O Seminarista: Capítulo 9

Da série O Seminarista
Um conto erótico de alfadominador
Categoria: Gay
Contém 5178 palavras
Data: 13/04/2025 02:00:25

Narrado pelo Padre

Semanas antes de beijar Gabriel em seu quarto, acordei no meu quarto, pelado, de pau duro. Era a manhã seguinte, aquela depois de me masturbar e gozar jatadas fartas pensando na bunda firme e redonda dele na sacristia. O quarto parecia uma tumba, o ar denso, carregado do ranço da noite que grudava na pele, a luz cinza cortando as frestas da janela como lâminas frias, e meu corpo, solto, leve, traía a culpa que deveria sentir, o peso da batina que eu não vestia. A memória dele — as coxas magras, o calor imaginado, os gemidos que inventei enquanto a porra quente marcava meu peito — dançava viva, me puxando de volta, me fazendo querer mais, sempre mais. Meus pensamentos foram interrompidos por um telefonema, o celular vibrando seco na mesa de madeira, um número desconhecido piscando na tela, cortando o fogo com um frio que subiu pelas pernas.

Rolei na cama, o lençol áspero roçando a pele, suado, marcado pelo que fiz, e o peito subia lento, o coração ainda preso àquele fogo. Não era só o corpo, não era só o tesão que me rasgava. Era ele — Gabriel, o seminarista, tão jovem, tão frágil, com aquele jeito quieto que me puxava, que me fazia querer protegê-lo e destruí-lo na mesma medida. Queria tocar ele, sentir a pele quente sob os dedos, beijar a nuca dele, chupar cada pedaço até ele gemer de novo, não na minha cabeça, mas aqui, na cama, as pernas abertas, o cuzinho piscando pra mim enquanto eu entrava, devagar, sentindo ele me apertar, me engolir. A culpa vinha, claro, uma sombra que sempre vinha, mas naquela manhã ela era fraca, um sussurro abafado pelo calor que ainda corria nas veias. Eu queria mais, muito mais — foder ele, comer ele, romper cada limite que a batina me impunha, cada voto que eu traía no escuro.

O silêncio do quarto pesava, quebrado só pelo celular que insistia em tocar e a porta de madeira velha, o vento preso nas janelas tortas, e eu quase podia ouvi-lo — Gabriel, ali, respirando ao meu lado, o peito subindo rápido, a boca entreaberta. Fechei os olhos, a mão quase descendo de novo, o pau duro pedindo, mas então o celular vibrou novamente, um som seco, cortante, que rasgou o devaneio como uma lâmina. Hesitei, o peito apertando, um frio subindo pelas pernas antes mesmo de atender. Levei o aparelho ao ouvido, a garganta seca, o coração batendo fora do ritmo, e a voz do outro lado veio fria, precisa, como se lesse uma sentença.

— Um detetive esteve aqui, um civil, perguntando por seu paradeiro. Aparentemente é sobre a morte de um jovem chamado Daniel. — disse o homem, a voz grave, sem calor.

O homem fez uma breve pausa, o silêncio do outro lado mais alto que as palavras. Daniel veio com tudo à minha mente. Chegou a doer e esqueci tudo ao meu redor.

O som caiu como pedra, pesado, afiado, e o quarto pareceu encolher, o ar ficando mais grosso, o cheiro de lençol suado misturado ao gosto amargo que subia na boca. Daniel. Um rosto que tentava apagar, uma noite que evitava, um peso que carregava sem querer nomear.

— Não fornecemos informações. — disse o monsenhor, a voz firme, quase mecânica que reconhecia agora. — Falta atualização nos registros. Mas ele insiste. Cuide disso. — Desligou sem esperar resposta, e o silêncio voltou, sufocante, como se o quarto soubesse o que eu escondia.

Fiquei parado, o celular quente na mão, o coração batendo no pescoço, alto, descompassado. Daniel. O nome trazia flashes — olhos claros, um grito abafado, uma sombra que não queria ver, mas que me seguia, sempre ali, nos cantos da mente. O susto me atravessou, frio, cortante, mas com ele veio algo inesperado — alívio, uma trégua frágil, como se a distância ainda me protegesse. Eles não sabiam onde eu estava, não agora, não ainda. O tal detetive era, sem dúvida, uma ameaça, mas sem saber onde eu estava, havia ali uma chance, um espaço para respirar, para me esconder atrás da batina, da igreja.

