfarçar o turbilhão interno. As palavras estavam presas na garganta, mas ele não podia contar a verdade. Não podia falar sobre o soro, ou sobre a atração insuportável que começava a sentir por Talles. Ele precisava manter as aparências, pelo menos por mais algum tempo.

— Eu só estou cansado, mãe — respondeu ele, sem conseguir olhar nos olhos dela. — Estou me concentrando nos negócios, mas não se preocupe, tudo está bem. Só preciso de um tempo.

Helena observou seu filho com desconfiança, mas não disse mais nada. Ela sabia que algo estava errado, mas não sabia exatamente o quê. Rafael sabia que ela estava preocupada, e isso só aumentava a sensação de pressão sobre ele.

Enquanto isso, Fernando estava começando a perceber que algo estava muito errado. Ele havia notado a mudança no comportamento de Rafael, mas também entendia que ele não tinha coragem de ir até o fim na investigação. Fernando, com sua natureza mais ousada, não podia esperar mais. Ele sentia que a única forma de continuar seria agir por conta própria, já que Rafael estava perdido em sua própria confusão.

Naquela noite, Fernando decidiu que ia atrás das respostas que precisavam. Ele se vestiu com uma jaqueta de couro preta, o capô erguido e o rosto parcialmente coberto pela sombra, decidido a fazer o que fosse necessário para conseguir as provas. Ele se sentia quase como um espectro, se movendo pela cidade como uma sombra, em busca de uma brecha na rotina da clínica. A noite caía e ele sabia que o horário após as 20h00 seria a sua melhor oportunidade. Ele observou a movimentação no local, analisando as entradas e saídas, procurando o ponto fraco para conseguir o que precisavam sem ser detectado.

Enquanto isso, Rafael estava em casa, sentindo a angústia crescer a cada minuto. A discussão com sua mãe ainda ecoava em sua mente. Ele queria se afastar de tudo isso, mas a tentação estava demais para resistir. Não era só o soro que estava começando a dominar sua mente. Era a presença de Talles. Ele ainda não conseguia entender o que estava acontecendo com ele. Cada vez que o jovem estagiário aparecia, ele se via mais imerso nesse desejo que não conseguia controlar.

Quando foi para o banho, a pressão de sua mente era insuportável. Ele sentia sua pele quente, seu corpo se movendo sem controle. Cada toque, cada gesto de Talles, ficavam queimando em sua mente. Ele queria parar, mas não conseguia. Rafael fechou os olhos por um momento, sentindo um frio súbito percorrer a espinha. Ele sabia que estava se aproximando de algo que não poderia mais controlar.

Enquanto a cidade respirava a escuridão da noite, Fernando, encapuzado e ágil, seguia seus passos até a clínica, determinada a pegar as provas que faltavam. Ele não sabia o que Rafael estava sentindo, mas uma coisa ele tinha certeza: a verdade precisava vir à tona, e ele não deixaria a distração do desejo ou da culpa impedir o que precisava ser feito.

Fernando estava na escuridão da noite, agachado atrás de uma das grandes árvores perto da entrada lateral da clínica. O frio da noite penetrava em sua pele através da jaqueta de couro preta que usava, e ele observava atentamente a movimentação do local. A cidade ao redor estava silenciosa, exceto pelo som de seus passos leves no chão de terra enquanto ele se aproximava da entrada.

Ele sabia que o horário ideal era depois das 20h00, quando a clínica estava mais vazia, mas as sombras que se moviam em seu caminho eram suas maiores aliadas. Quando ele passou perto de uma janela, a luz interna se acendeu repentinamente e, em um susto, Fernando viu um segurança fazer sua ronda. Ele ficou paralisado por um segundo, seu coração batendo forte no peito. A sensação de ser pego, mesmo que por uma fração de segundo, foi o suficiente para que ele recuasse.

— Droga! — murmurou ele, agachando-se ainda mais, se escondendo atrás de uma pilastra.

O segurança passou sem perceber sua presença, mas Fernando sabia que não podia arriscar. O plano estava em perigo, e ele não podia se permitir ser pego agora. O que havia em jogo era muito grande.

Ele deu mais alguns passos para trás, indo em direção ao beco lateral que dava para a rua. Parou por um momento, respirando pesadamente. Sentia que deveria esperar mais um pouco. Ele precisava estudar melhor a rotina da clínica, observar os padrões dos seguranças e encontrar o momento certo. Hoje não era o dia. Ele se afastou lentamente, decidido a não agir precipitadamente novamente. A missão estava em andamento, e ele não permitiria que sua ansiedade o fizesse falhar.

Do outro lado da cidade, Rafael estava em casa, tentando esfriar sua mente e encontrar alguma paz. Após a discussão com sua mãe, ele não conseguia mais ignorar o peso da tensão que carregava. O que era para ser uma noite de descanso se transformou em mais um ciclo de pensamentos conturbados. Ele estava no banho, a água quente caindo sobre seu corpo, tentando relaxar, mas seu coração estava acelerado. A tensão do dia, a investigação e a presença de Talles estavam se tornando um fardo impossível de carregar.

Foi então que o som do celular vibrando na bancada do banheiro cortou o silêncio. Ele pegou o aparelho com um movimento automático, ainda com a água escorrendo por seus ombros, e viu a mensagem de Horácio.

"Não está conseguindo pensar direito, não é?"

Rafael congelou por um instante. As palavras queimaram em sua mente, e ele sabia que não poderia mais fugir. A luta interna estava pesando demais, e o desespero para controlar a situação só aumentava. Horácio sabia exatamente o que estava fazendo com ele.

Ele sentiu uma raiva crescente. Como ele poderia ter se deixado levar assim? Mas logo essa raiva foi substituída por algo mais sombrio, mais profundo. Ele sabia que já não tinha mais como voltar atrás. Quanto mais ele tentava resistir, mais a tentação o consumia.

Sem pensar duas vezes, ele respondeu à mensagem.

"Onde?"

Ele se vestiu rapidamente, a mente ainda em um turbilhão de emoções conflitantes. O peso do que estava prestes a fazer o consumia. Ele olhou-se no espelho, tentando, sem sucesso, encontrar uma expressão de força em seu rosto. Ele sabia que não conseguiria continuar dessa forma por mais tempo. Quanto mais lutava contra a tentação, mais ele se afundava.

O celular vibrou novamente, e Rafael leu a resposta de Horácio.

"Te encontro no galpão perto da fábrica. Às 22h00."

Rafael suspirou, sentindo o coração acelerar. Ele sabia que aquele seria o ponto sem volta. Ele não podia mais negar a si mesmo o que já estava em seu corpo e mente. Ele precisava do soro, precisava se entregar a isso.

Ele deixou o celular sobre a cama e olhou mais uma vez para o espelho, antes de sair para o encontro. Ele sabia que as consequências seriam grandes, mas não havia mais como voltar atrás. Ele estava indo para o galpão, para se encontrar com Horácio, e para finalmente tomar o soro.

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Comentários

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Tá ótimo o capítulo.Agora eu achei estranho o Rafael falar sobre " O soro " sendo que ele não sabe o que é o projeto e ainda busca informações sobre ele . Então como que ele diz que se tivesse tomado o soro ...

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Acho que devo ter colocado partes erradas do capítulo, obrigado viu, irei corrigir, eu preciso rever essa parte

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