Levantei, os pés frios na madeira, o chão rangendo baixo, e vesti a batina, os dedos tremendo nos botões. A culpa voltava, mais forte agora, misturada ao medo, ao nome de Daniel que eu não queria dizer, mas também a Gabriel, ao desejo que não apagava, que me puxava de volta pra ele, pra tudo que fiz na cabeça e queria fazer na carne. A igreja precisava de mim — as paredes rachadas, o telhado torto, as portas tortas que eu podia consertar, diferente de mim. Planejei cada reparo na mente, fechaduras novas, janelas firmes, como se madeira e tinta fossem uma oração, uma promessa de redenção que não acreditava, mas precisava fingir. Era controle, distração, um jeito de desviar o que queimava — o tesão por Gabriel, a memória de Daniel, o medo do que vinha atrás de mim.

Mas mesmo enquanto pensava nas tábuas, nas chaves, o via — Gabriel, na sacristia, os olhos escuros me encarando, a boca entreaberta, pedindo sem falar. Queria ele ali, agora, a pele quente sob minhas mãos, o pau duro na minha boca, o cuzinho apertado me puxando enquanto ele gemia, alto, perdido, meu. A batina pesava, a culpa apertava, mas o desejo era mais forte, sempre mais forte, e eu sabia que não parava, não naquela manhã, não nunca. O celular ficou na mesa, mudo, mas o eco da voz ainda estava ali, com o nome de Daniel, com a ameaça do detetive, e saí do quarto, o coração pesado, a mente dividida entre o que fiz, o que queria, e o que temia.

***

Saí do quarto com o gosto de Gabriel ainda na boca, o beijo quente, molhado, interrompido por aquele som metálico que cortou o ar, um aviso seco vindo do pátio, e a ordem dada a ele pra ficar quieto pesava, um peso que não saía do peito. A penumbra engolia o corredor, densa, quase viva, enquanto os pés descalços sentiam a pedra fria, áspera, a regata grudada no suor, a calça fina roçando as coxas, leve, mas carregada de uma urgência que não explicava. Quem causou aquele barulho? A pergunta queimava, insistente, e com ela vinha um incômodo fundo, um aperto no estômago, como se o instinto soubesse algo que a mente não queria dizer. Alguém rondava, alguém que não devia estar ali, e o desejo de saber quem era crescia, misturado a um medo que não dava nome, que só apertava, que só fazia seguir.

O corredor parecia uma garganta, estreita, sufocante, onde cada passo ecoava baixo, um som que não controlava, que parecia chamar quem quer que estivesse lá fora. A pedra sob os pés gelava, subindo um frio que mordia as pernas, contrastando com o calor do suor pingando na nuca, grudando o tecido fino da regata no peito. Nada de vela, nada de lanterna, só a escuridão e o instinto, guiando pra onde o som nasceu — um estalo seco, talvez uma lata caindo, talvez algo mais pesado, algo que não pertencia à paz morta da noite. O cheiro de mofo subia, misturado ao ranço de cera velha, de madeira nova nas portas consertadas, e tudo parecia vivo, alerta, como se a paróquia respirasse, como se visse o que tentava esconder.

Quem estava ali? A dúvida voltava, cortante, e com ela um pressentimento ruim, um peso que não explicava, que não precisava explicar. Alguém que conhecia os cantos da alma, que aparecia sem avisar, que não parava, nunca parava. Não era um ladrão, não era o vento. Era uma presença, uma sombra que rondava cidades, que cruzava anos, que sabia onde a culpa morava. O coração batia forte, marcando o tempo no pescoço, e o desejo de saber quem era crescia, maior que o medo, maior que o vazio que apertava o peito. Um rangido veio, leve, do lado de fora, madeira gemendo sob um peso, e o corpo ficou tenso, os dedos roçando a parede úmida, buscando algo firme num mundo que parecia desabar.

O silêncio pesava, tão pesado que o respirar parecia gritar, denunciar a posição de quem caminhava às cegas. O som metálico ecoava na memória, seco, como um laço, uma isca jogada pra puxar quem não podia ficar parado. E não ficava. O instinto mandava seguir, descobrir, encarar o que quer que fosse, porque parar era pior, parar era deixar o medo vencer. Mas o incômodo não saía, um nó no estômago, uma certeza sem forma de que quem rondava não era só carne, não era só homem — era um pedaço do passado, um erro que voltava, que não perdoava. A paróquia parecia menor, as paredes mais próximas, o teto baixo, e cada passo era um risco, cada sombra um aviso.

Um sussurro veio, o vento preso nas janelas, um gemido baixo que não acalmava, que só fazia o peito apertar mais. Quem causava isso sabia o que fazia, sabia que o som ia chamar, que a escuridão ia esconder. E escondia. A penumbra cobria tudo, os contornos das portas, o brilho fraco da madeira nova, e o desejo de saber quem era virava febre, uma necessidade que não deixava pensar, que só fazia andar. O frio da pedra subia, o suor escorria, e o corpo tremia, não de frio, mas de algo mais fundo, algo que dizia pra correr, mas também pra ficar, pra enfrentar, pra acabar com o que quer que fosse. A culpa pesava, sempre pesava, como se soubesse que quem rondava tinha motivo, tinha direito.

A porta do pátio estava perto, no fim do corredor, a madeira rangendo leve, como se chamasse, como se soubesse o que vinha depois. A mão hesitou, os dedos na madeira áspera, o respirar preso, pesado, e o incômodo virou um vazio, um buraco que engolia tudo — a razão, a calma, o que sobrou da fé. Quem estava lá fora? A pergunta não saía, e o medo, no limite, era só isso — não saber, mas sentir, como se o instinto gritasse que a resposta ia doer, que ia mudar tudo. O som metálico ficou na cabeça, um eco que não parava, e o corpo seguiu, porque parar não dava, porque o medo, por mais que apertasse, nunca venceu a vontade de saber.

O pátio se abria como um vazio, a lua cortada por nuvens, jogando sombras tortas sobre as tábuas empilhadas, os andaimes tortos da reforma. Os pés descalços sentiam a terra úmida, fria, enquanto a regata grudava no peito, o suor pingando lento, misturado ao cheiro de mofo que subia do chão. Nada explicava o som, aquele estalo metálico que trouxe a mente até aqui, mas o incômodo não saía, um peso no estômago, uma certeza sem rosto que dizia que alguém rondava, que alguém sabia. O desejo de descobrir quem era queimava, maior que o frio que mordia as pernas, maior que o medo que apertava o peito. Quem quer que tivesse feito aquele barulho, não era acidente — era um chamado, uma isca, e o corpo seguia, porque parar não dava, porque o instinto mandava.

O galpão estava quieto, a porta entreaberta rangendo leve, como se esperasse um toque. A mão hesitou, os dedos na madeira áspera, o respirar preso enquanto o escuro lá dentro parecia vivo, pesado, guardando algo que não queria ser visto. Nada. Só o eco de ferramentas largadas, o cheiro forte de óleo e poeira subindo, grudando na garganta. Os olhos buscavam formas na penumbra, contornos que não vinham, e o silêncio pesava, tão denso que parecia gritar. Quem estava aqui? A pergunta voltava, insistente, e com ela o mesmo vazio, o mesmo pressentimento que não dava nome, mas que fazia o coração bater errado, rápido, como se soubesse o que vinha antes da mente entender. Alguém rondava, alguém que não parava, que não perdoava, e o desejo de saber quem era crescia, uma febre que não deixava pensar.

Os fundos da igreja vinham depois, um corredor de terra e pedra onde o vento preso gemia baixo, preso nas janelas tortas. Cada passo levantava poeira, fina, que grudava na pele, e a regata pesava mais, molhada, marcando o peito enquanto o frio subia, misturado ao calor do suor. O som metálico ecoava na memória, seco, mas agora era só silêncio, um silêncio que enganava, que escondia. A paróquia parecia menor, as sombras mais longas, e o incômodo virava um nó, um aviso que dizia pra voltar, mas também pra seguir, pra encontrar quem quer que fosse antes que fosse tarde. Um rangido veio, leve, uma tábua solta talvez, e o corpo ficou tenso, os dedos cerrados, buscando algo firme num mundo que parecia escorregar.

Então veio o segundo estrondo, alto, seco, madeira batendo na pedra, ecoando como um trovão que rasgou a noite. O peito apertou, o ar parando enquanto o som reverberava, vindo da nave, da igreja em ruínas que ficava ao lado. Não era o vento, não era a reforma. Era alguém, tinha que ser, e o desejo de saber quem era virou tudo, uma força que puxava os pés, que fazia esquecer o frio, o medo, o vazio que crescia. A nave estava perto, a porta quebrada aberta como uma boca, e o corpo seguiu, rápido, a pedra fria sob os pés, o suor escorrendo na testa, o respirar pesado ecoando no escuro. Quem causava isso queria ser encontrado ou queria encontrar.

O interior da nave era um esqueleto, andaimes subindo até o teto rachado, tábuas soltas no chão, o cheiro de poeira e óleo tão forte que cortava a garganta. A luz da lua entrava pelos vitrais quebrados, cortando o escuro em pedaços, fragmentos que jogavam sombras tortas nas paredes. E ali, encostado numa coluna, estava alguém. Uma silhueta alta, forte, iluminada pela luz partida, o rosto meio escondido, mas vivo, brilhando com algo que não era só luz. A barba rala sombreava o queixo, os ombros largos esticavam a camisa aberta, e o corpo — firme, bruto, com uma beleza crua que parava o ar — exsudava perigo, desejo, tudo que não podia querer, mas queria. O coração parou, o incômodo virando certeza, uma memória que queimava sem nome, porque quem quer que fosse, não era estranho. Era conhecido, era passado, era ameaça.

Os olhos dele, fundos, encontraram os meus, e o vazio no estômago cresceu, misturado a um calor que não explicava, que não queria explicar. Quem era? A pergunta ficou presa, mas o corpo não se mexeu, preso ali, entre o medo e a necessidade de saber, entre a culpa que sempre vinha e o peso de reconhecer quem estava na frente. A nave parecia menor, o ar mais grosso, e o silêncio voltava, pesado, como se esperasse um som, uma palavra, algo que quebrasse tudo. O incômodo não saía, um nó que dizia que quem rondava não veio por acaso, que sabia demais, que queria demais, e agora, tão perto, não havia como voltar.

Quem estava ali parecia feito da própria escuridão, uma beleza bruta que parava o ar, que trazia calor onde só devia haver frio. O incômodo crescia, um nó apertado no estômago, misturado a algo pior, algo que não queria nomear, porque reconhecer quem estava na frente era abrir uma porta que nunca fechei direito.

— Você ainda demora pra me encontrar... mesmo quando não faço esforço pra me esconder.

A voz veio antes, rouca, lenta, cortando o ar como faca. As palavras ecoaram na nave, pesadas, com um gosto de promessa e ameaça, e o coração parou, o vazio no peito virando memória, uma lembrança que doía sem forma. Quem falava deu um passo, a luz partida pegando o rosto, olhos fundos brilhando, e a certeza caiu, dura, como o estrondo de antes. Raul. O nome dele queimou na língua, mas não saiu, não ainda, porque dizer era tornar real, era deixar ele entrar de novo.

— O que você quer, Raul?

A voz saiu firme, mas tremia por dentro, e o ar ficou mais grosso, o cheiro de poeira e incenso velho subindo, grudando na garganta. Um sorriso torto cruzou o rosto dele, lento, brilhando na penumbra, e o corpo ficou tenso, os dedos cerrados contra a pedra fria.

— Você sabe o que quero. — respondeu, a voz caindo grave, um som que parecia tocar a pele, que parecia lembrar de noites antigas, de verões quentes onde tudo era possível, até não ser mais. Quem estava ali conhecia o passado, conhecia o que foi negado, o que ficou preso em silêncios que nunca expliquei. A culpa vinha, pesada, como sempre vinha, mas agora tinha outro peso, um calor que não devia sentir, que crescia com os olhos dele, com o jeito que se movia, tão perto, tão perigoso. O desejo de recuar brigava com o de ficar, de ouvir, de saber o que trazia alguém assim, depois de tanto tempo, até essa igreja quebrada.

Os andaimes rangiam leve, o vento preso gemendo nos vitrais, e o silêncio entre as palavras era pior, um espaço onde tudo que não foi dito crescia, vivo, cortante.

— Por que agora?

A pergunta saiu sem querer, fraca, e Raul riu baixo, o som ecoando nas paredes, misturando-se ao cheiro de mofo que pesava no ar.

— Porque nunca acabou. — disse, simples, como se fosse verdade, como se o que ficou pra trás ainda respirasse, ainda doesse.

E doía. A memória vinha em flashes — mãos quentes, risadas no escuro, uma promessa que não cumpri, uma batina que escolhi no lugar de tudo. Quem falava agora não esquecia, não perdoava, e o peso disso fazia o chão tremer, mesmo sem estrondo.

O suor pingava na testa, a regata marcando o peito, e o frio da pedra subia, misturado ao calor que não controlava, que vinha dos olhos dele, da voz que não parava.

— Você fugiu. — continuou Raul, dando outro passo, a camisa aberta mostrando o peito firme, a luz fragmentada cortando a pele, e o incômodo virou fogo, um misto de medo e algo mais sujo, algo que a batina nunca apagou. — Mas não dá pra fugir pra sempre.

As palavras pesavam, cada uma um laço, e o corpo ficou parado, preso, enquanto a mente gritava pra correr, pra resistir, pra não deixar ele entrar de novo. Mas quem estava ali sabia demais, queria demais, e a nave parecia menor, as sombras mais longas, o ar tão denso que sufocava.

Um rangido veio, fraco, uma tábua solta no chão, e o silêncio voltou, mais pesado, como se esperasse algo, como se soubesse o que vinha. Raul parou, os olhos fundos ainda presos, brilhando com uma raiva que não dizia, com um desejo que não escondia.

— O que mudou? — perguntei, a voz falhando, querendo uma resposta, qualquer coisa que explicasse por que alguém voltava agora, por que escolhia essa noite, essa igreja. Ele não respondeu, só olhou, o sorriso sumindo, e o vazio no estômago cresceu, porque quem estava na frente não era só carne, não era só homem.

Raul estava tão perto agora, ombros largos bloqueando a luz, a camisa aberta mostrando o peito firme, e o incômodo crescia, quente, errado, porque resistir era tudo que sobrava, mas resistir nunca foi o suficiente. O silêncio entre as palavras era pior, um vazio onde a culpa gritava, onde o passado voltava, vivo, cortante.

— Raul! — a voz saiu dura, um escudo que não segurava nada, e quem estava na frente sorriu, lento, o canto da boca subindo, como se soubesse o quanto doía dizer o nome. Um passo veio, botas pesadas rangendo no chão, e a distância sumiu, o calor do corpo dele tão perto que o ar mudava, carregado, elétrico.

— Onde você estava quando tudo aconteceu? — perguntou, baixo, a voz roçando a pele, e a pergunta tinha referência, inesperada, afiada.

Daniel era uma sombra, um peso que não queria tocar, mas que quem falava jogava agora, como isca, como faca.

— Por que acha que sei? — a resposta veio fraca, tremendo, e o suor pingava na testa, marcando a regata, enquanto o coração batia errado, alto, denunciando o que tentava calar.

Ele se inclinou, o hálito de tabaco quente no rosto, tão perto que a barba rala quase roçava a pele, e o toque veio, dedos quentes no ombro, firmes, apertando leve, mas o suficiente pra parar o mundo.

— Porque você sempre sabe mais do que diz,. — murmurou Raul, os olhos brilhando, cada palavra um laço, puxando pra baixo, pra um lugar que não podia ir. Daniel, de novo, o nome voltando, não como pergunta, mas como certeza. — Não foi acidente. — disse, lento, e o peito apertou, flashes vindo sem querer. Um rosto jovem, um grito preso, uma noite que não explicava, que não queria lembrar. O toque no ombro pesava, quente, e o corpo não se mexia, preso entre correr e ficar, entre a culpa que queimava e o calor que crescia, errado, vivo, com os dedos dele ainda ali, marcando a pele através do tecido fino.

— Você tava lá. — continuou, não era pergunta, era verdade, e o vazio no estômago virou abismo, porque quem falava via tudo, sabia tudo, ou fingia saber, e isso bastava pra doer. A mão subiu, roçando o braço, tão leve que era pior, tão firme que paralisava, e o hálito vinha de novo, tabaco e algo mais, algo que lembrava noites que tentei apagar.

— O que quer de mim? — a voz falhou, quase um sussurro, e Raul parou, os olhos fundos travando nos meus, brilhando com raiva, com desejo, com tudo que não dizia.

— A verdade. — respondeu, simples, mas pesado, como se verdade fosse algo que pudesse dar, como se não doesse mais que mentir. O toque ficou, os dedos quentes, e o calor subia, misturado ao medo, ao peso de Daniel, ao peso de quem estava na frente, tão perto, tão errado.

Tudo agora parecia menor. A nave, as paredes rachadas mais próximas, o cheiro de mofo e óleo grudando na garganta, e o silêncio voltava, pesado, cortado só pelo respirar, pelo eco da voz dele. Um passo mais, o corpo dele quase colado, a camisa aberta roçando a regata, e o incômodo virava fogo, um desejo que não devia existir, que a culpa tentava apagar, mas que crescia com cada palavra, com cada olhar.

— Por que veio aqui? — perguntei, querendo uma resposta, qualquer coisa que explicasse, que tirasse o peso, mas Raul só sorriu, de novo, o canto da boca subindo, como se a pergunta fosse inútil, como se a resposta estivesse no ar, no toque, no que nunca acabou.

Então veio o barulho, menor, uma tábua rangendo leve no chão, e o ar mudou, um frio novo cortando o calor. Uma luz trêmula surgiu, fraca, ao longe, um lampião balançando na entrada da nave, e o peito apertou, a certeza voltando, diferente, porque quem vinha não era ele, não era quem rondava. Era outro, alguém que não devia estar aqui, que não podia ver.

Raul parou, os olhos ainda presos, mas a mão caiu, o toque sumindo, e o vazio ficou, misturado ao medo, porque quem segurava o lampião vinha mais perto, movido pelo mesmo estrondo que trouxe o corpo até aqui. A nave engolia tudo — a luz, o som, o calor —, e quem estava na frente recuou, um passo, só um, como se soubesse que o tempo acabava, que alguém mais entrava no jogo.

A luz do lampião tremia na entrada da nave, fraca, dançando com passos que vinham lentos, e o peito apertava, um medo novo nascendo, porque quem segurava aquela chama não podia estar aqui, não agora, não com o cordão ainda quente na mão. Raul recuou, a sombra dele engolida pela escuridão, mas as palavras ficaram, baixas, cortantes, antes de sumirem.

— Você me deve mais que confissão. Me deve a verdade.

Algo caiu no banco, leve, um cordão fino com uma cruz pequena, brilhando na luz partida dos vitrais, e o estômago virou, porque aquele peso não era só metal — era culpa, era tudo que tentava apagar.

— Nos vemos no domingo. — disse Raul, um sussurro que prometia, que ameaçava, ecoando enquanto os passos dele sumiam, rápidos, antes que a luz chegasse mais perto.

O lampião parou, a chama jogando sombras no rosto de Gabriel, olhos arregalados, cabelo bagunçado, a camisa torta, como se tivesse corrido atrás do estrondo.

— Quem tava aqui, padre? — perguntou, a voz hesitante, quase quebrando, e o coração batia errado, porque Gabriel tão perto, tão frágil, era tudo que não podia arriscar. A mente girava, o cordão escondido no bolso, e a resposta veio, simples, seca.

— Era apenas um viajante que tinha esperança de rezar e falar com alguém antes de seguir viagem.

As palavras soaram frágeis, uma mentira que não convencia, e Gabriel franziu a testa, cismado, o olhar baixo, mas quieto, sem retrucar, como sempre fazia. O silêncio pesava, o cheiro de mofo e poeira grudando na garganta, e o corpo seguiu, guiando ele pro quarto, porque ficar na nave era deixar a escuridão engolir, era esperar Raul voltar.

O quarto era um refúgio torto, o ar denso, carregado de suor, madeira nova, e um vazio que não explicava. Gabriel sentou na cama, ombros duros, o olhar preso no chão, como se o lampião ainda mostrasse algo que não dizia. O peito apertava, o desejo de apagar o medo, de trazer ele de volta, crescendo mais que a culpa, mais que o peso do cordão no bolso.

— Tá tudo bem. — murmurei, a voz rouca, sentando ao lado, a mão no ombro dele, quente, firme, mas ele ficou travado, o corpo tenso, como se o escuro ainda o segurasse. Insisti, os dedos subindo pro rosto, roçando a bochecha, macia, quente, e o calor voltou, lento, os olhos escuros dele brilhando, hesitantes, mas acesos. — Vem cá. — sussurrei, e a boca encontrou a dele, molhada, viva, a língua escorregando, o gosto salgado puxando tudo — a nave, o cordão, o domingo —, jogando pro canto, porque agora era só ele, só isso.

O beijo pegava fogo, os lábios dele apertando, famintos, a língua dançando, molhada, quente, um gemido baixo subindo da garganta dele, vibrando na minha boca. O pau endurecia, rápido, pulsando na calça, e o dele, duro, roçava contra mim, um calor que queimava através do tecido. As mãos tremiam, nervosas, abrindo a camisa dele, botão por botão, a pele macia, quente, aparecendo na luz fraca, o peito subindo rápido, os mamilos duros sob os dedos. Ele gemeu, alto, quando chupei o pescoço, a língua traçando a curva da clavícula, o gosto salgado da pele explodindo na boca, e o desejo virava febre, uma fome que não parava, que pedia mais, sempre mais.

— Quero você. — murmurei, a voz grossa, e ele tremeu, os olhos escuros arregalados, mas acesos, pedindo sem falar.

Desci, lento, a cama rangendo baixo, os joelhos na colcha áspera, o olhar preso no volume da calça dele, tão claro, tão vivo na penumbra.

— Levanta. — pedi, a voz tremendo, e ele obedeceu, o corpo tenso, as mãos hesitantes nos lençóis. O cinto abriu com um clique, a calça caiu, e o pau dele saltou, duro, inchado, a cabeça brilhando com um fio molhado, o cheiro forte, animal, subindo e acertando o peito. A mão pegou a base, firme, a pele quente pulsando nos dedos, e a língua tocou, leve, lambendo a cabeça, salgada, macia, o gosto explodindo, puxando um gemido meu, baixo, rouco. Chupei, lento, a boca fechando, a saliva escorrendo, grossa, molhando os cantos, pingando na coxa dele, e ele gemeu, alto, as mãos no meu cabelo, puxando leve, o corpo tremendo enquanto a cabeça inchada roçava o céu da boca, enchendo tudo.

A saliva vinha em ondas, quente, grudenta, escorrendo pelo queixo, molhando a base do pau dele, os pelos grossos brilhando na luz fraca. Chupei mais forte, a mão subindo e descendo, lenta, sentindo ele pulsar, sentindo ele ceder, os gemidos dele virando música, roucos, descontrolados, enchendo o quarto.

— Isso. — murmurei, a boca cheia, a voz abafada, e desci mais, engolindo fundo, a garganta apertando, a saliva pingando na colcha, o calor dele me engolindo, me rasgando. Ele tremia, as coxas duras, a respiração falhando, e o tesão explodia, a boca trabalhando, chupando, lambendo, a língua traçando a veia grossa, o gosto salgado, vivo, tomando tudo.

— Tô quase. — ele gemeu, a voz quebrada. — Vou gozar. — e puxou meu ombro, o rosto vermelho, suado, os olhos brilhando com algo novo, algo que pedia mais.

— Quero fazer também. — disse, tímido, a voz tão macia que o calor subiu, o desejo virando um vazio que só ele preenchia. Levantei, a calça caindo, o pau duro, pesado, brilhando com um fio molhado, e ele desceu, desajeitado, os joelhos na cama, os olhos arregalados, tão perto que o ar parava.

— Devagar. — sussurrei, carinhoso, a mão guiando a cabeça dele, os dedos no cabelo macio. — Lambe primeiro.

A língua tocou, hesitante, quente, molhada, traçando a cabeça, e o corpo tremeu, o prazer subindo como fogo, um gemido meu escapando, rouco, vivo. Ele lambeu, atrapalhado, a saliva pingando, escorrendo pelos pelos da coxa, e a voz saiu, firme, mas macia.

— Isso, chupa a cabeça, usa a mão.

Ele tentou, a boca fechando, tímida, a língua girando, lenta, e a saliva vinha, grossa, molhando tudo, brilhando na luz fraca.

— Mais fundo. — murmurei, a mão guiando, carinhosa, e ele cedeu, a boca quente engolindo mais, a garganta apertando, desajeitada, mas viva, tão viva que o prazer doía. A saliva escorria, pingando na cama, no peito dele, e ele gemia, baixo, aprendendo, a língua dançando, molhada, traçando a base, os dedos apertando a coxa, nervosos, mas firmes. — Assim. — falei, a voz tremendo. — Usa a língua, vai.

Ele melhorava, a boca mais segura, chupando forte, a saliva grudenta molhando tudo, o calor da boca dele tão certo, tão cru, que apagava o quarto, apagava o medo. O pau pulsava, inchado, a cabeça roçando o fundo da garganta dele, e o gemido meu saía, alto, descontrolado, porque ele era tudo agora, ele era o mundo.

O gozo veio, rápido, violento, o pau explodindo, a porra jorrando quente na goela dele, grossa, salgada, enchendo a boca enquanto ele engolia, os olhos fechados, a garganta trabalhando, um gemido abafado subindo, vibrando na pele. O prazer rasgava, o corpo tremendo, as pernas moles, e ele chupava, lento, a saliva pingando, molhando o queixo, a coxa, a cama, até parar, ofegante, o rosto vermelho, lindo, vivo.

— Você... — murmurei, a voz falhando, e puxei ele, querendo mais, querendo tudo. Ele gozou logo depois, a mão voando no pau, rápido, desajeitado, a porra jorrando nos meus pés, quente, grudenta, escorrendo pelos dedos ásperos, pelas unhas, marcando a pele, e o tesão explodiu, um vazio que ele enchia, porque ele ali, gozando assim, nos meus pés, era tudo, era desejo puro, era ele sendo meu.

Nossos corpos caíram nos colchões, pesados, molhados, o ar denso com o cheiro de porra, saliva, suor, a respiração dele misturando com a minha, lenta, irregular. O sono veio, pesado, apagando o quarto, a luz fraca, mas o peso não ia — o cordão no bolso, a promessa de Raul, o domingo que esperava. Os olhos fecharam, o corpo relaxado, mas a mente ficava, presa no que fiz, no que vinha, no que não podia parar.

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Estou amando acompanhar , os desejos,os medos,a fé e o pecado, lado a lado,face tô face,as relações de poder, de ser e principalmente ter, está mara6 ler. Será um triângulo ou trisal? Sexo e poder combinam? Amando

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Estou amando acompanhar , os desejos,os medos,a fé e o pecado, lado a lado,face tô face,as relações de poder, de ser e principalmente ter, está mara6 ler. Será um triângulo ou trisal? Sexo e poder combinam?

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Foto de perfil de Xandão Sá

Há uma característica em tua escrita dessa história muito curiosa: tudo remete a uma certa aspereza, as imagens - como são descritas - buscam sempre criar uma textura de desconforto, de uma ranhura áspera, que incomoda, que machuca, que fere mesmo que seja de modo superficial. Queria entender porque o desejo homoerótico ocupa esse lugar na tua imaginação literária...

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Foto de perfil de alfadominador

Olá, Xandão. Fiquei realmente tocado com sua leitura tão atenta e profunda do Capítulo 9. Sua observação sobre a "aspereza" da escrita, essa textura que incomoda, que fere mesmo que superficialmente, é incrivelmente perspicaz. Você captou algo essencial: a escolha de imagens que arranham — pedra fria, mofo, rangidos — não é por acaso. Quis criar um mundo onde nada é fácil, onde cada toque, cada desejo, deixa uma marca, porque o padre vive nesse conflito. Ele é um homem partido, preso entre a fé que o sufoca e os desejos que o rasgam, e essa ranhura áspera reflete essa luta interna.

Sobre o desejo homoerótico, sua pergunta me fez refletir bastante. No conto, ele ocupa esse lugar visceral, quase bruto, porque, para o padre, é uma batalha. Com Gabriel, há um romantismo, uma suavidade que tenta florescer, mas que sempre tropeça na culpa e no medo. Já com Raul, é diferente — é cru, é selvagem, um confronto que machuca tanto quanto atrai. Essa dualidade conflituosa é intencional: quis dar camadas ao padre, mostrar ele navegando entre o terno e o violento, porque a história também carrega um assassinato que precisa ser solucionado. O erotismo, por mais intenso que seja, é só uma parte do que puxa ele pro abismo, e a aspereza ajuda a lembrar que até o prazer vem com peso.

Fico feliz que tenha achado curioso, porque eu mesmo tô experimentando essa escrita, testando até onde essa textura pode ir. Não sei como os outros leitores vão reagir, mas quero continuar cavando nessa linguagem, nessa mistura de tesão e desconforto que, confesso, me excita nesse mundo fantasioso dos contos. Na vida real, claro, a pegada é outra, bem mais leve, bem menos ranhura. Rs. Obrigado por mergulhar na história e por me fazer pensar — espero que siga acompanhando e me contando o que acha!

Abraços.

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